Arquivos mensais: junho 2019

Conversa de Dino com Sarney não produziu vencedor nem vencido, mas reduziu a largura do fosso e abriu janela

 

Flávio Dino e José Sarney: nenhum ganhou ou perdeu com a conversa que mantiveram na semana passada

Flávio Dino (PCdoB) não se curvou a José Sarney (MDB) nem José Sarney (MDB) se dobrou a Flávio Dino. Não houve vencedor nem vencido, beneficiado ou prejudicado no encontro dos dois líderes, realizado quarta-feira, em Brasília, no qual conversaram sobre a instabilidade política e institucional do País, segundo informou o governador numa mensagem sucinta na sua conta no twitter. Os dois terminaram a conversa – que durou cerca de duas horas – nas mesmas posições que sempre ocuparam no cenário político maranhense, onde lideram forças adversárias em permanente estado de confronto. A diferença é que José Sarney é um gigante político que ao longo de sete décadas esteve no olho do furacão político nacional, como deputado federal, governador, senador, presidente do Congresso Nacional e presidente da República, alcançando o raro status de referencial  político da Nação, enquanto Flávio Dino, menos de duas décadas depois de entrar formalmente na política como deputado federal, vem ganhando dimensão nacional como governador eleito e reeleito e com possibilidade real de vir a ser candidato a presidente da República.

Flávio Dino não foi ao encontro de José Sarney em busca de conciliação no sempre explosivo campo político maranhense nem buscar conselho ou orientação a respeito de como governar. Ele se reelegeu governador em turno único liderando uma aliança de 16 partidos, conta com o apoio de 36 dos 42 deputados estaduais, de 12 dos 18 deputados federais e de dois dos três senadores maranhenses, além de dois terços dos 217 prefeitos e de centenas de vereadores, o que lhe dá posição indiscutível de liderança sólida que independe do apoio do ex-presidente Sarney ou de qualquer outra liderança do estado. Essa posição está consolidada pelos bons resultados da sua administração, marcada por um rígido equilíbrio entre receita e despesa e por fortes investimentos em programas sociais, notadamente em educação, saúde e segurança. Esse conjunto de fatores, associado a uma ação política permanente, na qual se destaca óbvia coerência em relação a princípios políticos e viés ideológico, o tornou uma das mais destacadas lideranças nacionais, com espaço consolidado e crescente num vasto espectro que vai do centro à esquerda, onde começa a ser apontado como opção para disputar a Presidência da República.

José Sarney não carece do apoio de Flávio Dino. Político de centro-direita, mas pouco identificado com a direita liberal, tem posição consolidada como líder no cenário nacional. Com exceção da presidência da República, que ocupou depois de ter sido eleito vice de Tancredo Neves (MDB) em eleição indireta no Colégio Eleitoral do Congresso Nacional, Sarney conquistou todos os seus mandatos pelo voto direto. É hoje o maior nome do MDB e uma espécie de oráculo político nacional, e cujo item mais destacado do seu lastro é ter comandado, como presidente da República, a redemocratização do País, tendo inclusive tirado o PCdoB da clandestinidade. No que respeita ao Maranhão, seu Governo foi o marco que colocou o estado nos trilhos da modernidade, rendendo-lhe um comando político que durou cinco décadas.

Não se duvida de que a conversa tenha enveredado também por temas maranhenses – como o Porto do Itaqui e a abertura do Centro de Lançamento de Alcântara para exploração comercial, por exemplo – que interessam aos dois líderes na mesma medida. Mas também é rigorosamente certo que o tema central foi a instabilidade política e institucional instalada no País com a eleição de Jair Bolsonaro (PSL) e a instalação do Governo dele. É também verdadeira a avaliação de que Flávio Dino e José Sarney concordam nesse item, já tendo ambos se manifestado várias vezes sobre o assunto, em diferentes tons, mas com graus aproximado de preocupação.

É difícil prognosticar se essa conversa terá desdobramentos, mas é lícito afirmar que, embora o fosso que separa Flávio Dino de José Sarney ainda seja muito largo e profundo, o encontro abriu uma janela por meio da qual eles possam vir a se comunicar novamente. Por enquanto é somente isso.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Weverton Rocha joga confetes em Osmar Filho e coloca dúvidas sobre o acordo PDT/DEM em São Luís

Weverton Rocha avalizou a pré-candidatura de Osmar Filho à Prefeitura de São Luís

Mais um petardo foi disparado na direção do projeto de acordo entre o PDT e o DEM para o lançamento da candidatura do deputado estadual democrata Neto Evangelista à Prefeitura de São Luís. Desta vez foi o próprio chefe maior do PDT, senador Weverton Rocha quem apertou o gatilho ao afirmar que o presidente da Câmara Municipal, vereador Osmar Filho (PDT), tem o seu aval para se lançar pré-candidato a prefeito de São Luís. Quem conhece Weverton Rocha sabe que ele dificilmente faria tal manifestação se o acordo com Neto Evangelista já estivesse devidamente amarrado, como têm afirmado algumas vozes jornalísticas. Weverton Rocha já provou que é um jogador habilíssimo, que sabe onde pisa e que dificilmente cometeria um erro tão primário. Ao avalizar os movimentos de Osmar Filho, o presidente estadual do PDT avisa que o cenário ainda está sendo desenhado, sendo precipitação das grandes apontar uma candidatura irreversível faltando um ano para as convenções que confirmarão, ou não, as candidaturas à sucessão do prefeito Edivaldo Holanda Jr. (PDT).

 

Presidente continua “brindando” os brasileiros com declarações grotescas

Jair Bolsonaro: uma impropriedade verbal atrás da outra

Se continuar nesse ritmo, dizendo uma impropriedade atrás da outra, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) poderá se encrencar em pouco tempo. Ontem, por exemplo, na entrevista coletiva que deu antes de deixar o Japão, onde participou da reunião do G-20, ele brindou os brasileiros com duas pérolas.

A primeira: ao ser indagado sobre a prisão de assessores do ministro do Turismo, Marcelo Álvares, que é deputado federal pelo PSL e está encrencado por fortes suspeitas de ter desviado dinheiro do Fundo Eleitoral com candidaturas fajutas de mulheres, o presidente reagiu dizendo que estão querendo atingi-lo e que vai “determinar” à Polícia Federal que investigue o caso. A resposta não teve pé nem cabeça, pois a Polícia Federal prendeu os três assessores por ordem judicial, e depois, como presidente, ele não pode “mandar” a PF, que é polícia judiciária e só atua sob as ordens da Justiça.

A segunda: sobre a prisão do sargento da Aeronáutica que foi preso na Espanha com 39 quilos de cocaína no avião da FAB que dava apoio à comitiva presidencial na viagem ao Japão, o presidente extrapolou todos os limites da incoerência para o discurso de um chefe de Estado. Ao externar sua indignação como militar-bandido, Jair Bolsonaro desejou que ele “tivesse sido preso na Indonésia”, onde, há dois anos, dois brasileiros presos por tráfico de cocaína foram condenados à morte e executados por pelotões de fuzilamento. A resposta grotesca do presidente da República causou mal-estar no País.

São Luís, 30 de Junho de 2019.

 

Natalino Salgado vence consulta na UFMA e depende agora da escolha de Bolsonaro para ser reitor pela terceira vez

 

Natalino Salgado votou confiante de que seria o líder da lista para reitor da UFMA

O ex-reitor Natalino Salgado Filho foi o grande vencedor da consulta prévia para a composição da lista tríplice com base na qual o presidente da República, Jair Bolsonaro, por indicação do ministro da Educação, Abraham Weintraub, nomeará o reitor que comandará a Universidade Federal do Maranhão (UFMA) no quadriênio 2019-2023. Ele recebeu 49,49% dos votos da comunidade universitária – formada por professores, estudantes e funcionários da instituição. A lista tríplice será completada pelos professores João de Deus (24,23%) e Ridvan Nunes (16,94%) – o professor Welbson Madeira recebeu apenas 7,54% dos votos. No mesmo processo eleitoral, o professor Alan Kardek Barros Filho obteve 32,17% dos votos na disputa para vice-reitor, liderando a lista da qual constará também os professores Luciano da Silva Façanha (23,56%) e Marcos Fábio Belo Matos (13,06%). A lista seguirá para o Ministério da Educação, e o novo reitor será nomeado em até 90 dias.

