Arquivos mensais: março 2021

Assembleia prova auxílio emergencial para restaurantes e trabalhadores da cultura

 

Othelino Neto comandou a sessão e as votações da AL por videoconferência

O Governo do Estado já tem o suporte legal para conceder o auxílio emergencial de R$ 1.000,00 a proprietários de restaurantes, bares e lanchonetes e R$ 600,00 aos trabalhadores da área cultural. Nos dois casos, o auxílio será pago em cota única, conforme reza a Medida Provisória 341/21 editada pelo governador Flávio Dino (PCdoB). Do mesmo modo, ganhou também status de Lei Estadual a Medida Provisória 342/21, que reduz o ICMS de alguns produtos utilizados no combate à pandemia do novo coronavírus no Maranhão. Essas decisões foram tomadas ontem pela Assembleia Legislativa, que aprovou as duas MPs em regime de urgência, atendendo a pedido formulado pelo governador Flávio Dino. O presidente do Poder Legislativo, deputado Othelino Neto (PCdoB), explicou a aprovação, sem restrições, das matérias, como uma demonstração do envolvimento dos deputados estaduais na guerra para vencer a pandemia no estado.

Desde o nefasto desembarque do novo coronavírus no Maranhão, em fevereiro do ano passado, a Assembleia Legislativa se posicionou como parceira efetiva e presente do Poder Executivo, para fazer frente aos problemas trazidos pela pandemia. Articulado com as lideranças partidárias – inclusive as de oposição -, o presidente Othelino Neto manteve linha direta permanente como governador Flávio Dino, mobilizando a Casa, com a agilidade exigida, todas as vezes que o Poder Executivo precisou do aval do parlamento estadual para adotar medidas de combate à pandemia. Essa sintonia explica parte da eficácia das ações adotadas pela Secretaria de Saúde e por outras áreas do Executivo relacionadas com o combate ao novo coronavírus.

A pandemia fez o Legislativo mudar radicalmente o seu sistema de funcionamento, tornando-se o primeiro parlamento da região a realizar sessões remotas por videoconferência. Essa iniciativa pioneira permitiu que a movimentação de servidores, prestadores de serviço e visitantes fosse reduzida drasticamente. Setores não essenciais do Poder foram fechados temporariamente, muitos servidores passaram a trabalhar de casa produzindo também uma expressiva redução nos custos operacionais do complexo funcional do Palácio Manoel Beckman. Em meio a esses ajustes, o parlamento maranhense foi um dos primeiros do País a autorizar o Governo do Estado a comprar vacina direto das farmacêuticas, mantendo o Maranhão na vanguarda da guerra ao novo coronavírus, não apenas na região, mas em todo o território nacional.

Na sessão de ontem, em que parte dos deputados se fez presente no plenário e parte atuou remotamente por videoconferência, o parlamento aprovou também o oportuno Projeto de Lei proposto pelo deputado Yglésio Moises (PROS), que é médico, instituindo sansões para punir quem furar a fila no programa de vacinação. Os parlamentares chancelaram ainda, por unanimidade, projeto da deputada Daniella Tema (DEM), que obriga farmácias a exibir cartazes da campanha “Sinal Vermelho contra a Violência Doméstica no Maranhão”. E ainda projeto do deputado Rafael Leitoa (PDT) disciplinando o funcionamento de academias de musculação e demais estabelecimentos de condicionamento físico, iniciação e prática esportiva, de ensino de esportes e de recreação esportiva.

Ontem, após a sessão, o presidente Othelino Neto disse, em entrevista, que a Assembleia Legislativa manterá seu funcionamento dentro dos limites impostos pela pandemia, para evitar riscos a deputados e servidores. Ao mesmo tempo, assegurou que a Casa seguirá o seu curso normal, realizando as sessões programadas e mobilizada para atuar em situações de emergência, se houver necessidade. O presidente conta com o apoio de todos os membros da Mesa Diretora e com os líderes partidários, que até agora vêm se mantendo alinhados no esforço para combater o novo coronavírus, ainda que alimentando suas diferenças no campo político.

Em diversas ocasiões, o governador Flávio Dino destacou a relação produtiva que o Executivo vem mantendo com o Legislativo nesse “esforço de guerra”.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Secretário de Indústria e Comércio tem feito boa articulação entre governo e empresários

Simplício Araújo: atuação eficiente como articulador na área empresarial

Não há dúvida de que a equipe do governador Flávio Dino está inteiramente envolvida na guerra contra o novo coronavírus. Mas na turma da linha de frente, liderada pelo secretário de Saúde Carlos Lula, outro integrante desse grupo vem tendo um desempenho reconhecido até mesmo por quem lhe faz alguma restrição no campo político. Trata-se do secretário de Indústria e Comércio, Simplício Araújo, que vem funcionando como um articulador eficiente na relação complexa, e às vezes tensa, do Governo com os setores econômicos, a começar pelo comércio varejista.

Simplício Araújo foi figura-chave em todos os momentos que o governador Flávio Dino precisou acioná-lo para sentar com líderes empresariais para negociar com eles situações que permitissem ao Governo aplicar duras medidas restritivas sem que a área econômica fosse castigada em demasia. Em nenhuma dessas intervenções o secretário de Indústria e Comércio fracassou. Pode ter havido aqui e ali uma situação mais tensa ou algum equívoco, mas de um modo geral, a julgar pelo que foi divulgado e pelos depoimentos de fontes bem situadas, ele via de regra alcançou bons resultados.

Primeiro suplente de deputado federal e presidente do Solidariedade no Maranhão, Simplício Araújo poderia estar no exercício do mandato, vivendo, portanto, uma realidade bem mais amena. Preferiu, porém, a pauleira de comandar uma pasta cujos interesses estão sendo direta e fortemente minados pelos assoladores efeitos econômicos da pandemia. E, até onde é possível avaliar, está fazendo sua parte.

 

União Química apresenta 1º do insumo brasileiro para a produção da Sputnik V na Rússia

O insumo totalmente brasileiro para a fabricação da Sputnik V na Rússia

Enquanto o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) faz de tudo para mergulhar o Brasil na instabilidade e tirar o foco das mais de três mil mortes diárias, pelas quais tem uma enorme e indiscutível cota de responsabilidade, governos como o do Maranhão se desdobram para combater o novo coronavírus e veem seus esforços ganhar suporte pela via da ciência. Ontem, em meio a um debate nacional sobre as inclinações golpistas do presidente e sua turma, a ciência brasileira disparava mais um poderoso míssil contra a pandemia na forma da seguinte informação liberada pela farmacêutica União Química:

O Presidente do Grupo União Química, Fernando de Castro Marques, apresentou ao novo Embaixador Russo no Brasil, Alexey Labetskiy, e para autoridades do Ministério da Saúde, na tarde de hoje 30 de março, na unidade de Biotecnologia da farmacêutica, a BTHEK em Brasília, o 1º lote piloto de transferência tecnológica do IFA da Sputnik V, 100% produzido pela farmacêutica em território brasileiro. Esse lote será integralmente enviado para Moscou / Rússia para validação.

Além disso, a Anvisa aprovou o processo de certificação da planta fabril da União Química em Guarulhos – a Inovat Indústria Farmacêutica – que será responsável pelas operações de formulação, esterilização e envase da vacina (processo asséptico), com o insumo farmacêutico ativo que deve ser fabricado nas instalações da Bthek, em Brasília. A inspeção ocorreu para adequar o processo de fabricação da vacina Sputnik V.

A vacina Sputnik V já obteve a autorização de uso em 58 Países, com eficácia comprovada de 91,6% e ausência de reações adversas relevantes, tornando a Sputnik V um dos mais seguros e eficazes imunizantes contra a COVID-19 em uso no mundo.

A União Química ingressou com um primeiro pedido de uso emergencial da vacina Sputnik, na Anvisa, em 15 de janeiro, e desde então está em contato com o Fundo Russo de Investimentos Diretos (RDIF) e com o Instituto Gamaleya, para atender às exigências colocadas à época pela Anvisa. Conforme já divulgado pela Anvisa, não houve interrupção da análise da documentação apresentada, sendo que até o momento, a análise dos documentos está em 62%. A União Química segue em tratativas com os desenvolvedores da vacina para complementar as informações solicitadas pela Anvisa.

É isso aí.

São Luís, 31 de Março de 2021.

Primeiras pesquisas indicam rumos que a corrida ao Palácio dos Leões pode tomar

Roseana Sarney, Weverton Rocha. Carlos Brandão e Roberto Rocha são os mais citados, mas as duas pesquisas comportam diferentes leituras e interpretações

As duas primeiras pesquisas (Exata, contratada pelo programa “Ponto & Vírgula”, da Rádio Difusora, onde o PDT dá as cartas, e Escutec, contratada por O Estado do Maranhão, pertencente aos Sarney), feitas para medir o início da corrida ao Palácio dos Leões nas eleições do ano que vem, desenharam praticamente o mesmo cenário: a ex-governadora Roseana Sarney (MDB) arrancando na frente, seguida do senador Weverton Rocha (PDT), do vice-governador Carlos Brandão (PSDB) e do senador Roberto Rocha, desenhando um contexto também mesclado por nomes como o ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr. (PDT) e o deputado federal Josimar de Maranhãozinho (PL), entre outros. Os percentuais de preferência, todos abaixo dos 30%, assim como os expressivos números de indecisos e de rejeição a todos, mostraram que o campo está aberto, permitindo previsões e ilações de todos os vieses, até mesmo a possibilidade, muito pouco provável, do surgimento de um outsider no tabuleiro nos meses que restam para a definição formal de candidaturas. Liderança sólida mesmo só a posição do governador Flávio Dino (PCdoB), que não tem adversário na disputa para o Senado, uma situação previsível e que reúne todas as condições para se confirmar na campanha e nas urnas.

