Arquivos mensais: maio 2016

Brandão pode enfrentar crise dentro do PSDB por ter firmado aliança com PPS para apoiar Eliziane Gama

 

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Foto que foi recebida com muita festa, mas também com muitas críticas nos bastidores do PSDB: Eliziane Gama entre Carlos Brandão, João Castelo e Rubens Bueno à esquerda, e Aécio Neves, Roberto Freire e Pinto Itamaraty à direita

A aliança do PSDB com o PPS em torno da pré-candidatura da deputada federal Eliziane Gama à Prefeitura de São Luís, anunciada com estardalhaço na semana passada, pode ter sido um passo político importante para ela, mas pode ter sido um teste decisivo para o seu maior avalista, o vice-governador Carlos Brandão, que preside o ninho dos tucanos no Maranhão. Não há dúvida de Brandão arriscou todo o peso do seu poder nessa articulação, mas também começa a se tornar evidente que ele pode pagar um preço elevado. Ao contrário do que parecia  desenhado, não houve unanimidade no PSDB em torno dessa aliança e, mais grave, a insatisfação ultrapassou a seara dos agora ex-pré-candidatos, para alcançar outros segmentos do partido, que ganharam voz na manifestação do ex-vereador Francisco Viana. O que começa a ganhar sentido é que o vice-governador Carlos Brandão poderá sair dessa crise com menos poder do que tem agora. Ou ganhar a musculatura e consolidar seu comando.

Para começar, Carlos Brandão nunca foi um líder expressivo do PSDB. Ele entrou no ninho dos tucanos no tumulto de uma crise no partido e chegou à presidência num processo quase circunstancial, não tendo, portando, construído uma liderança incontestável. Operou com senso de oportunidade quando se movimentou para que o PSDB se aliasse ao então candidato Flávio Dino, aproveitando a relação do PT com o PMDB para levar seu partido a uma aliança com PCdoB do então candidato a governador Flávio Dino. E no vácuo deixado pelo PSB, que entrou na aliança para disputar uma cadeira no Senado, Brandão se movimentou junto á cúpula nacional e viabilizou sua candidatura a vice-governador. A eleição foi a chave para continuar à frente do partido, mesmo deixando insatisfeitos líderes como o deputado federal João Castelo (PSDB), os deputados estaduais Neto Evangelista e Sérgio Frota, ambos determinados a brigar pela candidatura.

Neto Evangelista, que estava se preparando para deixar a Secretaria de Desenvolvimento Social do Governo do Estado para reagiu duramente quando recebeu a informação de que o PSDB apoiaria à deputado federal Eliziane Gama, deixando a entender que não concordou com nem uma vírgula desse acordo, criticando diretamente o vice-governador pela o operação política. Já deputado estadual Sérgio Frota também não gostou nem um pouco, só não tendo explodido porque se encontra integralmente empenhado na tarefa de evitar o afundamento do seu maior trunfo, o Sampaio Corrêa, mas já emitiu sinais de que não vai engolir facilmente esse rumo dado ao partido. Os dois juntos podem criar sérios embaraços para o vice-governador, com quem não pretendiam brigar, pois não tinham interesses de detonar uma crise dentro do partido.

Nos bastidores do partido, o comentário corrente é o de que Carlos Brandão montou a parceria para viabilizar a vaga de candidato a vice-prefeito para o suplente de senador Pinto Itamaraty, que preside o PSDB de São Luís, negociando essa aliança sem o sinal verde de outras lideranças do partido, entre elas Neto Evangelista e Sérgio Frota, que vinha em campanha pela vaga de candidato a prefeito. Corre também – com menos consistência, é verdade – que a aliança com Eliziane Gama seria um projeto de Brandão para abrir portas ao governador Flávio Dino em Brasília por intermédio do PSDB. O fato é que, independentemente de qual tenha sido a motivação, há muitas vozes dentro do PSDB criticando duramente o presidente Carlos Brandão pelo acordo com o PPS.

Carlos Brandão é um político forjado numa disciplina férrea de aproveitar todas as brechas que se abrem à sua frente. Não é um líder carismático, mas soube transformar o seu senso de oportunidade colocando-se no lugar certo, na hora certa. Foi esse modus operandi que o levou à Câmara Federal por dois mandatos e, em seguida, ao cobiçado posto de vice-governador, no qual cumpre sem discutir todas as tarefas que lhe são dadas pelo governador Flávio Dino (PCdoB) e define os passos do PSDB no Maranhão.

Brandão sabe que a aliança com Eliziane Gama causou insatisfação numa parte do partido, mas acha que, apesar disso, o saldo será positivo para o PSDB. Sabe também que poderá enfrentar alguns embaraços até as convenções, mas que os desdobramentos da crise de agora só chegarão depois das eleições municipais, antes dos preparativos para as eleições de 2018. Sabe que se tiver suporte político sairá mais forte e continuará no comando, mas se não estiver lastreado dificilmente permanecerá na chefia no ninho.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Boa nova: Luiz Gonzaga vai comandar o Ministério Público
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Entre o governador Flávio Dino e o secretário Marcelo tavares, Luiz Gonzaga Coelho exibe ato de nomeação para o cargo de procurador geral de Justiça

O promotor de Justiça Luiz Gonzaga Martins Coelho vai suceder à procuradora Regina Rocha no cargo de procurador geral de Justiça, para chefiar o Ministério Público do Estado do Maranhão no biênio 2016/2018. Ele foi escolhido e nomeado ontem pelo governador Flávio Dino. Luiz Gonzaga Coelho, que ocupa atualmente o cargo de diretor-geral da Procuradoria Geral de Justiça, figurou na lista tríplice elaborada por eleição direta realizada no dia 16 de maio. Votaram os procuradores e os promotores de Justiça. Os três candidatos mais votados foram compuseram a lista os promotores José Augusto Cutrim Gomes, que foi o mais votado com 212 votos; Luiz Gonzaga Martins Coelho, que obteve 183 votos, e Justino da Silva Guimarães, com 146 votos. A posse do novo procurador-geral de justiça está marcada para o dia 15 de junho.

