Arquivos mensais: julho 2017

Forças políticas do Maranhão se voltam para Brasília em articulações contra e a favor do presidente Michel Temer

 

bancada
De Hildo Rocha a Jr. Marreca estão com Michel Temer. De Eliziane gama a Waldir Maranhão vão votar contra

São poucas as manifestações públicas, parecendo que a vida segue normal, mas a verdade é que a classe política do Maranhão, como a de todo o País, começa a semana com as suas atenções voltadas para Brasília, onde a Câmara Federal decidirá, provavelmente na quarta-feira, o futuro do presidente Michel Temer (PMDB). As duas forças políticas que se batem no estado têm posições claras e definidas em relação à situação do presidente da República. A banda esquerdista do movimento liderado pelo governador Flávio Dino (PCdoB), que reúne o seu partido mais PT, PDT e parte do PSB, tem posição política firmada a favor de que os deputados federais aprovem o pedido para que o chefe da Nação seja investigado e, para isso, seja afastado do cargo por até 180 dias. O Grupo Sarney, que reúne PMDB, PV e outros partidos menores, está posicionado a favor do presidente, mobilizando todos os votos que puder para que ele que ele não seja guilhotinado. Há outros extratos políticos “soltos”, como a “terceira via” do senador Roberto Rocha (PSB), que estão muito mais alinhados a Michel Temer do que contra. Nesse contexto, a maioria dos 18 votos maranhenses na Câmara Federal está a favor do Palácio do Planalto.

O governador Flávio Dino defende a autorização para que o presidente da República seja investigado, mas o faz por coerência política, sustentando uma posição que o seu partido e aliados, principalmente o PT, defendem. A rigor, o governador é mais favorável à tese da realização de eleições diretas agora, provavelmente pela perspectiva de que o ex-presidente Lula da Silva (PT) venceria o pleito e retomaria o programa de Governo focado na distribuição de renda. O governador não esconde a sua posição política, mas se movimenta de maneira equilibrada, cuidadosa, respeitando as regras da convivência institucional. Para ele, independente do fato de ter chegado ao Palácio do Planalto na esteira do que chama de “golpe” para depor a presidente Dilma Rousseff (PT), Michel Temer é o presidente do País, e como tal deve ser tratado até que a Câmara Federal e a Justiça decidam o seu futuro. Seus comandados e aliados os deputados – Rubens Jr. (PCdoB), Zé Carlos (PT), Waldir Maranhão (PP), Eliziane Gama (PPS), Deoclídes Macedo (PDT) e Weverton Rocha (PDT) – estão posicionados e votarão contra o presidente, mesmo que o quadro do momento lhe seja claramente favorável.

O Grupo Sarney, ao contrário, está movendo montanhas para salvar Michel Temer. Tanto o ex-presidente José Sarney (PMDB) quanto a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB), mais os senadores pemedebistas João Alberto e Edison Lobão estão fortemente alinhados aos esforços do Palácio do Planalto para barrar a denúncia na Câmara Federal. E nesse contexto, garante cinco votos da bancada para o presidente, a começar pelo ministro do Meio Ambiente Sarney Filho (PV), que será exonerado hoje para engrossar as fileiras da tropa de choque presidencial. Além de Sarney Filho, integram esse grupo os deputados Hildo Rocha (PMDB), João Marcelo (PMDB), Cléber Verde (PRP) e Aluísio Mendes (PTN).

Os deputados Pedro Fernandes (PTB), André Fufuca (DEM), Jr. Marreca (PEN), José Reinaldo Tavares (PSB) e Juscelino Rezende (DEM) votarão a favor de Michel Temer mais por força de acordos feitos por seus partidos no plano nacional ou por convicções pessoais, do que por influência dos chefes do Grupo Sarney.

Até quarta-feira (2), os bastidores da política do Maranhão e suas extensões em Brasília estarão fervendo num verdadeiro frenesi de articulações, com os partidários do presidente Michel Temer tentando consolidar os votos já certos e atrair eleitores do movimento oposicionista, ao mesmo tempo em que a Oposição se move em sentido contrário, mesmo sabendo que em princípio suas chances parecem ser remotas.

Os apoiadores e adversários do presidente da República no Maranhão sabem que o que for decidido pela Câmara Federal terá forte influência  nas montagens que serão articuladas a partir de então para as eleições gerais do ano que vem. Se Michel Temer sobreviver, o Grupo Sarney sairá fortalecido. Se o presidente perder, as forças políticas entrarão em ebulição numa luta de vida ou morte pelo comando da República, seja por eleição indireta, que certamente favorecerá a banda sarneysista da política estadual, ou, numa hipótese muito remota, por via direta, abrindo uma chance para e esquerda com uma eventual candidatura de Lula da Silva.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

União rompe acordo e desconta de uma vez R$ 224 milhões do Estado e das Prefeituras

Tema Cunha: comandou a busca da soluçãol
Tema Cunha irá a Brasília buscar solução

Aconteceu o que muitos temiam: o Governo Federal não honrou o acordo de antecipar às prefeituras maranhenses e ao Governo do Estado 70% do reajuste do Fundeb e descontou de uma vez os R$ 224 milhões pagos a mais no repasse dos recursos do Fundo no ano passado. O acordo fora feito em Brasília, há duas semanas, numa audiência do presidente da Famem e prefeito de Tuntum, Cleomar Tema Cunha e da bancada maranhense no Congresso Nacional com o presidente Michel Temer e os ministros da Educação, Mendonça Filho, e da Fazenda, Henrique Meirelles, no Palácio do Planalto. No encontro, o presidente da Famem e o coordenador da bancada federal, deputado Rubens Jr. (PCdoB), fizeram uma explanação detalhada do problema, mostrando que se o valor total fosse descontado – R$ 178 milhões divididos entre 217 municípios, e R$ 46 milhões do Estado – a maioria das Prefeituras entraria em colapso financeiro, já que não têm recursos para cobrir o rombo. Aconselhado pelos ministros, o presidente da República informou que não poderia parcelar o débito, como queriam os prefeitos, mas que amorteceria o valor antecipando parte do que será reajustado em dezembro – R$ 176 milhões. Não foi a solução ideal, mas foi a saída possível, já que mais de 60% do débito seria amortecido, tendo os municípios que arcar com 40%. Só que, para surpresa dos prefeitos, da Famem e do Palácio dos Leões, o Governo Federal não cumpriu o combinado, alegando que se atendesse aos municípios maranhenses, teria de atender aos de vários outros estados com o mesmo problema. Só que o acordo foi quebrado e as Prefeituras amargaram o desconto de uma só vez, causando um verdadeiro pandemônio financeiro nas cintas municipais, obrigando prefeitos a suspender pagamentos, rever contratos e até promover demissões. Em meio à grita dos prefeitos, o presidente da Famem, Tema Cunha, anunciou que na semana que vem desembarcará em Brasília para tentar uma audiência com o presidente Michel temer, a quem pretende apelar no sentido de que o acordo seja mantido, argumentando que a grande maioria das Prefeituras maranhenses não tem condições de cobrir o buraco. Será um verdadeiro desafio, mas Tema Cunha disse à Coluna que vai enfrentá-lo conversando diretamente com o presidente Michel Temer.