Na pesquisa Exata – que curiosamente não incluiu o senador Roberto Rocha (sem partido) como opção para o Governo do Estado -, Roseana Sarney aparece com 30% das intenções de voto, seguida por Weverton Rocha, que aparece com 20%, seguido de Edivaldo Holanda Jr. (10%), Josimar de Maranhãozinho (7%), Carlos Brandão (6%) e Lahesio Bonfim (5%), com 9% rejeitando todos os nomes e 13% de indecisos. Em cenário sem Roseana Sarney, Edivaldo Holanda Jr. e Lahesio Bonfim, a pesquisa Exata mostra Weverton Rocha com 32%, seguido de Carlos Brandão (16%), Josimar de Maranhãozinho (13%), mas com 20% dizendo não querer nenhum deles e 19% declarando-se indecisos. Ou seja, mesmo indicando a boa posição do senador Weverton Rocha, os cenários trouxeram um recado claro: os que querem mesmo chegar ao Palácio dos Leões terão que trabalhar até as eleições.

A pesquisa Escutec foi mais longe na investigação das preferências. Primeiro estimulando o eleitor a escolher entre nada menos que 12 nomes, e o resultado foi o seguinte: Roseana Sarney (23%), Weverton Rocha (14%), Edivaldo Holanda Jr. (13%), Carlos Brandão (9%), Roberto Rocha (8%), Eliziane Gama (3%), Wellington do Curso (3%), Simplício Araújo (2%), Márcio Jerry, Lahesio Bonfim, Josimar de Maranhãozinho e Felipe Camarão com 1% cada. E depois excluindo oito nomes e focando em quatro, com os seguintes resultados: Roseana Sarney (29%), Weverton Rocha (20%), Carlos Brandão (12%) e Roberto Rocha (11%), com 18% de “nenhum” e 10% de indecisos. Em outro cenário, com apenas três nomes, sem Roseana Sarney, encontrou o seguinte: Weverton Rocha (25%), Carlos Brandão (15%) e Roberto Rocha (13%), revelando 30% de “nenhum” e 17% de indecisos.

As pesquisas mostram que, mesmo distanciada da política e de ter manifestado intenção de se candidatar à Câmara Federal, Roseana Sarney alimenta ainda um bom cacife, mas sem a indicação de que tenha potencial para crescer, o que sugere que dificilmente irá além dos 30% em qualquer situação. Já o senador Weverton Rocha, que vem embalado por um poderoso suporte de mídia, aparece com potencial de crescimento, o mesmo acontecendo com seu principal adversário, Carlos Brandão, que não dispõe de estrutura midiática. A vantagem que o senador tem sobre o vice-governador nos vários cenários não significa muita coisa nessa fase de “aquecimento” para a corrida propriamente dita. Ignorado pela pesquisa Exata, o senador Roberto Rocha, por sua vez, dá sinais de vida na pesquisa Escutec, aparecendo com 8%, 11% e 13%, dependendo do leque de adversários, cacifes nada desprezíveis

Ciente de que os tempos são outros e que, na ciranda da política, distância prolongada do poder desfaz prestígio, Roseana Sarney certamente saboreou a liderança nas duas pesquisas, mas, especialista que é no assunto, já deve ter feito e refeito as contas e certamente concluído que numa campanha para valer dificilmente irá além dos 30 pontos percentuais. Traduzindo: a liderança não a estimulou a pensar realmente em candidatar-se ao Governo.

O senador Weverton Rocha certamente se animou com as duas pesquisas, mas não tanto quanto gostaria. Menos pela posição de Roseana Sarney, mais pelos números de Carlos Brandão, sobre quem aparece com vantagem razoável, mas não segura a ponto de achar-se numa liderança consolidada. E o sinal de alerta, tanto para o senador quanto para o vice-governador, está nos percentuais dos que não querem nenhum dos nomes mostrados na pesquisa e de indecisos, que num cenário da pesquisa Escutec com Roseana Sarney somam 28%, e noutro, sem ela, a soma dispara para 47%. E a velha lógica da política ensina que quem tiver competência para convencer essa turma vencerá a eleição.

Em Tempo: A pesquisa Exata ouviu 1.403 pessoas, entre 11 e 14 de março, com margem de erro de 3,2 pontos percentuais, para mais ou para menos, e nível de confiança de 95%. A pesquisa Escutec ouviu 1.400 eleitores entre os dias 20 e 23 de março, tem margem de erro de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, e nível de confiança de 90%.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Dino elogia correção de Brandão em ato de lançamento de obras em Caxias

Entre Carlos Brandão e Fábio Gentil à esquerda e Cleide Coutinho e Adelmo Soares à direita, Flávio Dino une contrários e prestigia Caxias

Numa audiência em que anunciou um pacote de obras para Caxias, o governador Flávio Dino reafirmou confiança plena no vice-governador Carlos Brandão (PSDB). Ele se manifestou na presença do prefeito de Caxias, Fábio Gentil (Republicanos que pode migrar para o PSDB), dos deputados estaduais Cleide Coutinho (PDT) e Adelmo Soares (PCdoB) e do secretário estadual de Turismo, Catulé Jr.. No ato, Flávio Dino informou que seu Governo ampliará o prédio de Ciências da Saúde da UEMA, implantará um Restaurante Popular, um parque ambiental e construirá uma Praça da Família, investimentos que ultrapassam R$ 15 milhões.

Na sua fala, o governador Flávio Dino dirigiu-se diretamente ao vice-governador Carlos Brandão, lembrando que, ao entrar na política, 15 anos atrás, recebeu em Caxias o apoio dos líderes Humberto Coutinho e Cleide Coutinho. Os dois apoiavam Carlos Brandão, que abriu mão daquele apoio para que o então ex-juiz Flávio Dino pudesse viabilizar sua candidatura tendo Caxias como base forte.

– Quem ia ter o apoio do grupo liderado pelo Humberto era o Brandão, e ele num gesto de cortesia, de amizade e de fraternidade. Na época, se dirigiu ao então governador Zé Reinaldo e disse que concordava que houvesse essa inserção minha na política eleitoral, a partir da cidade de Caxias. Brandão tem sido correto comigo nesses anos todos, desde esse momento inaugural, em 2006, e agora no exercício do Governo – assinalou Flávio Dino.

O governador também voltou a afirmar que deixa o Governo em abril do próximo ano certo de que Carlos Brandão, que assumirá o comando do Poder Executivo, continuará as obras por ele deixadas.

Uns viram na manifestação do governador quase que uma declaração de apoio ao projeto sucessório do vice-governador, enquanto que outros entenderam a fala como um recado aos adversários de Carlos Brandão.

 

Edivaldo Jr. pode ter voo travado se continuar dependendo das decisões da cúpula do PDT

Edivaldo Holanda Jr.: com bom cacife, mas sem futuro claro no PDT

Curiosa e complicada, sob todos os aspectos e vieses, a situação do ex-prefeito de São Luís, Edivaldo Holanda Jr., dentro do PDT, cidadela partidária de domínio absoluto e indiscutível do senador Weverton Rocha. O ponto central da complicação está no fato de que, a menos que o senador arquive o seu projeto de suceder o governador Flávio Dino (PCdoB), o ex-prefeito não terá a mínima chance de vir a ser o candidato pedetista ao Palácio dos Leões pelo partido. E a explicação é óbvia, pois em qualquer situação em que Weverton Rocha colocar sua candidatura o partido o apoiará, ainda que com algumas dissenções irrelevantes.

Ao ex-prefeito de São Luís restarão poucas e remotas alternativas como membro do PDT, levando-se em conta a candidatura de Weverton Rocha ao Governo fora de uma aliança com o (PCdoB). A primeira seria candidatar-se a senador, mas aí teria de enfrentar Flávio Dino, o que seria caminhar para o abismo. A segunda, entrar como candidato a vice de Carlos Brandão (PSDB) numa chapa da aliança dinista, o que em princípio é uma ficção. Fora disso, resta-lhe o plano proporcional, com chances reais de eleger-se deputado federal.

Por outro lado, Edivaldo Holanda Jr. só poderá alçar voo próprio e ser candidato a qualquer mandato majoritário ou proporcional se deixar o PDT e assumir o controle de um partido, como o quase inexistente PTC, no qual se elegeu prefeito em 2012. Não é sem razão que o controle dessa legenda no Maranhão continue com seu pai, o deputado estadual Edivaldo Holanda, sugerindo uma espécie de “reserva técnica” para situações excepcionais.

Nos bastidores, são frequentes as conversas dando conta de que o ex-prefeito de São Luís analisa com cuidado a possibilidade de mudar de partido. Nada há de concreto nessa direção, mas poucos políticos experientes acreditam que, com o cacife que acumulou, Edivaldo Holanda Jr. fique de braços cruzados esperando, conformado, que o chefe maior do PDT decida seu destino.

São Luís, 30 de Março de 2021.

ESPECIAL: “Camapu”: um tributo à riqueza musical maranhense saído do baú de preciosidades de Cesar Teixeira

 

Cesar Teixeira reuniu composições inéditas do seu rico acervo para fazer “Camapu”,

Tudo começa com o resgate de uma fruta ancestral, como a origem dos tempos. Segue com um protesto indignado contra aves de rapina que lhe roubaram a cria. Se aconchega no sabor, nos olhos, na tez, nas curvas e na avassaladora paixão guerreira de juçara. Mostra o brilho da malacacheta no peitoral dos vaqueiros e a beleza das índias negras de um boi que dança em areias encantadas. Liberta passarinhos tristes para que eles cantem a liberdade na palmeira. Ensina o sacudir do esqueleto humano dançando um baiãozinho. Mergulha nas noites encantadas de luar no mangue, que tira marinheiros e caranguejos dos seus prumos. Ouve os alertas de um violeiro cego que enxerga até o fingimento da morte ao som de um baião num forró de raiz. Avança recordando a comovente paga de promessa a São João para lhe alegrar a festa. E termina o mágico roteiro pedindo ao Divino proteção contra o novo império, que lança “deuses de metal” do quintal de Alcântara. Isso é a essência de “Camapu”, disco lançado em 2018 e que reúne 10 poemas de encantamento musical que Cesar Teixeira compôs, embalou e ritmou com as raízes mais puras da música do Maranhão e do Nordeste mais próximo. O criador interpreta as criações com sua voz educada e enfática, dando a cada a devida carga dramática, como é sua marca.