Nenhuma surpresa na consulta na UFMA. Desde que se lançou candidato, o médico Natalino Salgado, que é professor PHD do Departamento de Medicina, despontou como franco favorito. Ele entrou na disputa com o amplo e sólido lastro formado por dois mandatos consecutivos de reitor (2007-2015), período em que comandou uma gestão por muitos classificada como excepcional, a começar pelo fato de que transformou os oito campi da instituição, principalmente o de São Luís (Dom Delgado) em verdadeiros canteiros de obras. Na mesma pisada ampliou o quadro de professores, promoveu ousadas mudanças administrativas e chegou ao ponto de travar uma guerra contra a poderosa Apruma, incentivando a criação de um sindicato que não fosse controlado pela esquerda e fosse mais flexível na mesa de negociações, pelo que quase foi satanizado.

Nos seus oito anos de mandato, Natalino Salgado colocou em prática o longo aprendizado administrativo que obteve à frente do Hospital Universitário, que sob seu comando foi transformado em hospital de referência no atendimento a crianças, ganhando projeção regional e até nacional pela qualidade nos tratamentos que oferece. Como reitor da UFMA, ele primou pela eficiência, dando à instituição novo ritmo administrativo, deixando claro que o objetivo era a obtenção de resultados. O campus Dom Delgado foi cercado, as avenidas que o cortam foram pavimentadas e sinalizadas, novos prédios forem erguidos, a segurança – que era precária – foi reforçada e, na avaliação de muitos, a qualidade do ensino melhorou em todas as áreas. Para tanto, comprou briga com grupos e desmontou nichos que controlavam diversos segmentos na estrutura da instituição. Investiu forte na interiorização, obtendo resultados surpreendentes, como a implantação do Curso de Medicina em Pinheiro e da TV UFMA, por exemplo. Concluiu o segundo mandato exibindo força política ao eleger a professora Nair Portela sua sucessora, que sem o seu suporte político dificilmente se elegeria. Para surpresa de muitos, Nair Belo apoiou o candidato João de Deus, segundo colocado.

Quem conhece os bastidores da UFMA sabe que os festejados resultados dos seus dois mandatos não foram obtidos com passes de mágica nem com mesuras do MEC. Natalino Salgado atuou como um gestor pragmático, que se transformou num executivo ousado e determinado a alcançar objetivos. Naquele período, empreendeu uma cruzada obstinada e incansável pelos gabinetes do MEC e outros ministérios em busca de recursos, procurando, ao mesmo tempo, o apoio da bancada federal para os pleitos que protocolava nos ministérios. Sua desenvoltura o colocou em destaque no MEC e no colégio de reitores, no qual teve atuação destacada como voz ativa na defesa de mais recursos para as universidades federais.

Agora, com quase metade dos votos, e com o dobro sobre o segundo colocado, Natalino Salgado inicia a última e mais complicada etapa da corrida ao gabinete principal da Reitoria da UFMA: conseguir a nomeação do presidente da República, que passa pela indicação do ministro da Educação. O presidente pode escolher qualquer um da lista tríplice, mas no Brasil a tradição é escolher o mais votado, e Jair Bolsonaro a manteve ao nomear recentemente a mais votada para a Reitoria da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Longe das querelas políticas e ideológicas, Natalino Salgado é um caso típico de puro pragmatismo, que o permite se relacionar bem em todas as searas, independentemente da cor partidária ou ideológica, porque o seu foco é a gestão de resultados. Seu nome seguirá para Brasília como franco favorito, mas seus partidários sabem que os novos donos do poder em Brasília são movidos pela imprevisibilidade.

Se for nomeado, terá um desafio gigantesco pela frente: garantir a sobrevivência e a dinâmica da UFMA  – são 91 cursos de graduação, oito à distância, sete cursos de doutorado, 27 de mestrado, cerca de 17 mil alunos de graduação e pós-graduação, 1.430 professores e mil 1.660 servidores – diante da ameaça de um contingenciamento de R$ 30 milhões dos seus recursos orçamentários que, na avaliação da reitora Nair Portela, obrigará a instituição a fechar cursos e suspender serviços importantes prestados à comunidade.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Othelino Neto e Roberto Costa interpretam corretamente a conversa de Dino com Sarney

Othelino Neto e Roberto Costa: interpretações corretas do encontro de Dino com Sarney

Não surpreendeu a reação positiva – algumas entusiasmadas – de deputados estaduais em relação ao encontro do governador Flávio Dino (PCdoB) com o ex-presidente José Sarney (MDB), na quarta-feira, em Brasília, que durou duas horas e reduziu drasticamente o gigantesco fosso que os separava. Elogiaram o episódio os deputados Marco Aurélio (PCdoB), Neto Evangelista (DEM), Duarte Jr (PCdoB), Fábio Macedo (PDT), Edivaldo Holanda (PTC), Zito Rolim (PDT), Thaiza Hortegal (PP) e Daniella Tema (DEM), mas as reações mais expressivas partiram do presidente Othelino Neto (PCdoB) e do deputado Roberto Costa (MDB).

O presidente Othelino Neto foi sucinto, sem confetes nem serpentinas, mas sua fala traduziu com perfeição o encontro Dino-Sarney.  “Essa conversa extrapola as diferenças políticas locais quando um e outro, com a importância política que cada um tem, se dispõe a deixar as questões paroquiais de lado e discutir soluções para o País”, disse o presidente da Assembleia Legislativa, numa interpretação correta e sem afetação do encontro políticos que surpreendeu e agitou os arraiais políticos maranhenses. O presidente da Assembleia Legislativa deixou implícita na sua fala o recado segundo o qual ninguém deve entender o encontro como o fim da guerra política no Maranhão, mas apenas como um momento que dá a ela um norte mais civilizado.

Por sua vez, o deputado Roberto Costa falou em tom de comemoração.  “Este encontro é histórico, não apenas para o Maranhão, mas para o Brasil, e é uma demonstração de amadurecimento político que o país precisa para que a gente possa debelar todas as crises que no momento assolam o País”, declarou o parlamentar emedebista. Com as suas palavras, Roberto Costa ampliou o raio de importância da conversa Dino-Sarney, chamando atenção para a premissa segundo a qual uma trégua entre contrários pode abrir caminhos para solucionar crises. Roberto Costa traduziu fielmente sua posição dentro do MDB maranhense, onde defende uma Oposição firme, mas flexível em relação ao Governo Flávio Dino, linha que ele adotou e vem conseguindo bons resultados, apesar das críticas e pressões que enfrenta dentro do seu próprio partido, por parte de setores emedebista que continuam com sangue nos olhos e faca nos dentes.

O deputado Wellington do Curso (PSDB) inverteu a lógica, enxergando no encontro, ora uma capitulação do governador ao ex-presidente, ora suspeitando de que um “golpe” estaria em andamento. O fato é que, provavelmente por açodamento, que é uma das suas marcas, o parlamentar tucano enveredou por uma interpretação francamente equivocada, perdendo assim uma oportunidade excepcional de criticar o encontro por uma linha mais inteligente, acima do lugar-comum da pancadaria verbal pura e simples.

 

Audiência em Comissão da Assembleia Legislativa mostra que a Caema é caso sem solução

Entre os deputados Rafael Leitoa (PDT) e Dr. Yglésio (PDT), Carlos Rogério traçou um perfil dramático, mas otimista, da Caema na Comissão de Saúde da Alema

Além de ser a empresa de saneamento responsável pelo fornecimento de água potável a milhões de maranhenses, a começar pela população de São Luís, a Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão, por todos conhecida como Caema, é uma engrenagem ineficiente e perdulária, que presta um serviço de má qualidade e amarga déficits colossais num estado de finanças frágeis como o Maranhão. Isso ficou muito claro em audiência realizada quarta-feira (26), na Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa do Maranhão, onde o seu diretor-presidente, engenheiro Carlos Rogério Araújo, falou sobre a situação da empresa e, em especial, sobre a falta de água em 80 bairros, duas semanas atrás, por conta de problemas na rede do Sistema Italuís.

