Arquivos mensais: dezembro 2020

Dez personalidades que se destacaram em 2020 e se credenciaram para novos movimentos no cenário político do Maranhão

 

Em meio ao ataque cruel e impiedoso do novo coronavírus e da malha de desacertos e incertezas que o Governo da República vem tecendo sob o País, as eleições municipais mostraram à Nação que o Brasil ainda é regido por uma democracia e que a solução dos problemas da Federação está na política, queiram ou não os que pensam diferente. Nesse período sombrio, o Maranhão foi uma prova disso. Foi gerido por um Governo ajustado, comandado por um líder que que se move pelos mais corretos vieses da política. Nesse contexto, vários líderes, todos da nova geração, atuaram alinhados ou na contramão do Governo, tendo alguns reforçado o desempenho positivo do comando maior, e outros enveredado pela arriscada fronteira do pró e do contra. Todos, porém, se movimentaram dentro dos limites do que é possível em política sem o risco de rupturas traumáticas. Utilizando dados de observação dos movimentos, a Coluna destaca, com impressões próprias, a atuação de 10 personalidades que “causaram” ao longo do ano, colocando-se como diferenciais no período e se credenciando para o que vem por aí.

Flávio Dino (PCdoB) – O governador do Maranhão foi, de longe, o maior nome do Maranhão em 2020, alcançando projeção regional e nacional. Ao longo do ano, atuou com eficiência no comando do Governo, produzindo resultados que reforçaram o todo alcançado nos cinco anos passados. Fez a diferença no combate à pandemia do coronavírus: montou uma megaestrutura hospitalar, mobilizou equipes médicas, saiu vitorioso na guerra planetária por respiradores, garantiu uma política de testes mais eficiente do que na maioria dos estados e colocou o Maranhão entre os entes federados com melhor desempenho na luta contra a pandemia. Manteve posição de crítico implacável do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), mas se manteve na linha que lhe permitiu uma relação institucional possível com o Palácio do Planalto. Nas eleições, contabilizou a vitória de aliados em mais de 70% dos municípios, ainda que o PDT tenha perdido o comando de São Luís. E consolidou posição   no cenário político nacional como um dos mais importantes líderes da esquerda.

Edivaldo Holanda Jr. (PDT) – Após dois mandatos, deixa a Prefeitura de São Luís reconhecido como bom gestor e embalado por um imenso portfólio de obras, entre elas as que mudaram a feição do Centro com a restauração do eixo Deodoro-Pedro II, passando pela Rua Grande, Largo do Carmo e Praça João Lisboa. Deixa a cidade com malha viária trafegável e um transporte de massa em processo de melhoria. Fez investimentos na Saúde e na Educação, mas deixa as duas áreas ainda exigindo várias e urgentes soluções. Tem afirmado que passará ao sucessor uma Prefeitura financeiramente ajustada. No campo político, fecha 2020 marcado pelo isolamento que ele próprio se impôs ao se omitir da guerra eleitoral, para evitar desgastes e manter o cacife que conseguiu na prefeitura com o apoio decisivo da aliança liderada pelo governador Flávio Dino.

Eduardo Braide (Podemos) – Foi o grande vencedor das eleições municipais, confirmando seu favoritismo e se elegendo prefeito de São Luís numa disputa que envolveu um quadro de bons candidatos. Com a eleição, recoloca a São Luís na tradicional posição de Oposição ao Governo do Estado, o que gera uma forte expectativa política e administrativa. Ao mesmo tempo, ganhou projeção estadual e termina o ano como referência para a formação de uma corrente oposicionista na disputa do poder estadual. É apontado por alguns observadores como futuro chefe da Oposição no Maranhão.

Carlos Brandão (Republicanos) – Ao longo do ano, o vice-governador consolidou mais ainda a posição de aliado ativo, prestativo e detentor da plena confiança do governador. Mergulhou em articulações durante o processo eleitoral e viu seu partido sair das urnas robustecido com três dezenas de prefeituras e centenas de vereadores. Fecha 2020 cacifado para levar em frente o seu projeto de disputar o Palácio dos Leões na condição de governador, projeto que ganhou força depois que o governador Flávio Dino admitiu deixar o cargo para encarar as urnas em 2022. A decisão significa que o vice será governador a partir de abril daquele ano.

Weverton Rocha (PDT) – Um dos políticos mais arrojados e determinados da sua geração, o senador foi bem-sucedido no exercício do mandato, ocupando espaço amplo no Senado, com expressiva produção legislativa e forte atuação como opositor do Governo Jair Bolsonaro. Como líder partidário, foi um dos mais ativos nas eleições municipais, o que foi decisivo para que o PDT saísse das urnas com quatro dezenas de prefeitos. O desastre em São Luís, que tirou o PDT do comando municipal, pesa no seu currículo, mas não há dúvida de que o senador tem cacife forte e segue como nome de proa para o Governo do Estado.

Othelino Neto (PCdoB) – O presidente da Assembleia Legislativa viveu 2020 como o principal protagonista do parlamento estadual e muito bem situado no cenário político e eleitoral. Comandou o Poder Legislativo com eficiência diante dos desafios impostos pela pandemia do novo coronavírus, mantendo-o funcionando por meio de sessões remotas e garantiu o cumprimento de extensa pauta, o que fortaleceu sua liderança na Casa. Politicamente, Othelino Neto foi um dos líderes mais ativos na corrida eleitoral, apoiando candidatos e contribuindo decisivamente para a eleição de muitos aliados, inclusive a da sua mulher, Ana Paula Lobato (PDT), vice-prefeita de Pinheiro. O fato de haver se distanciado da disputa em São Luís após a saída do candidato do PCdoB em nada alterou sua posição dentro do partido e da aliança governista.

Fábio Gentil (Republicanos) – O prefeito de Caxias fecha o ano como uma das mais importantes lideranças políticas do Maranhão na atualidade., apesar dos revezes que sofreu, como a perda do pai e inspirador, o deputado José Gentil (Republicanos). E a explicação está no seu excelente desempenho administrativo, fator que levou 75% dos eleitores da Princesa do Sertão a renovar-lhe o mandato numa vitória anunciada com larga antecedência. Os seus surpreendentes resultados como gestor e nas urnas o instalaram no posto de líder maior do município e o credenciaram para voos mais altos no porvir.

Luciano Leitoa (PSB) – O prefeito de Timon e presidente estadual do PSB mostrou forte liderança no seu município, com reflexos fora dele. No final do segundo mandato e diante do coronel/PM Scheneiddder (Republicanos), um outsider que surgiu como novidade no município e que durante meses liderou com folga as pesquisas de intenção de voto, Luciano Leitoa lançou uma mulher, Dinair Veloso (PSB), colocou suas forças em movimento, virou o jogo e levou sua candidata a uma vitória com folga e sem traumas. Mesmo com o modesto desempenho do PSB no estado, Luciano Leitoa fecha o ano fortalecido no cenário político estadual.

Eliziane Gama (Cidadania) – A senadora maranhense fecha 2020 em dois planos, o legislativo, em que teve uma performance indiscutivelmente positiva, e o político, no qual sua participação está marcada pela controvérsia. Eliziane Gama exerceu seu mandato senatorial com plenitude: produziu no campo legislativo, com várias proposições importantes, e foi ativa e coerente na tribuna, mantendo um discurso firme de opositora ao Governo Jair Bolsonaro. Frequentou bem os rankings de avaliação de desempenho no Congresso Nacional e se posicionou com equilíbrio nas questões graves, como a pandemia do novo coronavírus. Politicamente, teve participação modesta nas eleições municipais, nas quais seu partido, o Cidadania, simplesmente não existiu. Entra na nova década em alta como parlamentar, mas precisando resolver sua situação partidária.