Ministro da Saúde nesta segunda-feira em São Luís

Brasília - O ministro da Saúde, Ricardo Barros, concede sua primeira entrevista coletiva à imprensa sobre

O ministro da Saúde, Ricardo Barros (foto), desembarca nesta segunda-feira em São Luís para cumprir uma agenda movimentada durante a manhã. Primeiro, visitará o Hospital do Câncer, da Fundação Jorge Dino, onde entregará equipamentos de apoio ao tratamento da doença. Depois, seguirá para o auditório da Fiema, onde farpa a entrega de ambulâncias para Prefeituras e Governo do Estado.

São Luís, 30 de Julho de 2017.

Com peso eleitoral decisivo, Imperatriz será palco de uma das lutas mais duras pela sucessão estadual em 2018

 

Assis Ramos, Sebastião Madeira, Marco Aurélio, Ildon Marques, Ribinha Cunha, Rosângela Curado e Léo Cunha podem influenciar em Imperatriz
Assis Ramos, Sebastião Madeira, Marco Aurélio, Ildon Marques, Ribinha Cunha, Rosângela Curado e Léo Cunha podem influenciar em Imperatriz

Segundo maior, mais cobiçado e, ao mesmo tempo, mais sensível colégio eleitoral do Maranhão, com 154 mil eleitores, Imperatriz será campo de uma das mais duras e complexas guerras eleitorais em 2018 entre todos os municípios do Maranhão. Ali, o governador Flávio Dino (PCdoB) e seus dois prováveis adversários, Roseana Sarney (PMDB) e Roberto Rocha (PSB), se movimentarão num terreno onde forças políticas locais poderosas poderão definir o desfecho da corrida ao Palácio dos Leões dependendo dos acordos e alianças que vierem a serem costurados nos próximos 14 meses. Para começar, enquanto o Governo do Estado faz investimentos vultosos para o futuro do Município e da Região Tocantina, a Prefeitura encontra-se sob o controle do Grupo Sarney, o que sugere um equilíbrio pendular na disputa pelo poder estadual. Ao mesmo tempo, esse equilíbrio será desfeito no campo político, já que duas outras forças, lideradas, uma pelo ex-prefeito Sebastião Madeira (PSDB) e outra pelo ex-prefeito Ildon Marques (PSB) poderão definir o cenário em que os candidatos ao Palácio dos Leões se movimentarão.

O governador Flávio Dino conta com três pilares de sustentação na princesa do Tocantins. O primeiro o seu prestígio pessoal, que é elevado e que, segundo avaliações políticas, não sofreu desgastes. O segundo são as muitas ações do seu Governo, entre as quais se destaca a Uema-Sul. E no campo eminentemente político, conta efetivamente com o apoio irrestrito do deputado Marco Aurélio (PCdoB), que desponta como uma grande liderança no Município e na região, além de vereadores e líderes municipais. E com a suplente de deputado federal Rosângela Curado (PDT), cujo poder de fogo enfrenta dúvidas. O governador trabalha com a tradição de “rebeldia” de Imperatriz, que nas últimas eleições vem dizendo ostensivamente “não” do Grupo Sarney, impingindo-lhe derrotas avassaladoras nas disputas majoritárias. O comando governo cometeu erros que comprometeram seriamente a atuação das forças governistas, mas o governador Flávio Dino vem aos poucos minimizando os desdobramentos e as consequências com uma forte ação no Município.

A Oposição é muito forte em Imperatriz. Começa com o prefeito Assis Ramos (PMDB), que apesar dos rasgos de independência exibidos na campanha e nos primeiros momentos da gestão, caiu na real e assumiu uma posição partidária e resolveu contar com o apoio efetivo dos seus aliados pemedebistas, a começar pela ex-governadora Roseana Sarney e os senadores pemedebistas João Alberto e Edison Lobão, certo de que eles são a chave dos cofres de Brasília, já que o acesso aos recursos do Estado não lhe será nada fácil. Assis Ramos vem dando seguidas demonstrações de que vai seguir as orientações do Grupo Sarney e cuidar da provável candidatura de Roseana Sarney em Imperatriz. Seu foco agora é dar consistência e eficiência ao seu Governo, sem o que não terá força para entrar decisivamente na briga como pilar de apoio ao candidato sarneysista, seja ele quem for.

Na banda oposicionista encontra-se também o empresário e ex-prefeito Ildon Marques (PSB), detentor de forte liderança no Município e na região. Ligado ao Grupo Sarney, Marques fez uma aliança com o senador Roberto Rocha e ingressou no PSB para disputar a Prefeitura em 2016, mas dificilmente ficará com ele se Roseana Sarney vier a ser candidata. É quase certo também que o deputado Leo Cunha, que hoje apoia o Governo na Assembleia Legislativa, e o irmão dele, Ribinha Cunha, que foi candidato a prefeito apoiado por Sebastião Madeira, apoiem Roseana Sarney, se ela vier a ser candidata.

Maior liderança política de Imperatriz na atualidade, o ex-prefeito Sebastião Madeira (PSDB), que será candidato a deputado federal, aguarda a definição da cúpula nacional sobre o futuro da legenda no Maranhão. Se o partido permanecer com o vice-governador Carlos Brandão, os tucanos apoiarão o governador Flávio Dino. Se a escolha for por apoiar a provável candidatura de Roseana Sarney, Madeira não terá maiores problemas de avalizar uma aliança PSDB-PMDB no estado, respeitando o acordo que o provavelmente será feito no plano nacional. O caminho preferencial de Madeira seria a candidatura do atual prefeito de São José de Ribamar, Luis Fernando Silva (PSDB), ao Governo do Estado, tendo-o como candidato a senador, mas como esse projeto não evoluiu, o ex-prefeito de Imperatriz aguarda o pronunciamento da cúpula tucana.

