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Pesquisa mostra que Vinícius Vale, da nova geração, sai na frente em Barreirinhas

Acima: Vinícius Vale, Léo Costa e Amilcar Rocha
Embaixo: o quadro da disputa no município

Se a eleição para a Prefeitura de Barreirinhas fosse agora, o engenheiro Vinícius Vale (PSB) seria eleito prefeito com 33% dos votos. O ex-prefeito Léo Costa (PDT) ficaria em segundo com 30,2% e o atual prefeito Amilcar Rocha (PCdoB) ficaria em terceiro. Além deles, sairiam das urnas Joab Marreiros (4,8%), Thiago Rodrigues (1,3%) e Totonho Corrêa (0,7%). Na sequência, 4,7% votariam em branco ou anulariam o voto, e 10,7% não saberiam em quem votar. Foi esse o cenário encontrado pelo instituto EPO (sucedâneo do Escutec), na primeira pesquisa para medir a preferência do eleitorado em relação aos nomes que estão na disputa pelo comando da cidade. Contratada pelo Sistema Mirante, a pesquisa ouviu 600 eleitores no final de fevereiro, tem margem de erro de 3,8%, para mais ou para menos, tem intervalo de confiança de 95% e está registrada na Justiça Eleitoral sob o protocolo MA-00341/2024.

A disputa pela Prefeitura de Barreirinha é, sem dúvida, uma das mais importantes do Maranhão. Isso porque o município ganhou dimensão internacional como o principal portal de acesso aos Lençóis Maranhenses, região que cresce a cada dia como um dos destinos turísticos mais importantes do planeta, devendo receber em breve o status de Patrimônio Natural da Humanidade por parte da Unesco, o braço cultural da ONU. Barreirinhas há muito deixou de ser um município comum, exigindo, a cada eleição, gestões com visão transformadora e com alcance muito além das suas fronteiras. E pelo que se avalia, não tem sido muito feliz nas escolhas mais recentes. Atualmente, recebe milhares de visitantes por ano, turistas de todos os continentes, estando sempre a exigir investimentos em todas as áreas.

Nesse momento, mesmo ganhado estatura como polo cultural, a exemplo de festivais de jazz, canto e teatro que sedia anualmente, são fortes as reclamações quanto à falta de infraestrutura urbana, segurança pública e controle da grilagem chique que cresce no município, principalmente às margens do rio Preguiça, onde velhos e novos milionários erguem mansões inacreditáveis para os padrões maranhenses.

No pleito de agora, três correntes medem forças pelo comando do município. No páreo estão o prefeito Amilcar Rocha, advogado apoiado pelo PCdoB que, na contramão de boa parte da população, enxerga nele a melhor opção para comandar a cidade que precisa urgentemente de uma arrancada futurista. Num outro viés da disputa está o economista Léo Costa, que já governou a cidade em dois momentos diferentes, avaliados como períodos de altos e baixos. E a terceira corrente é a expressão de uma novíssima geração de políticos liderada pelo engenheiro civil Vinícius Vale (PSB), que está na disputa com o apoio do governador Carlos Brandão (PSB) e da presidente da Assembleia Legislativa, Iracema Vale (PSB), de quem é filho.

A liderança de Vinícius Vale na corrida, ainda que apertada pela pressão de Léo Costa, o segundo colocado, sugere claramente que há uma tendência de mudança em curso na política de Barreirinhas. Ali, não será surpresa se grupos se alinharem de última hora e virarem o jogo. Mas isso não impede que uma liderança nova, como o candidato do PSB, amplie sua base de apoio e avance na liderança do processo. Por essa ótica, faz todo sentido que 46,8% dos entrevistados disseram acreditar que Vinícius Vale vencerá a eleição em Barreirinhas, contra 27,8% que disseram acreditar na a vitória de Léo Costa e de 10,7% que apostam na reeleição do prefeito Amílcar Rocha.

Vale lembrar que as eleições municipais estão agendadas exatamente para o dia 06 de Outubro, faltando, portanto, sete meses para a votação, e essa é apenas a primeira de uma série de pesquisas que serão feitas para medir a corrida à Prefeitura de Barreirinhas ao longo dos animados 210 dias. Até lá, a dinâmica da política cuidará de movimentar as candidaturas, mas com a tendência inicial de uma polarização tendo Vinícius Vale de um lado e, pelo que está rascunhado, Léo Costa do outro.

Com o registro de que na primeira medição Vinícius Vale tem três pontos percentuais de vantagem, o que não é pouca coisa em se tratando de Barreirinhas.

PONTO & CONTRAPONTO

Assembleia abre as portas para o TRE com sessão sobre as regras para as eleições municipais

José Luiz Almeida, ao lado de Iracema Vale, Ariston Ribeiro
(à direita) e parlamentares, fala na inauguração
da sala de serviços do TRE na Assembleia Legislativa

Uma sessão especial em que técnicos do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MA) mostraram as regras básicas e as mudanças editadas pelo Tribunal Superior Eleitoral por meio de Resoluções para as eleições municipais, e na contrapartida, a inauguração de um espaço para atendimento a eleitores. Os dois eventos movimentaram ontem a Assembleia Legislativa, onde a presidente Iracema Vale (PSB) e demais membros da Mesa Diretora recebeu a cúpula e técnicos da Justiça Eleitoral, liderados pelo presidente do TRE, desembargador José Luís Almeida.

No ato de inauguração do espaço, a presidente assinalou: “A parceria com o Judiciário demonstra o interesse que nós, deputados, temos em resolver causas pequenas ou grandes, mas de interesse da nossa população”, afirmou Iracema Vale. O espaço criado para a Justiça Eleitoral e para a Justiça comum foi instalado a partir de uma sugestão do deputado Ariston Ribeiro (PSB), e foi elogiado pelo presidente da Corte Eleitoral, para quem a parceria tem forte simbolismo: “O que esperamos é que as coisas fluam, funcionem, que o eleitor tenha consciência de que esse posto de atendimento objetiva dar para ele maior comodidade”.

Já a sessão especial durou mais de uma hora, tempo em que equipe especializada da Justiça Eleitoral, composta por Michele Pimentel Duarte, analista judiciária; Roberto Magno Frazão, da Corregedoria Eleitoral; o juiz Ferdinando Serejo; Lucélia da Rocha Sousa, da Seção de Gerenciamento de Dados Partidários, e Adriane Rocha, da Assessoria de Exame de Contas Eleitorais e Partidárias, ministrou uma sequência de  palestras abordando os temas novidades das Resoluções do Tribunal Superior Eleitoral sobre as eleições municipais de 2024, propaganda eleitoral, fake news e inteligência artificial, registro de candidaturas e prestação de contas.

Presidente do TRE faz alerta sobre fake news e defende mão de ferro contra elas

Segundo da esquerda para a direita, José Luiz
Almeida fez um duro alerta sobre
fake news nas eleições

O recado mais forte e preciso foi dado pelo presidente do TRE-MA, desembargador José Luiz Almeida, que abriu o evento, e chamou a atenção para o maior e mais grave problema de uma eleição na atualidade: as fake news e as deep news. Para ele, uma eleição contaminada por esses dois cânceres políticos pode causar danos inimagináveis à democracia.

“Quero dizer que no pleito que se avizinha a reflexão mais detida a ser feita por aqueles que pleiteiam uma representação é sobre a questão das fake news e das deep news, que contaminam o processo eleitoral brasileiro”, declarou o presidente do TRE, acrescentando: as consequências da veiculação de uma fake news para um pleito contaminado por mentiras, elas são gravíssimas para a democracia”.

O desembargador José Luiz Almeida alertou para as novas regras, que estão muito mais duras em relação às fake news e às deep News: “Para aqueles que eventualmente forem protagonistas dessas ações deletérias e danosas, que contaminam o processo eleitoral, de forma às vezes irremediável, as consequências são as seguintes: tendo sido registrado, a cassação do registro, e tendo sido diplomado, a cassação do mandato”.

E concluiu com um forte alerta sobre o que chamou de “cultura da transgressão”, por meio da qual alguns ativistas políticos “acham que podem tudo”. Para esses, nada mais adequado do que a mão pesada da lei, porque a democracia só ganha quando de percorre o “caminho da legalidade”.

São Luís, 06 de Março de 2024.

Duarte Jr. tem peso eleitoral, mas sua candidatura depende do apoio da aliança governista

Duarte Jr. tem peso eleitoral, mas depende do apoio
da aliança partidária governista

Os tremores que atingem a base de sustentação partidária do Governo do Estado, que uns veem como danosos para a estabilidade política do Maranhão e outros enxergam como fatos naturais da transição política em curso no estado, dispararam uma pitada de preocupação no projeto de candidatura do deputado federal Duarte Jr. (PSB) à Prefeitura de São Luís. Ele e apoiadores mais próximos avaliam que as diferenças que se manifestam dentro da aliança, principalmente nas fileiras do PSB, podem criar embaraços à sua candidatura. Esse risco é visto por políticos que atuam fora da base, os quais acreditam que o eventual acirramento de tensões entre membros do mesmo grupo pode, sim, gerar um clima de instabilidade do virtual candidato do PSB ao Palácio de la Ravardière. Se, de fato, ganhar forma, esse será um inimigo nada desprezível para o candidato do PSB.

Duarte Jr. já tem um baita desafio pela frente, que é enfrentar o prefeito Eduardo Braide (PSD), que em todas as pesquisas divulgadas até aqui aparece como líder na preferência do eleitorado, com vantagem expressiva e constante. Colocado na segunda posição, o parlamentar vivencia também uma posição confortável em relação ao terceiro colocado, o que vai alimentando a convicção de que ele é, de fato, o adversário a ser considerado pelo prefeito, que corre para viabilizar a reeleição. É o retrato de 2020, quando os dois se enfrentaram no segundo torno, tendo Eduardo Braide levado vantagem.

Em todas as situações, Duarte Jr. manifesta a convicção de que reúne as condições para virar o jogo e, desta vez, chegar em primeiro. Mas tem plena consciência de que, mesmo considerando o seu forte cacife pessoal, dificilmente conseguirá reverter a tendência pró-prefeito sem o apoio dos partidos que fazem parte da aliança governista – PT, PCdoB, PV, PP, MDB, PSDB, Cidadania, além, é claro, de todas as correntes do PSB. Daí a sua preocupação com relação às ranhuras que estão acontecendo dentro do partido.