Márcio Jerry (PCdoB) – Deputado federal e presidente do PCdoB, no Maranhão, viveu um ano agitado, dividido entre as tarefas de vice-líder do seu partido na Câmara Federal, com o desafio permanente de atuar como opositor ferrenho do Governo Jair Bolsonaro e a responsabilidade de comandar seu partido nas eleições municipais. Fez bem a sua parte como parlamentar, atuando como legislador, como debatedor e como articulador no âmbito das bancadas de centro-esquerda, e de esquerda. Na tribuna, foi duro e não fez concessões ao presidente da República. No campo partidário, viu sua legenda perder espaços na seara municipal. Fecha 2020 com o desafio de dar suporte ao governador Flávio Dino na tarefa de preparar as forças governistas para as eleições de 2022.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Pandemia e eleições municipais consolidaram a posição de vários líderes partidários da nova geração

Juscelino Filho, Roberto Costa, André Fufuca, Pedro Lucas Fernandes e Cléber Verde: chefes partidários em alta na política maranhense

O deputado federal Juscelino Rezende, presidente estadual do DEM, se destacou como um dos articuladores da aliança que seu partido amarrou com o PDT, que fracassou em São Luís, mas funcionou em outros municípios. O maior trunfo do DEM foi a reeleição do prefeito de Imperatriz, Assis Ramos. Na Câmara Federal, se destacou na bancada democrata, que lhe deu a tarefa de presidir o Conselho de Ética.

O deputado estadual Roberto Costa fecha o ano como o homem-forte do MDB no Maranhão, com o mérito de ter evitado a derrocada total do partido e de recolocá-lo no cenário político do estado como uma força em recomposição. Roberto Costa termina a década como um dos principais articuladores da Assembleia Legislativa, mantendo oposição moderada ao Governo e mantendo abertos canais de entendimento em relação a questões complicadas. Caminha para a presidência do MDB.

Chefe do PP no Maranhão, o deputado André Fufuca também fecha o ano em alta com seu partido. Nas eleições municipais, o PP teve desempenho considerável, como a reeleição acachapante do prefeito de Pinheiro, Luciano Genésio, e a volta de Fufuca Dantas à Prefeitura de Alto Alegre do Pindaré, entre outras vitórias expressivas.

Enquanto o PTB mergulha num precipício no plano nacional, o deputado federal Pedro Lucas Fernandes tirou o partido do limbo no Maranhão com a eleição de uma dúzia de prefeitos, num dos melhores desempenhos dos últimos tempos. Ele fecha o ano com estatura elevada dentro da bancada do PTB, que ainda lidera na Câmara Federal.

Cléber Verde fecha 2020 como um dos mais bem-sucedidos líderes partidários do estado, mas ao mesmo tempo abalado por uma tragédia familiar. Com o apoio decisivo do vice-governador Carlos Brandão, o deputado levou seu partido ao topo com a eleição de três dezenas de prefeitos. Seu desempenho, porém, foi fortemente abalado pelo brutal assassinato dos seus pais, vítimas de latrocínio numa fazenda em Lago Verde.

 

Josimar de Maranhãozinho: saiu das eleições no paraíso, mas termina o ano no purgatório

Enquanto os principais líderes partidários maranhenses contabilizaram ganhos e perdas no embate eleitoral nos municípios e se credenciaram para continuar no comando das suas agremiações, o deputado federal Josimar de Maranhãozinho, chefe maior do PL no estado, saiu das urnas pronto para ser reconhecido como grande líder, mas foi brecado pela Polícia Federal no lado escuro da sua atuação política. O parlamentar festejou a eleição de quatro dezenas de prefeitos e começava a se preparar para dar o grande salto em direção ao Palácio dos Leões, quando, após meses de investigação na chamada Operação Descalabro, e cumprindo ordens do Supremo Tribunal Federal, a Polícia Federal invadiu endereços ligados ao deputado e encontrou neles milhões de reais em espécie, que segundo o Ministério Público Federal (MPF), seriam fruto deum esquema de desvio de dinheiro de emendas parlamentares. Segundo o MPF, Josimar de Maranhãozinho seria o chefe maior de um grande esquema de corrupção com o dinheiro das emendas para a Saúde. O líder do PL nega tudo, mas imagens da dinheirama não-explicada correram o mundo, chocaram o Brasil e mergulharam os maranhenses na perplexidade e na indignação, e funcionaram como uma bomba devastadora sobre o projeto de poder do chefe do PL. Ao contrário dos outros líderes partidários, Josimar de Maranhãozinho termina 2020 mergulhado na incerteza quanto ao seu futuro político.

São Luís, 30 de Dezembro de 2020.

 

Assembleia encarou a pandemia, driblou limitações e fechou ano com bom saldo e politicamente forte

 

Entre Roberto Costa, Ricardo Rios e Helena Duailibe, Othelino Neto apresenta a produção da Casa durante o ano em que comandou sessões remotas e presenciais

No ano em que o planeta foi mergulhado na sombria era do novo coronavírus, que mudou radicalmente as regras de convivência, assolou a base produtiva, restringiu as relações comerciais, abalou as estruturas públicas e testou ao limite as instituições que formam os poderes do Estado, o Maranhão viveu cenário absolutamente atípico. No período de Fevereiro a Dezembro, o Poder Executivo maranhense foi exigido ao extremo e respondeu prontamente, o Poder Judiciário fez a parte que lhe coube sem perder o eixo, e o Poder Legislativo, mesmo pressionado pelas eleições municipais, funcionou plenamente, apesar das limitações impostas pelo isolamento social. Nesse período, sob o comando antenado do presidente Othelino Neto (PCdoB), firmemente apoiado pela Mesa Diretora, os 42 deputados estaduais do Maranhão trabalharam duro, integrando um dos primeiros parlamentos estaduais a entrar na inesperada “era” das sessões remotas, por meio da tecnologia virtual. E atuaram discutindo, aprovando ou rejeitando proposições as mais diversas, fechando o histórico segundo ano da 19ª Legislatura com uma produção elevada em quantidade e qualidade.

O Relatório de Atividades da Assembleia Legislativa do Maranhão em 2020 informa que durante 70 sessões ordinárias, nove sessões remotas extraordinárias – por meio de teleconferências – os deputados estaduais mantiveram a instituição ativa e produtiva. Foram aprovados 1.257 Indicações, 100 Projetos de Decreto Legislativo e 58 Projetos de Lei Ordinária, 130 Requerimentos, 12 Projetos de Resolução Legislativa e uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC). Os deputados aprovaram também duas PECs, 29 Medidas Provisórias, dois Projetos de Lei Complementar, 36 Projetos de Lei Ordinária encaminhados pelo Poder Executivo. Deram aprovação também a um Projeto de Lei Ordinária e três Projetos de Lei Complementar propostos pelo Poder Judiciário, além de proposições do Ministério Público, da Defensoria Pública e do Tribunal de Contas do Estado.

– Com a pandemia, novas regras foram editadas, provocando restrições em diversas atividades da Casa, mas a Assembleia nunca paralisou seu trabalho. No pico do problema, estabelecemos sessões remotas e adotamos todas as medidas determinadas pelas autoridades sanitárias. E mesmo com essa situação, tivemos uma grande produtividade em 2020, e o Legislativo Estadual mostrou a força do seu trabalho e de sua responsabilidade para com os maranhenses – avaliou o presidente Othelino Neto ao apresentar os números.

Ao mesmo tempo em que cumpriram suas obrigações legislativas, os deputados estaduais mergulharam fundo nos embates das eleições municipais, um processo crucial para a sobrevivência política de cada um deles. O pleito marcou fortemente parte dos integrantes da Assembleia Legislativa. Para começar, nada menos que nove deputados e duas suplentes no exercício do mandato disputaram prefeituras, sendo três titulares – Felipe dos Pneus (Republicanos) em Santa Inês, Rigo Teles (PL) em Barra do Corda e Fernando pessoa (SD) em Tuntum – e uma suplente – Belezinha (PL) em Chapadinha – foram eleitos. No caso da eleição de São Luís, o deputado Duarte Júnior (Republicanos) saiu das urnas muito fortalecido, tendo o deputado Neto Evangelista (DEM) mantido seu espaço na Capital.