Futuro procurador geral é um dos principais líderes do MPE

Luiz Gonzaga Martins Coelho é um dos mais importantes e ativos líderes do Ministério Público do Maranhão, no qual ingressou em 1994. Passou pelas promotorias de Olho D’Água das Cunhãs, Presidente Dutra, Timon e Caxias antes de ser transferido para São Luís em 2012. Na capital, ocupa a 28ª Promotoria de Justiça Especializada, com atribuições na área da infância e juventude. Além do desempenho correto das suas funções ministeriais, Luiz Gonzaga Coelho tem sido um dos principais incentivadores de ações mais duras do Ministério Público do Maranhão contra a corrupção. Outro ponto forte do promotor Luiz Gonzaga Coelho é o seu espírito corporativo, com forte envolvimento com a categoria. Tanto que presidiu também foi presidente da Associação do Ministério Público do Estado do Maranhão, no período de 2004 a 2007. Sua gestão foi uma das mais produtivas para a categoria, pois além das pressões por melhorias salariais e funcionais, trabalhou fortemente para manter a categoria ministerial unida – tanto que um dos marcos desse período foi a gravação de um disco no qual procuradores e promotores exibem seus dotes musicais.

Governador fez a escolha rigorosamente dentro da regra

Algumas vozes ensaiaram crítica ao governador Flávio Dino por ter ele escolhido o segundo mais votado da lista tríplice que lhe foi encaminhada pelo Ministério Público. Isso porque os três últimos procuradores gerais de Justiça que nomeou, a então governadora Roseana Sarney (PMDB) escolheu duas vezes o mais votado, passar a ideia de ser esse um critério mais justo e democrático, quando na verdade as procuradoras Fátima Travassos e Regina Rocha foram as mais votadas e seriam nomeadas tivessem sido. Tal argumento é, portanto, pura embromação política. A Constituição Federal e a Carta Estadual são claras: lista tríplice não leva em conta a diferença de voto entre os três, que passam a ter condição igual, o que dá ao chefe do Poder Executivo a prerrogativa de escolher qualquer um sem a preocupação de estar cometendo alguma injustiça ou  abuso de poder. No caso, o governador fez o que seu senso de avaliação mandou. E fez uma escolha feliz, pois Luiz Gonzaga Coelho é, sem dúvida, um dos melhores quadros do Ministério Público do Maranhão e certamente exercerá seu mandato com correção, isenção e eficiência.

 

São Luís, 30 de Maio de 2016.

 

Se não surgir um fenômeno de última hora, a disputa em São Luís será um embate entre Edivaldo Jr. e Eliziane Gama

 

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Edivaldo Jr. e Eliziane Gama devem medir forças pela Prefeitura

A menos que o universo político de São Luís seja estremecido por um  fenômeno eleitoral inusitado, daqueles que derrubam o queixo até dos observadores mais experientes, a disputa pelo gabinete principal do Palácio de la Ravardière, marcada para outubro, será travada entre o prefeito Edivaldo Jr (PDT) e a deputada Eliziane Gama (PPS), numa guerra em que será usado armamento de campanha pesado. Não há como desconsiderar o fato de que estão no páreo o vereador Fábio Câmara e a deputada Andrea Murad, que disputam a vaga de candidato no PMDB; o deputado estadual Wellington do Curso (PP), a vereadora Rose Sales (PMB), o deputado Bira do Pindaré – que ainda não sabe se será o candidato do PSB – o ex-vereador João Bentivi (PRTB), o médico Zéluis Lago (PSL), e os ainda indefinidos candidatos PSOL, do PSTU e do PCB. Eles certamente manterão suas candidaturas até onde for possível, e assim contribuirão efetivamente para a ampliação do debate sobre os problemas de São Luís. Mas a realidade que se impõe no momento é que somente o prefeito pedetista e a parlamentar comunista têm suporte político e eleitoral para viabilizar seus projetos de conquistar o cargo, ele pela segunda e ela pela primeira vez.

As últimas pesquisas dizem que Eliziane Gama tem pouco mais de duas dezenas de pontos percentuais na preferência e que Edivaldo Jr. é preferido por quase duas dezenas. Colocadas na balança, esses cacifes eleitorais mostram que os dois estão muito próximos do que seria um empate técnico, mas indicando uma nítida vantagem para ela. E sugerem dado de importância capital em qualquer esforço de previsão de desfecho de uma disputa eleitoral: é quase certo que a disputa não será encerrada já no primeiro turno. Uma avaliação honesta e imparcial não pode ignorar a rejeição mostrada pelos levantamentos, pois ela indica que o prefeito é rejeitado por expressiva parcela da população – exatamente porque sofre o forte desgaste de quem está no cargo -, enquanto a deputada tem rejeição baixa – obviamente porque está confortável na arquibancada, com direito a incorporar e dar volume a todas as críticas ao prefeito.

No embate que já parece definido, o prefeito Edivaldo Jr. entra com dois trunfos básicos e essenciais para viabilizar e turbinar uma candidatura: a obra de governo, que ganha força com a ação da poderosa máquina administrativa municipal; e uma ampla e sólida base político-partidária, que já conta com 15 partidos, tendo o PDT na liderança, e mais o aval do Palácio dos Leões, expressado pela participação do PCdoB, agremiação do governador Flávio Dino, na aliança. Por seu turno, a deputada Eliziane Gama entra na briga com o seu cacife político e eleitoral pessoal, uma estratégia discutível de garantir que tem solução para todos os problemas e um lastro partidário ainda tímido, mas que pode ganhar musculatura se conseguir ampliar essa aliança. Edivaldo Jr. tem a vantagem de que não começou bem avaliado e agora briga pela liderança. Já Eliziane Gama começou com a preferência de mais de 50% do eleitorado, perdeu em meses quase 30 pontos percentuais, numa preocupante queda vertiginosa que foi encerrada nos 23% das últimas pesquisas.

A posição de um e de outro revela com clareza que eles brigam para ampliar o número de partidos nas coligações que pretendem formar, porque além de base política, a soma dos partidos na aliança define o tempo de TV dos candidatos. Neste momento, Edivaldo Jr. já contabiliza pelo menos 12 minutos de rádio e TV na campanha, enquanto Eliziane Gama ainda não ultrapassou quatro minutos de tempo, mas com toda certeza ampliará expressivamente o seu espaço no rádio e na TV com aliança que poderá incluir o PMDB e o PV, por exemplo. E nesse contexto, Edivaldo Jr. deve usar como mote principal os resultados da sua gestão, que já vem propaganda com forte publicidade nos veículos eletrônicos de comunicação – TV, rádio e redes sociais -, reforçando o discurso com a parceria que mantém com o governador Flávio Dino, desmontando um tabu de décadas segundo o qual o Governo do Estado nunca apoiou a administração municipal. Eliziane Gama tem a seu favor uma indiscutível de verbalizar o que pensa, principalmente quando o objeto da sua reflexão é a atual administração de São Luís, o que torna eficiente suas manifestações na TV, no rádio e nas redes sociais.