Na presença dom presidente do vice-presidente da Comissão,   deputado Dr. Yglésio (PDT ), e dos deputados Rafael Leitoa (PDT), Fernando Pessoa (SD), Adriano Sarney (PV), Wellington do Curso (PSDB), César Pires (PV), Adelmo Soares (PCdoB), Ariston Sousa (Avante), Helena Dualidade (SD), Pastor Cavalcante (Pros), Marco Aurélio (PCdoB), Vinicius Louro (PL) e Duarte Júnior (PCdoB), o diretor-presidente desenhou uma radiografia dramática  empresa: um déficit mensal de R$ 22 milhões, uma folha mensal de R$ 10 milhões (cerca de 500 funcionários) e dívidas que totalizam R$ 800 milhões, e com necessidade de R$ 80 milhões para quitar apenas dívidas trabalhistas. A Caema, segundo o diretor-presidente, opera em 123 municípios e convive com um a realidade dramática: quase 60% da água potável que produz é desperdiçada, num cenário em que a média nacional de desperdício é de 37%.

Como se vê, problemas de difíceis soluções.

São Luís, 28 de Junho de 2019.

 

Flávio Dino e José Sarney se desarmam e conversam por duas horas sobre os riscos que corre a democracia no Brasil

 

Flávio Dino e José Sarney: desarmados para uma conversa de líderes sobre os riscos que ameaçam a democracia no Brasil sob o Governo de Jair Bolsonaro

O governador Flávio Dino (PCdoB) e o ex-presidente José Sarney (MDB) negociaram um armistício, colocaram suas armas nos   coldres para travar uma conversa de políticos civilizados, de estadistas, apesar do fosso político e ideológico que os separa. Ontem, ao longo de duas horas – das 15h às 17h -, em Brasília, o governador expôs ao ex-presidente suas impressões e preocupações sobre a instabilidade política e o risco de uma grave crise institucional que ameaçam a democracia brasileira – restaurada na segunda metade dos anos 80 do século passado   com a Nova República, que nasceu com o fim da ditadura, liderada pelo então presidente José Sarney – e ouviu as impressões dele sobre o cenário preocupante. O encontro foi iniciativa do governador do Maranhão, que já teve a mesma conversa com os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso (PSDB), com quem esteve há três semanas em São Paulo, e Lula da Silva (PT), a quem visitou há duas semanas, na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba (PR), onde se encontra preso há quase dois anos.

O encontro de Flávio Dino com José Sarney, assim como os que ele manteve com FHC e Lula da Silva, reforça a suspeita de que a democracia brasileira corre risco de ruptura, com agressões frequente ao estado democrático de direito, uma preocupação já manifestada pelos dois líderes em outros momentos recentes. Mais do que os demais ex-presidentes, José Sarney tem grande responsabilidade pela estabilidade política e institucional do País, não apenas por ter sido o presidente que restaurou a democracia, mas também por ser hoje o decano entre os políticos brasileiros, e tem demonstrado fortes preocupações com o cenário em evolução no País. Logo, o fato de Flávio Dino tê-lo procurado para conversar sobre a situação do País obedece a uma lógica inteligente e mostra que o governador é um político bem maior e com horizonte bem mais largo do que se imagina.

Adversários figadais na política maranhense, onde têm travado duros embates nas urnas e fora delas, Flávio Dino e José Sarney têm pouco em comum nos campos político e ideológico. O primeiro tem sólida formação de esquerda, mas sabe que a democracia representativa – seja parlamentarista ou presidencialista -, é o melhor sistema, tanto que já disputou cinco eleições, perdeu duas e venceu três. O segundo tem sólida formação de centro-direita, pouco afeito ao liberalismo implantado pelos governos FHC e agora restaurado, numa versão mais agressiva, pelo Governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL), e já disputou 13 eleições, venceu todas.  Mas um ponto os liga: Flávio Dino e José Sarney são democratas de carteirinha, por convicção, tendo ambos construído suas carreiras pelo voto direto e secreto, e que por isso não simpatizam nem um pouco com os riscos de guinadas autoritárias que estão se desenhando no campo político nacional.

“Hoje conversei com o ex-presidente José Sarney sobre quadro nacional. Apresentei a ele a minha avaliação de que a democracia brasileira corre perigo, em face dos graves fatos que estamos assistindo. Já estive com os ex-presidentes Lula e Fernando Henrique, com a mesma preocupação”, anunciou Flávio Dino na sua conta no twitter, manifestando-se com a já conhecida e desconcertante sinceridade. Mais do que outros líderes da nova geração, Flávio Dino tem sido um crítico implacável da direita reacionária representada pelo presidente Jair Bolsonaro. E o faz com declarações duras, mas todas dentro dos limites da civilidade política. Além disso, tem tido a grandeza política de respeitar as diferenças e demonstrar, com seus gestos, que é um político muito acima da média, que faz Oposição com equilíbrio sem fechar portas para uma relação institucional. José Sarney sempre atuou com o mesmo viés.

Finalmente, vale registrar que a conversa não envolveu o Maranhão, sobre o qual os dois têm visões e posições bem diferentes, e pelo qual continuarão se digladiando no bom e saudável combate das diferenças que alimentam a democracia.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Após veto e ampla negociação, Roberto Costa consegue aprovar lei que dá a diabéticos prioridade em fila

Roberto Costa conversa com o presidente Othelino Neto e com Edivaldo Holanda sobre o projeto poucos antes da votação, que obteve a unanimidade dos votos

Em pouco tempo, maranhenses que sofrem de diabetes terão prioridade no atendimento em órgãos públicos, estabelecimentos comerciais e instituições financeiras, assim como idosos, gestantes e deficientes físicos. Esse direito nasceu ontem com a derrubada, pela Assembleia Legislativa, de veto governamental ao Projeto de Lei Nº 127/2018, de autoria do deputado Roberto Costa (MDB). A decisão do plenário da Alema foi fruto de um acordo negociado pelo parlamentar com o Palácio dos Leões, que acatou os seus argumentos e permitiu que os deputados da base governista apoiassem a derrubada do veto.

O PL Nº 127/2018 tem uma trajetória incomum e demonstra o que é o esforço de um parlamentar na busca de um objetivo saudável. A proposição nasceu do relato que o deputado Roberto Costa ouviu de um cidadão, Emilson Cardoso, numa fila de supermercado. Segundo ele, os portadores de diabetes enfrentam sérios problemas em filas demoradas, por conta da hipoglicemia – queda excessiva do nível de glicemia no sangue -, que em casos extremos leva o diabético a perder os sentidos, sofrer desmaios, situações dramáticas que muitas vezes resultam em acidentes com lesões, que podem levar ao come e às vezes à morte. Emilson Cardoso, que é portador da doença e já sofreu situações complicadas em filas, pediu ao deputado que apresentasse um projeto de lei instituindo atendimento prioritário para essas pessoas em locais de atendimento por meio de fila.

O deputado Roberto Costa apresentou o projeto em 2018 e conseguiu que ele fosse aprovado por unanimidade. O Poder Executivo, porém, o considerou inconstitucional e o governador Flávio Dino o vetou. De volta à Alema para a apreciação do veto, o projeto foi reavaliado, tendo o deputado Roberto Costa realizado uma intensa e ampla negociação com os líderes governistas, que dizente dos argumentos do parlamentar emedebista, obtiveram sinal verde do Palácio dos Leões para a derrubada do veto governamental. O desfecho das negociações aconteceu ontem, em sessão comandada pelo presidente Othelino Neto (PCdoB), durante a qual o veto foi derrubado pela unanimidade dos presentes.

– Conseguimos entrar em consenso com o Governo do Estado e todos os deputados. Desde já, agradeço a sensibilidade de todos por uma causa tão nobre. Quem ganha com tudo isso não sou eu, mas dona Maria, o seu João e o Edmilson, que são portadores de diabetes e enfrentam filas e filas e também necessitam de atendimento prioritário -, declarou Roberto Costa, que é de Oposição, mas cuja atuação parlamentar tem sido marcada por uma política de resultados à base de entendimentos.