As eleições municipais mostraram que, hoje dominada por uma nova e ativa geração de políticos, a Assembleia Legislativa se tornou um centro de efervescência política, tendo o presidente Othelino Neto como sua principal referência. Ao longo ao ano atípico e politicamente desafiador, o presidente da Assembleia Legislativa atuou como eficiente chefe de Poder, articulando a aprovação de medidas importantes em relação à pandemia e o suporte necessário às ações do Executivo. Ao mesmo tempo, se posicionou politicamente, entrando de cabeça na guerra eleitoral, tendo apoiado aliados que se elegeram em duas dezenas de municípios. E fechou o ano legislativo rompendo obstáculos e conseguindo a aprovação da A PEC da Emenda Impositiva, fortalecendo a posição dos deputados. Esse desempenho político lhe deu estatura para chegar em 2022 como uma alternativa às eleições majoritárias.

Nesse contexto, o desempenho do Poder Legislativo em meio à crise causada pelo novo coronavírus se deveu também à atuação de líderes ativos e experientes como Marco Aurélio (PCdoB), Rafael Leitoa (PDT), Roberto Costa (MDB), Neto Evangelista (DEM), César Pires (PV), Arnaldo Melo (MDB), Cleide Coutinho (PDT), Hélio Soares (PL), Helena Duailibe (Solidariedade), Adriano Sarney (PV), Edivaldo Holanda (PTC), Glaubert Cutrim (PDT) e Antônio Pereira (DEM), entre outros, que também fizeram sua parte.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Sem explicação para a acusação de que foi vítima, Flávio Dino vai à Justiça contra Jair Bolsonaro

Flávio Dino vai à Justiça contra Jair Bolsonaro

O governador Flávio Dino (PCdoB) decidiu levar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) às barras da Justiça por crime contra a honra. A ação penal foi decidida três meses depois de o presidente da República ter feito uma acusação sem fundamento ao governador maranhense.

A história é a seguinte: em Outubro, o presidente disse em entrevista que não incluiria Balsas no roteiro da sua visita ao Maranhão porque o governador teria proibido a Polícia maranhense de integrar o esquema da segurança presidencial naquele município. Ao tomar conhecimento da declaração do presidente, o secretário de Segurança, Jefferson Portela, desmentiu categoricamente essa declaração do chefe da Nação, afirmando que não houve solicitação do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) nesse sentido. O Palácio dos Leões pediu explicações ao Palácio do Planalto sobre a inverdade declarada pelo presidente, mas não obteve resposta. Na véspera da visita do presidente da República a São Luís e Imperatriz, o GSI solicitou o apoio da Polícia maranhense ao esquema de segurança nos dois municípios, tendo sido prontamente atendido. O Governo do Maranhão insistiu na cobrança de uma manifestação do Palácio do Planalto sobre a inverdade dita pelo presidente em relação à ida dele a Balsas, onde participaria de um evento com pastores evangélicos – que na verdade não aconteceu. A assessoria do presidente da República ignorou os pedidos de explicação feitos pelo Palácio dos Leões.

Passados três meses, o governador Flávio Dino entendeu que foi vítima de uma agressão à sua honra por parte do presidente Jair Bolsonaro e decidiu mover uma ação penal contra o chefe da Nação. O governador exige que o presidente esclareça suas palavras, informe a origem da sua afirmação de que o governador “proibiu” a Polícia do Maranhão a integrar sua segurança em Balsas e, em caso negativo, responda por calúnia, um dos crimes mais graves contra a honra.

Se o processo andar dentro das regras, Jair Bolsonaro se verá na incômoda situação de um presidente que mentiu fazendo uma falsa acusação a um chefe de Estado.

 

Ao se eleger vice em Pinheiro, Ana Paula Lobato deu largada numa carreira promissora

 

Ana Paula Lobato exibe orgulhosa seu diploma de vice-prefeita eleita de Pinheiro

Poucas vezes uma eleição de vice-prefeito repercutiu tão fortemente nos bastidores da Assembleia Legislativa e no meio político em geral como a de Ana Paula Lobado (PDT), companheira de chapa do prefeito reeleito de Pinheiro, Luciano Genésio (PP). Esposa do deputado Othelino Neto (PCdoB), preside o Grupo de Esposas dos Deputados do Maranhão (Gedema), antigo e ativo braço social do Poder Legislativo. E num movimento surpreendente, deixou de ser somente o esteio de sustentação da carreira do marido, desembarcou de vez na política e encarou o desafio das urnas para se tornar vice-prefeita do seu município de origem, emitindo todos os sinais de que este foi apenas o primeiro passo.

Enfermeira por formação, Ana Paula Lobato tem política “na veia”, descendente que é de uma família de políticos da “Princesa da Baixada”. Seu pai, o médico Pedro Lobato, foi prefeito de Pinheiro por oito anos, integrando na época um grande grupo então liderado pelo governador Luiz Rocha, com influência em grande parte da Baixada Ocidental Maranhense. Seu casamento com Othelino Neto fortaleceu ainda mais sua verve política. E sua eleição para vice-prefeita de Pinheiro abriu caminho para seguir em frente, com a possibilidade de vir a disputar a Prefeitura de Pinheiro em 2024, já que o prefeito Luciano Genésio, já reeleito, não poderá disputar o cargo na próxima eleição.

Jovem, preparada e bem articulada, a presidente do Gedema e agora vice-prefeita eleita de Pinheiro tem todas as condições de alçar voos mais altos nos céus da política.

São Luís, 29 de Dezembro de 2020.

Flávio Dino traça roteiro para ele e para seus aliados visando a guerra eleitoral de 2022

 

Flávio Dino admite sair e se candidatar e traça roteiro para guerra eleitoral de 2022

“Provavelmente, devo concorrer às eleições e, por imperativos legais, devo deixar o governo em abril de 2022. Temos uma longa estrada até lá, são praticamente 15 meses pela frente. Então, minha intenção é deixar tudo pactuado no que se refere a Governo, vice-governador, Senado, chapas, ao longo de 2021, para que a gente entre em 2022 com a casa arrumada”.

Com essa declaração, dada durante entrevista à TV Mirante, no dia 23, antevéspera do Natal, o governador Flávio Dino (PCdoB) fez o primeiro grande movimento em relação a ele próprio e à aliança que lidera na direção das urnas do grande e decisivo embate eleitoral de 2022. Mais do que um comentário ocasional e de uma simples sinalização, suas frases alinhavaram a base de um roteiro por meio do qual prenuncia o seu próprio caminho e manifesta clara intenção de articular dentro da aliança partidária um grande pacto para a definição de candidatos a governador, vice-governador, senador e deputado federal e estadual. Essa articulação passa também, claro, por um posicionamento em relação a candidatos a presidente da República.

Mesmo usando o “provavelmente” como uma possibilidade de sair candidato, não resta dúvida de que o governador vai encarar as urnas. E essa seja, talvez, a informação mais importante da sua declaração, por dois motivos. Primeiro porque sua desincompatibilização em abril de 2022 terá impacto decisivo no cenário político estadual, mas com repercussão diferente. Se sair candidato a senador, como sugere a lógica, será o líder e o esteio principal da chapa, com amplas chances de vitória, independentemente de quem venha ser o candidato a governador, o que lhe dará cacife para se tornar um quadro de ponta no cenário político nacional. Além disso, sua provável candidatura ao Senado desanima alguns projetos que estão sendo montados nessa direção dentro do seu grupo. Mas se o projeto for o de disputar a Presidência da República ou, numa hipótese mais remota, a vice-presidência, as chances de sucesso dependerão de fatores que estão fora do seu alcance, podendo correr o risco de perder o controle da disputa estadual, mesmo estando ela bem pactuada.