São dois candidatos que se equivalem politica e eleitoralmente, com a diferença de que o prefeito Edivaldo Jr. já vivenciou um mandato e certamente acumulou experiência suficiente para vender o que fez e apontar solução para o que está por fazer. A deputada federal Eliziane Gama leva para a campanha sua visão de parlamentar bem sucedida, sem nenhuma experiência executiva, como, aliás, se apresentou o então deputado federal em 2012.

Em tempo: Na relação pré-candidatos citada no início do comentário a Coluna não incluiu o deputado estadual Bira do Pindaré (PSB). É que ele trava uma guerra complicada dentro do partido contra a antipatia que o senador Roberto Rocha e o vereador Roberto Rocha Jr. mostram por seu projeto de disputar a Prefeitura de São Luís. Bira do Pindaré se mantém pré-candidato, mas nesse momento nada indica que ele superará as dificuldades e consolide seu projeto.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Ações de Wellington do Curso preocupa Palácio de la Ravardière
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Wellington do Curso preocupa

No time de pré-candidatos a prefeito de São Luís todos têm méritos políticos, mas nenhum até agora ganhou embalo como o deputado Wellington do Curso (PP). Numa demonstração de que tem faro político e eleitoral, o parlamentar se transformou numa espécie de vereador da cidade inteira, atacando problemas macro com muita eficiência em discursos quase diários na Assembleia Legislativa. O bordão repetido do deputado do PP vem ecoando de tal modo que ele virou personagem muito comentada nas redes sociais e, mais do que isso, foi transformado no principal adversário do prefeito pelo deputado Edivaldo Holanda (PTC), porta-voz da atual gestão municipal e guardião do cacife político e eleitoral de Edivaldo Jr.. Há quem diga que é crescente no Palácio de la Ravardière uma forte preocupação com a desenvoltura com que Wellington do Curso vem atuando como pré-candidato. Mais ainda agora que a aliança do PSDB com o PPS de Eliziane Gama tirou do páreo os tucanos João Castelo, Neto Evangelista e Sérgio Frota, abrindo um vácuo que pode ser ocupado pelo parlamentar.

 

Globo faz reportagem sem rumo sobre Waldir Maranhão
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Waldir Maranhão foi alvo de matéria sem rumo da Globo

Poucas vezes uma reportagem de pretensa envergadura se revelou tão sentido quanto a matéria especial feita pela Rede Globo sobre a fraude na prestação de contas do deputado federal Waldir Maranhão em 2010, quando ele não conseguiu explicar a origem de R$ 577 mil dos pouco mais de R$ 800 mil que gastou na campanha pela reeleição para a Câmara Federal. O jornal O Globo para tentar apurar um caso já morto e arquivado pelo Tribunal Regional Eleitoral. Para lembrar: Waldir Maranhão foi denunciado pelo Ministério Público Eleitoral por conta dos tais R$ 577 mil não explicados. Waldir e seus advogados conseguiram enrolar a Justiça Eleitoral por mais de três anos com recursos e mais recursos, empurrado o problema para a frente até que o mandato em questão acabou em fevereiro do ano passado, obrigando o Ministério Público Eleitoral a pedir o seu arquivamento por falta de objeto. Numa situação que revelou desinformação e desejo de exumar um cadáver que nada acrescentaria de agravante da atual situação do presidente quase fantasma da Câmara Federal. Foi pura perda de tempo, principalmente porque a imprensa local registrou tudo e já tinha até esquecido o caso.

 

São Luís, 29 de Maio de 2016.

 

 

Papete e sua bandeira maior

 

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A célebre capa de “Bandeira de Aço”, o maior sucesso da música maranhense
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Papete e seus tambores, base da percussão

Morreu José de Ribamar Viana, o Papete, aos 68 anos, devido a um câncer de próstata. Partiu assim um dos músicos maranhenses mais importantes das últimas décadas, que se notabilizou como percussionista, arranjador, intérprete e propagador incansável da música popular, especialmente a maranhense. Mas o Papete que todos conhecem se agigantou em 1978, quando produziu, arranjou, interpretou – na voz e nos arranjos de percussão – e ofereceu ao mundo o incomparável “Bandeira de Aço”, tido quase por unanimidade como o mais importante disco da Música Popular Maranhense em todos os tempos. O disco é resultado da colaboração dele com o produtor Marcus Pereira, responsável pelo mais amplo, completo e definitivo registro das raízes regionais da Música Popular Brasileira. “Bandeira de Aço”, que reúne alguns dos maiores clássicos da MPM, quase todos focados na sua mais importante fonte de inspiração, o bumba-meu-boi. Pelas mãos musicais de Papete, o disco cravou na cultura brasileira o gênio de César Teixeira, Josias Sobrinho, Sérgio Habibe e Ronaldo Mota.

Os estudiosos e aficionados pela MPM certamente dissecarão o artista Papete como um todo, a começar pelo percussionista que fez história nos grandes palcos do Brasil e do mundo, tendo sido incluído, em alguns momentos, na elite dessa categoria de músicos em todo o planeta. Esses pesquisadores têm ao seu alcance material farto para consolidar a história de Papete como arranjador de qualidade superior, intérprete de indiscutível originalidade, e também como ativo produtor e agitador cultural na sua seara musical. E não há dúvida de que tudo o que produziu de seu tem importância capital no registro documental do conjunto da sua obra. Eles estão em 18 discos, entre eles “Berimbau e percussão” (1975), Água de Coco (1980) e “Planador” (1981), “Papete” (1987), “Bela Mocidade” (1991), “Tambor” (1999), “Era uma vez” (2004), “Estrada da Vitória” (2007) e “Senhor José” (2013). São também evidentes em registros especiais como “Sinal Aberto”, disco que documenta inesquecível show em que Paulinho da Viola e Toquinho resgatam algumas preciosidades do samba carioca. Os exemplos são inúmeros. E mais além, o incentivador se mostra no livro “Os Senhores cantadores, amos e poetas do bumba-meu-boi do Maranhão”, publicado há três anos.

