Primeiras pesquisas indicam rumos que a corrida ao Palácio dos Leões pode tomar

Roseana Sarney, Weverton Rocha. Carlos Brandão e Roberto Rocha são os mais citados, mas as duas pesquisas comportam diferentes leituras e interpretações

As duas primeiras pesquisas (Exata, contratada pelo programa “Ponto & Vírgula”, da Rádio Difusora, onde o PDT dá as cartas, e Escutec, contratada por O Estado do Maranhão, pertencente aos Sarney), feitas para medir o início da corrida ao Palácio dos Leões nas eleições do ano que vem, desenharam praticamente o mesmo cenário: a ex-governadora Roseana Sarney (MDB) arrancando na frente, seguida do senador Weverton Rocha (PDT), do vice-governador Carlos Brandão (PSDB) e do senador Roberto Rocha, desenhando um contexto também mesclado por nomes como o ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr. (PDT) e o deputado federal Josimar de Maranhãozinho (PL), entre outros. Os percentuais de preferência, todos abaixo dos 30%, assim como os expressivos números de indecisos e de rejeição a todos, mostraram que o campo está aberto, permitindo previsões e ilações de todos os vieses, até mesmo a possibilidade, muito pouco provável, do surgimento de um outsider no tabuleiro nos meses que restam para a definição formal de candidaturas. Liderança sólida mesmo só a posição do governador Flávio Dino (PCdoB), que não tem adversário na disputa para o Senado, uma situação previsível e que reúne todas as condições para se confirmar na campanha e nas urnas.

Na pesquisa Exata – que curiosamente não incluiu o senador Roberto Rocha (sem partido) como opção para o Governo do Estado -, Roseana Sarney aparece com 30% das intenções de voto, seguida por Weverton Rocha, que aparece com 20%, seguido de Edivaldo Holanda Jr. (10%), Josimar de Maranhãozinho (7%), Carlos Brandão (6%) e Lahesio Bonfim (5%), com 9% rejeitando todos os nomes e 13% de indecisos. Em cenário sem Roseana Sarney, Edivaldo Holanda Jr. e Lahesio Bonfim, a pesquisa Exata mostra Weverton Rocha com 32%, seguido de Carlos Brandão (16%), Josimar de Maranhãozinho (13%), mas com 20% dizendo não querer nenhum deles e 19% declarando-se indecisos. Ou seja, mesmo indicando a boa posição do senador Weverton Rocha, os cenários trouxeram um recado claro: os que querem mesmo chegar ao Palácio dos Leões terão que trabalhar até as eleições.

A pesquisa Escutec foi mais longe na investigação das preferências. Primeiro estimulando o eleitor a escolher entre nada menos que 12 nomes, e o resultado foi o seguinte: Roseana Sarney (23%), Weverton Rocha (14%), Edivaldo Holanda Jr. (13%), Carlos Brandão (9%), Roberto Rocha (8%), Eliziane Gama (3%), Wellington do Curso (3%), Simplício Araújo (2%), Márcio Jerry, Lahesio Bonfim, Josimar de Maranhãozinho e Felipe Camarão com 1% cada. E depois excluindo oito nomes e focando em quatro, com os seguintes resultados: Roseana Sarney (29%), Weverton Rocha (20%), Carlos Brandão (12%) e Roberto Rocha (11%), com 18% de “nenhum” e 10% de indecisos. Em outro cenário, com apenas três nomes, sem Roseana Sarney, encontrou o seguinte: Weverton Rocha (25%), Carlos Brandão (15%) e Roberto Rocha (13%), revelando 30% de “nenhum” e 17% de indecisos.

As pesquisas mostram que, mesmo distanciada da política e de ter manifestado intenção de se candidatar à Câmara Federal, Roseana Sarney alimenta ainda um bom cacife, mas sem a indicação de que tenha potencial para crescer, o que sugere que dificilmente irá além dos 30% em qualquer situação. Já o senador Weverton Rocha, que vem embalado por um poderoso suporte de mídia, aparece com potencial de crescimento, o mesmo acontecendo com seu principal adversário, Carlos Brandão, que não dispõe de estrutura midiática. A vantagem que o senador tem sobre o vice-governador nos vários cenários não significa muita coisa nessa fase de “aquecimento” para a corrida propriamente dita. Ignorado pela pesquisa Exata, o senador Roberto Rocha, por sua vez, dá sinais de vida na pesquisa Escutec, aparecendo com 8%, 11% e 13%, dependendo do leque de adversários, cacifes nada desprezíveis

Ciente de que os tempos são outros e que, na ciranda da política, distância prolongada do poder desfaz prestígio, Roseana Sarney certamente saboreou a liderança nas duas pesquisas, mas, especialista que é no assunto, já deve ter feito e refeito as contas e certamente concluído que numa campanha para valer dificilmente irá além dos 30 pontos percentuais. Traduzindo: a liderança não a estimulou a pensar realmente em candidatar-se ao Governo.