O outro motivo da importância da declaração do governador Flávio Dino é que sua “provável” desincompatibilização fortalece a perspectiva de o vice-governador Carlos Brandão (Republicanos) ascender ao comando do Governo, o que lhe dá uma ampla margem de movimento e um poderoso item na sua pauta de argumentos na conversa com a classe política. Ao mesmo tempo, o sinal emitido pela declaração alcança também o senador Weverton Rocha (PDT), que a partir dele pode definir com maior precisão o roteiro da sua candidatura ao Governo do Estado. O vice-governador e o senador já se movimentam como pré-candidatos, mas sabem que em algum momento da construção do pacto serão colocados frente a frente para encontrar um caminho comum ou partir para a guerra aberta.

Quando fala enfaticamente em pactuar para “arrumar a casa”, o governador Flávio Dino manda um recado claro às forças que integram a aliança governista avisando que vai trabalhar politicamente para evitar o que aconteceu na eleição para a Prefeitura de São Luís, quando alguns segmentos do grupo não respeitaram o acordo firmado, causaram um racha e entregaram a mais importante máquina municipal do Maranhão a um adversário. E dando uma demonstração de que compreende a dinâmica e os desacertos eventuais dentro de uma base tão heterogênea, o governador anuncia que se prepara para fazer um movimento amplo no sentido de pacificar a aliança e mantê-la de pé em torno de uma chapa majoritária definida por consenso para 2022.

Calcado na experiência de quem sabe onde pisa, tanto no âmbito estadual quanto no nacional, o governador Flávio Dino tem ao seu alcance uma visão completa e apurada dos dois cenários. E com a determinação de dedicar parte dos próximos 15 meses à preparação das forças que lidera para o grande embate eleitoral, dificilmente dará um passo em falso. Sua declaração sugere essa conclusão.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Eduardo Braide completará equipe e pode sinalizar mudança na estrutura

Eduardo Braide vai concluir  montagem da sua equipe

A semana será decisiva para o prefeito eleito Eduardo Braide (Podemos). Ele deve concluir a montagem da sua equipe, que até agora só tem nove nomes definidos para secretarias básicas e uma fundação. A Prefeitura de São Luís tem na sua grade 22 secretarias, inclusive duas que se conflitam em funções. Não se sabe se o prefeito eleito vai manter essa megaestrutura ou se está planejando uma reforma estrutural na máquina administrativa da Capital. Todas as evidências indicam que a estrutura de secretarias de São Luís está defasada, com excessos de um lado e carências de outro, que é cara e precisa de ajustes para se tornar mais dinâmica. Há, é verdade, áreas de excelência, que funcionam bem, apesar os problemas que enfrentam, mas há também setores que não decolam e que, em alguns casos, nem justificam sua existência. O prefeito Edivaldo Holanda Jr. (PDT) fez alguns ajustes, colocou a estrutura dentro das suas perspectivas e preferiu não mexer em alguns vespeiros. Com o cacife eleitoral e político que o levou à vitória, o prefeito Eduardo Braide poderá, se quiser, modernizar a máquina que passará a comandar daqui a menos de 120 horas. Os anúncios dos próximos dias poderão sinalizar as intenções do futuro prefeito nessa área.

 

Roberto Costa acompanha atento a disputa pelo comando da Câmara Federal

Roberto Costa e Baleia Rossi na homenagem ao líder emedebista na Assembleia Legislativa

Vice-presidente do MDB e hoje o principal articulador do partido no Maranhão, o deputado Roberto Costa está com as suas antenas ligadas e fixadas na direção de Brasília. Explica-se: o atual presidente nacional do partido, deputado federal Baleia Rossi (SP), é o candidato à presidência da Câmara Federal pela corrente liderada pelo atual presidente, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ). Roberto Costa tem boa relação com Baleia Rossi, a quem apoiou na disputa que o levou à presidência nacional do MDB com as forças da ala jovem do partido, sobre a qual o parlamentar maranhense tem expressiva influência. No ano passado, Roberto Costa trouxe Baleia Rossi ao Maranhão, para participar do ato em que o MDB lançou a ex-governadora Roseana Sarney à Prefeitura de São Luís. Na ocasião, o deputado propôs e a Assembleia Legislativa aprovou a concessão da Medalha do Mérito Manoel Beckman, a mais importante honraria do Legislativo, ao líder emedebista, transformando a visita de Baleia Rossi a São Luís num expressivo acontecimento político. Se Baleia Rossi for eleito presidente da Câmara Federal, o MDB reforçará posição nacional e o braço do partido no Maranhão ganhará um aliado mais forte.

São Luís, 27 de Dezembro de 2020.

 

Carlos Brandão joga aberto e se movimenta para fortalecer seu projeto de suceder a Flávio Dino

 

Carlos brandão: atuação discreta, mas eficiente nos bastidores partidários

Além de prefeitos e vereadores eleitos, uns grupos fortalecidos e outros enfraquecidos, e muito zumzum nos bastidores dos diferentes segmentos partidários, as eleições municipais rascunharam o desenho do cenário em que vai se desenrolar a disputa pela sucessão do governador Flávio Dino (PCdoB) no pleito de 2022. Nesse contexto, alguns aspirantes a um período de inquilinato no Palácio dos Leões se esforçaram para ocupar espaço, entre eles o vice-governador Carlos Brandão (Republicanos). Discreto, avesso a exposições zoadentas e eficiente nas articulações nos bastidores, o Número 2 do Governo do Estado jogou bem na corrida às urnas e saiu do processo robustecido com um bom cacife partidário e apontado como o nome forte entre os pré-candidatos a governador. Concorrentes, entre eles o senador Weverton Rocha (PDT), o mais atuante de todos, se colocou como principal adversário, mas com o cuidado de não se declarar pré-candidato.

Carlos Brandão não está se movimentando como candidato a candidato com um projeto-solo, daqueles que surgem do nada e vão se desenvolvendo à base do “se colar…”. Seu projeto é sólido, vem sendo maturado cuidadosamente, e se sustenta, antes de mais nada, no fato de estar sendo um vice correto, útil, confiável e leal. Nos seis anos já decorridos do Governo Flávio Dino, não há registro de uma derrapada grosseira sua na condição de vice. Ao contrário, ao invés de criar problemas, foi escalado inúmeras vezes para buscar soluções, em missões internas e externas. Todas as tarefas que lhe foram dadas pelo governador foram cumpridas com eficiência e empenho. Isso inclui as inúmeras vezes em que o titular se licenciou, permitindo sua ascensão temporária ao comando do Governo e do Estado.

Sem qualquer espalhafato nem dose exagerada, o governador Flávio Dino tem sinalizado que simpatiza com o projeto do vice-governador Carlos Brandão de sucedê-lo. Na mensagem em que saudou os prefeitos eleitos e reeleitos, divulgada no dia seguinte à definição da disputa do 2º turno em São Luís, o governador disse que ele e o vice-governador estão abertos ao diálogo construtivo em busca de boas relações entre Governo e prefeituras. Ontem, foi anunciado informalmente que Flávio Dino vai tirar uns dias de folga para descansar, deixando Carlos Brandão com a tarefa de comandar o Estado e presidir o encontro de prefeitos promovido pelo próprio Governo. Diante desses sinais fortes, o vice-governador parece se movimentar confiante de que é a primeira opção do governador.

Carlos Brandão trabalha seu projeto de candidatura com uma vantagem a mais em relação aos demais aspirantes: ele possivelmente concorrerá à reeleição no cargo de governador. Esse caminho será pavimentado com a desincompatibilização de Flávio Dino para disputar a senatoria ou participar de um projeto nacional como candidato a presidente ou a vice-presidente. A condição de governador e candidato à reeleição pode alterar radicalmente o cenário da disputa, principalmente se Flávio Dino optar pelo Senado e compor a chapa encabeçada pelo seu vice. Na mais remota das hipóteses, que seria a permanência de Flávio Dino até o final do mandato, Carlos Brandão estaria bem posicionado, já que o governador certamente o apoiaria na corrida sucessória.