“Camapu” é mais que um disco, é um tributo à cultura musical do Maranhão. Nele estão reunidas músicas inéditas compostas por César Teixeira nos anos 70 e 80 e por décadas adormecidas no baú de encantação musical do poeta e músico, portanto distanciadas de qualquer influência dos tempos de agora, o que lhes assegura um especial selo de pureza. Ao reuni-las nesse memorial, o compositor, do alto da sua autoridade poética e cultural, produziu um registro dos vieses autênticos da música maranhense, eternizando os ritmos num documento rico e de rara beleza, que contagia a cada faixa e inebria a cada audição, à medida que as nuanças dos poemas e as sutilezas melódicas vão se revelando.

Cada uma das 10 faixas expressa, com força e intensidade, o que ele próprio define como um motivo poético e um ritmo terreno, que toca qualquer nativo minimamente afinado com as suas raízes, e igualmente um “estrangeiro” com alguma sensibilidade musical. A sequência é a seguinte: o coco “Camapu”, a toada nordestina “Aves de Rapina”, o xote “Juçara”, a toada de boi de zabumba “Boi de Medonho”, a toada de boi de matraca “Toada de Passarinho”, o baião “Baiãozinho”, a modinha “Lua do Mangue”, o baião “Forró do Corta-Jaca”, a toada de boi de orquestra “Boi da Lua” e a ladainha “Ladainha de Alcântara”. Além disso, o disco abriga dois comoventes registros de voz, usados como “intertextos musicais”: um de 1972 do compositor Bibi Silva dando voz a um verso original de “Toada do Passarinho”; o outro, de 2008, registra a voz da criança Júlia Andresa Teixeira entoando versos de “Boi da Lua”.

As faixas de “Camapu” são poemas de versos delicados, mas maduros, consistentes, umas vezes suaves como sopros, outras vezes fortes como pancadas, e em alguns momentos amolados como faca, embalados em melodias apropriadas e contagiantes, que se encaixam perfeitamente nos seus motivos e ritmos. Quatro músicas expressam o ideário cultural e político que reforça a razão de ser do disco: “Aves de Rapina”, “Juçara”, “Lua do Mangue” e “Ladainha de Alcântara”. Cada uma exprime, por viés próprio, visões, posturas, atitudes e posições do compositor sobre situações e momentos da realidade em que se situa. “Aves de rapina” é um angustiado e incontido grito de revolta. “Juçara” é uma ode ao fruto mágico, à negritude e ao amor, “Lua do Mangue” canta a magia das reentrâncias do mangal maranhense e “Ladainha de Alcântara” é o levante das caixeiras do Divino contra a invasão opressiva de Alcântara pelo “novo império”. Compostos quando São Luís vivia ainda sob a pressão da ditadura, mas explodia em manifestações culturais, esses poemas-manifestos traduzem fielmente a realidade atual dos seus motivos. As demais faixas são pérolas musicais perfeitas, sem reparo ou porém.

“Camapu” ganha maior dimensão pela qualidade musical propriamente dita. As 10 faixas são canções belíssimas e primorosamente embaladas por arranjos magistrais, todos da lavra do próprio Cesar Teixeira, que vão de movimentos sofisticados aos mais simples, que encontram espaço e eco perfeitos em cada música. Disco sem contrabaixo e inteiramente sustentado pelo discreto, mas poderoso, disciplinado e bem executado violão de seis cordas de Israel Dantas, “Camapu” ganha dimensão pela base e solos da sanfona superior, irreparável e contagiante de Rui Mário, que também se esmera ao piano e responde pela direção musical, e da flauta transversa atrevida e afinada de João Neto, e mais ainda pelos duetos irretocáveis que as teclas e o sopro engatam aqui e ali. Tudo corretamente ritmado pela competente e densa percussão de Wanderson Silva e pela ressonância quase gregoriana do belo coro formado por Thaynara, Mairla, Regina Oliveira, Natália Coelho e Mazé Veras. Em meio a esses instrumentos geniais aparecem o providencial e envolvente violoncelo de Jorlielson Lima em “Camapu” e “Lua de Mangue”, e o banjo afiado de Robertinho Chinês em “Boi da Lua”.

César Teixeira foi buscar no seu baú de preciosidades inéditas um conjunto de pérolas para fazer de “Camapu”, na sua essência poética e na sua embalagem melódica, um disco para se ter e ouvir sempre, sem risco de cansaço.

As faixas

1 “Camapu”, que dá nome e abre o disco, resgata uma fruta ancestral, de sabor agridoce, que era vendida nas ruas de São Luís por pregoeiros que a ofereciam como “bombom da roça”, também chamada de “saco de bode” e “mata fome”. “Camapu” é um valioso resgate da memória cultural da Ilha, que César Teixeira embalou com melodia adequada, enriquecida por arranjos fortes da sanfona de Rui Mario e flauta de João Neto, ora isolados, ora em duetos afinados, que ganham peso com o eficiente violão de Israel Dantas, a intervenção forte e incomum do violoncelo de Jorlielson Lima, a precisa percussão de Wanderson Silva e a participação suave das vozes de Thaynara, Mairla e Regina Oliveira.

2 “Aves de Rapina” é um canto de dor e revolta causado por um drama pessoal e expressado nos versos fortes, mas primorosos, de poema superior e rimas perfeitas, nos quais Cesar Teixeira brada com a força da sua alma rebelde contra as aves de rapina que “levaram a semente (filho) que um dia plantei com todo amor”. E depois de relatar a perda, canta que “as ervas daninhas cresceram pelo chão do terreno baldio onde enterrei meu coração”. Os versos que se seguem são igualmente indignados, cortantes, que falam de uma viagem movida a tiquira, sal, pão e grande tristeza e lamento. O poema é musicado com uma bela e tocante melodia embalada por arranjos magistrais feitos pelo próprio músico para a sanfona pungente e elevada de Rui Mário e para a flauta tocante de João Neto, ambas sustentadas pela base enriquecida do violão de Israel Dantas, e tudo ritmado pela clave discreta, mas presente de Wanderson Silva.

3 “Juçara” é um emblema, uma declaração de amor ricamente adornada por símbolos que ultrapassam as fronteiras guajajara para alcançar as distantes plagas aymara. Sua poesia começa na troca de olhares no prato (alguidar) ao amanhecer e ganha mundo invocando forças como o sangue Guajajara e a negra íris da guerreira Dandara “incendiando a escuridão”. E segue querendo tomar juçara com “a farinha do prazer”, e “como num velho karaokê”, vai em frente invocando símbolos até no grito da aymara chilena Violeta Parra contra o luto da canção, e escrevendo versos de amor que sangram com as mãos do igualmente aymara chileno Victor Jara, o célebre autor de “Manifesto”. E termina flechado pela morena Guajá. A forte poesia é animada por uma música de elevada qualidade, com divisões apropriadas. Os arranjos de “Juçara” são corretos, ajustados, com a sanfona de Rui Mário e a flauta de João Neto cumprindo integralmente o que se propuseram, auxiliadas pelas cordas precisas de Israel Dantas, todos embalados pelas corretos zabumba e triângulo de Wanderson Silva. Esse hino ao nosso “vinho” ganha força no coro preciso e tocante de Natália Coelho, Mairla e Regina Oliveira.

4 “Boi de Medonho” é uma “toada de pique” com advertência direta e sem rodeios ao “contrário” que desdenhou do Boi de Medonho. Com versos simples, mas belos, Cesar Teixeira desenha com precisão a imagem de um boi litorâneo que, com seus adornos de flor de malacacheta e com suas quase míticas índias negras, dança no areal, levando na língua o gosto de pinga e sal. Uma imagem que inspira magia. A música cresce com os arranjos ricamente executados pelo violão de Israel Dantas e pelo desempenho preciso da sanfona de Rui Mário e a flauta de João Neto, ora em dueto ajustado, ora cada uma para seu lado. Nessa toada, Wanderson Silva vai fundo no sotaque de zabumba, que ganha suavidade no coro de Natália Coelho, Mairla e Regina Oliveira. Um clássico do gênero.

6 “Toada de Passarinho” é um grito de liberdade. Cesar Teixeira aproveitou os versos iniciais de Bibi Silva, seu pai, e compôs as três outras estrofes, produzindo uma toada comovente. Bibi Silva soltou seu canário, seu sabiá e o seu curió para, lá na palmeira, ouvir qual dos três canta melhor. Cesar Teixeira completa dizendo que cansou de vê-los presos, “soltando gritos de paixão”, e fecha, afirmando que os três passarinhos deixaram “o espinho de uma felicidade”, garantindo que “nem tiro de espingarda vai matar essa saudade”. A bela e forte toada flui nos arranjos executados por Rui Mário e João Neto nos duetos sanfona/flauta, sustentados no violão de Israel Dantas. A percussão de Wanderson Silva é competente no sotaque de matraca, assim como as vozes de Thaynara, Mairla e Regina Oliveira no coro.

7 “Baiãozinho” mostra a forte ligação de Cesar Teixeira com a música nordestina, que trata como parte da cultura musical do Maranhão. No caso, compôs um exemplo primoroso dessa ligação, avisando que quem nunca dançou um baião “não pode saber se funciona o esqueleto humano à luz do lampião”. E ensina que quando tem um baião todos se convidam, inclusive a garrafa de cana. Os arranjos nesse ritmo são dominados pela sanfona superior de Rui Mário, com o apoio eficiente da flauta de João Neto, com a base firme do violão de Israel Dantas, da percussão eficiente de Wanderson Silva e do complemento musical do coro de Thaynara, Mairla e Regina Oliveira.