 

Boa nova: jornalista Marco D`Eça entra na militância política nas fileiras do Cidadania

Jornalista Marco D`Eça

Uma boa nova na política local: o jornalista Marco Aurélio D`Eça deixou a neutralidade política e se filiou ao Cidadania, partido que tem no Maranhão a senadora Eliziane Gama como sua maior estrela e principal referência. Um dos mais brilhantes jornalistas da sua geração, que iniciou carreira como repórter de Polícia de O Estado, no início dos anos 90 do século passado, para logo em seguida ser remanejado para a cobertura política, Marco D`Eça não tardou em se firmar na área, para se tornar, mais do que o competente repórter investigativo, um analista talentoso e de mão cheia. Inquieto e visionário, foi um dos pioneiros da blogosfera maranhense, tornando seu blog um dos mais bem informados e mais lidos do Maranhão. Marco D`Eça é um jornalista saudavelmente indignado e desassombrado, o que o leva às vezes a tomar partido, colocando-se numa tênue fronteira entre a imparcialidade jornalística e a posição de militante político. Hoje um jornalista ainda impetuoso, mas maduro, certamente saberá preservar o distanciamento que o jornalista deve ter do político. Com sua filiação ao Cidadania, Marco D`Eça engrandece o partido que nasceu Partido Comunista Brasileiro, virou Partido Popular Socialista, liderado durante décadas pelo respeitado médico William Moreira Lima, e hoje tenta se reinventar com nova identidade, que preserva o seu viés de esquerda, ainda que em grau moderado. Que o jornalista de excelência se torne um político excelente.

São Luís, 27 de Junho de 2019.

Governador estimula concorrência pela vaga de candidato do seu grupo à sua sucessão em 2022

 

Carlos Brandão, Weverton Rocha, Eliziane Gama, Edivaldo Holanda Jr. e Rubens Jr.: desse grupo pode sair o candidato dinista ao Governo do Estado

“Espero que o próximo governador ou governadora, que pode estar aqui entre nós, cumpra esse objetivo”, declarou o governador Flávio Dino (PCdoB), segunda-feira, no ato em que lançou o programa Nossa Centro, que prevê investimentos de R$ 150 milhões em obras para revitalizar a região central de São Luís. Dita em tom bem humorado e na presença do vice-governador Carlos Brandão (PRB), dos senadores Weverton Rocha (PDT) e Eliziane Gama (Cidadania), do prefeito Edivaldo Holanda Jr. (PDT) e do deputado federal Rubens Pereira Jr. (PCdoB), atual das Cidades e Desenvolvimento Urbano, frase foi interpretada por muitos como um indicador de que o governador começa, de fato, a desenhar o cenário político em que se dará a sua sucessão em 2022. E que, seja como senador, como vice-presidente ou como presidente da República, pretende deixar no Palácio dos Leões um aliado confiável, podendo ser qualquer um dos integrantes do “núcleo duro” com o qual comanda o Governo e a aliança de 16 partidos que lhe dá suporte político. Com o movimento, Flávio Dino estimula a “concorrência” pela vaga de candidato.

Todas as avaliações feitas nos últimos tempos, tanto na Situação quanto na Oposição, remetem para a conclusão de que o governador Flávio Dino pretende mesmo escolher um dos seus aliados mais próximos para lançar como candidato à sua sucessão. Até agora, os mais badalados são o vice-governador Carlos Brandão e o senador Weverton Rocha. Fala-se muito também na senadora Eliziane Gama e no prefeito Edivaldo Holanda Jr., e do deputado federal Rubens Pereira Jr. Todos são potencialmente candidatos, uns com cacife político gordo e outros nem tanto, mas é dominante a impressão de que, embalado pela força política do governador Flávio Dino e o suporte da aliança partidária, qualquer um deles tem chances   reais de sair das urnas eleito em 2022.

O vice-governador Carlos Brandão não esconde a sua pré-candidatura e dedica todo o seu tempo livre às articulações que aos poucos vão lhe dando gás para seguir em frente. Cumpre uma agenda intensa de representar o governador em atos e reuniões no estado e em Brasília, comanda missões ao exterior, recebe visitantes quase toda semana é escalado para comandar eventos e inaugurações em nome do titular. Tem o apoio do seu partido, o PRB, presidido pelo deputado federal Cléber Verde, que projeta sair das urnas do ano que vem com uma base formada por pelo menos 30 prefeitos. O vice pode ser, de fato, o candidato dos Leões.

Nessa caminhada, o grande contrapeso de qualquer concorrente é o senador Weverton Rocha, que também não esconde o seu projeto de chegar ao Palácio dos Leões em 2022 e tem atuado intensamente na formação de uma base forte com líderes municipais, tendo como meio a Federação dos Municípios do Maranhão (Famem), agora presidida pelo prefeito de Igarapé Grande, Erlânio Xavier (PDT), que coordenou sua campanha ao Senado. Com atuação forte no Senado e uma movimentação agressiva, o senador, mesmo dizendo que não é hora de falar em candidatura ao Governo, age abertamente como pré-candidato disposto a chegar lá. Reúne as condições para ser o candidato dinista.

A senadora Eliziane Gama entra nesse time por conta do seu cacife político e eleitoral lastreado pelo eleitorado evangélico, pela firme atuação no Senado e pelo alinhamento que tem demonstrado ao governador Flávio Dino. A senadora tem assumido posições desassombradas em relação ao Governo Bolsonaro, fazendo uma Oposição competente e equilibrada Palácio do Planalto, votando contra o decreto das armas, e fazendo duras críticas a outras iniciativas do Governo. Como Weverton Rocha, nada tem a perder disputando o Governo do Estado em 2022.

Nesse contexto, começa a surgir o prefeito Edivaldo Holanda Jr., que deixará o cargo em dezembro de 2020 e terá dois anos para decidir qual o passo político que dará a partir de então. Agora com o lastro de dois mandatos de vereador, meio mandato de deputado federal e dois mandatos de prefeito da Capital, Edivaldo Holanda Jr. entra no roteiro da sucessão estadual como um quadro experimentado nos movimentos do xadrez político e testado como gestor público. Poucos o incluem ainda na relação dos prováveis sucessórios do governador Flávio Dino, mas há quem diga que ele jogará pesado para ser o indicado.

Quando se licenciou da Câmara Federal para assumir a Secretaria das Cidades e Desenvolvimento Urbano, o deputado Rubens Jr. desembarcou na equipe do governador Flávio Dino o nome que o Palácio dos Leões lançaria para a Prefeitura de São Luís. Essa “suspeita” ainda permanece, mas indícios fortes parecem indicar que Rubens Jr. está sendo trabalhado para ser candidato à sucessão do governador.

Com muita habilidade, o governador Flávio Dino está montando um time de boas opções, o que lhe dá a grande vantagem de que, qualquer que venha ser a sua escolha, deixará o Governo em boas mãos.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Edivaldo Holanda Jr. mantém silêncio sobre sua sucessão, mas seu voto será decisivo para a escolha do candidato

Edivaldo Holanda Jr.

Uma situação vem chamando a atenção de observadores da cena política: o total e obstinado silêncio do prefeito Edivaldo Holanda Jr. sobre a escolha de candidato à sua sucessão. Ninguém duvida que a escolha do candidato da aliança dinista à Prefeitura de São Luís passará pelo seu crivo. É unânime a certeza de que o nome será escolhido a partir de um entendimento entre o governador Flávio Dino, o prefeito Edivaldo Holanda Jr., o senador Weverton Rocha, que comanda o PDT, e o deputado federal Márcio Jerry, que comanda o PCdoB. Ninguém aventa a possibilidade de o candidato da aliança saia de outra fonte. E nesse contexto, o voto do prefeito de São Luís, que conhece como poucos o caminho das pedras eleitorais em São Luís, será decisivo. O prefeito Edivaldo Holanda Jr. faz o jogo clássico das raposas felpudas, deixando para o “momento certo” a revelação do seu posicionamento no cenário da sua própria sucessão.