De fato, a base partidária governista é poderosa, principalmente se se amalgamar efetivamente em torno da candidatura do socialista. Esse conjunto partidário reúne as militâncias do PT, do PCdoB, do MDB e do próprio PSB, que são expressivas em São Luís, podendo formar uma grande corrente em torno do candidato. Ao mesmo tempo, Duarte Jr. sabe que, por mais força que ele tenha no eleitorado ludovicense, se essa base não se mobilizar e não entrar de cabeça na sua campanha, ele dificilmente terá condições de virar esse cenário favorável ao prefeito Eduardo Braide.

O que alivia e tranquiliza o deputado federal Duarte Jr. é que até aqui o governador Carlos Brandão, tem atuado como o coordenador da sua campanha, atendendo a pedido do comando nacional do partido. As rusgas que tencionaram a agremiação socialista têm sido administradas pelo governador Carlos Brandão e não são vistas como problemas insolúveis, e por isso não têm afetado fortemente o projeto de candidatura do parlamentar. Nesse emaranhado, cabe ao candidato do PSB fazer o papel de bombeiro, até porque os motivos das rusgas não justificam a eclosão de uma crise que leve a um rompimento.

A Coluna ouviu aqui e ali e concluiu que, no geral, nenhum integrante da aliança governista faz qualquer restrição à sua candidatura. Primeiro por considerar que ele é a única opção viável e, depois, dispersar o poder de fogo de um grupo partidário como esse seria um absurdo político. Para os ponderados o projeto original deve ser mantido sob comando do governador Carlos Brandão, porque ele conhece o caminho das pedras na Capital.

O que Duarte Jr, tem de fazer é arregaçar as mangas e intensificar o mano-a-mano com o eleitor, tarefa na qual é eficiente. E não perder a noção de que o seu adversário é o bem avaliado prefeito de São Luís.

PONTO & CONTRAPONTO

Federação Rede/Psol deve lançar Janiselma à disputa em São Luís

Janiselma Fernandes: só depende do PSOL

Até ontem limitada a dois pré-candidatos definidos e a vários aspirantes enrolados em questões partidárias, a corrida à Prefeitura de São Luís ganhou ontem um concorrente bem definido: Janiselma Fernandes, que vai disputar o Palácio de la Ravardière pela Federação PSOL/Rede.

Filiada à Rede, partido que já presidiu por três vezes, Janiselma Fernandes não é exatamente um fato novo na política ludovicense. Ela está credenciada para o desafio com uma trajetória que incluiu sua candidatura à vice-prefeita de São Luís na eleição de 2020, tendo o jornalista Jeisael Marx na cabeça da chapa. Foi também candidata a deputada estadual.

Janiselma Fernandes é pedagoga e psicóloga, trabalha assistindo a crianças e adolescentes, lidera grupos de militantes em defesa da infância e é servidora concursada da Prefeitura de São Luís.

Sua candidatura foi o resultado de uma cuidadosa articulação dentro da Rede, e com a definição ela passou a incluir a lista de prioridades do partido em todo o País. A escolha de Janiselma Fernandes depende apenas do sinal verde do PSOL, que integra a federação.

Câmara ludovicense aprova mais 12 projetos de lei

Vereadores de São Luís reafirmaram
sua vocação legislativa

A Câmara de São Luís continua dando vasão à sua natureza legislativa, com os vereadores ampliando o acervo de leis que regram a vida da Capital. Ontem, a Casa aprovou 12 novos projetos de lei, sendo cinco normatizando a acessibilidade e sete nas áreas de educação, saúde e meio ambiente.

Por iniciativa do vereador Raimundo Penha (PDT), por meio do PL 206/22, a Prefeitura de São Luís deve instituir o Programa De Combate ao Desperdício de Alimentos e a Doação de Excedentes de Alimentos para o Consumo Humano. O vereador vê no programa um caminho para combater a fome por meio do acesso à alimentação para pessoas, famílias ou grupos em situação de vulnerabilidade ou de risco alimentar ou nutricional.

O vereador Ribeiro Neto (Cidadania), por sua vez, teve aprovado o PL 255/22, que institui a Política Municipal de Assistência à Saúde de Alunos com Diabetes nas Escolas da Rede Municipal de Ensino. Essa política garante uma série de medidas para combater o diabetes no meio estudantil.

O mesmo vereador Ribeiro Neto conseguiu aprovar o PL  274/22, que obriga os responsáveis pela promoção ou realização de eventos de grande porte em locais públicos a compensar a emissão de gases geradores do efeito estufa, por meio do plantio de espécies nativas de árvores.

Ribeiro Neto também teve aprovado o PL 275/22, que institui a Política de Desenvolvimento de Consciência Fonológica na Alfabetização na Rede Municipal de Ensino.

Mais um do vereador Ribeiro Neto: o PL 278/22, que institui uma campanha de conscientização permanente sobre o câncer infantil, em São Luís, com a ampliação do acesso às informações para garantir diagnóstico precoce e tratamento adequado, aumentando as chances de sucesso e cura da doença.

Na mesma linha, o plenário aprovou o PL 013/23, do vereador Ribeiro Neto, dispondo sobre a concessão de incentivo à doação de sangue em São Luís, através da criação do certificado de doador fidelizado.

O último aprovado ontem foi o PL 291/23, proposto pelo vereador Domingos Paz (Podemos), que estabelece o Dia do Adolescente Assembleiano, em reconhecimento das atividades dos adolescentes frequentadores da Assembleia de Deus, em São Luís.

São Luís, 05 de Março de 2024.

Movimentos de aliados ameaçam rachar a base de Brandão, que sabe como reagir

Carlos Brandão deve ter Ana Paula Lobato e
Othelino Neto como grupo independente
ou militando na oposição

A saída de Flávio Dino da cena política maranhense vem causando verdadeiros terremotos no tabuleiro político estadual, com grupos atuando em busca dos seus próprios rumos ou para desestabilizar a base de sustentação partidária do governador Carlos Brandão (PSB). Menos de um mês depois de assumir a cadeira como titular, a senadora Ana Paula Lobato (PSB) começa a se movimentar para encontrar seu próprio caminho, e pelo que foi rascunhado até aqui, esse não será de alinhamento total ao Palácio dos Leões, podendo optar por um caminho independente, com nítida inclinação pela oposição. Nesse ambiente em transformação, o governador Carlos Brandão, que tinha dois dos três senadores no seu grupo político, agora só conta para valer com um, Eliziane Gama – PSD, já que, além da senadora Ana Paula Lobato, o senador Weverton Rocha (PDT) continua dando demonstrações de que se mantém na oposição, e que sua relação política com o Palácio dos Leões tende a um distanciamento cada vez maior.

O movimento surpresa da advogada Flávia Alves, suplente de deputada federal pelo PCdoB e atual superintendente regional do Ibama, de deixar o Partidão e se filiar ao Solidariedade, de centro, controlado por Paulinho da Força, atropelando o também suplente de deputado federal Volmer Araújo, mostra com clareza que a senadora Ana Paula Lobato está, de fato, procurando um caminho que não seja de alinhamento ao Palácio dos Leões. Nesse contexto, a senadora, que tem como articulador-mor o ativo deputado estadual Othelino Neto (PCdoB), dá uma indicação de que poderá transformar o Solidariedade em tronco de um novo grupo político, e com o projeto de jogar pesado nas eleições municipais deste ano e no grande embate político e eleitoral que se dará no Maranhão nas eleições de 2026.

Os movimentos do deputado Othelino Neto e da senadora Ana Paula Lobato são a parte visível de um grande redemoinho partidário em curso nos bastidores da política maranhense. E que nele o governador Carlos Brandão está atuando com muito cuidado, mas com muita eficácia. Um exemplo: o prefeito de Barra do Corda, Rigo Teles, acaba de deixar o PL para se filiar ao MDB, comandado agora por Marcus Brandão, irmão do governador Carlos Brandão, e que desponta como o grande aliado do PSB na manutenção da base político-partidária do atual Governo do Maranhão.

Político experimentado tanto no jogo nos bastidores, que conhece em minúcias, quanto no embate a céu aberto, o governador Carlos Brandão avalia cada passo dos seus novos adversários, articulando para preencher as lacunas abertas pelos que estão saindo da base governista, e também dando o troco se o gesto é agressivo. O governador tem nas mãos um detalhado mapa com o espaço de cada um nesse cenário, e dispõe dos instrumentos de poder necessários para fazer o contraponto, mesmo com situações como a reação de parte do PSB, seu partido, com a candidatura do deputado Carlos Lula fazendo frente à indicação do advogado Flávio Costa para o TCE, contestada na Justiça pelo Solidariedade.

Até o dia 21 de fevereiro, as rusgas que surgiam dentro da base governista no Maranhão eram resolvidas por conversas entre o governador Carlos Brandão e o então senador Flávio Dino, que saiu desse circuito e se isolou no universo da Corte Suprema, onde a política partidária não tem vez. Agora, o ambiente é outro, uma vez que já foi deflagrada uma guerra pelo poder no Maranhão. E nesse conflito se forma o grupo comandado pela senadora Ana Paula Lobato, que ainda não tem a experiência nem a malícia das raposas, mas já sabe onde está pisando e joga com a habilidade e o arrojo político do seu marido e conselheiro, deputado Othelino Neto, que até agora vem se revelando um político que sabe jogar, como ficou demonstrado ao atrair o Solidariedade para o seu controle.

Por maior que seja o poder de fogo da senadora Ana Paula Lobato – que deve deixar o PSB – e a habilidade do deputado Othelino Neto, demonstrada ao pescar o Solidariedade, toda guinada política, notadamente as mais arrojadas, como é o caso, tem sua margem de risco. Principalmente quando o adversário é um governador que sabe usar os instrumentos de poder ao seu alcance. Carlos Brandão se encaixa perfeitamente nesse perfil e o seu próximo passo será exatamente se candidatar ao Senado. Vale acrescentar que o governador Carlos Brandão se encontra no auge da sua estada no Palácio dos Leões, com um amplo e seguro controle da sua base, conseguiu construir uma produtiva relação com o presidente Lula da Silva (PT), que passa pelo vice-governador Felipe Camarão (PT), hoje o mais importante interlocutor do seu partido no Maranhão.