Ciente de que joga num terreno traiçoeiro e movediço e no qual qualquer erro pode ser fatal, o vice-governador Carlos Brandão vai plantando sementes aqui e ali, certo de que reúne as condições para ser candidato. E jogou aberto numa resposta que deu há dias durante entrevista a um programa de Rádio, quando lhe perguntaram sobre o projeto de candidatura do senador Weverton Rocha: “Tem tudo para ser candidato, depende da vontade dele. A democracia é isso, cada um tem que fazer seu trabalho. É extremamente justo, se tiver título de eleitor, condições partidárias, é legítimo. Não vejo nenhum problema”.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Operação Descalabro estaria causando sérios danos à base política de Josimar de Maranhãozinho

Josimar de Maranhãozinho

A Operação Descalabro, por meio da qual a Polícia Federal encontrou milhões em espécie em endereços ligados ao deputado federal Josimar de Maranhãozinho (PL), dinheiro que segundo o Ministério Público Federal seria fruto de um grande esquema de desvio de recursos de emendas destinadas à Saúde em municípios, está causando um estrago considerável nas bases de sustentação do projeto de poder do parlamentar. Nos bastidores corre que os deputados federais Marreca Filho (Patriotas), Júnior Lourenço (PL) e Pastor Gildenemyr (PL) estariam procurando caminhos para deixar o bloco, o mesmo acontecendo com o deputado estadual Leonardo Sá (PL), além de vários prefeitos eleitos com o apoio de Josimar de Maranhãozinho. Antes se expondo em qualquer oportunidade balançando suas grossas pulseiras de ouro puro, Josimar de Maranhãozinho se recolheu, decidido a atuar nos bastidores para evitar que o estrago seja maior. O problema é que, segundo uma fonte do MPF, as provas encontradas pela PF na Operação Descalabro seriam robustas o suficiente para colocar Josimar de Maranhãozinho e alguns aliados dele numa encrenca de difícil solução.

 

Eduardo Braide ainda não sinalizou se vai mexer na grade de secretarias da Prefeitura

Eduardo Braide

O prefeito de São Luís, Eduardo Braide (Podemos) continua montando sua equipe, mas ainda não sinalizou se manterá a estrutura administrativa da Prefeitura como está. São 22 secretarias plenas, três secretarias extraordinárias, três autarquias, uma fundação e cinco órgãos independentes. O prefeito eleito não tratou do assunto durante a campanha – aliás, nenhum candidato manifestou a intenção de enxugar, manter ou expandir a estrutura do organograma da máquina pública da Capital. É provável que Eduardo Braide se manifeste sobre o tema nos próximos dias, assim como pode deixar para uma futura reforma administrativa depois do arrojado plano dos 100 primeiros dias.

São Luís, 23 de Dezembro de 2020.

Dino vai presidir Consórcio da Amazônia e deve mobilizar estados pela vacina contra novo coronavírus

 

Flávio Dino em entrevista à CNN, ontem, logo após ser eleito, na qual afirmou que o Maranhão  vai poder comprar vacina, caso o Governo Federal não faça sua parte

O governador Flávio Dino (PCdoB) vai entrar em 2021 incluindo na sua agenda o compromisso – que é também um desafio – de comandar o Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal, formado pelos nove estados da região: Maranhão, Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. Sua eleição se deu ontem, pela unanimidade dos governadores da Amazônia Legal reunidos em assembleia geral virtual – os dirigentes do Amazonas e de Roraima não participaram. O grupo, formalizado em meados do ano passado, tem tido importância capital na defesa dos interesses dos estados-membros, seja na vantagem que ele proporciona na aquisição conjunta de materiais e bens, na articulação de políticas regionais nos campos social e econômico, seja na tomada de decisões políticas regionais, e também em posicionamentos de contraponto a decisões e medidas equivocadas adotadas pelo Governo Federal.

A eleição do governador Flávio Dino para a presidência do Consórcio da Amazônia Legal, como é mais conhecido, se dá num momento em que os estados, especialmente os do Norte e Nordeste, se encontram vivendo tensa expectativa em relação às decisões que terão de tomar caso o Governo Federal tropece na campanha de vacinação contra o novo coronavírus. Certamente a escolha se deu pelo fato de, nos últimos tempos, o governador maranhense ter atuação destacada no debate sobre as ações contra a pandemia, com repetidas demonstrações de que tem preparo e estatura política para ser um interlocutor eficiente em todas as esferas de poder no País.

Com o lastro de ex-juiz federal, conhecedor das leis que regem a República e a Federação, e a vivência adquirida nos últimos seis anos como chefe de Estado, reforçada pela sua participação no Consórcio formado pelos governadores do Nordeste, Flávio Dino vem desempenhando um importante papel em favor das causas regionais. Na presidência do Consórcio da Amazônia Legal, não há dúvida de que exercerá seu mandato atuando na linha de frente em defesa dos interesses da região, especialmente as necessidades urgentes das populações decorrentes da pandemia. É quase certo que a briga por vacinas será item primeiro na pauta mais urgente, ao mesmo tempo em que o foco central será a defesa da Amazônia no que diz respeito aos crimes de desmatamento e ocupação ilegal.

Tão logo a eleição foi consumada, o governador do Maranhão se manifestou, inicialmente agradecendo a confiança dos colegas e defendeu a união dos estados e o fortalecimento da Federação como meios de criar, cada vez mais, condições de melhorar a vida das populações espalhadas pela Amazônia Legal.

– O Consórcio é um colegiado que abrange diferentes visões, e quem o coordena tem de ter a capacidade de ouvir. Farei com a maior dedicação, maior patriotismo, maior civismo, e com espírito de unidade, de diálogo, de consenso. Buscar um entendimento médio, nem uma posição extremada de um lado, e nem de outro. Um espírito de unidade – disse Flávio Dino, que assumirá no dia 1º de Janeiro e comandará o Consórcio até o dia 31 de Dezembro de 2021.

Flávio Dino sabe o que o espera. Um dos fundadores do Consórcio da Amazônia Legal, ele tem conhecimento dos problemas da região e dos entraves, principalmente os criados pelo Governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), do qual é adversário e crítico severo. E conhece a região o suficiente para saber que os governadores não podem baixar a guarda, o que motiva a mobilização permanente. A presidência do Consórcio da Amazônia Legal o colocará da condição de porta-voz do grupo e interlocutor eventual das autoridades federais, a começar pelo vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB), que preside o grupo de trabalho criado por Brasília para cuidar dos problemas da região.  Bom articulador, Flávio Dino poderá realizar um bom trabalho também nessa seara.

 

 PONTO & CONTRAPONTO

 

Braide anuncia mais três nomes e reforça a promessa de fazer um Governo técnico

Kátia Bogea, Rosângela Bertoldo e Marc os Affonso: quadros de excelência para a equipe 

Ao anunciar ontem mais três nomes do seu secretariado, o prefeito Eduardo Braide (Podemos) deu mais um recado de que pretende governar com uma equipe técnica de nível elevado e livre de influências políticas. Ele convocou para a Secretaria Municipal de Segurança com Cidadania o delegado Marcos Affonso, um quadro respeitado da Polícia Civil, que já exerceu o comando da Superintendência de Homicídios e Proteção à Pessoa, um dos cargos mais importantes da Polícia Civil. Entra na equipe como um quadro do Podemos, partido ao qual se filiou e disputou sem sucesso uma vaga na Câmara Municipal. O prefeito eleito vai entregar a Secretaria Municipal de Assistência Social à assistente social Rosângela Bertoldo, que a julgar pela formação sabe o que fará no comando da pasta.