8 “Lua do Mangue” é uma declaração de amor de Cesar Teixeira às noites de lua cheia sobre as atraentes e misteriosas reentrâncias das ilhas do Maranhão. Poema de encanto, mas marcado pela delicadeza com que chama Catarina para “acender a luz da lamparina em teu olhar”. Cesar Teixeira fala da angústia delirante dos marinheiros que desembarcam sedentos e zangados por conta da calmaria do alto mar. E invoca a imagem do caranguejo que “fez da lama sua razão de viver e de lutar sobre o carvão, e perder nas armadilhas das (encantadoras) ilhas do Maranhão”. A música é elevada, um padrão de evolução melódica de um compositor maduro e genial. E ganha força nos arranjos para apenas violão, piano e violoncelo, que o próprio autor elaborou com delicadeza extrema. O violão de Israel Dantas dialoga intensamente com o piano de Rui Mário, com o arbítrio magistral do violoncelo de Jorlielson Lima. “Lua do Mangue” é uma joia de ponta do acervo de Cesar Teixeira.

9 “Forró do Corta-Jaca” é um exemplar genial do ritmo nordestino na produção de Cesar Teixeira. O poema escrachado relata, como num conto de Garcia Márquez, o alerta de “um cego do cinema mudo que já viu de tudo na escuridão”, dando conta de que no baião fervendo tem “gente aí gemendo na rede, subindo na parede, fingindo que morreu”. O poema avança com outras visões fantásticas do cego ao ritmo do baião. Nos arranjos, o compositor valorizou as intervenções da sanfona de Rui Mário e da flauta de João Neto, tendo como base o violão de Israel Dantas e a percussão firme e correta de Wanderson Silva, com a participação do coro de Thaynara, Mairla e Regina Oliveira.

11 “Boi da Lua” dispensa apresentação, consagrada que é como um dos clássicos da música maranhense, não havendo um só nativo da Ilha de Upaon Aço, e provavelmente de todo o Maranhão, que não a tenha cantado dançando num arraial junino. Na versão de “Camapu”, a promessa de Cesar Teixeira a São João mantém os arranjos básicos da primeira gravação, acrescidos de adornos magistrais para a sanfona de Rui Mário e para a flauta de João Neto, enriquecidos pela participação especial do banjo de Robertinho Chinês, indispensável ao sotaque de orquestra, mais a precisa percussão de Wanderson Silva. Não bastasse isso, Cesar Teixeira embalou a toada num magistral arranjo de vozes executado por Mazé Veras, Natália Coelho e Regina Oliveira.

12 “Ladainha de Alcântara” fecha “Camapu” dando o realce definitivo à beleza, à nobreza e ao encantamento contidos em todas as faixas. Nela, César Teixeira dá um grito de alerta para a chegada de um “novo império” em Alcântara, que nega o pão e o peixe aos quilombolas, e que lança deste quintal “deuses de metal”. Vai buscar proteção no Divino pelas vozes e pelo rufar das sacrossantas caixeiras, que pelas ladeiras resistentes de Tapuitapera, cantarão os mistérios com a voz dos sinos. O poeta usa o latim das ladainhas (Ora pro Nobis) para pedir a proteção do Divino contra essa estranha “espécie de doce” e de licor, que “trouxe tanta dor”. E o faz com fé plena e inabalável na bandeira do Divino. Cantando um discurso atual, a ladainha de Cesar Teixeira ganha dimensão superior como uma peça elaborada na erudição sacra seiscentista. Os arranjos colocaram o piano de Rui Mário e o violão de Israel Dantas sob a regência suprema do violoncelo de Jarlielson Lima, que ganha força com intervenções das caixas rufadas por Wanderson Silva. Tudo isso somado ao magistral arranjo de marca gregoriana para as vozes de Mazé Veras, Natália Coelho e Regina Oliveira produziu um encantamento digno de um Divino.

São Luís, 27 de Março de 2021.

Bem na primeira pesquisa, Roseana se anima a voltar à cena política, mas sem definir candidatura

 

Roseana Sarney: bem na primeira pesquisa sobre 22, mas cautelosa por experiência

Os 30% de intenções de voto que recebeu na pesquisa Exata, a primeira sobre a corrida ao Palácio dos Leões e que a fizeram aparecer como líder destacada entre os demais candidatáveis, a começar pelo senador Weverton Rocha (PDT), que apareceu com 20%, e o vice-governador Carlos Brandão (PSDB), preferido por 6% dos entrevistados, deram o impulso que faltava para a ex-governadora Roseana Sarney (MDB) se animar de vez com o projeto de cancelamento da sua aposentadoria política. Dias antes da pesquisa, a líder do que restou do Grupo Sarney anunciara a intenção de assumir o comando do seu partido no Maranhão, e depois da divulgação das intenções de voto reveladas pela pesquisa Exata, ela deixou transparecer a empolgação ensaiando uma cobrança ao governador Flávio Dino (PCdoB) em favor de empresários. Isso depois de haver aparentemente descartado disputar a única vaga para o Senado nesse pleito e concordado com o projeto de se candidatar à Câmara Federal, para usar o seu prestígio eleitoral ajudando o MDB a eleger uma minibancada de deputados federais.

Roseana Sarney é, sem a menor sombra de dúvida, o político maranhense que mais conhece as nuanças de uma pesquisa. Desde que entrou na política para disputar votos, nas eleições de 1990, a herdeira de José Sarney se tornou uma “escrava” dos levantamentos, dependendo deles para definir todos os seus movimentos. Foi fundo nas entrelinhas dos levantamentos, aperfeiçoando sua condição de exímia leitora de percentuais, primeiro com o marqueteiro baiano Duda Mendonça, e depois com sociólogo pernambucano Antônio Lavareda, de quem se tornou discípula fiel e aplicada durante anos. Nem a imprevista e amarga derrota nas urnas para Jackson Lago (PDT) em 2006 desfez seu encanto com os números. Entrou na disputa de 2010 estimulada pelas pesquisas.

Em 2018, Roseana Sarney se candidatou meio a contragosto, sabendo que não teria chance de derrotar Flávio Dino. Sua participação naquele pleito teria sido uma espécie de exigência da cúpula sarneysista para turbinar as candidaturas do deputado federal Sarney Filho (PV) e a do senador Edson Lobão às vagas no Senado. Deu no que deu.

Com a sua larga e sólida experiência na superfície e nas entranhas da política maranhense, Roseana Sarney tem noção clara de que pouca coisa mudou de 2018 para cá. Sabe que disputando com o vice-governador Carlos Brandão – que deverá concorrer como governador, o que o torna um candidato politicamente poderoso -, com o senador Weverton Rocha – que no ano que vem estará no auge do seu mandato senatorial, portanto politicamente muito forte – e ainda com o senador Roberto Rocha – que irá para o “tudo ou nada” empunhando a bandeira bolsonarista – enfrentará uma barra pesada, já que só contará mesmo com o seu cacife político e prestígio pessoal. Esse cenário pode até induzi-la a entrar no jogo, mas sem o peso de outros tempos.

Conhecedora de todas as artes e de todas as manhas desse jogo, Roseana Sarney sabe que os 30% de agora dificilmente serão mantidos à medida que as candidaturas ganharem forma, conteúdo e musculatura. E se o embate rascunhado agora entre Weverton Rocha e Carlos Brandão for confirmado, ganhará certamente a dimensão de uma guerra altamente explosiva, a julgar pela determinação de ambos. Isso poderá beneficiá-la ou funcionar como um sinal vermelho à sua candidatura. Qualquer avaliação honesta e isenta certamente concluirá que a liderança de agora dificilmente se manterá, como indica a sua elevada rejeição, segundo a mesma pesquisa.

Mesmo com as indicações pouco favoráveis do cenário, convém aos candidatáveis a não subestimarem a ex-governadora. A recomendação se baseia em um só dado: Weverton Rocha e Carlos Brandão foram incluídos na pesquisa como aspirantes assumidos, enquanto Roseana Sarney foi colocada como uma possibilidade remota. Isso lhe dá uma vantagem nada desprezível.

Em Tempo: A pesquisa Exata ouviu 1.403 pessoas, no período de 11 a 14 de março. A margem de erro é de 3%, para mais ou para menos, e o nível de confiabilidade é de 95%.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Republicanos pode perder Fábio Gentil ao se aliar ao PDT

Fábio Gentil

A migração do vice-governador Carlos Brandão para o PSDB e a simultânea incorporação do Republicanos ao projeto de poder do senador Weverton Rocha (PDT) colocaram o prefeito de Caxias, Fábio Gentil, numa situação delicada. Hoje, sem dúvida, uma das maiores lideranças do partido, dado o seu prestígio político e o seu peso eleitoral. Fábio Gentil não ficou numa posição confortável com a guinada dada pela agremiação comandada pelo deputado federal Cléber Verde.

A explicação é simples: ao se aliar ao PDT, o Republicanos automaticamente se alia ao que restou do Grupo Coutinho em Caxias, cuja líder, a deputada Cleide Coutinho, permanece filiada à agremiação pedetista. Cléber Verde dificilmente convencerá Fábio Gentil a permanecer num partido que se alia aos seus principais adversários na cidade que comanda. Seria politicamente desastroso. E o prefeito da Princesa do Sertão, com a tradição e o peso político que têm, não parece dispostos a entregar nem os anéis nem os dedos.

Se o prefeito Fábio Gentil deixar o partido, o Republicanos perderá muito da sua musculatura. Isso porque, além do prefeito de Caxias, o partido de Cléber Verde perderá o deputado Duarte Jr., que tem hoje densidade eleitoral em São Luís, e o Comandante Schnneyder, que não aceita a aliança do partido com o PSB em Timon.

 

DESTAQUE

Assembleia Legislativa lança campanha forte alertando população contra a pandemia

Assembleia Legislativa: sem movimento, mas atuante na luta contra a pandemia

De longe a instituição maranhense mais engajada na luta com o novo coronavírus, a Assembleia Legislativa lançou nova campanha com o objetivo de alertar a população para a necessidade de manter todos os cuidados e medidas preventivas contra a propagação da pandemia no Maranhão. Por orientação do presidente Othelino Neto (PCdoB), preocupado diante do recrudescimento da virose, a Diretoria de Comunicação elaborou uma campanha mostrando depoimento de pessoas impactadas pela perda de familiares para a Covid-19.