Aguardam-se os próximos movimentos.

PONTO & CONTRAPONTO

PDT embarca na ilusão e deve lançar Fábio Câmara para prefeito em São Luís

Fábio Câmara e Weverton
Rocha: aliança quase definida

Lançada como uma brincadeira que pouca gente levou a sério, a pré-candidatura do ex-vereador Fábio Câmara à Prefeitura de São Luís pelo PDT começa a aparecer como um projeto do partido, e com o aval do chefe maior da legenda no Maranhão, senador Weverton Rocha.

De uns dias para cá, próceres do brizolismo local têm surpreendido o meio político com declarações surpreendentes de estímulo ao projeto de candidatura no qual somente o próprio Fábio Câmara e alguns otimistas extremados acreditam.

Pelo visto, os chefes pedetistas conhecem a trajetória política de Fábio Câmara, que em 2016 começou como um furacão, convenceu o comando do MDB de lhe dar a legenda, mas acabou como um dos maiores fiascos daquela eleição. De lá para cá fracassou em todas as tentativas eleitorais que fez.  

Agora, sem uma liderança de peso para uma disputa de igual para igual com o prefeito Eduardo Braide e com o deputado Duarte Jr., o PDT quer medir o seu cacife e deve lança-lo candidato ao Palácio de la Ravardière.

Mas o projeto que está embutido nessa pré-candidatura é fazê-lo puxar uma chapa forte de candidatos a vereador, já que sem essa âncora, o PDT poderá sair das urnas com uma bancada ainda menor e sem nenhum peso político.

Fábio Câmara pode ser a pá de cal que o PDT precisava para enterrar-se de vez na Capital.

Braide começa a conversar com partidos, e diz que sua agenda é continuar “trabalhando duro”

Eduardo Braide: abrindo
conversa com partidos

Com a chegada das águas de março, ao mesmo tempo em que tem muitos desafios para resolver na cidade de São Luís, o prefeito Eduardo Braide (PSD) começa a colocar as alianças partidárias na sua agenda para a corrida à reeleição. O prefeito entra com o apoio do Republicanos e já está conversando com “alguns partidos” para montar a base partidária da sua candidatura.  

Cauteloso e pragmático, o prefeito Eduardo Braide abre um sorriso quando ouve alguém falar do seu favoritismo na corrida, segundo as pesquisas feitas até aqui. Mas logo o político racional entra em ação e ele desconversa, alegando que tem muito trabalho a fazer, que as máquinas não podem parar.

– Temos que continuar trabalhando, trabalhando muito – diz.

Eduardo Braide se prepara para tentar a reeleição disputando com o deputado federal Duarte Jr. (PSB), apoiado pelo Palácio dos Leões. Isso porque os demais candidatáveis, como os deputados estaduais Neto Evangelista (União Brasil), Wellington do Curso (Novo) e Yglésio Moises (saindo do PSB), ainda dependem de definições partidárias.

Essas pendências serão resolvidas ao longo deste mês, após o que a pré-campanha vai começar para valer.

São Luís, 03 de Março de 2024.

Econométrica: Josivaldo JP passa Rildo Amaral e muda o cenário da disputa em Imperatriz

Quadro do momento: Josivaldo JP lidera,
Rildo Amaral é segundo e Marco Aurélio
e Mariana Carvalho são fiéis da balança

Pesquisa Econométrica divulgada ontem disparou uma bomba de muitos megatons sobre o tabuleiro no qual se movimentam os candidatos à Prefeitura de Imperatriz, mostrando uma reviravolta que muda todo o perfil da disputa. Os números informam que o deputado federal Josivaldo JP (PSD) atropelou todos os concorrentes e se instalou na liderança da corrida com 29,8% das intenções de voto, mandando para a segunda posição o deputado Rildo Amaral (PP), que começou e se manteve por meses na liderança e agora está com 25,5% de preferência. Em terceiro e quarto lugares aparecem o ex-deputado Marco Aurélio (PSB) com 14,8%, quase que rigorosamente empatado com Mariana Carvalho (Republicanos), que alcançou 13,8%. Os demais citados na pesquisa são: José Antônio (PDT) com 3,5%, Franciscano (PL) com 2,3%, Nilson Takashi (Novo) com 1,8% e Aurélio (PT) com 0,7%. Votos nulos somaram 3,3% e 4,5% dos entrevistados não souberam responder.

Mesmo levando em conta o fato de que a pesquisa tem 4% de margem de erro, para mais ou para menos, exatamente a diferença que separa o primeiro do segundo colocado, os números encontrados pela Econométrica são bombásticos. A começar pelo fato de que o deputado Rildo Amaral é o candidato que tem o aval do Palácio dos Leões, sendo sua candidatura também uma prioridade do ministro André Fufuca (Esporte), enquanto Josivaldo JP é uma espécie de outsider que vem contrariando a lógica da política tradicional.

Ao ser ultrapassado por Josivaldo JP com uma margem expressiva, Rildo Amaral e seus apoiadores sofrem um duro revés e terão de refazer as contas, redefinir estratégias e, principalmente, buscar alianças. Afinal, não se trata de um esforço para estabilizar uma candidatura que está na liderança, mas reverter uma situação em que o candidato perdeu a ponta e, com ela, o favoritismo, o que é muito mais difícil e complexo num ambiente político como o de Imperatriz. E pode se tornar irreversível se Josivaldo JP continuar avançando como o fez até agora.

No cenário desenhado pelos números encontrados pela Econométrica, a chave para o desfecho da corrida sucessória em Imperatriz está com o ex-deputado Marco Aurélio, que tem 14,8% das intenções de voto, e com Mariana Carvalho, que apareceu com 13,8%. Se essa situação for mantida, Rildo Amaral só terá condição de revertê-la se Marco Aurélio desistir e o apoiar, o que no momento é uma possibilidade remota. Só que Josivaldo JP pode também vir a contar com o apoio de Mariana Carvalho, uma vez que os dois são ligados por serem militantes do bolsonarismo. Vale ainda lembrar que, mesmo sendo o segundo maior colégio eleitoral do Maranhão, Imperatriz ainda é parte dos municípios em que as decisões eleitorais se dão em turno único, ou seja, os prefeitos normalmente são eleitos com menos de 30% dos votos, como foi o caso da reeleição do atual mandatário Assis Ramos.

Outra observação indispensável é o fato de que faltam ainda sete meses para a corrida às urnas, podendo a pesquisa Econométrica ser apenas um recorte desse momento num cenário que pode mudar ao longo da pré-campanha e da campanha propriamente dita. Nesse contexto, ainda há tempo para Rildo Amaral e as forças governistas que o apoiam possam reverterem esse cenário com o apoio do ex-deputado Marco Aurélio. É também fato de que também existem condições para Josivaldo JP consolidar a liderança e nela permanecer, situação que será bem mais cômoda se ele obtiver o apoio de Mariana Carvalho.

Diante desse quadro, uma certeza: Rildo Amaral e seus apoiadores vão se mobilizar e jogar pesado para mudá-lo, enquanto Josivaldo JP moverá céu e terra para mantê-lo. Afinal, o que está em jogo é o comando do segundo maior e mais importante município do Maranhão.

Em Tempo: Contratada pelo jornal O Imparcial, pesquisa Econométrica ouviu 601 eleitores entre os dias 7 e 9 de fevereiro, tem margem de erro de 4 pontos percentuais para mais ou para menos, intervalo de confiança de 95%, e está registrada na Justiça Eleitoral sob o protocolo MA-02412/2024.

PONTO & CONTRAPONTO

Declarações azedam a relação entre MP e TJ

José Joaquim Figueiredo reclamou de
declarações de Eduardo Nicolau

Continua tensa a relação entre o Ministério Público e o Tribunal de Justiça. Não bastassem as trapalhadas do empresário Alessandro Martins – que foi parar na cadeia – e o afastamento de três desembargadores por suspeita desvio de conduta, o Tribunal de Justiça ouviu, na sessão de quarta-feira, o procurador geral de Justiça, Eduardo Nicolau, a afirmação de que há lentidão na tramitação de ações no Judiciário.

A declaração do procurador geral de Justiça incomodou fortemente o colégio de desembargadores, a ponto de o desembargador José Joaquim Figueiredo dos Anjos, ex-presidente da Corte, pedir a palavra e reagir.

A reação de José Joaquim foi dura, ainda que feita em tom ameno. O ex-presidente do TJ contestou com veemência a declaração do procurador geral e o instou a apontar casos concretos de lentidão ou omissão por parte da magistratura, inclusive dando nomes, para que providências sejam tomadas.

O procurador geral Eduardo Nicolau não fez a tréplica, mas ninguém duvida de que esse assunto ainda vai render.  

Após troca do comando nacional, União Brasil deve definir candidatura em São Luís

Pedro Lucas é 2º vice
nacional do União Brasil

Não surpreendeu a tensa e agitada troca de comando no União Brasil, com a derrubada do deputado federal pernambucano Luciano Bivar da presidência nacional, e a eleição do advogado Antônio Rueda, que desde ontem é o dirigente máximo do partido. Nesse contexto, vale registrar a posição do deputado federal Pedro Lucas Fernandes, que participou intensamente do movimento e acabou na 2ª vice-presidência nacional da agremiação.

Tudo indica que Pedro Lucas Fernandes continuará apenas respondendo pelo comando do partido no Maranhão, uma vez que pela, regra ele não pode acumular o cargo de presidente regional com o de 2º vice-presidente nacional. Pedro Lucas deve negociar com o ministro Juscelino Filho (Comunicações), que deve reassumir o comando regional da legenda quando deixar o ministério.

Com a definição da disputa nacional pelo controle do União Brasil, suas lideranças no Maranhão devem resolver o quanto antes como o partido vai participar da corrida para a Prefeitura de São Luís. O deputado estadual Neto Evangelista, que foi o terceiro colocado na eleição de 2020, está aguardando sinal verde para colocar sua pré-candidatura em campo.