Com o peso político e econômico que tem, e agora com a reanimação, aos poucos, do movimento pela criação do Maranhão do Sul, e dependendo do posicionamento das suas forças políticas, Imperatriz pode ser decisiva na corrida ao Palácio dos Leões no ano que vem.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Decidido no apoio a Everton Rocha, Edivaldo Jr. avalia nomes para a segunda vaga de senador

Edivaldo Jr.pode escolher segundo nome entre José Reinaldo, Waldir Maranhão e Eliziane Gama
Edivaldo Jr. pode escolher segundo nome para o Senado entre José Reinaldo, Waldir Maranhão e Eliziane Gama

Firme na decisão de embalar a candidatura do deputado federal Weverton Rocha (PDT) para uma vaga no Senado, o prefeito Edivaldo Jr. (PDT) se movimenta para definir o nome que apoiará para segunda vaga. Como a primeira vaga está definida por decisão partidária, o prefeito de São Luís pretende tomar a decisão sobre a segunda em sintonia com o Palácio dos Leões. Em princípio, o nome mais provável para contar com o embalo do pedetista é o deputado federal José Reinaldo Tavares (PSB) e em migração provavelmente para o DEM). Há sinais visíveis de que o Palácio de la Ravardière não simpatiza com o projeto senatorial do deputado federal Waldir Maranhão (PP) nem com o da deputada federal Eliziane Gama (PPS). Um dos políticos mais bem sucedido da nova geração, Edivaldo Jr. é nome de proa para brigar com chances pelo Governo do Estado em 2022, principalmente se colocar em prática o que está programado para os próximos quatro anos. Nesse contexto, além da reeleição do governador Flávio Dino, que é decisiva para esse projeto, Edvaldo Jr. quer ter o apoio também de dois dos três senadores maranhense, já que certamente não contará com o do senador Roberto Rocha, que já foi seu vice mas que hoje é adversário político. Em relação ao projeto senatorial da deputada Eliziane Gama, o prefeito sabe que, se eleita senadora, ela será nome certo na disputa pelo Governo do Estado em 2022, uma ameaça que ele não pretende alimentar, claro. Daí o mais provável é que venha a apoiar José Reinaldo para a segunda vaga, pois o ex-governador só ambiciona mesmo é encerrar sua carreira como um bom senador da República.

 

Fábio Braga troca com Geraldo Alckmin impressões sobre crise econômica e potencial econômico do Maranhão

Fábio Braga com Geraldo Alckmin, no Palácio dos Bandeirantes
Fábio Braga com Geraldo Alckmin, no Palácio dos Bandeirantes,após audiência

O deputado Fábio Braga (SD) marcou gol de placa durante o recesso parlamentar. Em vez de sair de férias para uma praia paradisíaca com a família, ele incursionou por Brasília e São Paulo, cumpriu o compromisso mais importante: uma audiência com o governador de São Paulo e virtual candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin. No encontro, ao qual compareceu como deputado estadual do Maranhão e como diretor da IniCeuma, Fábio Braga conversou com Geraldo Alckmin como governador de São Paulo, como pré-candidato a presidente da República e com o médico e professor. Com o governador, a etapa da conversa girou sobre a crise que afeta os estados, com destaque para a gestão do governador Flávio Dino (PCdoB), que apesar de enfrentar a ação de forças políticas poderosas, tem conseguido manter o equilíbrio das finanças e realizado investimentos, o que foi elogiado pelo mandatário paulista. Ao pré-candidato a presidente, Fábio Braga mostrou o potencial econômico do Maranhão, falando especialmente da região Matopiba, que liga Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia e onde o agronegócio avança fortemente. E, finalmente, Fábio Braga transmitiu a Geraldo Alckmin convite formulado pelo ex-senador Mauro Fecury para quem o governador venha a São Luís para fazer uma conferência no UniCeuma sobre ensino e Medicina. O deputado Fábio Braga deixou o Palácio dos Bandeirantes em estado de graça

São Luis 28 de Julho de 2017.

Jogo aberto: com “Mais Asfalto”, Flávio Dino dá largada na Ilha em busca da reeleição

 

Flávio Dino: "Mais Asfalto" na Ilha e início da corrida às urnas
Flávio Dino: “Mais Asfalto” na Ilha e início da corrida às urnas em busca da reeleição

O anúncio de que o programa “Mais Asfalto” pavimentará 200 quilômetros de ruas e avenidas vitais para melhorar a mobilidade nos quatro municípios da Ilha de Upaon Açu, feito terça-feira em ato concorrido no Palácio Henrique de la Rocque, funcionou, para alguns, como uma espécie de senha para os primeiros movimentos das forças comandadas pelo governador Flávio Dino (PCdoB) na caminhada que as levarão às urnas em 2018. Ainda não serão ações focadas diretamente na corrida eleitoral, mas certamente terão repercussão importante à medida que forem se concretizando e poderão dar mais substância ao discurso de campanha do governador e seus aliados. Melhorar as condições viárias de São Luís, São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa, além de ser uma obra essencial e necessária para melhorar a movimentação de 1,4 milhão de maranhenses, será um dos itens mais vistosos na relação de feitos que o governador Flávio Dino apresentará como argumento na sua campanha para a reeleição.

Hoje com pouco mais de 1 milhão de habitantes, das quais mais de 700 mil se deslocam todos os dias, São Luís abriga mais de 300 mil veículos e é uma cidade com graves problemas viários, principalmente por falta de investimentos necessários à sua restauração, manutenção e ampliação. Com algumas exceções, os seus grandes complexos viários – ruas, avenidas, rotatórias e viadutos – encontram-se desgastados pela ação do tempo e do uso contínuo e intenso, exigindo do Poder Público cuidados e investimentos urgentes. É inaceitável a situação atual da Cidade Operária, uma verdadeira cidade, mas cuja avenida principal está praticamente intransitável. Quando se interliga os municípios da Ilha, esses números aumentam e os problemas se avolumam. Nas áreas urbanas, um dos itens fundamentais desses cuidados é exatamente a implantação, a restauração e a manutenção da pavimentação asfáltica, serviços extremamente caros e que se tornaram raros em tempos de avassaladora crise econômica, responsável pela penúria financeira que sufoca Estados e Municípios. Nesse contexto de crise, que afeta fortemente a vida de estados como o Maranhão, o programa “Mais Asfalto” funciona quase como uma dádiva. A começar pelo fato de que é fruto de boa gestão financeira e orçamentária de um Governo que tem se mostrado comprometido com a causa pública.

Nos seus pronunciamentos mais recentes, o governador Flávio Dino tem dito que “ainda não está fazendo política”, enfatizando que as ações do seu Governo até aqui são compromissos assumidos na campanha que o levou ao Palácio dos Leões. Mas a 14 meses das eleições, num ambiente onde está em debate a situação política presente e futura do País, sabe que não dá para separar ações de Governo da peleja eleitoral que se aproxima, principalmente quando o que está em jogo é a sua continuação ou não dele e do movimento que lidera à frente de um estado com sete milhões de habitantes em transformação. O governador Flávio Dino tem plena consciência do poder de fogo dos seus adversários e da vontade que eles estão de retomar o comando que detiveram por muitos anos. Tem consolidada a avaliação de que não pode dormir no ponto nem embarcar na ilusão de que está reeleito. Sabe, enfim, que tem de fazer política com os pés fincados no chão.