A nova campanha, que como as anteriores tem também objetivo de estimular as pessoas a se engajarem na luta fazendo a parte que lhe cabe se prevenindo – usando máscaras, lavando as mãos, evitando aglomerações, entre outros cuidados – é lançada no momento em que o Brasil amarga 300 mil mortes, desde o início da pandemia, há um ano, das quais, mais de cinco mil no Maranhão.

O presidente Othelino Neto (PC do B) aprovou a campanha providenciada pela Diretoria de Comunicação manifestou-se em suas redes sociais, nesta quinta-feira (25) comentando seu conteúdo. No seu comentário, o chefe do Poder Legislativo destacou a importância da campanha como um alerta à população neste momento. “Vamos continuar usando máscara, fazendo a higiene das mãos, mantendo o distanciamento social e, se puder, fique em casa”, recomendou o presidente.

São Luís, 26 de Março de 2021.

Grupo de Weverton se reúne em Brasília e se posiciona contra erros de Bolsonaro e em defesa da vacina

 

Entre Eliziane Gama e Othelino Neto, Weverton Rocha liderou ato de parte da bancada federal e deputados estaduais por medidas eficientes contra a pandemia

Um grupo de parlamentares, prefeitos e presidentes de partidos no Maranhão se reuniu ontem em Brasília para marcar sua posição a favor de uma política que acelere, urgentemente, o processo de vacinação no País e, por via de desdobramento, no estado. Articulado pelo senador Weverton Rocha (PDT, do qual é presidente), e realizado em seu gabinete, o ato reuniu a senadora Eliziane Gama (Cidadania), o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto (PCdoB), os deputados federais Cléber Verde (presidente do Republicanos), Juscelino Filho (presidente do DEM), Gil Cutrim (Republicanos) e Pedro Lucas Fernandes (ainda no PTB), os deputados estaduais Glaubert Cutrim (PDT e 1º vice-presidente da Assembleia Legislativa) e Márcio Honaiser (PDT), atual Secretário de Desenvolvimento Social, o presidente da Famem Erlânio Xavier (PDT), o ex-prefeito de Timon e atual presidente do PSB no Maranhão Luciano Leitoa, e o presidente da Câmara Municipal de São Luís, vereador Osmar Filho (PDT). Todos manifestaram posição crítica em relação ao desastre que tem sido a posição do Governo Federal, a começar pelo presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), diante da tragédia que vem sendo causada pelo novo coronavírus no Brasil. E encerraram a reunião exibindo cartazes com a palavra-de-ordem “Vacina para todos Já!”

Politicamente, os participantes da reunião integram o ensaio de frente partidária formada em torno do projeto de poder do senador Weverton Rocha. Tudo bem. Mas, por mais que o grupo seja movido por esse viés, não há como não avaliar como politicamente correta e saudável uma iniciativa de debater essa crise na perspectiva maranhense. Afinal, quase todos os presentes estão no exercício de mandatos, portanto credenciados para se posicionar face ao que está acontecendo no País e no estado. Só para ter uma medida da legitimidade política do grupo, os senadores Weverton Rocha e Eliziane Gama são respaldados por mais de três milhões de votos, o presidente Othelino Neto exprime informalmente o pensamento de parte dos deputados estaduais, enquanto o presidente da Famem fala, em tese, em nome dos prefeitos maranhenses.

Articulada em algumas iniciativas, a bancada federal do Maranhão está dividida nessa questão, o que é natural na realidade da política. Mas, numa situação como essa, em que o Brasil já contabiliza 300 mil mortos, entre eles mais de cinco mil maranhenses, seria razoável que os integrantes da bancada se desarmassem partidária e ideologicamente e formassem uma frente em defesa de alguns pontos essenciais, como mais vacinas, aporte financeiro para os estados bancarem as enormes despesas hospitalares, campanha por uso de máscaras e distanciamento social possível – incluindo lockdown, se necessário. Algo parecido com a reunião realizada ontem no gabinete do senador Weverton Rocha, da qual participaram a senadora Eliziane Gama e apenas quatro deputados federais.

No campo intermediário da bancada atuam o senador Roberto Rocha (sem partido), aliado incondicional do presidente Jair Bolsonaro, e os deputados federais Pastor Gildenemyr (PL), Aluísio Mendes (líder do PSC), Edilázio Júnior (PSD), Hildo Rocha (MDB) e Josivaldo JP (Podemos), seguindo alinhados ao Palácio do Planalto, apesar das evidências de que, por negligência e incompetência, o Governo Federal tem sido um fracasso retumbante no enfrentamento da pandemia. Mesmo assim, esses parlamentares se mantêm posicionados na esfera governista, na contramão da maioria dos maranhenses, que segundo pesquisa, reprova a gestão do presidente da República.

Outros nove deputados federais, que representam a metade da bancada maranhense – André Fufuca (PP, do qual é presidente estadual), João Marcelo (MDB), Josimar de Maranhãozinho (PL), Júnior Lourenço (PL), Marreca Filho (Patriotas), Gastão Vieira (PROS), Elizabeth Gonçalo (Avante), Bira do Pindaré (PSB), Zé Carlos (PT) -, atuam isolados, seguindo orientações partidárias ou defendendo conceitos próprios, mas sem um foco regional. Uns mais e outros menos, esses parlamentares passam a impressão de que estão distantes da guerra titânica travada pelo governador Flávio Dino (PCdoB) contra a pandemia no Maranhão.

Nesse inacreditável cenário de divisão da bancada, o senador Weverton Rocha, com o apoio da senadora Eliziane Gama, vem dando seguidas demonstrações de que se encontra, de fato, na linha de frente da guerra contra os desmandos do Governo central e pela busca de soluções para o enfrentamento mais eficiente da pandemia.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Conass reelegeu Carlos Lula por ele vem mostrando que é um gestor de excelência

Carlos Lula: em alta como gestor e como presidente reeleito do Conass

O Secretário de Estado da Saúde do Maranhão, Carlos Lula, foi reeleito, por unanimidade, presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), à frente do qual permanecerá até 2022. A decisão dos 27 integrantes do Conass se deu no dia em que o Brasil amargou a marca de 300 mil mortos pelo novo coronavírus, que assumiu o novo ministro da Saúde, com a desafiadora missão de definir as linhas de uma política nacional de saúde, com foco na guerra à pandemia.

A reeleição de Carlos Lula foi o reconhecimento dos seus colegas secretários de Saúde pelo trabalho de articulação que ele tem desenvolvido à frente do Conselho e pelos resultados alcançados por sua gestão no combate à pandemia no Maranhão. Ele tem sido incansável e eficiente nas duas frentes, apesar das enormes dificuldades que se materializam quase que diariamente à sua frente. Tranquilo e sem afetação, consolidou sua posição à frente quando muitos apostaram que o novo coronavírus levaria o governador Flávio Dino a mudar o comando da área de Saúde.

Advogado, consultor e professor de Direito, Carlos Lula chegou à área de Saúde com a missão de sanear e colocar nos eixos as empresas que prestavam serviços para a área, marcadas por fortes denúncias de desvio e ineficiência. Seu trabalho foi tão produtivo que o governador Flávio Dino lhe entregou a pasta, com carta branca para revolucionar o Sistema Estadual de Saúde dando forma e movimento aos esqueletos hospitalares deixados pelo Governo anterior. Em pouco tempo, o advogado especialista em processo civil se revelou um excelente gestor.

A pandemia lhe trouxe um enorme desafio, que, passado um ano e muitas situações excepcionais, vem sendo vencido com firmeza e consistência, o que coloca o Maranhão como um dos estados com maior eficiência no combate à pandemia. O resultado do seu trabalho consolida definitivamente o argumento de que não precisa ser médico para ser um bom secretário de Saúde. Precisa apenas ser um bom gestor. E isso o secretário de Saúde do Maranhão vem mostrando que tem de sobra.

 

Pressão política faz Bolsonaro adiar filiação partidária

Roberto Rocha depende de Jair Bolsonaro para definir seu futuro partidário

Colocado contra a parede pelo desastre que tem sido sua política de combate à pandemia, o presidente Jair Bolsonaro teria jogado para abril a sua definição partidária, que pretendera resolver em março. Nos corredores do Palácio do Planalto todos já trabalham com a certeza de que o presidente só deixará de ser um pária partidário em abril ou maio, dependendo das circunstâncias. A indefinição partidária do presidente está deixando o senador Roberto Rocha em situação delicada, à medida que, agora fora do PSDB, precisa de um pouso partidário, preferindo filiar-se na agremiação que receber a filiação de Jair Bolsonaro.

São Luís, 25 de Março de 2021.

Decisão do Supremo mostra que críticas de Dino sobre ações de Moro contra Lula eram corretas

Flávio Dino viu suas criticas a Sérgio Moro confirmadas pelo Supremo no nebuloso caso do triplex do Guarujá 

“Hoje o Supremo encerrou um triste capítulo da História do Direito no Brasil. Um juiz parcial, que persegue ilegalmente um acusado, é incompatível com o Estado de Direito. Seus atos são nulos e imorais. Só lamento que tais atos geraram lesões irreparáveis para Lula e para o Brasil”. Foi como reagiu ontem o governador Flávio Dino (PCdoB) ao tomar conhecimento da decisão da 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal de julgar o ex-ministro Sérgio Moro parcial como juiz federal no rumoroso caso do tríplex do Guarujá, em que condenou o ex-presidente Lula da Silva (PT) por corrupção. Com a decisão, que atendeu a habeas corpus impetrado pela defasa do ex-presidente, todas as provas do processo estão anuladas, de acordo com o entendimento da Corte. Se a Justiça Federal de Brasília, onde o processo se encontra agora, decidir retomá-lo, terá que começar a investigação da estaca zero.