Mas a demonstração mais forte de que optou mesmo pela excelência técnica foi a decisão de colocar a historiadora Kátia Bogea na presidência da Fundação Municipal do Patrimônio Histórico. Primeiro pelo fato de ser Kátia Bogea um dos quadros técnicos mais qualificados ao País nessa área, como ficou demonstrado com a sua gestão à frente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), por todos reconhecida como correta e produtiva. Tanto que foi sua correção que resistiu a fortes pressões e impediu que o então ministro Geddel Vieira Lima, um dos mais influentes do Governo Michel Temer, usasse seu poder para garantir a construção de um prédio de apartamentos para ricos numa área tombada de Salvador, dando origem a uma investigação que levou a Polícia Federal a descobrir R$ 51 milhões em dinheiro vivo num endereço ligado ao ex-ministro, que está preso há três anos.

Ao longo de quase uma década à frente do braço do Iphan no Maranhão, Kátia Bogea se tornou especialista no tesouro de arquitetura colonial portuguesa que tornou São Luís Cidade Patrimônio Cultural da Humanidade. Tem todas as condições dar à Fundação o tamanho e a importância que precisa.

 

Eliziane Gama tem o desafio de definir seu futuro partidário

Eliziane Gama: sinais de que pode mudar de partido

São fortes os sinais de que a senadora Eliziane Gama começa a pensar seriamente em buscar um novo partido. Ela está em no Cidadania, mas a evolução dos fatos lhe vai demonstrando que a agremiação que a agremiação que abriga o que restou do PPS, que surgiu com o racha do velho Partido Comunista Brasileiro (PCB), já não comporta seus projetos. Dona de uma trajetória partidária instável, Eliziane Gama passou por várias legendas, entre elas o PT e o Rede Sustentabilidade, desembarcando finalmente no Cidadania. Agora, quer reforçar sua base partidária para alçar outros voos – como disputar o Governo do Estado, por exemplo -, mas percebe não irá muito longe se não estiver no controle de uma máquina partidária mais aberta e mais ágil. Ela não está colocada contra a parede, tem tempo para refletir, e há quem diga que ela já está maturando a migração.

São Luís, 22 de Dezembro de 2020.

PSB reforça convite a Flávio Dino, que precisa fazer a escolha certa no movediço campo partidário

 

Flávio Dino: fica no PCdoB ou migra para o Socialista, fruto da fusão do PSB com o PCdoB

O convite do presidente estadual do PSB, Luciano Leitoa, prefeito de Timon, feito sexta-feira, para o governador Flávio Dino deixar o PCdoB e ingressar na agremiação socialista colocou o futuro partidário do líder maranhense na pauta do debate político que começa a ganhar  intensidade visando as eleições gerais de 2022. O convite não é novo, foi feito pelo comando nacional do partido antes das eleições de 2018 e repetido em 2019, e agora ganha reforço. Até onde se sabe, Flávio Dino mantém a posição de não responder, preferindo se manifestar quando tiver de fazê-lo de maneira definitiva, para comunicar a migração para o arraial socialista ou a permanência na seara comunista.  Inicialmente, a proposta era seu ingresso puro e simples no PSB, considerando que a situação do PCdoB é complicada, com o partido correndo o risco de desaparecer do mapa partidário brasileiro. Agora, o que corre nos bastidores é que estaria em curso uma articulação para a fusão das duas agremiações, dando origem a um poderoso partido de esquerda moderada já batizado de “Socialista”.

O governador Flávio Dino vive uma situação politicamente confortável, mas partidariamente complexa. Por motivos que vão desde o exaurimento do comunismo como ideologia, passando pelo símbolo da foice e o martelo, que atualmente pouco diz e nada representa como referência, até a visível desconexão do arcabouço ideológico, doutrinário e programático do partido com a realidade, o PCdoB já não comporta um quadro com as qualificações do governador maranhense. Mesmo conservando e pregando os fundamentos da esquerda democrática em sua ação política, é visível o esforço que Flávio Dino faz para lapidar e manter atualizado o discurso do PCdoB no contexto de uma sociedade politicamente dividida e na qual a esquerda radical sofre um processo implacável de raquitismo.

O governador é incontestavelmente o mais importante líder político do Maranhão na atualidade, tem horizonte largo no plano estadual – será senador se quiser, por exemplo – e vem ocupando bom espaço no cenário nacional, tanto por sua ação de Governo quanto pelas posições que vem defendendo como crítico e opositor ao Governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). E também como articulador de uma ampla frente com correntes de centro-direita, centro, centro-esquerda e esquerda democrática para enfrentar o bolsonarismo, que tem como base a direita conservadora e a extrema direita golpista. Nesse contexto ele poderá permanecer no cargo até o fim e voltar a dar aulas na UFMA, disputar vaga no Senado ou participar da corrida presidencial como candidato a vice-presidente numa chapa tendo o ex-presidente Lula da Silva (PT) na cabeça ou como candidato a presidente por uma frente partidária.

Em todas essas situações, o fator partido tem peso importante, e até mesmo decisivo. Sua permanência no PCdoB é, portanto, um fator limitador para que ele entre numa disputa majoritária nacional com alguma chance de sucesso. Mesmo se vier a disputar a única cadeira senatorial disponível em 22, o governador precisará de forte suporte partidário para fortalecer a chapa e eleger o seu sucessor, o que não é garantido se permanecer no PCdoB. Já se ingressar no PSB no bojo de uma fusão para a criação do “Socialista”, harmonizará e fortalecerá o seu campo político no Maranhão, evitando que a sua sucessão seja disputada numa guerra fratricida entre aliados.

A julgar pelo movimento que construiu e com o qual assumiu as rédeas do Poder no Maranhão, o governador Flávio Dino sabe que o tabuleiro partidário é campo no qual tem de lutar para viabilizar seus próximos passos, sabe também que ele é movediço e traiçoeiro. Isso quer dizer que não pode dar passo em falso nem se expor ao risco de comprometer a base político-partidária que articulou, apesar dos movimentos de contramão de alguns aliados. O convite do presidente estadual do PSB é saudável e oportuno, mas a cautela, uma das suas melhores amigas, recomenda que Flávio Dino pense bem para tomar o rumo certo.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Apoiadores aguardam definição de Eduardo Braide na formação do secretariado

Eduardo Braide: formará equipe com indicações partidárias?

Uma grande expectativa tomou conta dos bastidores dos partidos que somaram forças a favor de Eduardo Braide (Podemos) no 2º turno da eleição para a Prefeitura de São Luís. O prefeito montará sua equipe com nomes indicados por essas agremiações? Há sinais afirmativos nessa direção, mas também há movimentos que desmotiva os candidatos a cargos.

Com a definição dos três primeiros secretários – Simão Cirineu (Planejamento), Jesus Azzolini (Fazenda) e Verônica Pires (Projetos Especiais) – Eduardo Braide pode ter avisado que, pelo menos para cargos-chave, fará escolhas baseadas nos seus próprios critérios, sem qualquer influência externa. Poderá abrir espaços para indicações partidárias em pastas importantes, mas sem o peso de áreas como Educação, Saúde, Obras e Cultura, que juntamente com as três já anunciadas formam a base da administração da Capital.

Entre os partidos que foram decisivos no reforço do 2º turno, PDT e MDB foram os mais destacados, colocados, portanto, na linha de frente dos que podem ter participação direta na gestão do prefeito Eduardo Braide. A se confirmar essa tendência, a composição da equipe que atuará a partir do dia 1º de Janeiro de 2021 poderá rascunhar o formato de uma aliança para as próximas eleições.

 

Roseana pode encarar as urnas em 2022

Roseana Sarney

A ex-governadora Roseana Sarney (MDB) estaria inclinada a encarar as urnas em 2022. Falta, porém, decidir que mandato pretende disputar. No seu entorno há vozes que defendem com insistência que ela deve se candidatar ao Governo do Estado. Há também quem ache que ela deve disputar o Senado, caso o governador Flávio Dino não seja candidato. E finalmente opção mais defendida no círculo mais próximo da ex-governadora: que seja candidata a deputada federal, acreditando que ela possa ter votação elevada e “puxar” candidatos do MDB. A ex-governadora, que já foi senadora e deputada federal, deve tomar essa decisão com antecedência, para que o partido possa ajustar sua caminhada a essa situação.