 

Aloísio Mendes corre riscos políticos ao levar delegados para depor na Câmara Federal

Aloísio Mendes: risco político com ida de delegados para depor na Câmara Federal

Conclusão unânime de uma roda de conversa entre quatro políticos tarimbados e dois jornalistas: o deputado federal Aloísio Mendes (Podemos) corre um risco político ao levar os delegados Tiago Bardal e Anderson Ney para depois em comissão da Câmara Federal sobre um suposto esquema de escuta telefônica ilegal contra políticos e magistrados na Secretaria de Estado da Segurança Pública na atual gestão. Para começar, dadas as circunstâncias, os dois delegados são apontados como cidadãos e servidores público com quase nenhuma credibilidade. Tiago Bardal, que já foi titular da Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic) e hoje está preso acusado de ser um dos chefões de uma quadrilha internacional de contrabando de cigarros e bebidas; Anderson Ney, que também é suspeito de envolvimento com a quadrilha, seria vítima de transtornos mentais. O objetivo é criar embaraços para o secretário de Estado de Segurança Pública, Jefferson Portela, e para o Governo Flávio Dino. Na avaliação desse grupo, Aloísio Mendes, que exerce um mandato politicamente ativo e de bons resultados, poderá ser tragado por desdobramentos.

São Luís, 26 de Junho de 2019.

Nosso Centro: pacote lançado por Flávio Dino investirá R$ 170 milhões na revitalização da região central de São Luís

 

Entre Weverton Rocha, Edivaldo Holanda Jr., Eliziane Gama e Rubens Jr.. Flávio Dino assina o projeto Nosso Centro, que ampliará expressivamente a revitalização que já repaginou, por exemplo, a Praça Deodoro e a Rua Grande

A região central de São Luís vai ganhar o mais arrojado pacote de investimentos desde a realização do Projeto Reviver, na segunda metade dos anos 80 do século passado, pelo Governo de Epitácio Cafeteira (PTB), e completado nos anos 90 em Governos de Roseana Sarney (PMDB). Ontem, o governador Flávio Dino (PCdoB) lançou, em ato formal no Palácio dos Leões, o programa Nosso Centro, por meio do qual o Governo do Estado, tendo como parceiros a Prefeitura de São Luís, o Iphan e a iniciativa privada, promete dar uma repaginada no coração da Capital. O pacote custará cerca de R$ 150 milhões, com investimentos em obras de infraestrutura, restauração predial, construção de acessos, novas áreas de estacionamento, melhoramento de ruas,  calçadas, com padronização de meio fio, e outros elementos do perfil urbano da região tombada da Capital do Maranhão. Os investimentos serão feitos em polos prioritários, agregando cultura, lazer e gastronomia, para alcançar dois objetivos básicos: revitalizar a região central da cidade e, assim, fortalecer   a sua tradição histórica, a sua natureza comercial e o seu potencial turístico.

Lançado no embalo dos festejos juninos, o programa Nosso Centro chega num momento em que São Luís vem recebendo oportunos e necessários investimentos na revitalização da sua região central, como reforma das Praças Deodoro e Pedro II modernização da Rua Grande, frutos de uma parceria Prefeitura de São Luís/Iphan, como também obras realizadas na Beira-Mar e na Avenida Pedro II. “O resultado tem sido maior movimento no Centro Histórico da Capital e abrindo caminho para a ampla revitalização, renascimento e fortalecimento desta área. Vamos prosseguir neste caminho elevando a nossa cidade. Apesar da crise brasileira, vivemos um bom momento e o programa vem reforçar esse cenário”, declarou o governador no ato em que lançou o projeto, no Palácio dos Leões, ao lado do prefeito de São Luís, Edivaldo Holanda Jr. (PDT), dos senadores Weverton Rocha (PDT) e Eliziane Gama (Cidadania), dos deputados federais Márcio Jerry (PCdoB), Bira do Pindaré (PSB) e Gastão Vieira (PROS), além de deputados estaduais e membros do Governo.

O ambicioso projeto de rejuvenescimento da região central de São Luís, cuja decadência começou a ser contida com o Projeto Reviver e em seguida com o PAC das Cidades Históricas e por uma série de obras isoladas e que aos poucos vão revitalizando a feição da velha e magnífica Cidade de São Luís. E o que é melhor e mais importante: sem macular as suas características essenciais, como a preservação possível do casario que a tornaram uma das mais importantes joias da arquitetura colonial portuguesa em todo o planeta. Não sem razão o prefeito Edivaldo Holanda Jr. comemorou: “Agora, com essa iniciativa do Governo do Estado, este trabalho será reforçado. É uma ação significativa para a preservação e recuperação do Centro Histórico e vai impulsionar as diversas atividades desenvolvidas aqui, refletindo positivamente na economia e no turismo da cidade”.
A desafiadora tarefa de colocar o Nosso Centro em marcha e produzir os resultados projetados foi entregue pelo governador Flávio Dino ao secretário das Cidades e Desenvolvimento Urbano, Rubens Pereira Jr., deputado federal licenciado e visto por muitos como um dos quadros que o PCdoB está preparando para disputar a sucessão estadual em 2022. Para ele, a viabilidade dos investimentos no Centro de São Luís, que vem sendo marcante pelas intervenções das gestões estadual e municipal, “tornará a área referência em renovação e desenvolvimento sustentável, preservando seu valor histórico e cultural”.

Chama a atenção o fato de esses investimentos para revitalizar o coração de São Luís serem programados pelo governador Flávio Dino num cenário de crise em que a maioria dos estados não consegue sequer pagar os servidores em dia. Esses investimentos têm sido possíveis devido a uma política fiscal draconiana, que não permite desvios nem gastos malfeitos.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Bom senso: Maura Jorge descarta São Luís e avisa que disputará Prefeitura de Lago da Pedra

Maura Jorge descarta São Luís e anuncia que será candidata  em Lago da Pedra

Maura Jorge (PSL) deu uma demonstração de que tinha armazenada uma réstia de bom senso político ao descartar o projeto de se candidatar à Prefeitura de São Luís e se colocar mais uma vez como candidata à Prefeitura de Lago da Pedra, seu berço familiar e político. Quando se lançou no cenário estadual como candidata a governadora nas eleições de 2018, Maura Jorge tinha noção clara de que dificilmente alcançaria 5% dos votos – terminou com 4,5%. O que lhe moveu, na verdade, foi a bandeira da candidatura de Jair Bolsonaro no Maranhão, que estava jogada às traças, com quase ninguém interessado em fazer as vezes de porta-estandarte do bolsonarismo no estado. Não deu certo. Há duas semanas, ela foi nomeada superintendente da Funasa no Maranhão. Isso, porém, não a afastou da política. A pré-candidatura Prefeitura de São Luís foi uma brincadeira de amigos ou foi uma jogada de má fé de algum adversário enrustido seu, sem o menor sentido. Agora, Maura Jorge retoma seu caminho natural, que é se candidatar de novo à Prefeitura de Lago da Pedra, onde já foi prefeita por dois mandatos e tem isto para se reeleger, mesmo contra um candidato apoiado pelo Palácio dos Leões.

 

MDB define pré-candidatura a prefeito em São José de Ribamar

João Alberto com emedebistas de São José de Ribamar: apoiando pré-candidatura

O presidente do MDB, ex-senador João Alberto, confirmou, domingo, em São José de Ribamar, o que dissera à Coluna na semana passada: o seu partido terá candidato a prefeito nos grandes e médios municípios. A largada desse processo foi dada na Cidade do Padroeiro, onde almoçou as lideranças locais do MDB e deu sinal verde para a pré-candidatura do emedebista Edison Júnior a prefeito, que, se confirmado, disputará votos com o atual-prefeito Eudes Sampaio (PTB) e Edmar Cutrim, que se aposentará do Tribunal de Contas do Estado no início do ano que vem disposto a viabilizar sua candidatura. Na Ilha, Edison Júnior é o segundo nome do partido definido, já que o primeiro foi Gilberto Aroso, que vai tentar retomar a Prefeitura de Paço do Lumiar numa renhida disputa com o prefeito lumiense Domingos Dutra (PCdoB), que já está em andamento. Resta escolher os nomes que o MDB vai lançar para as prefeituras de Raposa e São Luís. Em Raposa, o nome será definido no segundo semestre, quanto em São Luís MDB trabalha com o projeto de candidatura do ex-deputado federal Victor Mendes e outras propostas de candidatura, dentro e fora do partido, como a do deputado Adriano Sarney (PV).