São Luís, 01 de Março de 2024.

Mais um indicador coloca o Maranhão na condição de mais pobre do Brasil

Lençóis, Itaqui, São Luís, Alcântara e agronegócio
mostram o potencial de riqueza do Maranhão

O Maranhão foi de novo alvo de uma pancada forte desferida involuntariamente pelo trabalho estatístico do IBGE.  Pesquisa anunciada ontem informou que o estado ficou situado na rabeira da Federação como o detentor da menor renda domiciliar per capita ao longo do ano de 2023: R$ 945,00. E para mostrar o tamanho dessa distorção socioeconômica, o portal de notícias da Folha de S. Paulo maltratou com a seguinte manchete: “Renda no Maranhão é menos de 30% da registrada no DF”, que no ano passado foi de R$ 3.357,00. Vale esclarecer que o rendimento domiciliar per capita representa a razão entre o total das rendas domiciliares e o número de moradores.

Além de ter sido o último do ranking, o Maranhão foi o único dos 27 entes federativos em que a renda familiar per capita foi inferior a R$ 1 mil, uma vez que estado imediatamente situado à sua frente, o distante e remoto Acre, conseguiu renda média de R$ 1.095,00, ou seja, alcançou R$ 60,00 a mais. O Maranhão perdeu feio para Alagoas, que apareceu no ranking com R$ renda per capita de R$ 1.110,00.

Mesmo que entre os sete últimos do ranking estejam estados como Amazonas (R$ 1.172,00), Ceará (R$ 1.166,00), Bahia (R$ 1.139), Pernambuco (R$ 1.113,00), Alagoas (R$ 1.110,00) e Acre (R$ 1.095,00), todos com rendas per capita chinfrim, se comparadas à do Distrito Federal – que não produz um só caroço de arroz -, o fato de aparecer situado na última posição sinaliza com clareza que o Maranhão continua um estado que se arrasta no campo do desenvolvimento e, por isso,  estigmatizado pelos indicadores sociais e econômicos.

Tal situação é atenuada aqui e ali por levantamentos periódicos relacionados com a geração de empregos, mas parece que são apenas picos sazonais e não uma média de crescimento consistente.

Com 7,5 milhões de habitantes espalhados em 308 mil quilômetros quadrados, com seu território situado entre o oceano Atlântico, com uma costa gigantesca e diversa, onde se situam os Lençóis e uma fauna marinha; é parte da Amazônia, região potencialmente rica; e do Nordeste e quase Sudeste, onde recebe a onda incontrolável do agronegócio, ao que se acrescenta o gás natural que já está sendo explorado. Isso sem citar São Luís, que é uma joia tombada como Patrimônio Cultural da Humanidade, com enorme potencial, principalmente tendo ao lado o futuro desenhado pela Base Espacial de Alcântara.

Os milhares de vagões da Vale não param de abarrotar navios com minério de ferro, os campos de produção de soja, milho e algodão aumentam de tamanho a cada safra, as festas populares como Carnaval e São João atraem multidões e lotam hotéis, enquanto caravanas não param de fazer o périplo São Luís/Barreirinhas, e por após vai, enquanto a Alumar continua o produzindo alumínio e alumina e a Suzano não para de produzir celulose e já avança na produção de papel propriamente dito. Isso tudo tendo como base e referência o complexo portuário do Itaqui, um dos maiores do País.

Tudo isso leva inevitavelmente à pergunta: por que não dá certo? Não se pode dizer que o Maranhão estagnou. Não faz sentido. O estado recebeu um grande volume de investimentos durante o mandato presidencial de José Sarney, que coincidiu com o Governo Epitácio Cafeteira (87/90), ao que se seguiram os Governos Edison Lobão (91/95), Roseana Sarney (95/99 e 99/2002), José Reinaldo Tavares (2002/2007), Jackson Lago (2007/2009), Roseana Sarney (2009/2010 e 2011/2014), Flávio Dino (2015/2028 e 2019/2022). Todos encerraram fazendo balanços alentados no que diz respeito ao desenvolvimento econômico do estado.

A bola está com o governador Carlos Brandão (PSB), que tem sido incansável na corrida em busca de investimentos, dentro e fora do Brasil, numa maratona sem descanso entre São Luís e Brasília, às vezes passando por São Paulo, Minas e outros estados onde existem empresas dispostas a apostar, como a Inpasa, o complexo de produção de proteínas vegetais, que está a caminho de Balsas, fruto dessa garimpagem persistente.

PONTO & CONTRAPONTO

Disputa pelo TCE segue com Flávio Costa quase eleito e Carlos Lula mantendo candidatura

Flávio Costa e Carlos Lula: disputa pelo TCE

Não houve alteração no quadro da disputa para a vaga do Tribunal de Contas aberta com a aposentadoria do conselheiro Washington Oliveira. Lançado candidato com o apoio do governador Carlos Brandão e seu grupo, o advogado Flávio Costa consolidou sua posição com 35 assinaturas de apoio. Já o deputado Carlos Lula, que se lançou candidato na terça-feira, apontando irregularidades no processo de escolha, teria conseguido seis assinaturas.

Pelas regras em vigor, que a Mesa da Assembleia avalia como inteiramente regulares, o advogado Flávio Costa caminha para ser candidato único, condição garantida pelas 35 assinaturas de apoio à sua candidatura. A regra diz que para ser candidato, o pretendente deve contar com o mínimo de 14 assinaturas de apoio, podendo ter quantas forem possíveis, e que um deputado não pode apoiar duas candidaturas. E como Flávio Costa já teria 35, Carlos Lula não poderá mais alcançar o mínimo de 14.

Em resumo: se não houver uma reviravolta radical até segunda-feira, quando termina o prazo de inscrição, Flávio Costa será conselheiro do TCE provavelmente na sessão de quarta-feira da semana que vem. Só correndo o risco da judicialização prometida pelo deputado Carlos Lula.

Deputado dispara chumbo grosso contra gestão de Imperatriz

Ricardo Seidel: radiografia
dramática de Imperatriz

O deputado estadual Ricardo Seidel (PSD) resolveu jogar pesado contra o prefeito de Imperatriz, Assis Ramos (Republicanos). Ontem, momentos após a deputada Janaína Ramos (Republicanos), que é a primeira-dama daquela cidade, haver ocupado a tribuna para comemorar o sucesso que foi o Lava-Pratos do carnaval da Princesa do Tocantins, o parlamentar fez um discurso de uma dureza surpreendente no ataque à atual gestão municipal.

Durante sua fala, Ricardo Seidel mostrou imagens de avenidas praticamente desmanchadas por conta das chuvas, e denunciou que que é dramática a situação de muitas escolas e hospitais municipais do município, além do “grave problema” das contas públicas, que segundo ele, estão em total desequilíbrio. Ricardo Seidel afirmou, em tom enfático, que Imperatriz é hoje uma prefeitura com problemas gigantesco, a começar pelas dívidas.

Chamou a atenção o fato de que nenhum deputado se manifestou contra ao duro e agressivo discurso do deputado Ricardo Seidel. Nem a deputada Janaina Ramos, que preferiu não responder ao ataque virulento do deputado em exercício, que é vereador por Imperatriz.

São Luís, 29 de Fevereiro de 2024.

Carlos Lula se candidata ao TCE para disputar com Flávio Costa, candidato de Brandão

Carlos Lula anuncia candidatura criticando regras; Iracema Vale reage e diz
que assessoria jurídica terá palavra final

Para os diretamente envolvidos, o discurso do deputado Carlos Lula (PSB) anunciando sua candidatura à vaga de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, concorrendo com o advogado Flávio Costa, candidato apoiado pelo Palácio dos Leões e já com o aval de 35 dos 42 deputados, não configurou exatamente uma crise com poder de estremecer a base governista, mas apenas um gesto para demarcar posição. Para muitos observadores, no entanto, o tremor causado pelo discurso do deputado Carlos Lula discordando das regras da escolha do conselheiro e avisando que baterá às portas da Justiça para garantir o direito de disputar, foi a eclosão de uma crise. A manifestação do deputado Carlos Lula foi rebatida com firmeza e doçura pela presidente da Assembleia Legislativa, deputada Iracema Vale, que defendeu as regras da escolha e foi taxativa: o rito será o que a Assessoria Jurídica da Assembleia Legislativa indicar.

No geral, uma verdade está desenhada: com o aval do governador Carlos Brandão (PSB), o advogado Flávio Costa será confirmado por mais de dois terços dos 42 deputados estaduais. Esse roteiro foi confirmado pela presidente Iracema Vale. Nesse contexto, o deputado Carlos Lula protocolou o requerimento de candidatura no final da manhã de ontem, com grande possibilidade de ter seu pleito rejeitado pela Mesa Diretora. Ele sabe que sua candidatura não prosperará com o aval de menos de dez deputados, uma vez que, pela a regra em uso, uma candidatura só será viabilizada com dois terços da Casa, ou seja, 28 deputados.

Chama a atenção o fato de que no seu discurso o deputado Carlos Lula não contestou a candidatura do advogado Flávio Costa, ao contrário, ele fez rasgados elogios ao candidato governista, deixando claro que o seu gesto não é dirigido a ele, mas à Assembleia Legislativa, que nesse caso é a dona da vaga. Ocorre que nesse momento qualquer gesto de deputados chamados “dinistas”, mesmo que tenham alinhamento declarado com o governador Carlos Brandão é logo rotulado de incoerente. Mas o deputado Carlos Lula garante que sua candidatura tem o objetivo de corrigir o que ele chama de “erros” nas regras.

– Eu coloco minha candidatura para que a gente possa fazer um bom debate, para que a sabatina seja produtiva, para que a gente possa qualificar o processo de escolha. Trata-se de salvaguardar uma prerrogativa do Legislativo maranhense. Não podemos retroceder uma conquista tão cara desde 1988 e minha candidatura cumpre esse papel -declarou Carlos Lula, que acrescentou: “Eu quero aqui oferecer mais uma opção para o parlamento, mais uma opção aos 42 deputados – declarou, que ganhou o apoio do dos deputados Rodrigo Lago (PCdoB) e Fernando Braide (PSD), mas também ouviu crítica duro do deputado Yglésio Moises (PSB).