Mas é “Bandeira de Aço”, que não abriga composição de sua autoria, a sua obra icônica, pois revela, antes de tudo, a sua sensibilidade e a decisiva colaboração do compositor Chico Saldanha na escolha do que de melhor se consolidava na música maranhense na segunda metade da década de 1970, um período de transição na MPB, na MPM e nas artes em geral por conta do fim dos anos de chumbo e do começo da mobilização da sociedade brasileira contra ditadura. O disco chegou quando a juventude já dava gritos de guerra contra o arbítrio, numa movimentação estudantil que levou à histórica e decisiva greve da meia passagem, em 1979, que transformou São Luís numa praça de guerra durante uma semana. Era o tempo áureo do Laborarte, um centro que buscava associar literatura, dança e música, e do teatro experimental liderado por Lauro Leite. Essa geração nascia ainda sob os ecos dos grandes festivais de música maranhense – dos quais saíram pérolas como “Louvação a São Luís”, de Bandeira Tribuzi, que se eternizaria como Hino de São Luís. César Teixeira, Josias Sobrinho e Sérgio Habibe já eram compositores respeitados, mas suas obras não alcançavam grande público. Gravar um Long play no final dos anos 70 ainda era uma aventura cara e complicada, e distribuição e divulgação, então, nem se fala – os programas de rádio eram dominados pelas grandes gravadoras. O grande momento era o show, e a sobrevivência se garantia pelos encontros, e a chegada da cultura do barzinho. Teixeira, Sobrinho e Habibe viviam nesse circuito, quase sempre amparados pela Fundação Cultural do Maranhão, onde tudo acontecia em matéria de cultura no estado, então comandada pelo escritor e pesquisador Domingos Vieira Filho, que tinha como um dos principais articuladores o poeta e ativista cultural Valdelino Cécio.

Embalado pelo selo alternativo Discos Marcus Pereira, que a duras penas enfrentava o poder avassalador das grandes gravadoras, “Bandeira de Aço” desembarcou no Maranhão como um furacão, foi recebido em grande estilo, aos poucos contagiou o grande público e se tornou um sucesso estrondoso, que nenhum outro disco jamais alcançou até aqui. Era um produto especial, nada parecido com tudo o que havia sido feito antes. Caiu no gosto do povo, atravessou a fronteira temporal do São João e até hoje, 37 anos depois, continua iniciando gerações na maravilha que é a face musical da cultura popular do Maranhão.

Como produtor, arranjador e intérprete, Papete conseguiu embalar cada uma das nove músicas com arranjo certo, inspirado na simplicidade, de modo a tornar “Bandeira de Aço”, “Flor do Mal” e “Boi da Lua”, de César Teixeira; “Dente de ouro”, “Catirina”, “De Cajari pra capital” e “Engenho de flores”, de Josias Sobrinho; “Eulália”, de Sérgio Habibe, e “Boi de Catirina”, de Ronaldo Mota, um disco para ser ouvido, cantado e animar  festas, curtido e eternizado. Tudo isso foi conseguido porque Papete o tornou um disco para o povo cantar, coisa rara, mesmo nos artistas mais talentosos. Como intérprete, ele deu a cada música o tom adequado à sua voz, cantou de maneira despretensiosa, não tentou ir além do seu limite, não fez trejeitos vocais nem mascarou a simplicidade da sua interpretação.

Ouvir atentamente “Bandeira de Aço” é curtir o prazer de perceber as sutilezas do percussionista genial, que explora cada trecho de cada canção com o toque e o som que a embala, também com muita segurança e sem o risco do exagero. Os arranjos e a interpretação de todas as nove faixas de “Bandeira de Aço” são simples, quase cartesianos, mas de muito bom gosto, revelando todas as facetas do arranjador e, em especial, do percussionista. E foi exatamente por essa simplicidade que ele tornou “Bandeira de Aço” um disco polêmico, como admitiu o próprio Papete. Ao ouvirem-no, os puristas da cultura popular maranhense reagiram com mau humor, argumentando que os arranjos de Papete simplificaram demais a música de César Teixeira, Josias Sobrinho, Sérgio Habibe e Mota, tendo alguns mais pretensiosos classificado de “medíocres” os arranjos, principalmente para as músicas “Bandeira de Aço” e “Eulália”. Outra corrente dos “guardiões” da pureza cultural, essa mais sensata, assimilou facilmente o trabalho de Papete, vendo nele a chave que abriria as portas do mundo para a música do Maranhão. A partir daí, a discussão avançou para a questão dos direitos autorais e, expressando o jogo de uma rede de intrigas, o jornal “Diário do Povo” estampou em manchete que a gravadora Marcus Pereira estava enganando os compositores. Os ânimos se acirraram, Papete foi acusado de estar ganhando muito dinheiro com a obra alheia. O debate durou muito tempo, por gente honesta e por pessimistas e invejosos. Papete foi duramente criticado, mas também defendido. Só anos depois houve a pacificação.

Enquanto críticos, provocadores e defensores gastavam seu latim em discussões, que eram travadas em mesa de bar, reuniões fechadas e nas rodas de artistas, os maranhenses festejaram e transformaram “Bandeira de Aço” no mais retumbante sucesso da MPM de todos os tempos. E Papete, que nunca deu bolas para os críticos, se consagrou como produtor, arranjador e intérprete, enfim, como um gigante na propagação da música maranhense empunhando o disco como a sua maior bandeira. E a unanimidade em torno do disco se confirmou em 2013, no grande show que, com a presença dos autores e grande número de compositores, foram comemorados os 35 anos do “Bandeira de Aço”.

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Em tempo: “Bandeira de Aço” foi relançado em 2001 com o apoio do instituto Geia. Além das suas nove músicas da versão original, o disco ganhou mais nove faixas, a maior parte de “Bela mocidade”, de 1991. São elas: “Bela mocidade”, de Donato Alves; “Beleza de Gado”, de Aurílio de Guimarães; “Orvalho da campina”, de Papete; “Rosa Amarela”, de Osvaldo Preto; “Vagalume da Madrugada”, de Papete/Zé Américo/Iracema Bastos; “Pindaré”, de Papete/Chico Saldanha; “Te amo, sim!!!”, de Manequinho; “Mimoso”, de Ronald Pinheiro, e um Pot Pourri de toadas de César Nascimento, Papete/Chico Saldanha, Aparecida Lobato, Donato Alves e Inaldo Bartolomeu.

Discografia de Papete: Berimbau e percussão (1975), Bandeira de Aço (1978), Água de Coco (1979), Planador (1982), Papete (1987), Rompendo fogo (1989), Bela Mocidade (1991), Voz dos arvoredos (1992), Laço de Fita (1994), Música Popular Maranhense (1995), Papete (1996), O melhor de Papete (1997), Tambô (1999), Era uma vez… (2004), Jambo (2006), Aprendiz de cantador (2008), Estrada da Vitória (2010) e Senhor José (2013).