A reação do governador Flávio Dino avalizando a decisão é o desfecho de um posicionamento firmado por ele desde o início da investigação da denúncia de delatores da Lava Jato, que acusaram o ex-presidente Lula da Silva de receber o apartamento de Guarujá como suborno da Odebrecht em troca de participação da empreiteira em obras contratadas pela Petrobras. Na época, Flávio Dino saiu em defesa de Lula da Silva tecendo severas críticas aos procedimentos do juiz federal Sérgio Moro, sugerindo inclusive a nulidade das provas, sob o argumento de que elas foram baseadas unicamente em delações premiadas, algumas delas visivelmente inconsistentes, também criticadas por outros observadores. As críticas do governador ecoaram nacionalmente, foram corroboradas por várias vozes da seara judiciária e do meio jurídico, sem que Sérgio Moro e procuradores integrantes da força-tarefa esboçassem qualquer reação.

As críticas de Flávio Dino aos procedimentos e decisões de Sérgio Moro em relação ao ex-presidente Lula da Silva foram contundentes, mas cuidadosamente pontuais. Isso porque, já nas primeiras manifestações, o governador foi enfático em deixar claro que seu foco não era a Operação Lava-Jato, com a qual ele concorda, mas contra as várias ilegalidades, para ele flagrantes e irrefutáveis, que eivaram processos como o do triplex de Guarujá e o do Sítio de Atibaia. Nas suas críticas – umas feitas em tom de alerta, outras com viés de denúncia aberta -, Flávio Dino acusou diretamente o juiz Sérgio Moro de manipular as regras e armar conluio com procuradores com o objetivo de forjar a condenação do ex-presidente, atingindo inclusive os seus familiares, o que viria ser confirmado na troca de telefonemas revelados pela Operação Spoofing.

À medida que os processos contra Lula da Silva avançaram, Flávio Dino apontou neles a motivação política do juiz titular da Lava-Jato com o objetivo de minar a credibilidade do ex-presidente Lula da Silva e do PT, como foi o caso da decisão de tornar pública a conversa telefônica entre Lula da Silva e a então presidente Dilma Rousseff (PT), um ato escandaloso que indignou muitas vozes defensoras do Estado Democrático de Direito. Flávio Dino foi cáustico e contundente sobre o assunto quando Sérgio Moro renunciou à magistratura para se tornar ministro da Justiça do Governo de Jair Bolsonaro, confirmando a suspeita de que atuara mesmo com objetivo político.

O governador Flávio Dino criticou a atuação do juiz federal Sérgio Moro com a autoridade de quem foi juiz federal sem mancha na trajetória, que incluiu mandato de presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), tendo renunciado à magistratura para entrar na política em 2006 pela porta da frente: disputando com sucesso o mandato de deputado federal, para em seguida eleger-se e reeleger-se governador do Maranhão. Flávio Dino ingressou na magistratura federal como primeiro colocado no mesmo concurso em que Sérgio Moro obteve classificação sem brilho. Os dois se conhecem, o que talvez explique o fato de Sérgio Moro não responder às críticas de Flávio Dino como juiz titular da Operação Lava-Jato nem como ministro da Justiça. E provavelmente manterá silêncio quanto à manifestação do governador sobre a decisão da 2ª Turma do Supremo confirmando sua parcialidade em relação a Lula da Silva no caso do tríplex de Guarujá.

A julgar pela decisão dos ministros da Corte maior, Flávio Dino esteve certo desde quando fez a primeira crítica a Sérgio Moro.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Pesquisa Exata mostra diferença abissal entre Flávio Dino e Jair Bolsonaro

Flávio Dino e Jair Bolsonaro: diferença abissal em prestígio no Maranhão

A pesquisa Exata, contratada pela TV Difusora e divulgada ontem, mostra com precisão a diferença que o maranhense enxerga entre um governante que tem feito a sua parte e um que chegou ao poder pela enganação e se revelou o maior engodo da história do Brasil até aqui.

De acordo com o levantamento, o governador Flávio Dino é aprovado por 63% da população contra 33% que não aprovam e 4% que não souberam responder. Para um governante no meio do segundo mandato e enfrentando uma situação inusitada e extremamente complicada, que exige decisões incômodas para a grande maioria, alcançar esse percentual de aprovação é uma prova de credibilidade rara na seara da política e da governança.

Na contramão dessa realidade, a pesquisa revela que entre os maranhenses 69% não aprovam o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), provavelmente o maior percentual de desaprovação a um governante já registrado no estado. O presidente é aprovado por 27% dos maranhenses, enquanto 4% responderam que não sabem o que pensar do presidente da República.

Como se vê, a diferença entre o governador e o presidente é abissal. Numa leitura simples, o cenário revela que o primeiro, mesmo cometendo eventualmente um ou outro equívoco, está fazendo uma gestão limpa e eficiente como um todo, e dedicando esforços extraordinários no combate ao novo coronavírus. Já o segundo, além de “comandar” uma gestão sem pé nem cabeça, tem sido um verdadeiro desastre em relação à pandemia, contribuindo decisivamente para o avanço do novo coronavírus, mas tentando engabelar os brasileiros com discursos desonestos, como o de ontem, na TV, em horário nobre.

 

Braide mostra controle financeiro ao antecipar salário de servidores

Eduardo Braide: controle

O prefeito de São Luís, Eduardo Braide (Podemos), anuncia a antecipação, para Sexta-Feira (26), do pagamento dos salários dos servidores. “Notícia boa a gente compartilha logo”, declarou o prefeito, aproveitando para agradecer “a dedicação de vocês”.

A boa notícia é reveladora de dois fatores. O primeiro: Edivaldo Holanda Júnior (PDT) deixou as finanças da prefeitura de São Luís, se não ajustadas – deixou dívidas de mais de R$ 500 milhões -, pelo menos administráveis. O segundo: Eduardo Braide entregou a gestão financeira e fiscal a dois craques em finanças públicas, Jesus Azzolini (Fazenda) e Simão Cirineu (Planejamento).

Os dois fatores, somados à determinação do prefeito de não gastar o que não pode, já estão produzindo os primeiros bons resultados da sua gestão.

São Luís, 24 de Março de 2021.

Dino resiste a pressões para escolher entre Weverton e Brandão na corrida sucessória

 

Flávio Dino administra pressões para escolher entre Weverton Rocha e Carlos Brandão para sua sucessão

Por mais fortes e intensas que sejam as pressões para que defina agora o nome que ele e seu partido apoiarão na disputa pelo Palácio dos Leões, o governador Flávio Dino (PCdoB) não se movimentará nessa direção antes de Outubro, quando faltará exatamente um ano para as eleições. A prioridade maior do governante maranhense é o combate ao novo coronavírus e a manutenção dos serviços do Estado – educação, segurança pública, infraestrutura, assistência social, etc. Isso não significa dizer que o governador manterá nesse período uma atitude de indiferença absoluta em relação à corrida sucessória, pois afinal, os postulantes, em especial o senador Weverton Rocha (PDT) e o vice-governador Carlos Brandão (PSDB), estão se movimentando como se já estivessem no ano eleitoral. A seu modo e dentro de sua própria agenda, Flávio Dino seguirá monitorando os movimentos dos aspirantes à sua sucessão, para que possa montar a equação que resultará na escolha de um nome de consenso dentro da aliança partidária que comanda.

Também em busca de definição quanto ao próprio futuro político, uma vez que, querendo ou não, encontra-se no epicentro dos preparativos para a disputa presidencial, da qual poderá participar como cabeça-de-chapa ou como vice, podendo também disputar cadeira no Senado, o que é mais provável, o governador Flávio Dino vai ajustar o processo de escolha. Isso passa, primeiro, por uma ampla consulta a prefeitos, vice-prefeitos, deputados estaduais, deputados federais, chefes partidários e até mesmo a líderes de segmentos da sociedade civil, como empresários e sindicalistas, por exemplo. Depois disso, virão as pesquisas e as conversas mais diretas e mais decisivas dentro da aliança.

O governador Flávio Dino sabe que a disputa dentro da aliança governista está ganhando corpo a cada dia, e que, mesmo havendo outros nomes disponíveis, dificilmente o martelo será batido fora da esfera do senador e do vice-governador. Igualmente, está claro que o objetivo de chegar a um nome de consenso, como prega o secretário de Articulação Política, Rubens Júnior, é, pelo menos até aqui, uma quimera. Isso porque, a julgar pela determinação que estão mostrando agora, é rigorosamente improvável que Weverton Rocha abra mão do seu projeto de poder para apoiar a candidatura de Carlos Brandão, ou vice-versa. A política costuma surpreender, produzindo situações a princípio inadmissíveis, mas nesse caso, a tendência clara é que a disputa pelo Palácio dos Leões se dê dentro da aliança governista, por mais inusitado que isso possa ser.

Essa dificuldade explica o fato de o governador Flávio Dino haver montado um roteiro com intervalos de tempo tão longos, para construir uma solução consensual. Para ele, é mais importante usar todos os recursos de negociação para manter a base unida em torno de uma candidatura, do que a ver dividida em duas correntes que se digladiarão num processo quase autofágico. Mas, a julgar pelo estado de ânimo que vêm exibindo no esforço para consolidar suas candidaturas, Weverton Rocha e Carlos Brandão caminham para o embate direto. Nesse caso, a balança perderá o equilíbrio se, candidato ao Senado, o governador tiver que escolher um candidato, a menos que o PCdoB lance a candidatura de Flávio Dino por uma terceira via, numa chapa sem candidato ao Palácio dos Leões. Desse modo, ele só se posicionaria no segundo turno.

É visível que o cenário é confuso, e que qualquer definição resultará de um amplo e complexo processo de negociação. Isso porque o vice-governador Carlos Brandão arma sua candidatura como a única chance que terá de disputar o Governo como governador. O senador Weverton Rocha também vê em 22 sua grande chance, uma vez que, no meio do mandato senatorial, disputará sem o risco de ficar sem nada no caso de ser mandado para casa se não vencer a eleição.