Na sua intervenção, atuando como poder moderador, mas falando em tom firme, a presidente Iracema Vale declarou: “Nós vamos escolher de forma democrática, como sempre foi e o fazemos há muitos anos. Sobre o requerimento à Mesa, vamos analisar. Vossa Excelência é um jurista respeitado no estado, inclusive foi meu advogado e temos esse respeito pelo senhor enquanto jurista. Vossa Excelência é consultor da Casa de Direito Constitucional há muitos anos. Só me surpreendeu suscitar esse problema agora, nesse exato momento em que Vossa Excelência manifesta o seu interesse, mas nós vamos analisar e cabe a mim, como presidente, ver qual conduta a Casa vai tomar. Faremos o que a nossa assessoria jurídica nos apontar”.

Não há dúvida de que um clima de tensão foi instalado nas relações do grupo dinista com o Palácio dos Leões. O deputado Carlos Lula disse que não abre mão da candidatura, ainda que, à primeira vista, ela não tenha qualquer futuro. Acha, no entanto, que tal situação pode mudar se o processo de escolha do conselheiro for parar na Justiça. Nesse caso, há risco de um desfecho indesejado para ambos os lados. Mas há também uma robusta possibilidade de um entendimento, que poderá ser costurado até domingo, uma vez que na segunda-feira (04/03) termina o prazo de inscrição de candidatos à vaga de conselheiro do TCE.

A impressão geral é que, caso o princípio de incêndio não seja apagado rapidamente, as labaredas poderão afastar o grupo dinista da base governista.

 PONTO & CONTRAPONTO

Forças se mobilizam e Caxias terá uma eleição muito disputada

Gentil Neto e Paulo Marinho Jr.: embate definido

Em meio aos movimentos do seu ex-vice, Paulo Marinho Jr. (PL), que articula sua candidatura por uma frente à direita, o prefeito de Caxias, Fábio Gentil (Republicanos) decidiu intensificar as articulações para consolidar a pré-candidatura de Gentil Neto, que vai liderar uma frente formada pelas forças mobilizadas pelo atual prefeito, que é o seu patrono, e pelo que restou do Grupo Coutinho, que ficou sem um líder forte depois da morte do deputado Humberto Coutinho.

Há outros grupos interessados na sucessão na Princesa do Sertão, mas tudo indica que o eleitorado caxiense vai focar nesses dois candidatos.

Engenheiro civil e secretário de Obras da Prefeitura de Caxias, Gentil Neto, que é sobrinho do prefeito, tem como base desse projeto de candidatura a aliança, costurada ainda no Governo Flávio Dino, juntando grupos adversários. O pré-candidato é atuante, mas a base do seu projeto de candidatura é o prefeito Fábio Gentil, cuja liderança é forte em Caxias. Ele vem trabalhando de modo a juntar os dois grandes grupos – um liderado pela ex-deputada Cleide Coutinho, que está passando o comando para a deputada Cláudia Coutinho (PDT)- em torno do seu candidato. Gentil Neto conta também com o apoio da deputada estadual Daniella Gidão (PSB).       

Paulo Marinho Jr. reúne os grupos que seguem a liderança do seu pai, o ex-prefeito Paulo Marinho, e da sua mãe, a recém falecida médica e ex-prefeita Márcia Marinho. A eles se somaram recentemente o experiente vereador Catulé, e o seu filho, o ex-secretário de Estado do Turismo Catulé Jr., que se lançara candidato, mas saiu do páreo para fortalecer a candidatura de Paulo Marinho Jr.. De acordo com um político caxiense, a estratégia está dando certo e pode injetar gás e ânimo nesse projeto eleitoral.

Não será uma eleição fácil, a de Caxias.  

 Aliados de Sarney tentam livrar Nelma das garras do CNJ

Nelma Sarney: esforços
em vão até aqui

Uma ampla, mas discreta, mobilização movimenta em Brasília para, pelo menos, amenizar a situação da desembargadora Nelma Sarney, afastada das suas funções por dois anos pelo Conselho Nacional de Justiça sob a acusação de haver ajudado um ex-assessor a se dar bem num concurso para agentes cartorários, há cinco anos.

Por trás da mobilização estaria a mão discreta, mas eficiente, do ex-presidente José Sarney. Ele conhece de cor e salteado os complicados labirintos do Poder em Brasília, principalmente na área judicial. Seus aliados trabalham para que o recurso da desembargadora, que se considera injustiçada, seja bem recebido pelos juízes do CNJ, que atuam de maneira inabalável, sob o comando do presidente do Supremo Tribunal Federal.

À propósito, os pedidos formais para que os desembargadores Antônio Guerreiro Jr. e Antônio Bayma Araújo, afastados ainda no ano passado, ainda não foram examinados.

Ou seja: vai levar tempo.

São Luís, 28 de Fevereiro de 2024.

Braide e Duarte Jr. vão intensificar articulações para consolidar posições na corrida à Prefeitura

Eduardo Braide intensifica programa de obras; Duarte Jr. trabalha para consolidar sua base de apoio

Passado o reinado de Momo e o agitado ponto final no movimentado fim da Era Flávio Dino, e com a aproximação das águas de março, a sucessão na Prefeitura de São Luís volta a ser assunto prioritário na agenda das principais lideranças políticas e partidárias e, principalmente, dos pré-candidatos ao Palácio de la Ravardière, em especial a do prefeito Eduardo Braide (PSD), candidato à reeleição, e a do deputado federal Duarte Jr. (PSB), que disputam isoladamente a preferência dos eleitores da Capital. Os demais aspirantes, além de não terem ainda mostrado fôlego político para alcançá-los, enfrentam problemas que vão desde o isolamento político até risco de perder mandatos que exercem atualmente. Os dois pré-candidatos viáveis avançam sem problemas, preocupados em assumir a cabeça na preferência do eleitorado.

Depois do agitado período carnavalesco, quando tentou, sem muito sucesso, medir forças com o governador Carlos Brandão sobre quem comandaria a melhor folia, tendo em seguida debelado mais uma crise no transporte coletivo, o prefeito Eduardo Braide entra agora numa corrida obreira, para consolidar o seu favoritismo à reeleição. Ontem, por exemplo, o prefeito fez um grande ato para marcar o início das obras de construção do Hospital de Urgência e Emergência de São Luís, que substituirá o Hospital Dr. Clementino Moura (Socorrão 2), numa clara demonstração de que está no jogo e que vai usar sua folga de caixa para alimentar a condição de favorito.

Sem problema com partido nem com adversário interno, o prefeito de São Luís espera o momento adequado para montar a aliança partidária que embalará sua candidatura. Ele precisa dessa aliança para montar sua campanha no rádio e na TV e levar seu discurso até o eleitorado. Correm rumores de que ele poderá contar com o apoio do PDT, que não lançará candidato próprio, e do Republicanos. É possível que venha a contar também com o União Brasil, caso o deputado estadual Neto Evangelista não viabilize a sua candidatura. Já há sinais de que Eduardo Braide deve montar sua agenda político-partidária nas próximas semanas. Outro sinal observado por seus próprios aliados é que o prefeito tende a manter a professora Esmênia Miranda como sua companheira de chapa.   

Por sua vez, o deputado federal Duarte Jr. segue de vento em popa na montagem da aliança partidária que apoiará a sua candidatura. Ele já conta com o apoio integral do seu partido, já conta na sua base de apoio a Federação PT/PCdoB/PV, MDB, PP, Podemos, PSDB e Cidadania, podendo receber ainda o apoio declarado do PL. Embora as últimas pesquisas divulgadas sobre a corrida em São Luís tenham indicado que ele é segundo com cerca de 10 pontos percentuais atrás do favorito Eduardo Braide, Duarte Jr. intensifica as articulações para fechar a aliança partidária é se dedicar exclusivamente à pré-campanha propriamente dita, com visita a bairros, reuniões comunitárias e criando as condições para o embate direto com o prefeito.

No campo político – que não deve ser confundido com o eleitoral -, Duarte Jr. tem um cacife nada desprezível. Enquanto o prefeito Eduardo Braide faz uma política solitária, enfrentando dura oposição na Câmara Municipal, Duarte Jr. tece uma sólida rede de apoio, que tem como coordenador central ninguém menos que o governador Carlos Brandão (PSD), a pedido da direção nacional do PSB, e o apoio declarado do vice-governador Felipe Camarão (PT), que atua antenado com o comando nacional do PT. Nessa seara, o item mais delicado será a escolha do seu companheiro de chapa, cuja indicação é reivindicada por três partidos da sua base, entre eles o PT.

Os demais aspirantes a candidato encontram-se em situação complicada. O deputado estadual Neto Evangelista ainda não tem certeza se terá o aval do seu partido, o União Brasil (UB), ao mesmo tempo em que se encontra sob o risco de perder o mandato, por causa de complicações nas eleições de 2022. Mesmo tendo se filiado ao Novo, o deputado estadual Wellington do Curso vive o mesmo drama de Neto Evangelista, podendo perder o mandato a qualquer momento. O deputado Yglésio Moises não tem problemas com a Justiça Eleitoral, mas se elegeu pelo PSB, rompeu com o partido e migrou para o bolsonarismo, sendo obrigado a aguardar a janela partidária, que será aberta em março, para encontrar uma agremiação pela qual possa vir a ser candidato a prefeito. Os candidatos da extrema esquerda serão anunciados em breve, sem surpresas.

Esse quadro dificilmente mudará.

PONTO & CONTRAPONTO

Assembleia Legislativa homenageia o PT pelos seus 44 anos de existência

Abertura solene da sessão especial, Iracema Vale
cumprimenta Helena Heluy e com Zé Inácio
entrega placa a Raimundo Monteiro

Oportuna e politicamente correta a sessão especial por meio da qual a Assembleia Legislativa homenageou o PT pelos seus 44 anos de existência – partido foi fundado em1980. O ato, proposto pelo deputado Zé Inácio e comandado pela deputada-presidente Iracema Vale (PSB), levou ao Palácio Manoel Beckman as principais lideranças do PT no Maranhão desde a sua fundação, onde foram homenageados com placas alusivas à data. Além de dirigentes e militantes, marcaram presença representantes de entidades da sociedade civil organizada.