 

São Luís, 27 de Maio de 2016.

Eliziane Gama ganha apoio do PSDB e tira João Castelo, Neto Evangelista e Sérgio Frota do seu caminho

 

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Eliziane Gama barrou as pré-candidaturas de João Castelo, Neto Evangelista e Sérgio Frota

Quando, cercada por lideranças comunistas e tucanas, recebeu do PSDB manifestação de apoio à sua candidatura à Prefeitura de São Luís, a deputada federal Eliziane Gama consolidou o seu projeto, e, ao mesmo tempo, mandou para o espaço, de uma só vez, três projetos de candidatura em gestação no ninho ludovicense. Com surpreendente eficiência política e, agora, como estrela em ascensão no novo Governo da República, a pré-candidata do PPS saiu de uma situação de quase isolamento para voltar ao cenário da corrida sucessória como quem superou obstáculos e está dando a volta por cima e em condições de ampliar a sombra que mantém hoje sobre o candidato a ser batido, o prefeito Edivaldo Jr. (PDT). E como um candidato implacável, colocou pá de cal sobre a ideia do deputado federal João Castelo de tentar voltar a ser prefeito, adiou por pelo menos quatro anos a pretensão do deputado licenciado Neto Evangelista de comandar a administração da Capital, e puxou o freio do deputado estadual Sérgio Frota, que vinha embalado afirmando não abrir mão da candidatura.

Emoldurada pelo vice-governador Carlo Brandão, que dá as cartas no PSDB maranhense, pelo senador Aécio Neves, que comanda o PSDB nacional, pelo deputado Roberto Freire, que manda no PPS nacional, pelo ex-prefeito João Castelo, pelo deputado federal Rubens Bueno, um dos “triúnviros” do PPS, e pelo suplemente de senador Pinto Itamaraty, que presidente o PSDB em São Luís, Eliziane Gama deu o primeiro e decisivo passo para montar uma coligação de peso. E o faz sem correr o risco de ser hostilizada pelo governador Flávio Dino (PCdoB), que não parece disposto a tensionar a sua relação com o vice-governador Carlos Brandão, nem abrir uma linha de confronto com o PSDB ou com o PPS, partidos que mantém fortes relações com o seu Governo.

Com o cacife de quem lidera a corrida segundo as pesquisas, Eliziane Gama parece ter ajustado definitivamente o passo depois dos vários e desgastantes tropeços que amargou, entre eles a desastrada saída do PPS para ingressar na Rede Sustentabilidade, um movimento sem qualquer lastro político e que só não enterrou seu projeto eleitoral porque este foi corrigido a tempo com o seu retorno ao PPS. E deve prosseguir fortalecendo sua candidatura com uma provável aliança com o PP, podendo alcançar até uma improvável, mas possível, aliança com o PMDB.

Vinda de uma situação de preferência absoluta do eleitorado nas primeiras aferições, quando foi apontada como virtual vencedora do pleito logo no primeiro turno, Eliziane viu sua posição despencar até chegar a pouco mais de duas dezenas de pontos percentuais, mesmo assim à frente do prefeito Edivaldo Jr., que as pesquisas insistem em informar que está um pouco abaixo dos 20% das preferências do eleitorado. Com a experiência eleitoral que já acumulou, a pré-candidata do PPS sabe que aliança com o PSDB não significa ganhar muitos votos. Mas nas circunstâncias do momento, ter os tucanos como aliados vale como uma injeção de ânimo político. E com uma vantagem a mais, a de que esta parceria eleitoral reforça seu discurso de que está com o novo Governo da República, o que poderá significar portas abertas na Esplanada dos Ministérios.

Ao declarar apoio ao projeto eleitoral de Eliziane Gama, o vice-governador Carlos Brandão desatou o nó que vinha inibindo os movimentos do partido e se firmou como chefe incontestável do PSDB no estado. Por outro lado, esfriou os ânimos dos pré-candidatos João Castelo, Neto Evangelista e Sérgio Frota. O primeiro nada perde, pois sua candidatura seria mais um projeto que não faria nenhuma diferença na sua longa e bem sucedida carreira política. Neto Evangelista perde porque jogou mal e, talvez por inexperiência, não soube dar o tom adequado ao discurso por meio do qual andou se lançando pré-candidato – tem estrada futura para planejar melhor sua caminhada. A maior perda quem sofre é o deputado Sérgio Frota, que acreditou mesmo no projeto e apostava que o partido lhe daria a vaga de candidato, o que não aconteceu – tem agora de repensar suas estratégias para seguir em frente.

Cabe a Eliziane Gama  se desdobrar para ganhar o apoio dos três. Pelas seguintes razões: Castelo é dono de um eleitorado cativo em São Luís, que pode seguir sua orientação, se ele indicar o candidato; Evangelista herdou do pai, o ex-deputado João Evangelista, uma expressiva base eleitoral na Capital; e Frota tem forte influência sobre a torcida do Sampaio Corrêa.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Todos perguntam: como Sarney, com quase 60 anos de praia, caiu na cilada de um político de segunda como Sérgio Machado?
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Sarney caiu numa armadilha montada por um político mequetrefe e do baixo clero

Não é confortável a situação do ex-presidente José Sarney (PMDB) face à revelação do teor das conversas com o ex-senador e ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. Por mais que se use o argumento de que foram conversas “privadas”, que elas não revelam uma ação efetiva, e que no geral foram manifestações de opinião e avaliações sobre o cenário político, não dá para o cidadão comum não se surpreender e não afundar na perplexidade com algumas declarações do ex-chefe da Nação. Mais ainda falando abertamente e trocando impressões sobre temas gravíssimos com um político do baixo clero, que foi um senador apagado e que só ganhou alguma projeção como presidente da Transpetro e, nessa condição, agora se sabe, operou  somas milionárias para as campanhas do PMDB.

Para quem conhece os meandros da política e tem noção clara de quanto é pesada a guerra pelo poder é possível compreender algumas frases que soam fortemente para a maioria. O ex-presidente da República trocava com um amigo (que amigo canalha, heim?!) impressões sobre o rolo-compressor que é a Operação Lava Jato e tentavam alinhavar caminhos para “ajudar” parceiros apanhados pela rede das delações. As sugestões vão de simples manobras até planos mirabolantes de “amolecer” ministro do Supremo Tribunal Federal, especialmente o relator da Operação, Teori Zavaski, um magistrado de reputação irretocável. Outros diálogos revelam um Sarney ora inseguro, ora irritado e ora meio atordoado, insistentemente provocado por Sérgio Machado e respondendo com monossílabos, às vezes parecendo incomodado. O mais chocante, até mesmo para quem o conhece, é ouvi-lo, preocupado, como se estivesse amedrontado.