Até aqui, todos os passos dados pelo governador têm sido guiados pela coerência. Todas as ações do seu Governo têm visível viés social, os gastos públicos são transparentes e seus posicionamentos são coerentes. Por mais que seus adversários tenham tentado, não conseguiram encontrar uma só rasura ou desvio que os autorize a apontar manchas éticas localizadas ou no todo. Dar conotação política às suas obras visando o jogo eleitoral é lícito e justo, desde que o discurso e a publicidade sejam feitos dentro de parâmetros decentes.

Nesse contexto, ao acionar o programa “Mais Asfalto” para facilitar a vida dos 1,4 milhão de habitantes dos quatro municípios da Ilha de Upaon Açu, o governador Flávio Dino está fazendo política com o objetivo de obter também uma resposta política nas urnas.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Flávio Dino prepara roteiro para liberar secretários que vão encarar as urnas nas eleições do ano que vem

Márcio Jerry, Jefferson Portela e Simplício Araújo são pré-candidatos à Câmara Federal
Márcio Jerry, Jefferson Portela e Simplício Araújo são candidatos à Câmara Federal

A imprensa registra que o governador Flávio Dino começa a definir os procedimentos para liberar os secretários do seu Governo  que pretendem deixar os cargos para encarar as urnas no ano que vem, objetivando cadeiras na Câmara Federal e na Assembleia Legislativa. Nesse item, o governador não foge à regra, que já funciona como uma espécie de “tradição”.  Pelo que informa o jornalista Gilberto Leda, o governador planeja programar a saída dos secretários aspirantes a candidato a partir de janeiro do ano que vem, dando tempo para que eles preparem o desligamento do Governo dentro dos prazos previstos em lei.

No caso, é sabido que vários secretários aspiram mandato de deputado federal: Márcio Jerry (Assuntos Políticos e Comunicação) , Jefferson Portela (Segurança) e Simplício Araújo (Indústria e Comércio), e de deputado estadual: Neto Evangelista (Desenvolvimento Social), por exemplo. Outros casos estão sendo especulados e é quase certo que o número de candidatos saídos do secretariado será bem maior.

Os Governos via de regra produzem candidatos a cargos eletivos, que aproveitam o trabalho que realizam, o prestígio que angariam e o senso de oportunidade que os move para migrar da vida civil ara a seara política. E o Governo Flávio Dino não seria a exceção, ao contrário, emite todos os sinais de que praticará expressivamente esse caminho para consolidar do movimento que lidera. Resta saber se o eleitorado concorda.

 

Sarney Filho será exonerado e reassumirá seu mandato na Câmara para ajudar a salvar Michel Temer

Sarney Filho: candidatura decidida
Sarney Filho vai ser exonerado do cargo

Sarney Filho (PV) será exonerado do cargo de ministro do Meio Ambiente para reassumir seu mandato de deputado federal. Ele será um dos articuladores da base governista na Câmara Federal para negar autorização para que o Supremo Tribunal Federal abrir processo de investigação do presidente Michel Temer (PMDB) por suspeita de corrupção passiva e formação de quadrilha. Todos os ministros com mandato de deputado federal serão exonerados e novamente nomeados tão logo o pedido seja votado. Um dos quadros mais antigos – tem nove mandados federais – e experientes da Câmara Federal, o parlamentar maranhense vai se movimentar nos bastidores para tentar convencer indecisos a votar favoravelmente ao presidente, evitando assim que ele seja afastado do cargo ara ser investigado. A um interlocutor, o ministro previu que Michel Temer terá mais de 172 votos a seu favor. Disse também acreditar que sua volta ao comando do Ministério do Meio Ambiente se dará rapidamente.

São Luís, 26 de Julho de 2017.

Decisão da Câmara Federal sobre o futuro de Michel Temer decidirá também o futuro eleitoral de Roseana Sarney

 

Roseana Sarney: movimentos mais intensos, mas atenta ao futuro de Michel Temer
Roseana Sarney: movimentos mais intensos, mas muito atenta ao futuro político do presidente Michel Temer

Exatamente daqui a uma semana, a sessão da Câmara Federal que decidirá o destino do pedido de autorização para o Supremo Tribunal Federal instaurar processo de investigação contra o presidente Michel Temer (PMDB), por suspeita de corrupção passiva, será um marco decisivo para que o Grupo Sarney comece a delinear sua estratégia para a briga do ano que vem pelo Palácio dos Leões e pelas duas vagas no Senado da República. Se o pedido for rejeitado, como está sendo previsto até aqui, passa a ser muito forte a possibilidade de a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB) ser a candidata do Grupo ao Governo do Estado. Se o pedido for aprovado e o presidente for afastado e processado, é quase certo que a ex-governadora ficará longe das urnas, e no caso o Grupo terá de acionar um “plano b”. Otimistas com a sobrevida do presidente da República até aqui, sarneysistas de coturnos baixo e alto garantem que a ex-governadora será candidata “de qualquer maneira”, não dependendo para isso da sobrevivência presidencial. Lembram que na hipótese de Michel temer cair, será substituído pelo residente da Câmara Federal, Rodrigo Maia (DEM-RJ), um amigão da família Sarney.

De uns tempos para cá, Roseana Sarney começou a se movimentar no campo político com passos mais largos, e com mais visibilidade. Decidiu dividir seu tempo entre São Luís e Brasília. Quando está na terra, preenche a parte maior do seu dia em conversas com aliados políticos, especialmente prefeitos e ex-prefeitos, usando com frequência uma sala que lhe foi preparada nas instalações do Sistema Mirante. Em Brasília, mantém contatos com senadores e deputados federais do seu grupo e cuida de estreitar contatos com próceres da administração federal – nesta semana, por exemplo, esteve com o secretário nacional de Juventude, maranhense Assis Filho, militante do PMDB Jovem. Nessas audiências, atua para manter os links que tem como a cúpula nacional do partido e do Governo Michel Temer. Está, portanto, ativa e alinhavando prováveis alianças, confirmando a afirmação de um pemedebista graúdo segundo a qual ela “é candidatíssima”.

Não é sem razão que o instituto Escutec vem pesquisando as tendências iniciais do eleitorado para governador e senador em municípios estratégicos, como São Luís, Imperatriz e Codó, por exemplo. Não é possível afirmar que o instituto do radialista Fernando Júnior esteja a serviço do Grupo Sarney, mas a julgar pelo uso que está sendo feitos dos números por ele apurados, é lógico supor que o objetivo de tais levantamentos é oferecer à ex-governadoras informações estatísticas que lastreiem as decisões que tomará de agora por diante. Difícil imaginar, por exemplo, que Roseana Sarney esteja em vantagem na preferência do eleitorado de Imperatriz, ainda que o município tenha um pemedebista no comando da Prefeitura. De qualquer modo, esses números informam que, se de fato vier a ser candidata, é um nome a ser levado muito a sério, principalmente pelo governador Flávio Dino (PCdoB), que reúne até aqui todas as credenciais para renovar o mandato.