São Luís, 25 de Junho de 2019.

Flávio Dino amplia espaço político nacional e já aparece, de fato, como opção da esquerda para o Planalto em 2022

 

Flávio Dino em palestra sobre o Maranhão e o Brasil atuais para jornalistas e intelectuais do Rio de Janeiro

As últimas semanas têm confirmado um cenário político nacional em que um dos protagonistas é o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), que se manifesta em Oposição ao Governo e as atitudes políticas do presidente Jair Bolsonaro (PSL) e seus principais agentes, a começar pelo ex-juiz federal Sérgio Moro, ex-chefe da Operação Lava Jato e atua ministro da Justiça e Segurança Pública.  Alçado, por via natural, à condição de voz ativa e acreditada de um espectro político que vai do centro à chamada esquerda democrática, tendo também simpatizantes na esquerda radical e até na direita liberal, o governador do Maranhão tem chamado a atenção para os seus pronunciamentos, que confrontam diretamente e duramente as decisões do Governo Bolsonaro, como, por exemplo, o decreto que flexibilizou o uso e o porte de armas, que afrouxou perigosamente as regras de trânsito e propôs na Reforma da Previdência mudanças que sacrificariam a aposentadoria dos trabalhadores rurais e o Benefício de Prestação Continuada (BPC), que garante a sobrevivência de milhares de desvalidos. Sua ação política ganha espaço cada vez maior no País, e vai aos poucos atraindo apoiadores em todos os segmentos da sociedade civil organizada.

Além dos ataques firmes e frequentes aos passos maldados e em falso do novo presidente do Brasil e seu Governo, o governador Flávio Dino tem impressionado pelo tom e pelo conteúdo do seu discurso quando se manifesta como opositor. Faz uma Oposição dura, implacável, focada, mas calcada em argumentos sólidos, a maioria irrefutável, lastreados que são por exemplos, informações confiáveis e números que inibem contra-argumentos. Mais do que isso, suas declarações são sensatas, temáticas e nunca descamba para o campo pessoal, para a adjetivação grosseiras, agressões verbais rasteiras ou xingamentos baratos. Os alvos das suas estocadas, a começar pelo próprio presidente Jair Bolsonaro, encontram sérias dificuldades em rebatê-las.

Em recente declaração dada à revista Veja, o governador explica com precisão o seu papel político de oposicionista no contexto atual, que tem dois nortes:  “O primeiro é o de propor e apresentar ideias. Temos de manter essa atitude de apresentar opções. E, claro, o segundo papel é o de criticar o que consideramos errado”. O registro das suas ações políticas mostra que o governador tem apresentado e defendido ideias. E mostram também que ele tem sido um crítico ácido do liberalismo ostensivo do atual Governo e seus desdobramentos nas mais diferentes áreas. No campo econômico, Flávio Dino tem criticado fortemente a não definição de uma política econômica clara, que proporcione a reativação plena da economia e a geração de empregos. “A economia brasileira está travada e isso não pode continuar”, tem dito o governador, certo de que suas declarações repercutem nas entranhas do Governo Bolsonaro e no Congresso Nacional, onde muitos o veem como uma voz que deve ser ouvida com atenção.

Nesse contexto, Flávio Dino desfaz a suposição de que está atuando mais no campo político nacional do que no Maranhão. “Seria um imenso equívoco perder o foco no Governo do Maranhão”, declarou à Veja, dando uma demonstração de que se dedica com afinco ao comando do Estado, atuando como um gestor presente, focado e rigoroso, e que tem o domínio completo das ações administrativas da sua equipe. O governador sabe exatamente como andam as ações na educação, na saúde, na infraestrutura, no meio ambiente, na segurança, na fazenda, na administração, enfim, em todas as áreas, mantendo um rígido e implacável equilíbrio fiscal, não permitindo que se gaste mais do que se arrecada. Todos os secretários conhecem de cor a ladainha e, até onde se sabe, ninguém extrapola os limites definidos no gabinete principal do Palácio dos Leões.

O desempenho administrativo, que lhe valeu a reeleição em turno único e colocou o Maranhão entre os estados em melhor situação fiscal, e a ação política que há muito ultrapassou as fronteiras do Maranhão tornaram Flávio Dino um quadro diferenciado no contexto político nacional. E cada vez mais com cacife e desenvoltura para entrar efetivamente na corrida para o Palácio do Planalto em 2022, que pode ter o ministro Sérgio Moro como candidato governista.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Sem líderes expressivos que o adotem, bolsonarismo continua sem porta-voz no Maranhão

Chico Carvalho, Maura Jorge, Alan Garcez e Pará Figueiredo continuam formando um PSL sem rumo

Uma pergunta, já feita várias vezes por esta Coluna, continua sem resposta: quem fala pelo Governo Bolsonaro no Maranhão? Até agora, ninguém se habilitou a assumir o papel de porta-voz autorizado e com fiável do presidente da República no estado. A candidata natural ao posto, Maura Jorge, já tentou de tudo, mas foi nomeada para a Funasa com o aval do senador Roberto Rocha (PSDB). O presidente do PSL, vereador Chico Carvalho, vive sob a ameaça de perder o controle do PSL e, até onde é sabido, não tem qualquer link os gabinetes de comando de Brasília, o que lhe impede de assumir a condição de porta-voz bolsonarismo no Maranhão. A mesma situação envolve o médico Alan Garcez, que militou na campanha e foi premiado com um cargo de terceiro escalão no Ministério da Saúde, ensaiou lançar-se candidato a prefeito de São Luís, andou medindo forças com Chico Carvalho pelo controle do PSL, mas de uns tempos para cá optou por sumir do mapa. A posição mais estranha e inexplicável é a do deputado estadual Pará Figueiredo. Único eleito pelo PSL, e que, por conta da eleição e da condição de jovem, criou a expectativa de que se tornaria a grande referência do bolsonarismo no Maranhão, o parlamentar tem dados seguidas mostras de que não tem o menor interesse no posto, tanto que até hoje não ocupou a tribuna para elogiar, defender ou criticar o Governo Bolsonaro. O resultado dessa absoluta falta de liderança é que o bolsonarismo está sendo aos poucos abraçado pelo senador Roberto Rocha, que tem se comportado mais como líder agregado do Governo do que como líder da bancada tucana no Senado.

 

Hildo Rocha deve manter intacto o Acordo de Salvaguarda Tecnológica sobre uso de Alcântara

Hildo Rocha: responsabilidade de relatar o Acordo de Salvaguarda sobre Alcântara

Escalado pelo MDB para ser o relator do Acordo de Salvaguardas Tecnológicas (AST), que será a base de futuros contratos entre o Brasil e os Estados Unidos para o uso comercial do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), o deputado federal Hildo Rocha revelou que vai dar parecer inteiramente favorável ao documento. E não poderia ser de outra maneira. Primeiro porque o AST é um elenco regras técnicas que resguarda o contratante, no caso os EUA, não permitindo que o contratado, no caso o Brasil, tenha acesso a tecnologias que no momento os norte-americanos guardam como segredo inviolável de estado. E depois, pelo fato indiscutível de que nenhuma linha do documento sequer insinua a possibilidade de alguma rasura na soberania brasileira. A expressão “salvaguarda tecnológica” traduz fielmente o conteúdo do AST, exatamente por tratar exclusivamente de regras que resguardam tanto o Brasil quanto os EUA de qualquer intromissão não consentida, de um ou de outro, no processo de lançamento de um foguete norte-americano na Base de Alcântara. Como relator, o deputado Hildo Rocha poderá até sugerir uma ou outra alteração, mas preparado como é, ciente da importância capital desse documento, sua tendência é mesmo avalizar o texto do jeito que ele foi proposto. E deixar a palavra final para o plenário da Câmara Federal.