Mesmo considerando o fato de que foram conversas fechadas, nas quais os interlocutores falam mais abertamente, é absolutamente desapontador ouvir José Sarney se referir de maneira tão inadequada a ministros do Supremo Tribunal Federal, sugerindo que o Brasil caminha para uma ditadura do Judiciário, avaliando que essa será, se vingar, a pior das ditaduras.

A bombástica e surpreendente revelação sugere uma série de indagações. Como pôde José Sarney, aos 86 anos e quase 60 anos de praia, cair numa cilada armada por um político mequetrefe como Sérgio Machado? Onde estava o faro da raposa experiente, que construiu uma carreira que inclui cinco anos de Presidência da República, três anos e meio como governador do Estado e oito anos de presidência do Senado e Congresso Nacional? Como se explica que um az da política que conviveu os mais importantes líderes da segunda metade do século passado para cá, como Carlos Lacerda, Juscelino Kubitschek, Tancredo Neves, se bateu com Leonel Brizola e Neiva Moreira, para citar alguns exemplos se encontra agora constrangido por um golpe tão primário? Enfim, como o político consagrado como comandante da transição da ditadura para a democracia, e que tinha até agora a fama de ouvir muito e falar pouco, caiu numa cilada dessas?

São indagações difíceis de responder, porque tudo o que está acontecendo no momento com um dos mais experientes políticos da República parece ser uma recomendação um tanto enfática de que está na hora de ele se recolher e mergulhar nas suas memórias e esperar que a História o julgue. Afinal, Os Renans, os Jucás e os Machados da vida podem, e devem, responder pelos seus malfeitos e acertar suas contas com a Justiça.

 

São Luís, 26 de Maio de 2016.

Crise no PSB: Roberto Rocha mostra força e impõe dura derrota a Luciano Leitoa, José Reinaldo e Bira do Pindaré

 

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Roberto Rocha venceu queda de braço com José Reinaldo, Luciano Leitoa e Bira do Pindaré no PSB

O desfecho da crise que resultou no enquadramento do braço do PSB em São Luís com a entronização de uma comissão executiva provisória presidida pelo vereador Roberto Rocha Jr. produziu, de um lado, uma demonstração de que quem manda no pedaço é o senador Roberto Rocha e, de outro, causou um estrago político de largas proporções, se levadas todos os alvos alcançados pelos estilhaços do embate. Foram duramente atingidos o presidente estadual do partido, Luciano Leitoa (prefeito de Timon), o deputado federal e ex-governador José Reinaldo Tavares, e o deputado estadual Bira do Pindaré, talvez o bombardeado que, feitas as contas de ganhos e perdas, mais tem a perder. Poucas vezes crise intestina numa legenda no Maranhão durou tanto, mobilizou tantos caciques e provocou tantas perdas e danos no fechamento do balanço final.

Não há qualquer dúvida de que quem saiu do confronto interno com a voz de comando no PSB de São Luís foi o senador Roberto Rocha. Há meses seguidos, o senador, o deputado federal José Reinaldo, o presidente estadual Luciano leitoa e o deputado Bira do Pindaré, vinham travando no âmbito interno do partido guerra aberta pelo controle do PSB em São Luís. Há tempos que se sabia que esse braço partidário era domínio do senador Roberto Rocha, que fortaleceu seu comando no processo político e eleitoral que resultou na eleição dele vice-prefeito de São Luís na chapa siderada pelo refeito Edivaldo Jr., então do PTC.  Roberto Rocha jogou com habilidade e saltou do cargo de vice-prefeito para a vaga de candidato a senador na chapa de Flávio Dino (PCdoB), saindo das urnas vitorioso em 2014.

Desde que os líderes partidários começaram a conversar sobre as eleições municipais, o senador Roberto Rocha deixou claro que o destino do PSB de São Luís é sua responsabilidade, não aceitando qualquer tipo de interferência. Foi nesse contexto que o deputado estadual Bira do Pindaré decidiu lançar sua candidatura a prefeito, mas cometendo o erro primário de não negociar esse projeto com o senador Roberto Rocha. O resultado da investida embalada por um perigoso excesso de autoconfiança foi que o deputado se deparou com um clima de quase hostilidade à sua candidatura. Em vez de procurar a via da conciliação de interesses com Roberto Rocha, Bira do Pindaré partiu para o enfrentamento, procurando apoio na direção estadual e no comando nacional do PSB, como também articulando uma aliança com o deputado federal José Reinaldo, adversário de Rocha dentro do partido.

O último tropeço foi a tentativa de destituir o grupo de Rocha do comando por meio de uma decisão da executiva de extinguir a comissão executiva municipal e nomear uma nova presidida por José Reinaldo. Como numa ação de amadores, o presidente Luciano Leitoa, o experiente José Reinaldo e pretenso beneficiário Bira do Pindaré esqueceram um detalhe elementar: Roberto Roche é senador da República, ente político com peso monumental, principalmente neste momento de crise. Estava, portanto, óbvio, ululante, que entre os interesses de Roberto Rocha e o projeto eleitoral de Bira do Pindaré, o comando nacional do PSB ficaria com o senador. Não deu outra: menos de 48 horas depois de a direção estadual impor uma comissão comandada pelo deputado José Reinaldo e São Luís, os socialistas de alto coturno desmontaram o efeito e nomearam uma novinha, só que comandada pelo vereador Roberto Rocha Jr., herdeiro do senador Roberto Rocha.

Os contendores do senador dentro do PSB ainda não se deram conta de que estão jogando com um político pragmático, que joga duro quando tem de jogar e que aprendeu com o pai, Luiz Rocha, um político que se transformava em onça feroz ou em raposa manhosa quando a situação exigia. Não fosse um jogador que usa todas as ferramentas da política para chegar onde planeja, Roberto Rocha certamente não teria chegado onde está agora.