Roseana Sarney sabe que sua candidatura pode ser a redenção ou a pá de cal sobre o Grupo Sarney. Se entrar na briga para valer, o fará sabendo que sua eleição pode funcionar como uma espécie de upgrade no Grupo, que saiu destroçado das urnas em 2014, mas com a vantagem de que ela, por não ter enfrentado as urnas, saiu politicamente enfraquecida, mas pessoalmente ilesa. Entrará igualmente com a consciência de que sua derrota significará o fim da sua trajetória e, por via de consequência, do seu Grupo, que no caso só terá alguma chance de sobrevivência se o deputado federal Sarney Filho (PV) sair das urnas com o mandato de senador, confirmando assim a previsão política de que o eleitorado dificilmente mandará um Sarney para o Palácio dos Leões e outro para o Senado.

Com a experiência que acumulou como assessora de pai presidente da República, deputada federal e governadora por três mandatos e meio, e que nesse período teve de encarar situações como a Operação Lunos, que lhe estraçalhou a imagem em 2002, que a obrigaram a encarar interrogatórios na Polícia Federal e que continuam a mandar oficiais de Justiça para bater à sua porta, Roseana Sarney dificilmente dará um passo em falso nessa corrida. Daí o fato de o seu projeto de candidatura depender tanto da sobrevivência do presidente Michel Temer.

 

PONTO & CONTRAPONTO

Edivaldo Jr. dispara contra Roseana Sarney no lançamento do “Mais Asfalto” na Ilha de São Luís

Governador assinou pacote do Mais Asfalto beneficiando mais de 1,4 milhões de pessoas da Grande Ilha. Foto: Karlos Geromy/Secap
Flávio Dino e a cúpula e aliados do seu Governo lança “Mais Asfalto” para pavimentar mais de 200 km de pavimentação asfáltica na Ilha 

“Eu sei bem o que é a falta de apoio de um Governo Estadual  quando prática retaliação contra uma gestão. Eu enfrentei isso nos anos iniciais do meu Governo”. A declaração, em tom de desabafo, partiu do prefeito de São Luís, Edvaldo Jr. (PDT), ontem, no Palácio Henrique de la Rocque, durante o concorrido ato de lançamento de mais uma etapa do programa “Mais Asfalto”, um dos cartuchos políticos mais poderosos dos que o governador Flávio Dino vai disparar contra a oposição a partir de agora. Serão 200 quilômetros de pavimentação asfáltica em mais de 30 grandes bairros e avenidas na Ilha de São Luís, definidos em conjunto pela Sinfra, Prefeituras, Agência Metropolitana e Agência de Mobilidade Urbana.

O petardo verbal do prefeito da Capital foi disparado na direção da ex-governadora Roseana Sarney com o objetivo de mostrar que ela praticou a política de perseguir e retaliar adversários. É verdade, Roseana Sarney jogou pesado com Edivaldo Jr. Não se pode negar que ela se mostrou acessível, recebeu o prefeito de São Luís e tentou fazer parceria com ele, mas é verdade também que as parcerias propostas pela então governadora foram do tipo “deixe que eu faço a obra e não se meta”. No caso da Saúde, que era o maior problema do prefeito de São Luís nos seus primeiros meses de gestão, a parceria proposta pela governadora previa que os Socorrões seriam assumidos pela Secretaria de Estado da Saúde – então sob o comando do deputado Ricardo Murad – para a qual a Prefeitura repassaria também os recursos da área. Ou seja, Roseana Sarney tentou impor a Edivaldo Jr. um “modelo” de parceria em que o Governo do Estado daria todas as cartas e o Governo Municipal seria um mero coadjuvante. E nesse jogo, os méritos do que fosse feito seriam da governadora, cabendo ao prefeito apenas agradecer. Aconselhado por seus aliados, a começar pelo então candidato a candidato a governador Flávio Dino, Edivaldo Jr. recuou e descartou qualquer acordo naquelas condições, e por isso passou baixo e comeu o pão que o diabo amassou. Apostou todas as suas fichas na eleição de Flávio Dino. Ganhou a salvação quando o aliado e apoiador chegou ao Palácio dos Leões dois anos depois. O desabafo de ontem estava entalado na garganta e foi feito na hora em que ele julgou a mais acertada.

 

Para a História: Sarney faz questão de registrar o seu constrangimento ao depor na Polícia Federal

José Sarney registra constrangimento para a História
José Sarney registra para a História constrangimento ao depor na PF

Mesmo em situações extremamente delicadas, o ex-presidente José Sarney (PMDB) consegue se colocar de maneira inteligente. Antes de iniciar formalmente o seu depoimento à Policia Federal, em Brasília, sobre a acusação de que teria agido para obstruir a Justiça, baseada em áudios de conversas gravadas pelo ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, José Sarney pediu à delegada Graziela Machado da Costa e Silva que registrasse o seu “constrangimento ao responder pela primeira vez inquérito em que é acusado de cometimento de crime que não cometeu”.

Não há dúvida de que o ex-presidente se sentiu constrangido ao sentar-se em frente a uma delegada da PF para responder a perguntas sobre um suposto crime por ele cometido. Quem o conhece sabe do quanto ele é cioso com sua trajetória sem máculas pessoais, para ele um legado que deixa para a História. E no caso, o registro do seu estado de ânimo ao depor casou com o desfecho da investigação: nada foi encontrado que justificasse a acusação de ter agido para obstruir a Justiça.

São Luís, 25 de Julho de 2017.

Sarney não será candidato, mas continua ativo na política, dá as cartas no grupo e joga pesado contra Flávio Dino

 

José Sarney e Flávio Dino: ataque ni jornal e contra-ataque nas redes sociais
José Sarney e Flávio Dino: ataque no jornal e reação nas redes sociais

Na semana passada, nota publicada na coluna política do jornal O Estado de S. Paulo especulou que o ex-presidente José Sarney (PMDB), hoje com 87 anos, teria decidido candidatar-se a senador pelo Amapá, onde diversas pesquisas sobre as tendências do eleitorado para as eleições do ano que vem o apontariam como nome preferido para uma das duas vagas a serem disputadas. A nota é uma tremenda “barrigada” jornalística e um factóide político. O ex-presidente já bateu martelo que não será candidato, mas tem avisado com estridência que não vestirá o pijama em relação à militância política e que continuará com o arquiteto-mor do seu grupo e permanecerá na linha de ataque aos seus adversários, especialmente o governador Flávio Dino (PCdoB), a quem não perde oportunidade de estocar de maneira provocativa. O ex-presidente da República continua muito ativo, embalado por saúde e lucidez invejáveis, que o mantêm no plao nacional como um dos mais consultados arautos da República.