São Luís, 23 de Junho de 2019.

Othelino Neto cria grupo para implantar a cultura do planejamento estratégico para os movimentos da Assembleia Legislativa

Othelino Neto comanda reunião, realizada na terça-feira, 18, do grupo que implantará a cultura do planejamento estratégico na Assembleia Legislativa

 

“Precisamos produzir melhor e alcançar nossos objetivos com mais eficiência. Para atingir as metas e prestarmos um bom serviço, precisamos ser eficientes, para fazer com que a sociedade reconheça que está bem representada pelo Poder Legislativo”. Com essas palavras, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto (PCdoB) abriu a primeira reunião de um grupo de trabalho ao qual entregou uma tarefa desafiadora: elaborar um Plano de Planejamento Estratégico para melhorar e turbinar a máquina administrativa da Assembleia Legislativa em todos os seus aspectos e funções. Para tanto, criou a Assessoria de Planejamento e Assuntos Estratégicos na estrutura operacional do Poder Legislativo, entregou a desafiadora tarefa de comandá-la à gestora Rafaela Lago, e convidou para ministrar uma espécie de “aula inaugural” sobre o assunto um craque na área: o professor Anderson Myranda, professor da UFMA. O ato inaugural do novo setor, realizado na terça-feira (18), reuniu diretores e coordenadores da máquina administrativa do Poder Legislativo.

Encarnando integralmente o espírito ativo da nova geração que assumiu recentemente o comando do Estado e com experiência de quem já foi secretário de Estado, o presidente Othelino Neto tem dado seguidas demonstrações de que não pretende ser apenas o presidente de um Poder que legisla e faz política. Suas orientações e atitudes demonstram que ele está determinado a transformar a Assembleia Legislativa numa instituição moderna, dinâmica, com funcionamento adequado aos tempos atuais. Isso vale para a dinâmica das sessões, dos processos e procedimentos que dão sentido e repercussão às iniciativas dos deputados – discursos, debates, projetos, requerimentos, solicitações, oitivas, seminários, audiências públicas -, como das comissões por meio das quais os deputados estaduais debatem previamente proposições cujos destinos são decididos no plenário, que é a instância soberana do parlamento.

O desafio da nova Assessoria é tornar o Plano de Planejamento Estratégico um instrumento eficaz de articulação entre as mais diversas áreas, facilitando a comunicação entre elas, de modo que as tarefas institucionais da Casa sejam cumpridas rigorosamente dentro dos padrões por meio de medias operacionais bem planejadas. Isso significa que a partir de agora nada será feito na Assembleia Legislativa sem um planejamento prévio. O processo envolverá todas as diretorias e coordenações da instituição, que deverão atuar em sintonia, de modo que as engrenagens do Poder Legislativo funcionem bem articuladas. “Quando a gente fala em planejamento estratégico, é importante dizer que ele funciona como um GPS, que nos dar um norte”, orientou o professor Anderson Myranda, explicando ainda que afirmou planejar melhora o processo gerencial, agiliza as ações e otimiza a comunicação e o relacionamento entre setores e pessoas.

Um dos pontos chaves do processo de introdução do planejamento estratégico na Assembleia Legislativa será a cultura da cooperação. Para assegurar a implantação da nova cultura, e junto com ela o embalo das inovações, a Assembleia Legislativa deverá firmar parcerias com a Universidade Federal do Maranhão e com a Fundação Sousândrade. “Em princípio, achei que era um abacaxi azedo, mas depois, vi que é um abacaxi doce, de Turiaçu”, declarou Rafaela Lago, revelando que tomou um choque quando recebeu o convite do presidente Othelino Neto. Mas quando se informou mais detalhadamente sobre a iniciativa e compreendeu sua complexidade e seus objetivos, chegou à conclusão de que o desafio que lhe foi entregue é viável e pode revolucionar o funcionamento e as iniciativas do Poder Legislativo.

Com mandato de presidente assegurado até 2022, o deputado Othelino Neto já emitiu sinais de que pretende transformar a Assembleia Legislativa numa instituição embalada pela inovação sem alterar sua natureza política e parlamentar. O Planejamento e Assuntos Estratégicos é parte desse processo.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

MDB vai lançar candidatos prefeito na maioria dos grandes municípios, a começar por São Luís

João Alberto prevê que o MDB lançará candidatos a prefeito em grandes municípios, inclusive em SL

O MDB deve lançar candidatos para disputar as eleições nos grandes, médios e pequenos municípios. Quem desenha tal perspectiva é o presidente estadual, ex-governador João Alberto, com a ressalva de que ainda não há pré-candidatos definidos, mas que os nomes aparecerão “no momento certo”. No caso de São Luís, João Alberto confirma a existência de um projeto para dar a vaga de candidato a prefeito ao ex-deputado federal Victor Mendes, que já declarou interesse disputar o cargo. “É um projeto que ainda está sendo examinado”, diz o presidente emedebista, admitindo a possibilidade de que ele venha a ser concretizado, alertando, porém, que outras possibilidades estão em discussão. É o que acontece em São José de Ribamar, Caxias, Codó, Balsas e Imperatriz, por exemplo, onde o partido está conversando para definir caminhos. “Muita gente tem nos procurado e nós estamos ouvindo a todos e vamos tomar as decisões no momento adequado”. Nos grandes municípios, o único nome definido é o do ex-prefeito Gilberto Aroso, que será lançado como candidato do MDB para disputar a Prefeitura de Paço do Lumiar, enfrentando o prefeito Domingos Dutra (PCdoB), que deve anunciar, já o segundo semestre, o seu projeto de reeleição. Em Imperatriz, onde sofreu um duro golpe com a desfiliação do prefeito Assis Ramos do MDB, para ingressar no DEM, a cúpula emedebista está fazendo sondagens para identificar o melhor nome para ser o candidato do partido oposicionista. E em Bacabal, o partido apoiará a candidatura do prefeito Edvan Brandão (PSC) à reeleição. “Estamos conversando com muita gente. Nosso partido está sendo sondado por muita gente e nós vamos ter candidatos na maioria dos municípios, principalmente nos grandes”, disse o ex-governador, que descarta a possibilidade de a ex-governadora Roseana Sarney vir a disputar a Prefeitura de São Luís.

 

Roberto Rocha vem sendo duramente criticado por ter feito o papel de defensor intransigente de Sérgio Moro

Roberto Rocha: posição controvertida de defesa enfática de Sérgio Moro

Continua repercutindo forte e negativamente a posição do senador Roberto Rocha, líder da bancada do PSDB, na audiência em que o ministro Sérgio Moro (Justiça e Segurança Pública) foi ouvido no Senado sobre os diálogos escandalosos entre ele,  então juiz da Operação Lava Jato, e os procuradores da força-tarefa revelados pelo Intercept Brasil. Nenhum problema senador se posicionasse não dando respaldo aos diálogos, o que seria normal, já que muita gente tem dúvidas sinceras sobre o assunto. O problema é que Roberto Rocha vestiu a capa de paladino da moral bolsonariana e fez uma defesa enfática do ministro, como se os diálogos não tivessem qualquer importância. Roberto Rocha abraçou a linha tática adotada por Sérgio Moro, os procuradores e o Palácio do Planalto segundo a qual a gravidade está no vazamento e não no conteúdo do que foi vazado, o que é no mínimo uma tentativa pouco hábil de querer subestimar a inteligência dos brasileiros. O senador Roberto Rocha preferiu se portar como o aliado do Palácio do Planalto, que se auto escalou para atuar como aliado do ministro da Justiça, mesmo tendo ele caído em contradições de ter sido evasivo no que de fato interesse: se ele reconhece que atuou como o grande chefe da Operação Lava Jato.

São Luís, 22 de Junho de 2019.