O senador Weverton Rocha certamente se animou com as duas pesquisas, mas não tanto quanto gostaria. Menos pela posição de Roseana Sarney, mais pelos números de Carlos Brandão, sobre quem aparece com vantagem razoável, mas não segura a ponto de achar-se numa liderança consolidada. E o sinal de alerta, tanto para o senador quanto para o vice-governador, está nos percentuais dos que não querem nenhum dos nomes mostrados na pesquisa e de indecisos, que num cenário da pesquisa Escutec com Roseana Sarney somam 28%, e noutro, sem ela, a soma dispara para 47%. E a velha lógica da política ensina que quem tiver competência para convencer essa turma vencerá a eleição.

Em Tempo: A pesquisa Exata ouviu 1.403 pessoas, entre 11 e 14 de março, com margem de erro de 3,2 pontos percentuais, para mais ou para menos, e nível de confiança de 95%. A pesquisa Escutec ouviu 1.400 eleitores entre os dias 20 e 23 de março, tem margem de erro de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, e nível de confiança de 90%.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Dino elogia correção de Brandão em ato de lançamento de obras em Caxias

Entre Carlos Brandão e Fábio Gentil à esquerda e Cleide Coutinho e Adelmo Soares à direita, Flávio Dino une contrários e prestigia Caxias

Numa audiência em que anunciou um pacote de obras para Caxias, o governador Flávio Dino reafirmou confiança plena no vice-governador Carlos Brandão (PSDB). Ele se manifestou na presença do prefeito de Caxias, Fábio Gentil (Republicanos que pode migrar para o PSDB), dos deputados estaduais Cleide Coutinho (PDT) e Adelmo Soares (PCdoB) e do secretário estadual de Turismo, Catulé Jr.. No ato, Flávio Dino informou que seu Governo ampliará o prédio de Ciências da Saúde da UEMA, implantará um Restaurante Popular, um parque ambiental e construirá uma Praça da Família, investimentos que ultrapassam R$ 15 milhões.

Na sua fala, o governador Flávio Dino dirigiu-se diretamente ao vice-governador Carlos Brandão, lembrando que, ao entrar na política, 15 anos atrás, recebeu em Caxias o apoio dos líderes Humberto Coutinho e Cleide Coutinho. Os dois apoiavam Carlos Brandão, que abriu mão daquele apoio para que o então ex-juiz Flávio Dino pudesse viabilizar sua candidatura tendo Caxias como base forte.

– Quem ia ter o apoio do grupo liderado pelo Humberto era o Brandão, e ele num gesto de cortesia, de amizade e de fraternidade. Na época, se dirigiu ao então governador Zé Reinaldo e disse que concordava que houvesse essa inserção minha na política eleitoral, a partir da cidade de Caxias. Brandão tem sido correto comigo nesses anos todos, desde esse momento inaugural, em 2006, e agora no exercício do Governo – assinalou Flávio Dino.

O governador também voltou a afirmar que deixa o Governo em abril do próximo ano certo de que Carlos Brandão, que assumirá o comando do Poder Executivo, continuará as obras por ele deixadas.

Uns viram na manifestação do governador quase que uma declaração de apoio ao projeto sucessório do vice-governador, enquanto que outros entenderam a fala como um recado aos adversários de Carlos Brandão.

 

Edivaldo Jr. pode ter voo travado se continuar dependendo das decisões da cúpula do PDT

Edivaldo Holanda Jr.: com bom cacife, mas sem futuro claro no PDT

Curiosa e complicada, sob todos os aspectos e vieses, a situação do ex-prefeito de São Luís, Edivaldo Holanda Jr., dentro do PDT, cidadela partidária de domínio absoluto e indiscutível do senador Weverton Rocha. O ponto central da complicação está no fato de que, a menos que o senador arquive o seu projeto de suceder o governador Flávio Dino (PCdoB), o ex-prefeito não terá a mínima chance de vir a ser o candidato pedetista ao Palácio dos Leões pelo partido. E a explicação é óbvia, pois em qualquer situação em que Weverton Rocha colocar sua candidatura o partido o apoiará, ainda que com algumas dissenções irrelevantes.

Ao ex-prefeito de São Luís restarão poucas e remotas alternativas como membro do PDT, levando-se em conta a candidatura de Weverton Rocha ao Governo fora de uma aliança com o (PCdoB). A primeira seria candidatar-se a senador, mas aí teria de enfrentar Flávio Dino, o que seria caminhar para o abismo. A segunda, entrar como candidato a vice de Carlos Brandão (PSDB) numa chapa da aliança dinista, o que em princípio é uma ficção. Fora disso, resta-lhe o plano proporcional, com chances reais de eleger-se deputado federal.

Por outro lado, Edivaldo Holanda Jr. só poderá alçar voo próprio e ser candidato a qualquer mandato majoritário ou proporcional se deixar o PDT e assumir o controle de um partido, como o quase inexistente PTC, no qual se elegeu prefeito em 2012. Não é sem razão que o controle dessa legenda no Maranhão continue com seu pai, o deputado estadual Edivaldo Holanda, sugerindo uma espécie de “reserva técnica” para situações excepcionais.

Nos bastidores, são frequentes as conversas dando conta de que o ex-prefeito de São Luís analisa com cuidado a possibilidade de mudar de partido. Nada há de concreto nessa direção, mas poucos políticos experientes acreditam que, com o cacife que acumulou, Edivaldo Holanda Jr. fique de braços cruzados esperando, conformado, que o chefe maior do PDT decida seu destino.

São Luís, 30 de Março de 2021.

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