São Luís, 20 de Dezembro de 2020.

Weverton diz que não vê motivo para rompimento com Dino, mas se acontecer, “que seja conversado”

 

Weverton Rocha: movimentos fortes na construção da sua candidatura em 22

“Nunca disse que sou candidato a governador”, declarou ontem, em entrevista ao programa Ponto e Vírgula, da rádio Difusora FM, o senador Weverton Rocha, chefe inconteste do PDT no Maranhão e o mais candidato dos candidatos à sucessão do governador Flávio Dino (PCdoB) nas eleições de 2022. Numa das suas respostas ao longo da conversa franca que manteve com a equipe comandada pelo blogueiro e titular do espaço Leandro Miranda, o senador Weverton Rocha disse que ainda é cedo para tratar do tema, concordando com o vice-governador Carlos Brandão (Republicanos), seu maior adversário, no sentido de que a antecipação da corrida ao Palácio dos Leões pode ser muito prejudicial ao Governo do Estado e à aliança partidária liderada pelo governador Flávio Dino (PCdoB). Mas, se não se declarou candidato explicitamente, o senador emitiu todos os sinais de que seu projeto de candidatura está em franco e visível andamento. Ele se declarou um político de grupo e descartou crise na aliança comandada pelo governador. Mas deixou um recado enfático:  “Se houver rompimento, vamos discutir se será amigável ou litigioso. Prefiro que isso não aconteça”.

Aos 40 anos, senhor incontestável do braço maranhense do PDT e, de longe, o mais atuante dos políticos maranhenses depois do governador Flávio Dino, o senador pedetista exibiu na conversa, com ênfase, o poder de fogo da sua agremiação com a eleição de 45 prefeitos e mais de 300 vereadores. E anunciou que vai intensificar ainda mais a sua cruzada municipalista, “trabalhando incansavelmente” para obter recursos federais para os municípios, numa sinalização expressa de que está preparando base para a disputa leonina de 22. “Sou um político de 40 anos, e como todos os políticos, eu sonho um dia governar o meu estado. Isso é normal, é um direito”, declarou, numa demonstração clara e enfática de que está, de fato, preparando terreno para construir a sua candidatura.

Nas cautelosas e hábeis declarações ao Ponto & Vírgula sobre o cenário político criado pelas eleições municipais e a corrida sucessória estadual, Weverton Rocha disse que no âmbito geral o campo liderado pelo governador Flávio Dino foi o grande vitorioso, com mais de 80% dos prefeitos eleitos. E avaliou que o desfecho da eleição em São Luís foi um caso à parte, porque “teve uma condução ruim”. E completou habilmente dizendo que foram criadas “situações complicadas”, mas fazendo questão de não apontar culpados, provavelmente ciente de que muitos o apontam como um deles.

O senador Weverton Rocha entende que não se pode avaliar a situação política do grupo no estado a partir do que aconteceu na Capital, onde seu partido tinha a Prefeitura por mais de 20 anos nas últimas três décadas, tinha um prefeito bem-sucedido e bem avaliado, mas abriu mão de lançar um candidato para atuar como coadjuvante, quando poderia ter sido um protagonista de proa e viável. Acha que o cenário é diferente e que quando chegar a hora apropriada, o governador Flávio Dino e os líderes dos partidos que integram a aliança governista sentarão para debater e tomar a decisão mais acertada. Para ele, a escolha deverá se dar entre os melhores posicionados em pesquisas. Pode ser o vice-governador Carlos Brandão, o prefeito Edivaldo Holanda Jr., ele próprio “ou qualquer outro nome”. E completou: “Sou do grupo e não serei intransigente”.

O fato, porém, é que toda sua ação política está voltada para o projeto de ser candidato a governador: maratona para eleger prefeitos do PDT e aliados, operação intensa para conseguir recursos para Prefeituras em Brasília, atuação forte nos bastidores e a céu aberto para reeleger o atual presidente da Famem, o prefeito reeleito de Igarapé Grande, Erlânio Xavier (PDT) – visto por todos como o seu operador político no âmbito dos municípios -, e planos, por ele próprio revelados na entrevista ao programa Ponto & Vírgula.

Qualquer avaliação isenta do desempenho político do senador Weverton Rocha concluirá que, do alto dos mais de dois milhões de votos que lhe deram o mandato senatorial – muito bem exercido até aqui, diga-se -, ele alcançou, indiscutivelmente, o cacife político necessário para se movimentar com desenvoltura e trabalhar para ser candidato a governador em 2022. Como cabeça de uma chapa do grupo governista ou como líder de um projeto-solo bancado por ele próprio.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Flávio Dino e Othelino celebram as boas relações Executivo/Legislativo

Othelino Neto e Flávio Dino: normalidade institucional e aliança política sólida

O governador Flávio Dino (PCdoB) e o presidente da Assembleia Legislativa Othelino Neto (PCdoB) colocaram ontem uma pá de cal sobre os rumores segundo os quais estariam com suas relações estremecidas por conta da eleição para a Prefeitura de São Luís, na qual atuaram em campos diferentes, ainda que integrando o mesmo partido. Os dois se reuniram no Palácio dos Leões para uma audiência de trabalho, na qual foi feito um balanço das relações Executivo/Legislativo ao longo deste ano. A conclusão foi os dois Poderes fizeram suas partes, não sobrando margem para qualquer tremor.

Feitas as contas sobre propostas governistas encaminhadas ao parlamento, o saldo foi integralmente positivo. Todas as propostas protocoladas pelo Poder Executivo, entre elas as que formalizaram providências e regras para o combate ao novo coronavírus no Maranhão, foram acatadas, debatidas e aprovadas pelos deputados, a maioria por unanimidade. Nenhuma outra matéria gerou crise do Governo com o parlamento, mesmo as que em tese desagradariam o Palácio dos Leões, como a PEC da Emenda Impositiva, geraram crise forte entre o Palácio dos Leões e o Palácio Manoel Beckman.

Esse ambiente de entendimento se deu graças à habilidade do governador Flávio Dino de fazer proposições que não comportariam barganha, e mesmo se comportassem, o governador não faria concessões que manchasse a imagem do seu Governo. Na mesma toada, o presidente Othelino Neto se revelou um articulador habilidoso e eficiente, criando as condições políticas para a aprovação das propostas do Governo, com voto favorável dos deputados oposicionistas.

Muitos apostaram que as diferenças vindas à tona nas posições tomadas na disputa para a Prefeitura de São Luís, no primeiro e no segundo turno, abalariam as relações os chefes do Executivo e do Legislativo. Houve quem inclusive quem dissesse que dificilmente Othelino Neto permaneceria no PCdoB. O encontro de ontem mostrou que, mais cedo do que se imaginava, as rusgas da eleição na Capital seriam desfeitas e cairiam logo no esquecimento, a partir do clima de compreensão, a partir da consciência institucional do governador Flávio Dino e do presidente Othelino Neto.

 

Fernando Pessoa vai assumir em Tuntum com desafio político

Fernando Pessoa: desafio político

Especula-se no meio político que deputado Fernando Pessoa (Solidariedade) assumirá a Prefeitura de Tuntum com uma tarefa política desafiadora: pavimentar caminho para a caminhada do atual prefeito de Barra do Corda, Wellryk Costa (PCdoB), para a Assembleia Legislativa em 2022.

Wellryk Costa foi fundamental na eleição de Fernando Pessoa para a Assembleia Legislativa em 2018 e também deu muita força para a sua vitória sobre o candidato do prefeito Cleomar Tema em Tuntum. Ocorre que, contrariando previsões, Wellryk Costa não conseguiu eleger seu sucessor em Barra do Corda, perdendo o comando do município para o seu maior adversário, o deputado Rigo Teles (PL), vendo cair por terra o grande suporte para sua candidatura a uma vaga no parlamento estadual.