A sessão proposta pelo deputado Zé Inácio surpreendeu por vários aspectos, entre eles a presença as principais lideranças do PT no Maranhão, a exemplo da ex-vereadora por São Luís e ex-deputada Helena Heluy, o ex-vereador, ex-deputado estadual, ex-deputado federal e ex-prefeito de Paço do Lumiar, Domingos Dutra, que deixou o partido em 2014, e o mais fiel militante do PT e, sem dúvida, um dos mais autênticos militantes e um dos mais flexíveis dos seus presidentes, Raimundo Monteiro. Foram também homenageados com a mesma ênfase os ex-presidentes Domingos Dutra e Washington Oliveira, bem como Francisco Gonçalves, Augusto Lobato e o atual presidente Francimar Melo.

Ao falar sobre o ato, na sua homenagem pessoal ao PT, a presidente do Poder Legislativo Iracema Vale (PSB) não apenas parabenizou o PT pelos seus 44 anos de existência, mas fez um registro que surpreendeu a muitos: “Aprendi muito com o PT durante os dez anos que militei nessa agremiação partidária. Parabenizo o partido pela sua história e o deputado Zé Inácio pela iniciativa de se fazer essa justa homenagem”.

O deputado Zé Inácio montou um roteiro conciso da história do PT: “Somos um partido que luta pelos direitos da classe trabalhadora e em defesa da inclusão social e da democracia. O PT luta pelo fortalecimento das instituições. Na verdade, este é um ato de afirmação das bandeiras que o PT tem defendido ao longo de sua jornada”. Já a ex-deputada estadual Helena Heluy declarou: “É um momento importante e cheio de emoções. São 44 nos de história, vitórias e conquistas. É o único partido, no Brasil, que, por três vezes, por meio do voto direto, elegeu um cidadão brasileiro Presidente da República”, frisou.

O presidente do PT no Maranhão, Francimar Melo, agradeceu a homenagem: “É muito importante essa homenagem a um partido que vem dando uma grande contribuição à democracia em nosso país. No Maranhão, neste momento, ao lado do vice-governador Felipe Camarão, compomos uma grande frente em favor do desenvolvimento do Maranhão”, afirmou.

Vale lembrar que o PT nasceu em 1980 por iniciativa do então líder metalúrgico Lula da Silva, que concebeu o projeto partidário em 1978. O resultado disso é que duas décadas depois, o PT elegeu Lula da Silva, o primeiro trabalhador e Dilma Rousseff, a primeira mulher presidente do Brasil. Depois de anos de turbulência, o PT voltou ao poder elegendo Lula da Silva para um terceiro mandato, que está em curso.   

Câmara abre espaço para serviços do Tribunal de Justiça e da Justiça Eleitoral

Paulo Velten e Paulo Victor descerram
placa e trocam agradecimentos

A Câmara Municipal de São Luís consumou ontem parceria com o Poder Judiciário e com a Justiça Eleitoral, ao inaugurar o 1° Centro de Mediação e Conciliação de Políticas Públicas de São Luís, em parceria com o Tribunal de Justiça (TJMA), e o Posto de Atendimento da Justiça Eleitoral. Os serviços foram instalados em dependências da Casa, que é muito frequentada pela população ludovicense. 

O Posto de Atendimento do TRE-MA abrirá acesso a todos os serviços eleitorais, tais como alistamento (1ª via), regularização do título, cadastro dos dados biométricos (fotos, assinaturas e digitais) e transferência. Já o Centro de Mediação e Conciliação vai oferecer a oportunidade para que as pessoas busquem acordos e soluções para os seus conflitos por meio do diálogo, evitando a judicialização e os custos e desgastes que algumas situações costumam ter, como os casos de divórcios e pensões alimentícias. A Sala de Conciliação também vai oferecer audiências de reconhecimento e/ou dissolução de união estável, reconhecimento espontâneo de paternidade e negociações de débitos.

A inauguração dos serviços reuniu o presidente da Câmara Municipal, vereador Paulo Victor, e o presidente do Poder Judiciário, desembargador Paulo Velten, agradeceu a parceria com a Câmara dos Vereadores: “Aqui, nós temos uma oportunidade raríssima, com o apoio do legislativo local, de aprimorar as instituições do sistema de justiça, colocando à disposição da sociedade, na Casa do povo de São Luís, essa estrutura de serviço do poder judiciário que tem tudo para funcionar muito bem. Um espaço público republicano onde o cidadão e a cidadã do estado vão poder chegar e apresentar a sua demanda. Nós temos conciliadores preparados”.

Para o presidente da Câmara Municipal de São Luís, vereador Paulo Victor (PSDB), “a Câmara de São Luís dá um passo importante na garantia dos direitos dos cidadãos ludovicenses. Essa parceria com o TJ e o TRE reforça o compromisso desta Casa com a democracia, a Constituição e sua soberania. Os serviços oferecidos pela Justiça Eleitoral, que permitirão aos cidadãos o acesso facilitado para suas obrigações com a Justiça Eleitoral. O nosso compromisso como vereadores é de honrar esta Casa, sobretudo para que a Câmara seja reconhecida pelo seu trabalho diante a sociedade. Por isso, a Casa do Povo abriu suas portas para fazer valer o que nos assegura a Constituição, o acesso aos serviços públicos e a garantia dos direitos básicos da população”.

O vice-presidente do TRE-MA, o desembargador José Gonçalo de Sousa Filho, também agradeceu pelo espaço cedido dentro da Câmara para realização de serviços eleitorais. “Aqui nós temos uma dupla inauguração e vamos tratar de várias demandas”.

São Luís, 27 de Fevereiro de 2024.

Lideranças vão recompor o tabuleiro político do Maranhão após a “Era Flávio Dino”

Carlos Brandão está no comando, Felipe Camarão
deve sucedê-lo na luta pelo novo mapa do poder no MA

Encerrada a chamada “Era Flávio Dino” na política do Maranhão – ainda que haja uma crença generalizada de que ele retornará -, a grande pergunta que se faz é sobre a nova composição do tabuleiro político estadual. A grande aliança partidária que hoje dá sustentação ao Governo estadual se manterá intacta? Existe a possibilidade de uma recomposição ou a tendência é uma divisão cada vez maior dos grupos políticos. E, finalmente, quem será o grande catalizador dessas forças? O fato é que, desde a noite de quinta-feira, o Maranhão político começou a se mover em busca de um novo formato, e respostas que parecem óbvias poderão mudar radicalmente, pois a dinâmica da política é tão intensa que previsões descuidadas poderão facilmente perder sentido na poeira dos movimentos que estão por vir.

No cenário do momento, não há que discutir que a bola está com o governador Carlos Brandão (PSB), que tem nas mãos os decisivos e convincentes instrumentos de poder, e que vem usando de surpreendente habilidade para manter intacta sua base de sustentação. Não parece haver dúvida também de que o passo seguinte será a eleição do atual vice-governador Felipe Camarão (PT) como o caminho para que esse grande grupo se mantenha no poder por algum tempo depois das eleições de 2026.

A grande cadeia de movimentos se dará nas lideranças de ponta, que hoje controlam partidos e se preparam para mirar o Palácio dos Leões. Nesse contexto tentarão chegar ao poder máximo líderes da grande aliança governista, do discreto espaço de meio-de-campo e da oposição estilhaçada em diversas correntes.

Na banda governista, qualquer relação sensata incluirá o ministro do Esporte André Fufuca (PP), o ministro das Comunicações Juscelino Filho (UB), a senadora Eliziane Gama (PSD) – atual vice-líder do Governo no Congresso Nacional, e a senadora Ana Paula Lobato (PSB) –considerando que a titularidade do mandato lhe deu poder de fogo, mas sabendo que sua consolidação como liderança influente ainda é uma base em construção. Num plano intermediário estão os deputados federais mais influentes da ala governista Duarte Jr. (PSB) – que se prepara para disputar a Prefeitura de São Luís e mudará de patamar se for eleito -, Márcio Jerry (PCdoB), Rubens Jr. (PT), Fábio Macedo (Podemos). E nomes com espaço consolidado, como é o caso da presidente da Assembleia Legislativa Iracema Vale (PSB) e o ex-presidente da Casa, deputado Othelino Neto (PCdoB).

No chamado meio de campo, que pode pesar tanto para a seara governista quanto para a oposição, está o senador Weverton Rocha, presidente do PDT no Maranhão, que ao longo dos últimos meses vem se repaginando, tentando se livrar da pecha de traidor redimido e se credenciando como herdeiro do dinismo.

E na oposição não há dúvida de que o grande nome é o prefeito de São Luís Eduardo Braide (PSD), cujo cacife aumenta em larga escala se for contemplado com a reeleição, o que é uma possibilidade real, segundo pesquisas feitas até aqui, que o apontam como líder incontestável. Nesse campo, a figura mais próxima de um líder é o deputado federal Josimar de Maranhãozinho, que além de campeão de votos, controla uma mines, mas fiéis, bancadas na Câmara Federal e na Assembleia Legislativa. Outros nomes da oposição podem ganhar espaço, como o bolsonarista Lahesio Bonfim (Novo), que mantém pelo menos uma fatia do que ganhou em 2022. Na mesma linha, mas um pouco mais distante, a oposição tem o ex-senador Roberto Rocha, que depois de profundo mergulho no anonimato anda ensaiando retorno à ação política.

Alguns leitores mais atentos observarão que a Coluna já desenhou esse cenário. É verdade. E ele será desenhado muitas vezes de agora por diante, quando, colocadas no tabuleiro da disputa pelo Poder, as suas peças-chave começarão de fato a travar a grande guerra política pelo espaço aberto com o fim da “Era Flávio Dino”.

PONTO & CONTRAPONTO

Situações incômodas criaram rota de colisão entre o TJ e o MPE

O Caso Alessandro Martins e outros desentendimentos sem maiores consequências colocaram o Tribunal de Justiça e o Ministério Público estadual em rota de colisão. O estopim foi aceso quarta-feira na sessão administrativa do Tribunal Pleno, quando os ataques do empresário Alessandro Martins a três desembargadores – Paulo Velten, Cleones Cunha e Oriana Gomes – repercutiu fortemente na Corte, com parte dos integrantes cobrando providências duras contra o empresário falastrão.