Recado de Jefferson Portela e ameaça de Aloísio Mendes formam barril de pólvora que pode explodir na Câmara Federal

 

Jefferson Portela e Aloísio Mendes: guerra de palavras que poderá causar incêndio em oitiva na Câmara Federal

Ganhou formato de barril de pólvora com rastilho aceso o depoimento que o secretário de Estado de Segurança Pública, Jefferson Portela, e os delegados Tiago Bardal e Ney Anderson Gaspar prestarão na Câmara Federal sobre a denúncia, feita por deputados ligados ao Grupo Sarney – entre eles o autor da convocação, Aloísio Mendes (Podemos), que foi secretário no último Governo de Roseana Sarney (MDB) -, de que o atual comando do Sistema Estadual de Segurança Pública teria interceptado ilegalmente ligações telefônicas de magistrados e políticos maranhenses. O tal grampo ilegal, que até agora não foi comprovado, teria sido denunciado por Tiago Bardal, ex-titular da Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic) e preso sob a acusação de chefiar no Maranhão o braço de uma quadrilha internacional de contrabando, e Ney Anderson, também envolvido no caso e apontado como tendo comportamento instável devido a problemas de natureza emocional, ambos acusando o secretário de Segurança Pública   de realizar a tal escuta. Jefferson Portela reagiu duro, afirmando que se trata de um esquema tramado pelos três para tentar atingir o Governo Flávio Dino. O secretário classificou os três como “bandidos”, “covardes” e “mentirosos”.

Quando requereu o depoimento na Câmara Federal, o deputado Aloísio Mendes listou apenas os delegados Tiago Bardal e Ney Anderson, o que, se confirmado, seria apenas uma sessão de acusação. Diante da estratégia, deputados da base do governador Flávio Dino (PCdoB) exigiram a inclusão do secretário Jefferson Portela na relação dos convocados, o que alterou radicalmente a estratégia de Aloísio Mendes, pois significará que os dois serão rebatidos no ato. Tiago Bardal e Ney Anderson dizem ter elementos que provariam as tais escutas clandestinas feitas pela Polícia por ordem de Jefferson Portela, que nega peremptoriamente e os acusa de se articularem com Aloísio Mendes para tentarem se safar do processo envolvendo o escândalo do contrabando.

O caso envolve um confronto particular entre o secretário Jefferson Portela e o ex-secretário e atual deputado federal Aloísio Mendes, que chegaram ao cargo por caminhos muito diferentes.

Jefferson Portela é advogado e delegado de carreira, com militância política na esquerda desde o movimento estudantil, integrando a corrente a que pertenceram Flávio Dino e Márcio Jerry. É reconhecido como um policial sério, correto e eficiente, mas de temperamento explosivo, que teve a primeira experiência no comando da pasta no Governo Jackson Lago (PDT), entre 2007 e 2009, voltando ao cargo em 2015 por convocação do governador Flávio Dino. É conhecido por não ter “papa” na língua e pelo desassombro e firmeza com que vem comandando a pasta.

Aloísio Mendes é agente da Polícia Federal, fez parte da equipe de assessores do ex-presidente José Sarney (MDB), tendo, na função, criado laços fortes com a família Sarney, tendo sido escalado para assessorar o então secretário de Segurança Pública Raimundo Cutrim, de quem recebeu a tarefa de montar o Grupo de Operações Especiais e o Grupo Tático Aéreo. Assumiu a Secretaria de Segurança Pública em 2010 em substituição a Raimundo Cutrim, de quem se tornou desafeto por ter sido incluído na lista de suspeitos de mandar assassinar o jornalista Décio Sá. Deixou o cargo em 2014 para se candidatar a deputado federal, tendo sido eleito como uma das grandes surpresas do pleito.

Em entrevista recente à rádio Mais FM, ao ser indagado sobre os tais grampos e sobre a ida à Câmara Federal, Jefferson Portela disse que a acusação é uma trama armada por Tiago Bardal e Ney Anderson, avisando que “entraram errado”, porque “bandido não me intimida”. E referindo-se a Aloísio Mendes, disparou: “Ele   aparece abraçando criminosos e dando total crédito a esta história de interceptações. Será que ele é um analfabeto na condição de policial? Ele sabe que a interceptação só é implantada com a ordem de um juiz. A operadora não implanta com ofício de oficial. Se ele fala de interceptação ilegal ele deve saber algo sobre isso. Na nossa gestão, somente dentro da lei”. E lembrou que Aloísio Mendes “fugiu covardemente” de um debate que marcou com ele na rádio Mirante AM. “Eu espero que ele tenha coragem de homem de escutar tudo que eu tenho para dizer, olho no olho, para ele”, completou.

Aloísio Mendes reagiu com um a ameaça explícita: chamou   Jefferson Portela de “bufão desequilibrado” e disse que se   desrespeitá-lo durante o depoimento na Câmara Federal, pedirá sua prisão. Quem conhece Jefferson Portela tem certeza de que ele não deixará pedra sobre pedra se vier a depor em Brasília. Quem conhece Aloísio Mendes suspeita que ele tentará cumprir   a ameaça de prisão. Vale aguardar principalmente pelo que será dito na oitiva, que ainda não tem data marcada.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

A Oftalmologia afastou de vez Tadeu Palácio da via tortuosa da política

O oftalmologista Tadeu Palácio  voltou a se impor sobre o político Tadeu Palácio

Há algumas semanas, foi ventilada a possibilidade de o ex-prefeito Tadeu Palácio suspender a sua aposentadoria política para candidatar-se à Prefeitura de São Luís. Mas tudo indica que o oftalmologista reassumiu de vez, e definitivamente, o rumo do cidadão Tadeu Palácio, colocando o político na gaveta do consultório do Hospital de Referência Oftalmológica, que integra o gigantesco complexo hospitalar São Domingos, onde atua consultando e operando. Tadeu Palácio construiu uma bem-sucedida carreira política, tendo sido três vezes vereador bem votado de São Luís pelo PDT, antes de aproveitar a chance de se tornar candidato a vice-prefeito na chapa de Jackson Lago (PDT) em 2000. Eleito, ganhou o presente dos céus: tornou-se prefeito da Capital com a renúncia de Jackson Lago, em 2002, para disputar o Governo do Estado. O ex-prefeito perdeu a disputa com José Reinaldo Tavares (PFL) para o Palácio dos Leões, enquanto Tadeu Palácio, tendo aproveitado bem a chance que lhe foi dada, e contando ainda com o avassalador poder de Jackson Lago sobre o eleitorado de São Luís, se reelegeu em 2004 em turno único, comandando a Capital até 2008. Fez durante seis anos uma administração aceitável, mas por uma série de erros políticos, ficou isolado e terminou seu mandato quando sofrendo uma derrota fragorosa ao tentar eleger o ex-deputado Clodomir Paz seu sucessor. É improvável que Tadeu Palácio volte à corrida ao voto. O mais provável é que continue fazendo o que mais sabe fazer, cuidar dos olhos alheios.

 

Glaubert Cutrim manifesta interesse pela Prefeitura de São Luís e expõe a indefinição no PDT

Glaubert Cutrim 

As declarações do deputado estadual Glaubert Cutrim ao jornal O Imparcial, publicadas na edição de ontem, sobre o seu interesse de que poderá vir a disputar a Prefeitura de São Luís, confirmam a impressão de que dentro do PDT, seu partido, é ainda dominante a indefinição no que diz respeito à escolha do candidato à sucessão do pedetista Edivaldo Holanda Jr.. Mesmo ressalvando que não trabalha com o projeto de concorrer comando da Capital na eleição do ano que vem, Glaubert Cutrim sinalizou que poderá entrar no páreo para disputar a vaga de candidato com os pré-candidatos já assumidos – o vereador-presidente Osmar Filho, o deputado estadual Dr. Yglésio e o vereador Ivaldo Rodrigues. Chama atenção o fato de Glaubert Cutrim não fazer qualquer referência ao projeto de aliança entre o PDT e o DEM em torno do deputado estadual Neto Evangelista, num claro indicativo de que tal costura não conta até aqui com o aval de parte expressiva dos líderes mais ativos do PDT. O próprio prefeito Edivaldo Holanda Jr., que será voz decisiva na corrida sucessória, ainda não emitiu qualquer sinal de simpatia por uma eventual aliança PDT/DEM.

São Luís, 21 de Junho de 2019.