Desde 2014, quando o seu grupo foi destroçado nas urnas e apeado do poder pelo movimento liderado por Flávio Dino, que se tornou governador na esteira de uma vitória retumbante sobre o candidato sarneysista, José Sarney não descuida de alimentar sua estratégia de provocá-lo e, por meio da provocação, tentar desequilibrá-lo. Vale-se de informações superficiais, periféricas para disparar petardos provocadores, sempre na crônica que publica na primeira página das edições de fim de semana de O Estado do Maranhão. No texto mais recente, o ex-presidente ataca duramente o governador desenhando um quadro quase dantesco do Maranhão, como sendo um pedaço do inferno onde só existe perseguição, caça às bruxas, medo, insegurança, desesperança, etc.. José Sarney diz que sempre teve adversários, mas nunca inimigos, e que foi governador e presidente e não há quem possa acusá-lo de ter perseguido adversários, que nunca usou os instrumento de poder para atingir alguém, e que nunca castigou adversário por ódio, inveja, ideologia ou simpatia. Fala que em outros tempos havia progresso no Maranhão. Na sequência, espalha a cizânia: “O governo comunista todos sabem que não suporta empresários nem empreendedores e a rodos quer asfixiar”. E encerra com uma estocada quase rasteira ao dizer que “contam que aqui só um negócio está prosperando: a fabricação de placas com os dizeres ´vende-se`  e ´aluga-se`”.

O ex-presidente atira sempre sabendo que o contra-ataque fulminante sempre o alcança na primeira hora pelas redes sociais, território que Flávio Dino domina com precisão e eficiência. Ao bombardeio mais recente, o governador respondeu na bucha pelo canhão virtual do twitter: “Claro que um oligarca não considera importante que em dois anos tenhamos construído mais escolas do que em décadas. Claro que um oligarca sente saudade do passado em que havia espaço para ele se tornar sócio de “investidores” em tenebrosas transações. Claro que um oligarca não aceita não poder mais usar helicópteros do Estado para passeios à sua ilha privada. Lamento que o oligarca não evolua e, diariamente, mobilize seu império midiático para deturpar, agredir, perseguir. E esconda a mão. A oligarquia já vive a ansiedade eleitoral. Batalha em que tentará reaver seus privilégios perdidos, suas fontes de riqueza e poder. Da minha parte,  que fiquem ansiosos. Meu foco é governar, fazer o bem, etc..”

José Sarney não será candidato ao Senado pelo Amapá por dois motivos. Primeiro para atender aos apelos da família, que não o quer mais envolvido numa desgastante disputa eleitoral, ainda que os ventos lhe sejam francamente favoráveis, como prenunciam as pesquisas realizadas naquele estado. E segundo porque ele próprio chegou a conclusão de que já chegou a hora de substituir as chuteiras pelos tênis. Isso não significa que ele deixará a política para se dedicar apenas à literatura – é grande a expectativa em relação ao livro de memórias que está escrevendo. Quando deixou o Senado, em 2015, imaginou que pudesse afastar-se do universo da política para se dedicar inteiramente aos seus projetos literários, participar com mais frequência das reuniões da Academia Brasileira de Letras, da qual é decano. Mas nada aconteceu como ele planejara. O terremoto político que derrubou a presidente Dilma Rousseff (PT), as bombas lançadas pela Operação Lava jato e a ameaça de tsunami que ronda o presidente Michel Temer (PMDB) o colocaram no centro nervoso das decisões, como conselheiro.  Seus adversários, principalmente o governador Flávio Dino, que se preparem, porque a velha raposa vai continuar na área e ativa por bom tempo.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Alguns problemas e o projeto de ser deputada estadual tiraram Helena Duailibe da Saúde municipal

Mudança radical na Saúde: Helena Duaillibe e entra Lula Fylho
Mudança  na Saúde: Helena Duaillibe, entra Lula Fylho

O prefeito Edivaldo Jr. (PDT) mudou o comando da Secretaria Municipal de Saúde. Exonerou, a pedido, Helena Duailibe e nomeou para o cargo Lula Fylho, até então secretário municipal de Governo, que será substituído por Pablo Rebouças, que era adjunto da pasta. A mudança deu o que falar, mas, ao que tudo indica, não afetará a relação do vereador Afonso Manoel Ferreira com o Palácio de la Ravardière.

Por razões as mais diversas, a secretária teria esgotado seu cacife no comando da pasta, gerando com isso insatisfação no prefeito Edivaldo Jr., que tem pagado preço alto por conta da ineficácia na área. Houve rumores de que o ex-secretário estadual de Saúde, Ricardo Murad, primo de Helena Duailibe, estaria interferindo indiretamente na sua gestão por meio de emissários. Nada disso, porém, se sustentou ou foi usado como argumento para a mudança. Especulou-se também que a demissão de Helena Duailibe teria sido decidida a partir de uma “sugestão” do Palácio dos Leões, o que é improvável.

O motivo mais provável é que Helena Duailibe, que além de gestora pe conhecida por sua habilidade política, estivesse “politizando” as suas ações visando a possibilidade de se candidatar a uma cadeira na Assembleia Legislativa nas eleições do ano que vem. Isso teria irritado aliados do prefeito na Câmara Municipal que também estão de olho no parlamento estadual.  Mas isso também não tem consistência fática.

 

Episódios envolvendo oficiais têm colocado em xeque as regras disciplinares da Polícia Militar

símbolopmAlgo de muito estranho vem contaminando a elite da Polícia Militar do Maranhão que são os seus oficiais superiores, a começar pelos seus coronéis. Nos últimos anos, vez por outra noticia-se fatos e episódios protagonizados por oficiais de ponta da corporação cometem atos surpreendentes de indisciplina, que causa perplexidade atpe mesmo em membros daquela instituição policial.

Na greve ilegal que paralisou a PM em 2012, alguns coronéis quebraram a hierarquia e afrontaram a Constituição do Estado e se juntaram aos grevistas. Durante a campanha para a Prefeitura de São Luís, coronéis romperam com sua obrigatória isenção polpitica e formaram um grupo de apoio ao candidato Edivaldo Jr.. Na campanha para a Prefeitura de Imperatriz, um major se rebelou a uma ordem administrativa de transferência, gravou um vídeo em que xingava explicitamente o Governador do Estado, ganhou tintura de vitima e influenciou decisivamente o resultado da eleição. Na semana passada, um oficial superior quase agrediu verbalmente e quase espancou o procurador geral do Estado, em frente ao Palácio da Justiça, por conta de divergências n um processo de promoção. Além disso, são frequentes os registros na imprensa de oficiais PM de patente elevada se voltarem contra seus superiores.

A primeira impressão que alcança qualquer cidadão é a de que há um sério problema de disciplina, não observação das regras que norteiam a conduta dos policiais militares, a começar pela noção de hierarquia. E quando essa espinha disciplinar é comprometida por causa de desvios de conduta, fica evidente que algo de errado está minando a estabilidade dai instituição. A prisão disciplinar pode até ajudar, mas certamente não resolve o “x” do problema. É hora de uma tomada de posição do Governo no sentido até mesmo de rever as regras disciplinares da corporação.