Ao mesmo tempo em que obrigou ao senador Roberto Rocha a mostrar os músculos, essa medição de forças causou estragos fortes dentro do partido. Primeiro: amplia ainda mais o fosso que separa os dois grupos dentro do PSB. Segundo: o prefeito Luciano Leitoa, que busca reeleição em Timon, sai do episódio fortemente arranhado. Terceiro: o deputado José Reinaldo entrou numa briga que está muito abaixo de um político da sua estatura e acabou fortemente atingido. Quarto: por fim, o deputado Bira do Pindaré, que assim vê mais distante o seu projeto de disputar a Prefeitura de São Luís.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Sarney Filho tem cacife para continuar ministro sem deixar o PV
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Sarney Filho: entre o ministério e o PV

Pode até ser que o deputado federal Sarney Filho se sinta em posição desconfortável como ministro do Meio Ambiente na quota do presidente interino Michel Temer, e que por isso o PV está sugerindo que ele se licencie para permitir que o partido mantenha independência em relação ao governo temporário. O problema é que quem se manifestou pelo PV foi o senador paranaense Álvaro Dias, que chegou ao partido há alguns meses. Dias é um político respeitado, mas tem suas rasuras na trajetória, sendo a principal delas o fato de já ter passado por uma penca de partidos – PMDB, PDT, PSDB, PV, por exemplo -, o que compromete fortemente sua credibilidade partidária para dar pitaco nesse nível. Sarney Filho, por seu lado, tem uma trajetória partidária impecável: começou na Arena, que virou PDS, que virou PFL, de onde saiu para o PV, no qual milita há mais de duas décadas, tendo sido um seus primeiros deputados e um dos fundadores da Frente Parlamentar Ambientalistas da Câmara Federal, e de lá para cá já foi tudo no partido na esfera parlamentar. Se quiser, pode deixar o ministério sem problemas, mas se resolver continuar e incomodar ao partido, poderá deixar o PV sem perder seu prestígio político. Ou seja, se o PV acha que pode abrir mão de Sarney Filho, ele tem cacife para deixar PV e seguir em frente.  No meio político, ninguém duvida de que se ele sair do PV primeiro convite que receberá será o de Marina Silva para que entrar na Rede Sustentabilidade.

Fábio Braga alerta que safra de grãos foi afetada por “El Niño”
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Fábio Braga alerta para safra perdida por causa do “El Niño”

O Maranhão pode amargar uma perda de pelo menos 30% na sua safra de grãos programada para este ano. E o principal responsável por tamanho desastre imposto ao setor agrícola estadual é o fenômeno climático “El Niño” e suas consequências afetam diretamente a milhares de produtores, que assim acumulam prejuízos financeiros, o que comprometem também a cadeia da produção agrícola e afeta gravemente e a receita fiscal do Estado. Tal estado de coisas foi mostrado recentemente à Assembleia Legislativa pelo deputado Fábio Braga (SD), que tem no setor produtivo um dos eixos da sua atuação política e parlamentar. Pelo relato de Fábio Braga, baseada em estudos técnicos, por causa da forte estiagem ocorrida no final de 2015 e no mês de fevereiro de 2016, os produtores rurais estão preocupados com a safra, que corre riscos de não acontecer, pois o “El Niño” teve um efeito devastador nas lavouras, atrasando o plantio em mais de 50 dias nas regiões produtoras do Sul e do Norte.  Fábio Braga calcula que a queda real da safra gira em torno de mais de 30%. E o custo de replantio também pesa na conta dos produtores rurais maranhenses.  “Alguns têm propriedades em regiões com chuvas abundantes, e produzem em média 60 sacas por hectare, o que certamente não será alcançada nessa safra”, previu. As consequências: o Porto do Itaqui terá menos grãos para exportar e os produtos da cesta básica ficaram mais caros, haja vista lavouras de arroz e feijão terem sido afetadas. “Os técnicos da Embrapa dizem que o “El Niño” foi intenso e que o solo arenoso tolera períodos mais curtos de estiagem e, por isso, é importante a cobertura e rotação das culturas”, alertou.

 

São Luís, 24 de Maio de 2016.

Conversa de Jucá com Machado mostra que Flávio Dino estava certo quando manteve o discurso de golpe contra Dilma

 

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Flávio Dino discursa no Palácio do Planalto em defesa da presidente Dilma

A revelação da explosiva e reveladora conversa do senador Romero Jucá (PMDB), até ontem à noite ministro do Planejamento do Governo do presidente interino Michel Temer, e do ex-senador cearense e ex-presidente da Transpetro, a poderosa subsidiária da Petrobras para transporte de petróleo e derivados, Sérgio Machado (PMDB), rejuvenesceu o argumento da presidente Dilma Rousseff (PT) e do seu principal aliado fora da seara petista, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), de que o processo de impeachment é fruto de uma trama para tomar o poder, ou seja, um golpe. As declarações que vieram à tona  nas páginas do jornal Folha de S. Paulo não só reforçam a denúncia, como não deixam dúvida de que o governador Flávio Dino estava certo quando insistiu na tecla, mesmo depois que o Senado da República afastou a presidente e abriu caminho para a posse do vice-presidente Michel Temer (PMDB). Dino foi duramente criticado por alguns que, apressadamente, defenderam que ele deveria saudar Temer como “rei posto” e engolir o discurso em favor do mandato da presidente Dilma para entregar-lhe sua alma política como  “defensor dos interesses do Maranhão”. A Coluna registrou algumas vezes a impressão de que o político Flávio Dino parecia saber o que estava fazendo quando não se dobrou àquelas pressões.

Quando entrou para valer na briga contra o pedido de impeachment, ainda no ano passado, Flávio Dino adotou um discurso claro e direto defendendo a presidente Dilma Rousseff e não o Governo do PT. Nas suas muitas manifestações – discursos, entrevistas, artigos publicados em grandes jornais e mensagens nas suas contas nas redes sociais, especialmente o twitter -, ele vem batendo no bordão segundo o qual a presidente não cometeu nenhum crime que justifique o seu impedimento. Para ele – e para muitos outros intérpretes da situação -, “pedaladas fiscais” e decretos para justificar movimentação orçamentária são “escorregões” de gestor, que podem causar “puxões de orelhas” do Tribunal de Contas da União (TCU), mas não são crimes que condenem à extinção um mandato garantido por 54 milhões de votos.

Ao longo do embate, o governador do Maranhão em nenhum momento levantou a bandeira do PT, não disse uma frase que pudesse ser interpretada como uma manifestação de tolerância com as denúncias de corrupção contra o governo, como também não se posicionou contra a Operação Lava Jato. Nesse último item, criticou algumas decisões do juiz Sérgio Moro, mas sem maiores consequências, já que o próprio Supremo Tribunal Federal (STF) agiu para fazer as correções necessárias nas decisões polêmicas do magistrado-chefe da Operação. Nenhuma das suas manifestações conteve qualquer sinal ou evidência de que ele defendia uma ilegalidade ou um esquema de corrupção. A tecla em que insistiu bater foi só a de que o pedido de impeachment acatado pelo então presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), não tem lastro, afronta princípios da Carta Magna, e, portanto, é um golpe.