Como se vê, o cenário é complexo e exigirá, de fato, muita conversa. E isso o governador Flávio Dino sabe fazer.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

PERDA

Freitas Diniz partiu deixando um legado de coragem e coerência como defensor da democracia

Freitas Diniz: discurso forte contra a ditadura e de ataques a José Sarney no Maranhão

O mundo político perdeu ontem para o novo coronavírus um dos seus representantes mais ativos e coerentes: Domingos Freitas Diniz. Ele partiu aos 88 anos, depois de uma trajetória política que começou na base vitorinista na década de 1950 do século passado, atuando no Governo Matos Carvalho, e que, com o golpe militar de 1964 e a implantação da ditadura crua com a edição do AI-5 em 1968, se tornou um dos fundadores do MDB, ganhando dimensão como uma das vozes mais contundentes contra a opressão do regime militar e um dos mais duros adversários de José Sarney no Maranhão.

Natural de Araioses e engenheiro civil por formação, Freitas Diniz fundou e dirigiu a Companhia Energética do Maranhão no Governo Matos Carvalho, assumindo, em seguida, a Secretaria de Viação e Obras Públicas e diretor do Departamento de Estradas e Rodagem no Governo Newton Bello. Foi um dos fundadores do MDB no Maranhão. Elegeu-se deputado federal em 1966, ficou na suplência em 1974, elegeu-se novamente em 1978, mas não conseguiu novo mandato em 1982. Rompeu com o MDB e se filiou ao PT, com o qual também rompeu em 1985, não mais disputando eleições.

Com ou sem mandato, Freitas Diniz se notabilizou em três searas.

A primeira foi sua participação na fundação do MDB no Maranhão, integrando o grupo formado por Cid Carvalho, Lister Caldas, Adail Carneiro, Bayma Serra, José Dominici, Bernardo Almeida, Mauro Bezerra e Isaac Dias –  ex-deputado estadual e ex-prefeito de São Bento, agora o único vivo.

A segunda foi a sua militância contra a ditadura militar, escapando por pouco de cassação, o que lhe deu grande prestígio como oposicionista dentro e fora do MDB.

E a terceira seara foi a dura e implacável oposição que fez a José Sarney no Maranhão e durante os seus cinco anos de presidência da República. Sua ação política inspirou muitos quadros oposicionista, com destaque para Haroldo Saboia, que como ele rompeu com o MDB.

Em Tempo: Um exemplo da sua coerência: em 1977, um grupo de estudantes da UFMA, articulado pelo então estudante de Jornalismo e militante político Coelho Neto, estava reunido no restaurante universitário, que funcionava no prédio do Instituto de Letras e Artes, na Praça Gonçalves Dias. De repente, alguns agentes da polícia política, chegaram ao local em três fuscas brancos, e de armas em punho, renderam os estudantes e os levaram para o DOPS, que ficava Rua 28 de Julho. Um dos estudantes conseguiu escapar e foi pedir apoio a Freitas Diniz, no Centro. Quando os estudantes – entre eles o autor desta Coluna, então aluno do Curso de Comunicação – eram interrogados pelo delegado Florismar Campelo, que queria saber o motivo da reunião –, Freitas Diniz, acompanhado do então deputado estadual José Brandão (MDB), chegou ao DOPS, teve uma conversa dura com o delegado e exigiu que os estudantes fossem liberados, já que nada havia contra eles. Sem argumento para continuar com interrogatório, o delegado liberou o grupo. Freitas Diniz foi um exemplo de coragem e coerência política.

 

Em nota, Assembleia Legislativa homenageia Freitas Diniz

Tão logo tomou conhecimento da morte do ex-deputado federal Freitas Diniz, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto (PCdoB), divulgou a seguinte nota:

A Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão lamenta o falecimento do ex-deputado federal maranhense Domingos Freitas Diniz, 88 anos, ocorrido na madrugada desta segunda-feira (22), em São Luís.

Engenheiro Civil por formação, Freitas Diniz cumpriu três mandatos de deputado federal pelo Maranhão, de 1967 a 1975 e de 1979 a 1983, sempre pelo MDB. Também foi filiado ao PT, partido do qual foi tesoureiro nacional. Durante sua trajetória profissional, ocupou relevantes cargos públicos. 

Neste momento de pesar, a Assembleia Legislativa presta condolências e solidariedade aos familiares e amigos, consternados com a dor da perda.

São Luís, 23 de Março de 2021.

Republicanos reage ao ingresso de Brandão no PSDB, anuncia apoio a Weverton e movimenta o jogo sucessório

 

Da direita para a esquerda: Arthur Lira, Marcos Pereira, Cléber Verde e Weverton Rocha no ato de ingresso de Gil Cutrim (C) no Republicanos, uma reação clara e forte à saída de Carlos Brandão, que migrou para o PSDB, que promete fortalecer 

A política não é uma ciência exata, evolui por força das circunstâncias, movida pela inteligência e pela habilidade dos seus atores; ao mesmo tempo, alguns movimentos da política são frutos da lógica, o que os torna previsíveis. Estava escrito nas entrelinhas da lógica que a súbita e surpreendente migração do vice-governador Carlos Brandão do Republicanos para o PSDB causaria fortes reações no tabuleiro em que se movem as peças da corrida ao Palácio dos Leões. E elas aconteceram Quinta-Feira (18), com a saída do Republicanos da base de apoio do projeto do vice para se incorporar ao suporte partidário que embala o projeto de candidatura do senador Weverton Rocha (PDT), levando de quebra o deputado federal Gil Cutrim, que deixou o PDT, mas permaneceu no campo de ação do líder pedetista. A migração do Republicanos para o projeto de Weverton Rocha não é uma hipótese. Foi consumada por declaração do presidente nacional do partido, deputado federal Marcos Pereira (SP), e confirmada pelo presidente regional, deputado federal Cléber Verde, no ato da filiação de Gil Cutrim, em Brasília, na presença do candidato a candidato pedetista.

No jogo de “perde-ganha”, todas as evidências indicam que Weverton Rocha saiu fortalecido com a incorporação do Republicanos à base partidária do seu projeto de poder. Para começar, acrescentou, em tese, os 25 prefeitos, 24 vices e pelo menos 211 vereadores eleitos pelo partido no ano passado, um cacife sonhado por qualquer pré-candidato a governador e que estava nas mãos do vice-governador Carlos Brandão. Se a política fosse uma ciência exata, nas contas feitas neste momento, o senador Weverton Rocha teria turbinado fortemente o seu projeto de candidatura ao juntar os 25 prefeitos republicanos aos 42 eleitos pelo PDT, o que – de novo em tese – lhe asseguraria o apoio de quase 30% dos prefeitos maranhenses. Pelas mesmas contas, a impressão causada pelo episódio é a de que o vice-governador perdeu força política e partidária.

Mas os movimentos da política costumam surpreender. Político experiente na seara municipalista, que conheceu a fundo quando chefiou a Casa Civil do Governo intensamente político de José Reinaldo Tavares (2002/2006), e aprimorou essa relação nos últimos seis anos despachando no Palácio Henrique de la Rocque, Carlos Brandão sabe como essas peças se movem. Para começar, é óbvio que ele correrá atrás do prejuízo garimpando prefeitos do Republicanos para o PSDB. Disse publicamente a vários interlocutores de que vai fortalecer o PSDB. Um político próximo a ele calcula que pelo menos seis lhe são fiéis e estariam se preparando para se converter ao tucanato. No momento em desvantagem, o vice-governador poderá reverter esse jogo quando assumir o comando do Estado e passar a despachar no gabinete principal do Palácio dos Leões.

A migração do vice-governador para o PSDB e a rebordosa do Republicanos migrando para a esfera de Weverton Rocha desenharam o quadro da corrida sucessória neste momento. Mas esse é somente o primeiro movimento partidário, uma vez que outras definições estão a caminho, sendo a mais importante delas o rumo que o PCdoB vai tomar, que significará a escolha do governador Flávio Dino. O governador pretende resolver essa equação até dezembro, preferindo que o desfecho seja um entendimento entre Weverton Rocha e Carlos Brandão, de modo a produzir uma candidatura de consenso, que pode ser a de um dos dois, ou o lançamento de um terceiro nome, como a senadora Eliziane Gama (Cidadania), por exemplo. Ou não.

O quadro de agora indica também que muitos cordões ainda estão soltos, como a definição do governador Flávio Dino, que provavelmente terá de optar entre Weverton Rocha e Carlos Brandão. Entrará na guerra nacional? Disputará o mandato de Senador? Permanecerá no Governo até o fim? Ninguém duvida de que a definição do mandatário maranhense terá peso decisivo para a montagem do cenário definitivo. Ao mesmo tempo, mesmo sem certeza absoluta, é fácil prever que o caminho mais provável do governador Flávio Dino será a candidatura ao Senado. Nesse caso, Carlos Brandão assumirá o Governo em abril, o que mudará drasticamente o cenário que estiver desenhado naquele momento.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Ainda sem solução três migrações partidárias importantes no cenário político maranhense

Roberto Rocha, Pedro Lucas Fernandes e Duarte Júnior: situação partidária indefinida

Com a definição do deputado federal Gil Cutrim, que não ganhou um partido para chamar de seu, mas ficou bem agasalhado no Republicanos com o aval do senador Weverton Rocha, que intermediou seu ingresso na agremiação comandada pelo deputado federal Cléber Verde, restam três situações partidárias a serem resolvidas, a do senador Roberto Rocha, que está de saída do PSDB, a do deputado federal Pedro Lucas Fernandes, que deixou o PTB, e a do deputado estadual Duarte Júnior (Republicanos).