O que, de fato, acendeu o pavio na relação TJ/MP foi a suspeita de que ações – entre elas uma do presidente Paulo Velten – não estariam andando porque alguns juízes e alguns promotores saltaram a fogueira dando-se por impedidos para não assumir processos envolvendo o empresário contra desembargadores.

De acordo com um magistrado, o clima que tomou conta do Tribunal Pleno naquele dia colocou em situação incômoda a representante do MP. Depois disso, vieram notas e contranotas, entrevistas e declarações enfáticas, principalmente do MP, mais colocando lenha na fogueira do que apagando o princípio de incêndio.

Nas últimas horas, vários “bombeiros” tentaram apagar o incêndio, sem sucesso, pelo menos por enquanto.

Enquanto isso, o empresário Alessandro Martins, que está em prisão preventiva, sentiu-se mal e foi levado para uma UPA, onde permanecia até o final da tarde de ontem, sob forte vigilância. Coincidência ou não, a Justiça mandou bloquear as contas milionárias do empresário, preocupada, segundo um advogado, com uma possível fuga de Alessandro Martins.

A preocupação vem do fato de que em 2010, quando a bomba contra seu esquema de venda de carros estourou, denunciado por outros empresários do ramo, ele fugiu de São Luís e só semanas depois foi presido no Rio de Janeiro. Faz todo sentido supor que agora, numa situação tão ou mais complicada do que aquela, o empresário use de novo o seu dinheiro para sumir do mapa.

A diferença da situação agora é que, tudo indica, ele tem sérios transtornos de personalidade, o que torna o caso muito mais complicado e potencialmente explosivo.

Aposentadoria de Washington Oliveira do TCE abre corrida especulativa

Washington Oliveira: aposentadoria
e especulação sobre sucessor

O pedido de aposentadoria do conselheiro Washington Oliveira do Tribunal de Contas do Estado desencadeou uma frenética onda de especulação nos bastidores do Governo do Estado. Essa onda aumentou expressivamente depois que, judicialmente impossibilitado de integrar a lista tríplice de candidatos à vaga de desembargador, formulou sua renúncia a esse pleito.

A especulação desenfreada se deu em duas frentes. Em relação à vaga de desembargador vieram à tona diversos nomes, inclusive o da advogada Ana Brandão. Já em relação à de conselheiro do TCE, a especulação com maior repercussão foi a de que o governador Carlos Brandão teria batido martelo escolhendo exatamente o advogado Flávio Costa, que, muitos afirmam, seria o seu escolhido para a vaga de desembargador.

Washington Oliveira poderia se aposentar no final do ano, mas o faz na condição de servidor público-federal, já que, tendo tempo suficiente para aposentar-se, resolveu antecipar o pedido do direito à folga para o resto da vida. A onda de especulação fez uma transformação radical na vida de Washington Oliveira: ele sairá da poderosa e influente cadeira de conselheiro do TCE para se tornar secretário-adjunto da Representação do Maranhão em Brasília.

Em outras frentes surgiram vários nomes, mas a investida mais estridente foi feita pelo ex-deputado Stênio Rezende, que sugeriu o nome da deputada Andreia Rezende (PSB), sua mulher, que é formada em Odontologia, lembrando o fato de que seria mais uma mulher na Corte de Contas, que quebrou a dominação masculina com a nomeação da promotora de Contas, Flávia Gonzalez, para vaga de conselheira.

Até onde é sabido, o governador Carlos Brandão nada declarou sobre o assunto.

São Luís, 25 de Fevereiro de 2024.

Flávio Dino se torna ministro do Supremo mostrando força e prestígio

Flávio Dino é cumprimentado pelo presidente Lula da Silva ao lado de
Luís Roberto Barroso; e durante a missa na Catedral de Brasília, entre
entre o vice-presidente Geraldo Alckmin, Lu Alckmin, Daniela Dino e filhos

Flávio Dino é ministro do Supremo Tribunal Federal. Ele foi empossado ontem, no que talvez tenha sido uma das mais concorridas e representativas solenidades de posse realizadas na Corte nos últimos tempos. Se alguém – aliado, simpatizante ou adversário – duvidava do poder de fogo do novo ministro, a posse dele no mais elevado colegiado da Justiça brasileira, presidido pelo ministro Luís Roberto Barroso, mandou tais dúvidas para o espaço sideral. Ali estavam o presidente Lula da Silva (PT), o presidente do Senado e do Congresso Nacional Rodrigo Pacheco (PSD/MG) e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), presidentes de todos os tribunais superiores do País, ministros de Estado, advogados, líderes políticos, líderes de classe, ex-presidentes do Supremo, governadores de Estado, a começar pelo governador Carlos Brandão (PSB), o presidente do Tribunal de Justiça do Maranhão, desembargador Paulo Velten, e a presidente do Poder Legislativo estadual, e o 1º vice-presidente da Assembleia Legislativa, deputado Rodrigo Lago (PCdoB).

A posse aconteceu numa cerimônia padrão do Supremo, com juramento e assinatura do livro de posse, mas sem discursos. As centenas de autoridades, lideranças e pessoas próximas ao ministro o cumprimentaram logo em seguida num amplo salão onde foi servido um coquetel, tradição da Casa. Em seguida, Flávio Dino e familiares seguiram para a icônica Catedral de Brasília, onde participaram de uma Missa de Ação de Graça celebrada pelo cardeal-arcebispo da Capital Federal, d. Paulo Cezar Costa, com a presença de centenas dos convidados que se deslocaram da sede do Supremo para lá. Como já foi divulgado, Flávio Dino dispensou uma tradição: a festa que seria promovida pela Associação dos Juízes Federais (Ajufe), que ele presidiu quando juiz federal.

A posse foi uma demonstração de prestígio pessoal e político. Como que um paradoxo, mostrou que o novo ministro do Supremo tem de sobra o viés político que o permite conviver democraticamente até com contrários. Se não, como explicar a presença ali do governador do Distrito Federal Ibaneis Rocha (MDB), bolsonarista linha de frente e que foi afastado do cargo pelo presidente Lula da Silva, no conjunto de medidas definidas pelo então ministro da Justiça, Flávio Dino, para sufocar a tentativa de golpe de 8 de Janeiro de 2023? O que fazia ali o senador e ex-presidente da República cassado Fernando Collor, aliado de proa do bolsonarismo? Ibaneis Rocha e Fernando Collor estavam ali por conveniência, espertamente misturados a personalidades respeitáveis como ex-presidentes do Supremo Tribunal Federal, Nelson Jobim e Aires Britto, entre outras figuras de sólidas raízes democráticas.

Com a serenidade adequada ao magistrado, Flávio Dino prestou o juramento e assinou o livro de posse sem fazer qualquer gesto fora das draconianas regras vigentes naquela Corte. E permaneceu mergulhado na autovigilância até que o presidente da Casa, ministro Luís Roberto Barroso, encerrou a sessão quebrando o gelo e a regra ao declarar: “Está empossado. Não tem mais volta”. Alguns ficaram surpresos com a fala bem-humorada do ministro, e nos bastidores se construiu logo uma “teoria da conspiração”: a fala de Luís Roberto Barroso teria sido motivada pelo fato de que antes da posse teria circulado um rumor de que a paixão pela política teria levado Flávio Dino a desistir da volta à magistratura. Nada a ver.

Sustentado na sua trajetória e na representatividade expressada na sua posse, o silêncio formal de Flávio Dino remeteu naturalmente para o seu discurso no Senado, no qual assumiu compromissos com os brasileiros, mandando um recado direito aos cidadãos: “Esperem de mim imparcialidade e isenção. Esperem de mim o cumprimento da Constituição e das leis. Nunca esperem de mim prevaricação. Nunca esperem de mim não cumprir os meus deveres legais”. Prometeu ser leve no trato, e fechou sua lista de compromissos: “Agir com respeito à constitucionalidade das leis. Agir com respeito à presunção da legalidade dos atos administrativos. E agir de um modo consentâneo com o princípio da presunção”.

Depois de aposentar o político e o homem público de ação executiva, Flávio Dino reassumiu a magistratura em grande estilo, sem fazer qualquer esforço para causar a impressão de que poderá fazer sua parte da Corte Suprema com tempo suficiente para voltar à política, e aí alçar o seu voo mais sonhado: a presidência da República.

PONTO & CONTRAPONTO

Brandão diz ter certeza de que seu antecessor honrará a toga

Flávio Dino e Daniela Dino recebem os
cumprimentos de Carlos Brandão e filha

“O amigo Flávio Dino tem uma nova missão: a de juiz do STF. Não tenho dúvida de que vai honrar a Corte e desempenhar suas funções com a conhecida maestria. Desejo todo sucesso com a certeza de que você continuará orgulhando a todos nós. Forte abraço!”

Foi com essa nota que o governador Carlos Brandão (PSB) mostrou ao maranhão e ao País o seu entusiasmo com a posse do seu antecessor Flávio Dino, ocorrida ontem, em Brasília, da qual participou liderando uma expressiva comitiva de maranhenses.

Por sua vez, vice-governador Felipe Camarão (PT) usou suas redes sociais para saudar o líder maranhense. O vice-governador Felipe Camarão escreveu:

“Ao mestre com carinho! Obrigado por tudo, Flávio Dino. Vá e brilhe no STF. Ajude agora a nossa república na luta pela reconstrução democrática. O Brasil precisa de você. Até breve na política, amigo. Por aqui continuarei a fazer tudo o que você me ensinou com fé, coragem, determinação e sobretudo amor pelo Maranhão. Governo e gestão para quem mais precisa, aqueles que têm ´fome e sede de justiça`. Viva Flávio Dino, o maior líder do Maranhão”.

As duas manifestações têm muito do sentimento pessoal pela relação que o governador e seu vice cultivam com o ministro Flávio Dino. E de um modo geral, essas declarações expressam a média do que muitos disseram em Brasília ao falar da ascensão de Flávio Dino à mais alta Corte de Justiça do País.