São Luís, 24 de Julho de 2017.

Especial: livro resgata a “geração oito meia”, que transformou a UFMA e traçou parte do futuro do Maranhão na segunda metade dos anos 80

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Capa do livro e imagem de um protesto da geração oito meia, que dominou a cena na UFMA entre 1986 e 1990

O Maranhão é rico de história, mas, contraditoriamente, tem uma memória registrada muito pobre. São escassos os apanhados que resgatam momentos da trajetória dos maranhenses nos diferentes aspectos que envolvem essa caminhada. Uns documentam situações e episódios importantes, outros dão dimensão adequada, ainda que frágil, a personagens as mais diversos, produzindo rascunhos cuja utilidade maior é servir de ponto de partida para quem se dispuser a mergulhar e reconstruir a verdade à tona. Um caminho para se resgatar a memória e compreender o Maranhão de pouco tempo atrás e que gerou o Maranhão de agora e o que vem por aí foi aberto pelo jornalista Félix Alberto Lima nas surpreendentes, impactantes e comoventes 188 páginas de Maio oito meia, crônica de uma geração em movimento, um registro de momentos, movimentos, eventos, atitudes, posicionamentos e passos decisivos que transformaram o Campus do Bacanga, da Universidade Federal do Maranhão, a partir do Curso de Comunicação Social, num micromundo efervescente de ideias e ações políticas e culturais entre 1986 e 1990, onde uma geração viveu, livre e apaixonadamente, nas ondas da utopia, os primeiros momentos de democracia após uma ditadura que durou duas décadas. A política predominou no roteiro frenético e intenso, e no qual a arte, especialmente a poesia, e seus criadores, fizeram a sua parte. O desenrolar do processo com tintura revolucionária forjou a geração de líderes que hoje dá as cartas no Maranhão, que tem no governador Flávio Dino o exemplo mais expressivo na política, o cantor e compositor Zeca Baleiro na música e o próprio Félix Alberto e Wal Oliveira nas duas áreas básicas da comunicação de massa, o jornalismo e a publicidade.

Construído com os mais diversos recursos do jornalismo – crônica, reportagem, entrevista, memória, investigação, pesquisa, etc. –, Maio oito meia, crônica de uma geração em movimento conta, em 12 estridentes capítulos, a saga daquela geração de adolescentes que “atravessou a Barragem do Bacanga” atrás do sonho de obter conhecimentos , alcançar a  graduação e entrar no mercado de trabalho, mas que, impulsionada pelas ideias libertárias que trazidas da luta contra a ditadura e pelos fluídos remanescentes da Greve de 79 em São Luís, construiu ali um mundo à parte, a sua utopia e a sua realidade, com aguerridas barricadas, lembrando os “revolucionários do céu” da rica e miserável Paris de Vitor Hugo. Essa geração descobriu ali a força, a beleza, os problemas e as contradições da democracia, e debateu a fundo o sonho de delinear uma sociedade livre, democrática, solidária e sobretudo justa.

O livro de Félix Alberto Lima mostra, em cada crônica, que aqueles jovens, oriundos dos diversos níveis de uma pirâmide social absurdamente desigual, descobriram nas salas de aula, nas assembleias, nos embates, nas rodas de fumaça e nas de cerveja e cana pura na Área de Vivência e no Sá Viana, a noção possível de igualdade e as possibilidades de virar o jogo usando as bases da democracia. E o fizeram por meio do confronto verbal direto, das experiências jornalísticas antimercado, do assembleísmo terceiro-mundista, mas também dos recitais de poesia e dos festivais de música popular.

Com narrativa leve, linguagem direta e enriquecida por imagens precisas, recorrendo também a um humor sutil e inteligente, Félix Alberto Lima registra, por exemplo, que parte daquela geração começou a pensar já nos grêmios secundaristas que agitavam a escola pública e a privada nos estertores da ditadura. Começa relatando o impacto que a candidatura de Luiz Vila Nova (PT) à Prefeitura de São Luís em 1985 causou nos adolescentes, que enxergaram nela algo muito diferente do politico convencional, novidade trazida pelo nascimento do PT e da chegada da esquerda para atuar em território livre. Mas à frente, falando de si, mas traduzindo o sentimento da sua geração naquele 1986, escreve que fez da travessia do Bacanga “uma das mais venturosas e ricas experiências de vida”, porque logo descobriu que a UFMA era “terreno fértil de indignação e imaginação”. Surpreso, deparou-se com um ambiente onde “Qualquer um podia falar, pensar, jogar, amar, protestar… Pensar alto; falar o que desse na telha; jogar um a carta no final da tarde para depois amar ao relento depois de dar uma esticada no Sá Viana; e no outro dia matar a ressaca na passeata contra o mau humor do reitor”. Descobriu, enfim, que, ao contrário de lá fora, “Quase tudo era permitido. Bedel não tinha. Quase nada era proibido”. O mundo era maior ali do que em qualquer outro lugar.

Com precisão jornalística, Maio oito meia, crônica de uma geração em movimento resgata os diversos momentos e embates renhidos do movimento estudantil, fracionado em radicais e articuladas correntes da esquerda – ser de direita, ainda que democrática, era crime hediondo-, com eleições diversas, todas marcadas por campanhas agitadas, tensas e, por isso mesmo, memoráveis. Relata, como roteiro de um filme de ação, o dia em que estudantes, depois de uma verdadeira odisseia e sob pressão da Polícia Federal, então ainda vista como um braço mau da ditadura, exibiram o filme Je vous salue, Marie, do genial e provocador cineasta francês Jean-Luc Godard, que por pressão da Igreja Católica, estava cesurado e proibido Brasil pelo então presidente José Sarney (PMDB). Conta também como aquele momento foi influenciado pela Akademia dos Párias, um movimento poético que se contrapôs aos padrões conservadores usando ao extremo a liberdade de expressão artística e ultrapassando todos os limites impostos ao comportamento. Registra os festivais de música realizados pelas entidades estudantis, que não apenas marcaram o período no Campus da  UFMA, como repercutiram fortemente além dos seus muros, revelando grandes nomes da MPM, como Zeca Baleiro, Zé Pereira Godão, Luis Bulcão, Sérgio Brenha.Mano Borges, Celso Reis, Ronald Pinheiro,  Lourival Tavares e muitos outros. E conta a tensa relação dos militantes do Movimento Estudantil com o reitor José Maria Cabral Marques, e com a comunidade do Sá Viana, que se transformou no seu campo de experimento para as transformações libertárias.