Será uma tarefa complicada, que exigirá muita ação do jovem político porque, embora tenha conquistado uma vitória expressiva e incontestável, Fernando Pessoa vai enfrentar em Tuntum uma oposição dura do ex-prefeito Cleomar Tema e seu grupo, no qual se inclui a deputada Daniella Tema, que se prepara para brigar pela reeleição buscando votos inclusive em Barra do Corda.

Não se sabe ainda como o prefeito Rigo Teles se movimentará nesse tabuleiro.

São Luís, 19 de Dezembro de 2020.

Ao ser diplomado, Braide manda recado a Dino dizendo que quer parcerias com seu Governo  

 

Eduardo Braide discursa na solenidade em que foi diplomado prefeito de São Luís

“Leve ao governador que o momento é de união e que a Prefeitura de São Luís sempre estará de portas abertas para fazermos parcerias em prol do povo da nossa cidade”, declarou ontem o prefeito eleito de São Luís, Eduardo Braide (Podemos), dirigindo-se ao vice-governador Carlos Brandão (Republicanos), no ato de diplomação dos eleitos pela Justiça Eleitoral, num gesto endereçado ao governador Flávio Dino (PCdoB). Com o recado direto, feito sem rodeios ou meios-termos, o futuro prefeito de São Luís deixou claro que não pretende permanecer no palanque, e que está, de fato, interessado em fazer uma gestão sem abrir um fosso intransponível no muro que separa o Palácio de la Ravardière do Palácio dos Leões. O vice-governador Carlos Brandão ouviu atentamente a manifestação do prefeito eleito Eduardo Braide, e fez um leve assentimento com a cabeça, dando a entender que o recado seria dado. O gesto do prefeito eleito e a receptividade do vice-governador foram testemunhados pelos vereadores eleitos de São Luís.

Mandada pública e abertamente, a mensagem de Eduardo Braide já como prefeito diplomado ao governador Flávio Dino foi o ponto alto do viés político da diplomação, e teve um objetivo muito claro: desarmar os ânimos acirrados durante a campanha para criar um clima que permita o estabelecimento de boas relações institucionais, que produzam não apenas um ambiente normal de convivência, mas que leve também ao estabelecimento de parcerias entre a Prefeitura de São Luís e o Governo do Maranhão. Bem dentro da linha que o próprio governador tem pregado, com a ênfase de que quando o interesse público está em jogo não pode haver barreiras que dificultem a convivência de dois entes tão importante como a Prefeitura de São Luís e o Governo do Estado.

A essa altura da transição, Eduardo Braide já deve ter uma noção clara do que o espera. Os sinais emitidos agora até pelo prefeito que sai, Edivaldo Holanda Jr. (PDT), indicam que o seu sucessor receberá uma Prefeitura perfeitamente administrável, com os salários em dia, os serviços funcionando e obras em andamento. Deve ter também tomado conhecimento de algumas bombas de efeito retardado que explodirão no seu colo, já que o ano fiscal de 2021 é esperado como muito difícil, especialmente para os municípios, que estão na ponta da linha da estrutura fiscal e devem pagar preço elevado pela situação de crise que está se desenhando no País. Daí ser para ele imperativo construir boas pontes com o Governo do Estado e o Governo Federal, com as quais espera, pelo menos, minimizar, por exemplo, o impacto tributário que certamente será causado pelo fim do auxílio emergencial, que vai reduzir o consumo e, por via de consequência, o volume de tributos arrecadados.

Agora politicamente mais amadurecido, como demonstrou durante a campanha e nos movimentos que fez depois de eleito, Eduardo Braide sabe que uma boa convivência com o governador Flávio Dino é possível, mas terá de ser construída em clima político desarmado. Afinal, pelo menos nos primeiros tempos da sua gestão, ele dependerá mais de apoio. Isso não significa dizer que o governador imporá condições a uma relação institucional produtiva, mas também não se pode esperar que um simples recado, ainda que mandato na hora e no evento certos, fará com que as portas do Palácio dos Leões lhe sejam escancaradas. É preciso dar mais passos políticos para alcançar um ambiente de convivência mais franca e produtiva.

O governador Flávio Dino, com maturidade política cada vez mais consolidada, já antecipou o seu movimento em direção aos prefeitos eleitos. Dois dias depois do 2º turno em São Luís, ele divulgou vídeo no qual mandou o seu recado aos prefeitos eleitos e reeleitos, reconhecendo a legitimidade de todos, destacando que suas eleições refletiram a vontade popular, e anunciando que está pronto para trabalhar com todos, independentemente de diferenças políticas e partidárias, estando o seu governo aberto a todos, sem restrições, desde que o objeto de cada parceria seja destinado a beneficiar a população, especialmente os seus estratos mais necessitados.

Vale, portanto, aguardar os desdobramentos do gesto feito ontem pelo prefeito de São Luís.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Supremo atende a Flávio Dino e estados poderão comprar vacinas direto das farmacêuticas

Post em que Flávio Dino comunica a decisão favorável do Supremo sobre sua ação

Se o plano de vacinação a ser posto em prática pelo Governo Federal falhar, os estados poderão comprar vacinas diretamente dos fabricantes, dentro e fora do País, desde que estejam devidamente aprovadas pela Anvisa ou pelas renomadas e confiáveis agências oficiais de controle dos EUA, Reino Unido, Japão e China. A decisão foi tomada pelo ministro Ricardo Lewandowski, ao atender liminarmente a pedido nesse sentido formulado pelo governador Flávio Dino (PCdoB) em ação impetrada na semana passada, em meio a um clima de indefinição e insegurança causada pelo Ministério da Saúde quanto à vacinação em massa no Brasil.

O Governo do Maranhão já tem um plano de vacinação pronto para ser colocado em prática no momento em que houver vacinas disponíveis, sejam fornecidas pelo Ministério da Saúde, sejam adquiridas de farmacêuticas, a começar pela Sinovac, que está sendo produzida pelo instituto Butantan em parceria como o laboratório chinês.

O Maranhão é hoje um dos estados mais estruturados e com resultados mais efetivos e animadores no controle da epidemia do novo coronavírus. Os levantamentos diários feitos no País, o Maranhão entrou em estabilidade há mais de um mês e há uma semana é único que vem registrando redução no número de mortes, ora sendo acompanhado pelo Pará, ora pelo Ceará. Ontem, por exemplo, teve a companhia isolada do Piauí, enquanto a maioria dos estados, especialmente os do sul e sudeste, apareceu no mapa com alta de mortes.

 

Jornalismo perde Régis Marques, levado pelo coronavírus

Régis Marques: um dos destaques da sua geração no Jornalismo maranhense

A Coluna registra com pesar a morte do jornalista Régis Marques, 67 anos, ontem, vítima do novo coronavírus, na UTI do Centro Médico, em São Luís. A perda abriu uma lacuna no jornalismo maranhense, do qual ele foi um profissional atuante e destacado. Sua marca de jornalista diferenciado e competente ficou evidente por onde ele passou – nas redações do Diário do Norte, Jornal de Hoje, O Estado do Maranhão, entre outros veículos, e nas assessorias da Câmara Municipal e Assembleia Legislativa.

A escolha do jornalismo como profissão foi feita seguindo o mesmo caminho do pai, o jornalista e político Vera Cruz Marques, que se destacou na sua geração e pagou preço alto por enfrentar a ditadura militar. Régis Marques ingressou no Curso de Comunicação da UFMA em Julho de 1976, na turma integrada também pelo titular desta Coluna, por Herbert Jesus dos Santos e pelo radialista Jota Alves. Partiu cedo, mas levou a consciência tranquila de que fez a parte que lhe coube na seara jornalística do Maranhão.

São Luís, 18 de Dezembro de 2020.