A posse foi prestigiada por toda a bancada do PSB no Congresso Nacional, por exemplo; pela maioria dos ministros do Governo, por representantes das mais diversas correntes religiosas e um sem número de “convidados”.

Com a presença de pelo menos 800 pessoas, foi, sem sombra de dúvida, o mais concorrido evento em torno de uma personalidade ocorrido em Brasília nos últimos tempos.

Alessandro Martins corre o risco de passar um bom tempo na cadeia

Alessandro Martins sendo preso

O empresário Alessandro Martins, que vinha usando suas redes sociais para atacar desembargadores, empresários e políticos e outras traquinagens difíceis de entender, foi preso preventivamente ontem por decisão do juiz Rogério Rondon, titular da 1ª Central de Inquéritos e Custódia.

A prisão preventiva nada tem a ver com o caso envolvendo desembargadores e políticos. A decisão do juiz está relacionada com denúncia feita pelo empresário Felipe Loiola. Ele alega ter sido atacado com violência pelo ex-vendedor de carros, que invadiu sua residência, o difamou e o agrediu fisicamente.

Alessandro Martins teria resistido à prisão trancando-se no num dos quartos do seu espaçoso apartamento, de onde desacatou os agentes policiais, dirigiu-lhes xingamentos e blefou afirmando que estava armado e dispostos a atirar. Depois de muitas marchas e contramarchas, ele resolveu se entregar. Só que ao sair do Edifício Palazzo da Renascença, localizado no Jardim Renascença, com espetacular vista para mar, ele se insurgiu novamente contra os policiais. Mas mergulhou na calma quando os agentes ameaçaram enfia-lo na marra na mala de uma viatura.

Alessandro Martins foi preso por volta das 10 hs e antes do meio-dia já estava autuado em flagrante, o que agrava ainda mais a sua situação, estendendo por muito tempo o seu tempo na prisão, uma vez que deve responder a pelo menos três ações movidas pelos desembargadores Paulo Velten, Cleones Cunha e Oriana Gomes, os quais agrediu nas redes sociais

São Luís, 23 de Fevereiro de 2024.

Com três desembargadores afastados e ataques de empresário, Judiciário vive momento de crise

Alessandro Martins é levado por policiais para delegacia; Paulo Velten, Cleones Cunha e Oriana Gomes: constrangimento no Judiciário

No momento em que um maranhense se prepara para assumir, hoje, uma cadeira no Supremo Tribunal Federal e que, de modo geral, a máquina judiciária brasileira encontra-se submetida a fortes pressões da direita conservadora, o Poder Judiciário do Maranhão, que vive um movimentado processo de transição para uma nova gestão, atravessa um dos piores momentos da sua história recente como instituição. Não bastasse o constrangimento causado pelo afastamento, por decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), de três desembargadores acusados de desvio de função – Guerreiro Júnior, Bayma Araújo e Nelma Sarney – a mais alta Corte de Justiça do Maranhão, composta por 33 desembargadores, foi, de repente, transformada em alvo de ataques do empresário Alessandro Martins, que anda “causando” nas redes sociais com declarações agressivas, ofensivas e ameaçadoras contra magistrados.

Os vídeos disparados pelo endinheirado ex-vendedor de carros que alvejaram os desembargadores Paulo Velten, presidente do TJ, Cleones Cunha, que já presidiu a Corte, e Oriana Gomes, a mais nova integrante do colegiado. Os vídeos viralizaram nas redes sociais, colocando os integrantes da mais alta Corte de Justiça do Maranhão, e o Poder Judiciário como um todo, numa vexatória situação de incômodo inaceitável.

Tal situação, que vinha evoluindo há algumas semanas, quando o empresário – famoso pelo escândalo da venda de veículos da marca Volkswagen, que lhe rendeu até prisão e exclusão do mercado de automóveis no Maranhão – começou a usar as redes sociais para voltar à tona. Endinheirado, vem usando as redes sociais para atacar verbalmente magistrados, empresários e até políticos, num comportamento que a própria irmã definiu como bipolar. No ataque aos magistrados, sugere que eles o teriam prejudicado em decisões processuais, mas não indica precisamente o que de fato aconteceu.

Antes do período momesco, Alessandro Martins divulgou um vídeo em que ataca violentamente o desembargador-presidente Paulo Velten, acusando-o de corrupção e desvio e afirmando que ele ajudou a acabar com a vida dele, Alessandro. Paulo Velten reagiu em nota contestando duramente os ataques e avisando que o empresário responderá por tudo na Justiça. Alessandro Martins pareceu recuar, mas logo retomou, desta vez atacando os desembargadores Cleones Cunha, que já presidiu a Corte, e Oriana Gomes. A exemplo do presidente Paulo Velten, eles anunciaram que também baterão às portas da Justiça, para rebater o dito e buscar reparação contra o empresário.

Esse ambiente de constrangimento dominou a sessão desta quarta-feira, quando o colegiado se reúne, ora em sessão administrativa, ora em sessão jurisdicional. Os desembargadores atacados manifestaram indignação, assim como seus colegas de corte, que lhes manifestaram solidariedade e apoio. Recém incluída na lista da pancadaria, a desembargadora Oriana Gomes, conhecida pelo seu destemor, pareceu preocupada com a segurança da sua família.

Ao longo da sessão, que foi dominada pelo assunto em meio ao constrangimento causado pelo afastamento da desembargadora Nelma Sarney, determinado em sessão do CNJ realizada na segunda-feira (19) -, veio à tona uma informação surpreendente, que fragilizou mais ainda o colégio de desembargadores: as ações contra Alessandro Martins estariam se arrastando porque alguns juízes e promotores estariam fugindo da raia e se dando por impedidos. Em relação aos juízes, providências teriam sido tomadas ontem mesmo, já com relação a promotores, o fato foi comunicado à Procuradoria Geral de Justiça, mas até o início da noite não havia uma resposta formal.

Ontem, Alessandro Martins foi detido levado à Delegacia do Turu depois de ofender e ameaçar policiais que cumpriam mandado de busca e apreensão na sua residência, num processo em que é acusado de agredir e ameaçar outro empresário. Ele depôs por pelo menos uma hora, foi liberado, mas pode ser alvo de um pedido de prisão preventiva.

Independentemente dos desdobramentos desse imbróglio, o fato é que o Tribunal de Justiça do Maranhão vive uma situação de vexame exatamente, causada por um único sujeito, que aparenta visível descontrole emocional, no momento em que se encerra uma gestão marcada por avanços, como está demonstrado nos prêmios de excelência que recebeu do próprio CNJ. E o que é pior: se não for desativada logo, a bomba pode afetar o início da nova gestão, que assumirá em meados de abril.

PONTO & CONTRAPONTO

Ataques da direita a Lula e reação da esquerda geram tensão na AL

Mical Damasceno atacou Lula da Silva
e Júlio Mendonça rebateu

O plenário da Assembleia Legislativa foi palco ontem de mais um embate tenso entre deputados de extrema direita, que fazem oposição dura ao Governo do PT, e deputados de esquerda, que decidiram responder no mesmo tom os ataques adversários.

O clima de tensão foi desenhado quando a deputada Mical Damasceno (PSD), da extrema-direita evangélica, foi à tribuna, se cobriu com uma bandeira de Israel, e atacou violentamente o presidente Lula da Silva (PT). Transformando equivocadamente a guerra israelense/palestina num conflito bíblico, a parlamentar invocou a ira divina contra o presidente Lula da Silva e o Brasil, que na sua previsão cataclísmica serão punidos. Para ela, o povo judeu é abençoado, e quem se levantar contra ele será destruído. Ou seja, o presidente Lula e todos os brasileiros serão punidos. É só uma questão de tempo.

Durante a sua fala, ninguém reagiu no plenário.

Em seguida, o deputado Júlio Mesquita (PCdoB), reagiu aos ataques da deputada Mical Damasceno, defendendo enfaticamente a fala do presidente Lula da Silva. Para ele, ao contrário do que diz o governo de Israel, que é conservador e de extrema-direita, o presidente do Brasil defendeu, sim, o fim do que classificou como genocídio do palestino. Lembrou que Lula da Silva criticou reiteradas vezes a ação terrorista do Hamas, mas que não pode compactuar com o que as forças israelenses estão fazendo na faixa de Gaza.

Durante a fala de Júlio Mendonça, a deputada Mical Damasceno tentou interromper com gritos e palavras de ordem contra o presidente Lula, a quem só chama de “ex-presidiário”.

O movimento gerou um protesto do deputado Carlos Lula (PSB) à Mesa, onde a presidente Iracema Vale (PSB), que vinha sando toda a sua calma para administrar essa situação, convocou uma reunião de líderes para colocar as coisas nos eixos.

Flávio Dino assume hoje cadeira no Supremo Tribunal Federal

Flávio Dino será a partir de hoje o segundo maranhense ao chegar ao Supremo

Depois de ter encerrado o ciclo da política, ao discursar se despedindo na tribuna do Senado, o ex-juiz federal, ex-deputado federal, ex-governador do Maranhão e senador da República, o maranhense Flávio Dino assume hoje uma cadeira no Supremo Tribunal Federal, a mais alta Corte de Justiça do Brasil.

Indicado pelo presidente Lula da Silva, de cujo Governo foi ministro da Justiça e Segurança Pública, e aprovado pelo Senado, apesar da campanha contrária feita pela direita bolsonarista, Flávio Dino vai ocupar a cadeira vaga com a aposentadoria da ministra Rosa Weber.

Ciente das tensões que estão pressionando as instituições brasileiras, em especial a Suprema Corte, que é alvo de uma política de ódio deflagrada e alimentada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Flávio Dino optou por não transformar a sua posse numa festa.

Haverá a solenidade formal, e em seguida uma missa em Ação de Graça, na icônica Catedral de Brasília. Grupos e entidades com os quais tem vínculo tentaram organizar uma comemoração, mas foram desautorizados pelo próprio empossando.

O governador Carlos Brandão, a presidente da Assembleia Legislativa Iracema Vale e o presidente do Poder Judiciário lideram uma expressiva comitiva de maranhenses.

São Luís, 22 de Fevereiro de 2024.