O senador Roberto Rocha permanece no PSDB, mas sem qualquer elã com o partido, alinhado que está totalmente ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O parlamentar vive tensa expectativa em relação à definição do presidente, que previu resolver sua situação partidária até o final deste mês, mas faltando pouco mais de uma semana para o fim do prazo, não soltou qualquer pista sobre o seu rumo partidário. A interlocutores, o senador afirmou que seu projeto é ingressar no mesmo partido ao qual o presidente vier a se filiar, ou, se isso não possível, numa legenda identificada com o bolsonarismo. Roberto Rocha estuda a possibilidade de ser candidato a governador.

Isolado no PTB, cujo presidente, Roberto Jefferson, lhe tirou o comando do partido no Maranhão e o entregou à deputada estadual Mical Damasceno, o deputado federal Pedro Lucas Fernandes avalia, juntamente com seu pai, o prefeito de Arame Pedro Fernandes, várias propostas, devendo resolver sua pendência nas próximas semanas, certo de que é desgastante ficar sem partido na Câmara Federal. Para ele, o ideal é assumir controle deu uma legenda no Maranhão.

Por conta da distância e das diferenças que o separam da corrente liderada pelo senador Weverton Rocha, é difícil que o deputado estadual Duarte Júnior permaneça no Republicanos, pelo qual disputou a Prefeitura de São Luís. Nenhum problema com o presidente Cléber Verde, mas todos os problemas como senador Weverton Rocha. A tendência do parlamentar é migrar para o PSDB, fortalecendo a posição do vice-governador Carlos Brandão, que foi o seu principal padrinho e avalista na agremiação.

Vale aguardar os próximos movimentos.

 

Apoiadores tentam atribuir a Bolsonaro liberação de recursos para UTI por ordem do Supremo

Flávio Dino reagiu ao corte no custeio de leitos de UTI, foi ao Supremo, que obrigou Jair Bolsonaro a restaurar o custeio de 279 leitos para tratamento de Covid no MA

Apoiadores e simpatizantes do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no Maranhão tentam criar um factoide ao divulgar que ele liberou R$ 13,3 milhões para o custeio de 279 leitos de UTI no Maranhão, como se fosse um gesto deliberado de quem está preocupado com o combate à pandemia do novo coronavírus no Maranhão.

Os recursos foram liberados por determinação da Justiça atendendo a ação movida pelo governador Flávio Dino. Na ação, o governador do Maranhão denunciou que o ministro da Saúde, general Pazuello, havia suspendido em dezembro do ano passado o custeio desses leitos, obrigando o Governo do Maranhão a bancá-los com seus próprios recursos. O braço jurídico do Ministério da Saúde e a Advocacia Geral da União tentaram ainda minar a cobrança-denúncia, mas a ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal acatou-a integralmente e determinou que o custeio fosse retomado, com a liberação imediata de recursos para o Governo do Estado. A decisão da ministra deixou o presidente e seu ministro irritados.

Ao tentarem manipular informações de informações apoiadores e simpatizantes repetem o presidente, que recentemente incluiu FPE, SUS, Fundeb, entre outras transferências constitucionais, portanto obrigatórias para estados e municípios, como sendo recursos liberados pelo seu Governo para os entes federativos. O jogo bolsonarista de manipular números causou reações indignadas de governadores e prefeitos, e gerou uma ação para obrigar o presidente Jair Bolsonaro a explicar sua atitude.

São Luís, 21 de Março de 2021.

MDB faz ajustes, dá mais tempo à atual direção e abre caminho para Roseana Sarney assumir presidência

 

Cúpula do MDB em reunião virtual que definiu os passos do partido para que Roseana Sarney assuma a presidência, tendo Roberto Costa como vice-presidente.

 

O MDB maranhense está pacificado. Depois de mais de dois anos de conversas, articulações e marchas e contramarchas, a ala jovem e as lideranças tradicionais do partido finalmente acertaram seus ponteiros e construíram um entendimento que, tudo indica, resultará na unidade do partido, que andou frouxa e quase foi para o espaço nesse período. Ontem, o comando partidário se reuniu e tomou uma série de decisões para ajustar as relações internas e preparar a agremiação para as eleições do ano que vem. Primeiro, prorrogou o mandato do atual Diretório e da atual Executiva, sob a presidência do ex-senador João Alberto, até abril do ano que vem. Mas com uma condição: se o coronavírus permitir, o partido realizará convenção já em junho, para eleger seu novo comando, no qual a ex-governadora Roseana Sarney será eleita presidente, tendo o deputado estadual Roberto Costa, que lidera a ala jovem, como 1º vice-presidente, cargo que já ocupa. Essa agenda foi decidida por consenso.

Com esse acordo, os líderes do MDB matam três coelhos com uma só cajadada. Primeiro, fazem uma transição no comando partidário, dando a Roseana Sarney a oportunidade de presidir o partido em substituição a João Alberto, que o preside desde que o Grupo Sarney assumiu o controle da legenda no estado, no início dos anos 90 do século passado. Segundo, a ala jovem do partido mantém o espaço que já conquistou ao confirmar Roberto Costa como 1º vice-presidente. E terceiro: ao entregar o comando a Roseana Sarney, na provável convenção de junho, o partido a trará de volta ao epicentro do cenário político, apostando que ela poderá liderar a agremiação com eficiência na corrida eleitoral do ano que vem.

A reunião de ontem foi possível depois de uma série de conversas prévias travada pelo atual vice-presidente Roberto Costa, hoje o principal articulador do braço maranhense do MDB, com Roseana Sarney – com quem tem estreitado as relações e definido metas -, com o ex-senador João Alberto e com o deputado federal Hildo Rocha, que vinha se movimentando com inclinação para rompimento, chegando a anunciara disposição para disputar o comando partidário, chegando mesmo a se colocar como candidato a governador pelo partido. Essas conversas quebraram eventuais arestas e contribuíram para a afinação do discurso emedebista. E nesse ambiente, a ala jovem se consolidou como o braço mais avançado do cenário onde o que restou do Grupo Sarney tenta se reorganizar como um grupo político com potencial de crescimento.

As conversas produziram o entendimento segundo o qual o partido não chegará a lugar algum com as suas forças desarticuladas num cabo de guerra com diversas pontas. Se deram conta de que, mesmo sem o peso de antes, a ex-governadora Roseana Sarney é uma liderança forte, que pode ainda dar uma grande contribuição ao fortalecimento do partido. Tanto que o projeto de ela se candidatar a uma cadeira na Câmara Federal para funcionar como “puxadora de votos” está de pé, mas pode ser mudado se o partido resolver lançá-la ao Senado ou ao Palácio dos Leões. O passo inicial para o retorno da ex-governadora ao centro da ciranda política é demonstrar liderança assumindo a presidência do MDB, apoiada pelas lideranças tradicionais e tendo o suporte expressivo e aguerrido da ala jovem do partido.

Nesse contexto, o deputado Roberto Costa segue em frente como articulador, também movido pela condição de mais forte sucessor de Roseana Sarney no comando do partidário. Eles estiveram em campos opostos nos desentendimentos internos, mas logo compreenderam que os dois são importantes para o MDB, melhor ainda atuando em sintonia. Isso porque a ex-governadora representa prestígio político e eleitoral, enquanto o deputado e atual 1º vice encarna a visão aberta da nova geração do partido, além de ser o seu interlocutor mais destacado, e com a vantagem a mais: tem trânsito em todas as correntes partidárias do estado.

Tudo indica que o MDB do Maranhão está finalmente pacificado, com as suas correntes atuando em sintonia, o que poderá ser um poderoso diferencial na corrida eleitoral que se aproxima.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Dino critica falas de Bolsonaro e aponta caos e indefinições no Ministério da Saúde

Flávio Dino reage às declarações de Jair Bolsonaro sobre pandemia do coronavírus

O governador Flávio Dino (PCdoB) voltou, ontem, em entrevista à CNN, a se posicionar com firmeza em relação às declarações disparatadas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e da completa desarticulação do Ministério da Saúde em relação ao caos que ameaça se instalar no País por falta de um comando articulado no combate ao novo coronavírus.

O governante maranhense criticou duramente a declaração do presidente da República segundo a qual, ao decretarem medidas de distanciamento, como o lockdown ou toque de recolher noturno, por exemplo, governadores e prefeitos estariam tolhendo a liberdade das pessoas.

– O presidente voltou a dizer que os governadores estão ameaçando a liberdade. O que mais ameaça à liberdade é a morte. E, portanto, é uma falácia opor saúde e economia, é uma atitude irresponsável – declarou.

E ao referir à troca de ministro da Saúde num momento tão grave da pandemia, situação que prejudica gravemente o trabalho desenvolvimento pelos estados e pelas prefeituras, Flávio Dino disparou:

– Quem é o ministro da saúde? Não temos nem com quem dialogar. O país está, em meio ao caos, sem ministro da saúde. Tem dois e não tem nenhum.

E diante da insistência do presidente da República em questionar os números da pandemia no Brasil, o governador do Maranhão reagiu com indignação:

– Essa afirmação disparatada, insana, do presidente da República, equivaleria a dizer que os médicos estão assinando atestados de óbitos falsos. E isso é muito grave.

 

Roteiro de Dino agitou movimentos de Weverton e Brandão

Carlos Brandão e Weverton Rocha:  atos ajustados pelo roteiro de Flávio Dino

Assunto principal da Coluna do dia 12/03, o roteiro do processo escolha de candidatos majoritários dentro da aliança governista, revelado no dia 11 pelo governador Flávio Dino, em entrevista à TV Mirante, serviu de ponto de partida para os aspirantes ao Palácio dos Leões, especialmente o senador Weverton Rocha (PDT) e o vice-governador Carlos Brandão (PSDB). Os dois se fixaram na previsão de que a escolha poderá se dar no final deste ano, e começaram a definir estratégias para viabilizar seus nomes. Weverton Rocha está turbinando suas forças no rádio, na TV e na blogosfera, enquanto Carlos Brandão, que não conta com estrutura de mídia, intensifica seus encontros com parlamentares, prefeitos, chefes partidários e líderes regionais e comunitários. Isso significa dizer que a medição de forças será intensificada de agora por diante até dezembro.

São Luís, 19 de Março de 2021.