Maio oito meia, crônica de uma geração em movimento abriga duas entrevistas que nada têm a ver uma com a outra, mas que traduzem com precisão a visão de mundo da geração que se moveu intensamente naquele período e a sua própria tradução por um dos seus gurus. A visão de mundo está nas palavras do lendário líder comunista Luis Carlos Prestes, que em passagem por São Luís incendiou os revolucionários da UFMA. A interpretação do movimento é feita pelo professor Agostinho Marques, até hoje reverenciado como ideólogo e guru da geração que sacudiu o micromundo chamado Campus do Bacanga. A última crônica livro  mostra que, na esteira das regras da democracia, das liberdades e da moldagem de um novo país, que nasceu com a Assembleia Nacional Constituinte de 1988 e das contradições cada vez mais evidentes das ideias politicas e culturais,  a “geração oito meia” saiu da cena universitária em 1990, abrindo caminho para uma nova,  menos barulhenta, mas com certeza respirando os mesmos sonhos e utopia.

Com o livro – que é complementado com um documentário que resgata aquele momento e um disco com o melhor das músicas que embalaram o período -, o jornalista, publicitário, escritor e poeta Félix Alberto Lima dá uma baita, saudável e oportuna contribuição para a construção da memória do Maranhão.

 

Personagens que ganharam peso, alimentaram seus sinhos e hoje dão as cartas no Maranhão

Flávio Dino
Destaques da “geração meia oito”: acima: Flávio Dino, Márcio Jerry, Jefferson Portela, Douglas Martins e Wal Oliveira, embaixo:Zeca Baleiro, Márlon Reis, Ademar Danilo, Fernando Abreu e Félix Alberto, o autor,

A “geração oito meia” é, – e provavelmente o será por muito tempo –  a que mais produziu líderes e personalidades com o poder de influenciar que saíram da militância estudantil diretamente para o patamar de cima da vida política e cultural do Maranhão. Sem diminuir ou desconhecer o papel de centenas que tiveram participação efetiva naquele movimento, a Coluna destaca alguns dos mais ativos daquele tempo e que hoje são referência:

Flávio Dino – Cursou Direito e foi um dos líderes destacados do Movimento Estudantil, tornou-se advogado e, por concurso, juiz federal. Em 2006, renunciou à carreira vitalícia na magistratura e ingressou na política, elegendo-se deputado federal e, depois de amargar derrotas eleitorais em 2008 para a Prefeitura e em 2010 para o Governo do Estado, elegeu-se governador do Maranhão em 2017, liderando um movimento que, guardadas as devidas proporções e as circunstâncias do momento, repetiu a grande virada política que o Maranhão deu com a eleição de Jose Sarney para o Governo do Estado em 1965. Líder incontestável da sua geração, Flávio Dino ganha espaço cada vez maior como um referência das esquerdas e até do centro no plano nacional. No momento, se prepara para disputar a reeleição.

Márcio Jerry – Um dos mais destacados líderes da “geração oito meia”, formou-se em Jornalismo, dedicando-se intensamente ao jornalismo oficial, de assessoramento, experiência que o tornou assessor destacado do político Flávio Dino, tornando-se o quadro mais atuante e influente do atual Governo. Militante político de tempo integral, Márcio Jerry nasceu partidariamente no PT, de onde migrou para o PCdoB, do qual é o atual presidente no Maranhão. Um dos chefes partidários mais importante do Maranhão atual, é candidato à Câmara Federal.

Jefferson Portela – Militante político aguerrido da “geração meia oito”, formou=se em Direito e prestou concurso publico e foi aprovado para o cargo de Delegado de Polícia. Foi líder classista e sempre atuou no PCdoB, ao qual é filiado. Foi secretário de Segurança Pública nos Governo Jackson Lago (PDT) e  no de Flávio Dino, no qual é titular da pasta de Homem da inteira confiança. É o atual secretário de Segurança Pública e, dizem nos bastidores, é candidato a deputado federal,

Douglas Martins: graduou-se em Direito e se tornou, por concurso publico, membro da fatura magistratura maranhense. Quando juiz em Araioses, mandou soltar presos por causa das más condições da cadeia público. Atualmente é titular da Vara de Assuntos Difusos, em cujo exercício tem tomado decisões de impacto na vida da cidade e do estado.

Wal Oliveira: Graduou-se em Jornalismo depois de ter sido uma da líderes mais atuantes da “geração oito meia” no Curso de Comunicação e do Movimento Estudantil na UFMA. Militou em vários jornais de São Luís e virou empresária bem sucedida no ramo de assessoramento na área de comunicação.

Zeca Baleiro: Atuou no Movimento Estudantil daquele período pela vertente da música, tendo sido um dos principais participantes e fomentadores dos festivais de música. Ganhou estatura como cantor e compositor, mudou-se para o eixo São Paulo-Rio de Janeiro, para se tornar um dos nomes mais importantes da MPB da sua geração, juntamente com o paraibano Chico César. Além da música, Zeca Baleiro estimula movimentos sociais de inclusão e se dedicam à militância política.

Márlon Reis – Graduou-se em Direito na UFMA e logo em seguida entrou para a magistratura estadual, tendo exercido uma forte militância política quando tentou, na condição de juiz, conscientizar eleitores contra a fraude eleitoral e a contra de votos. Sua cruzada anticorrupção eleitoral ganhou projeção nacional e internacional quando, juntamente com 0utrps´militantes, comandou o movimento de mobilização popular que resultou na provação da Lei da Ficha Limpa, da qual é um dos pais. Em 2015, Márlon Reis deixou a magistratura para se tornar assessor jurídico de Rede Sustentabilidade e um dos principais colaboradores da ex-senadora e líder do partido, Marina Lima. Estuda a possibilidade de ser candidato a senador em 2018.

Fernando Abreu – Um dos líderes do movimento Akademia dos Párias, mas engajado nas lutas estudantis pelo Curso de Comunicação, graduou-se em jornalismo e entrou para o Tribunal de Contas do Estado ao se tornar servidor por concurso público. É um dos poetas mais importantes do Maranhão na atualidade.

Ademar Danilo: Estudou Direito e foi um dos principais nomes do Movimento Estudantil da UFMA daquele período, militância que alternava com o exercício da poesia como um pária autêntico. Dono de sólida formação cultural, sem um dos primeiros a dar importância do reggae em São Luís, tendo sido também o 0rimeuro radialista a comandar um 0rograma de reggae na Capital, dando ao ritmo jamaicano uma dimensão que ele dificilmente ganharia sem esse pioneirismo do advogado que foi também vereador da Capital pelo PT.

Félix Alberto Lima – Jornalista com formação também economia, foi participante destacado na “geração oito meia”, foi bancário (Caixa Econômica Federal), praticou jornalismo e se tornou empresário da Clara Comunicação. Cronista de mão cheia, tem vários livros publicados, entre eles um amplo perfil do poeta José Chagas, incursionando também pela poesia. É um nomes mais bem sucedidos da sua geração como escritor e empresário da Comunicação.

 

Em Tempo: a Coluna será atualizada na Segunda-Feira, 24/07/2017.

São Luís, 20 de Julho de 2017.