A intrepidez com que defendeu suas posições ganhou projeção definitiva quando discursou no Palácio do Planalto em nome de juristas contrários ao impeachment  e defensores da legitimidade e da integralidade do mandato presidencial. Naquele momento até aliados avaliaram que ele deu um passo maior que as pernas, argumentando que extrapolou na exposição. Em vez de refletir sobre o que seus adversários e críticos disseram, ele reforçou suas teses nas redes sociais, tornando sem efeito qualquer observação crítica a respeito dos seus movimentos como aliado incondicional da presidente da República. E vem mantendo essa linha de ação sem dela se afastar um milímetro, correndo todos os riscos de tropeçar ou sofrer retaliações.

Agora, diante da revelação da conversa de Romero Jucá com Sérgio Machado, que contém as mais fortes evidências da trama por ele apontada, o governador Flávio Dino ganha um reforço e tanto à sua posição e ao seu discurso contra o impeachment. A revelação deu dimensão à suspeita de que por trás da fachada de legalidade que cobre o processo em curso no Senado há uma rede sombria de tramas, que, ampliada, compromete gravemente a já duvidosa  operação de derrubada da chefe da Nação.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Conversa gravada e não revelada ainda colocaria o ex-presidente Sarney em situação de extrema dificuldade
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Sarney na conversa gravada por Machado; Lobão seria citado

Não será surpresa se os estragos da revelação da conversa entre o senador Romero Jucá e o ex-presidente da Transpetro e ex-senador Sérgio Machado alcançarem o Maranhão, atingindo fortemente o senador Edison Lobão e, por incrível que possa parecer, o ex-senador José Sarney. O sintoma de que isso pode acontecer está numa nota divulgada pelo colunista de O Globo, Lauro Jardim. No texto, ele afirma que conversou com uma fonte que ouviu duas gravações feitas por Sérgio Machado, sendo uma com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB) e outra com o ex-presidente José Sarney (PMDB). Jardim informa que sua fonte afirmou que o conteúdo da conversa divulgada ontem “é fichinha” diante das travadas por Machado com Renan e Sarney. O colunista de O Globo, que publica sua coluna aos domingos em O Estado do Maranhão, prevê que se as duas conversas forem reveladas, os pilares da República serão abalados de vez. Outras fontes avaliaram que se o bate-papo entre Jucá e Machado destronou o primeiro do Ministério do Planejamento, que ganhou como prêmio pelo seu desempenho nas articulações que afastaram a presidente Dilma em meio ao processo de impeachment, as conversas com Sarney e Renan poderão resultar em problemas graves para os dois e até na desmoralização do impeachment e a volta da presidente Dilma ao Palácio do Planalto.

 

Onda de incêndio a ônibus causa debate quente entre situação e oposição na Assembleia Legislativa
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Cabo Campos, Júnior Verde, Wellington do Curso, Bira do Pindaré, Eduardo Braide e Rogério Cafeteira: debate na AL

Os ataques incendiários a ônibus ocorridos em São Luís na última semana esquentaram ontem o embate entre situação e oposição na Assembleia Legislativa. Mesmo sem vítimas, os ataques – 15 ao todo, com oito ônibus veículos incendiados – instalaram um clima de medo na Capital e quebraram a normalidade no sistema de transporte de massa, e na contrapartida, uma reação dura da Polícia, que resultou até ontem à noite na prisão de 35 suspeitos e, finalmente, no desembarque de forças federais, que entrarão hoje em operação na segurança da cidade.

Em tom crítico, Cabo Campos (DEM) declarou: “As facções estão se organizando, mandando mensagem para cá e para lá. Parabenizo a ação forte da Polícia, com mais de 35 presos, mas precisamos melhorar a diária dos nossos policiais”, disse o deputado Cabo Campo (DEM), provocando o debate. Avaliou que os policiais vindos do interior para reforçar o policiamento da Capital estão submetidos a uma escala muito pesada de trabalho e ganhando uma diária de R$ 150, “que ainda não foi paga”. E provocou em tom de reclamação: “Os militares da Guarda Nacional já chegam aqui com a diária no bolso de R$ 272,00 e vão ter um bom alojamento, uma boa alimentação e uma escala digna de trabalho. Por que não darmos essas mesmas condições aos nossos policiais?”.

O deputado Júnior Verde (PRB), que é policial civil e preside a Frente Parlamentar de Segurança Pública e Privada, manifestou-se favorável à vinda da Guarda Nacional, mas advertiu que a medida é paliativa. Verde sugeriu medidas como a continuidade dos concursos públicos;  investimentos em viaturas e em armamento e a implantação de bloqueadores de sinais de celulares em presídios, a imediata transferência de todos os líderes de facções que atuam dentro dos presídios e adotar leis mais duras contra a bandidagem.

O deputado Wellington do Curso (PP) avaliou que Segurança Pública é um problema estrutural e que todos são responsáveis. “Enquanto não chega o braço do Estado, enquanto não chegam as benfeitorias, chega o braço da criminalidade, do crime organizado. No Bairro do Coroadinho, por exemplo, temos 65% dos jovens envolvidos com algum tipo de crime ou consumo de drogas. Pedimos ao governador mais empenho, mais atenção na parte estruturante do governo do Estado, para que possamos conter essa onda de violência”, observou.

O deputado Bira do Pindaré (PSB) saiu em defesa do Governo ao afirmar que a população percebeu uma clara mudança de postura do Estado no enfrentamento da violência. Para ele, o que se viu nesses últimos dias em São Luís é uma clara reação da criminalidade ao avanço da Polícia com as blitzen, com o enfrentamento ao tráfico de drogas, com a presença do policiamento nas ruas. “O governo não ficou omisso, não se escondeu e tomou todas as providências possíveis ao seu alcance para dar respostas imediatas a esses episódios. Eu vi o secretário de Segurança na rua, vi o governador na rua, lá no Coroadinho. Parabenizo o governador Flávio Dino, o secretário de Segurança e a Polícia Militar pela atitude. É isso que se espera de um governo”, ressaltou.

Mas no contrapeso, o oposicionista Edilázio Júnior (PV) destacou a mudança de discurso de alguns deputados da Casa e do governador Flávio Dino diante dos mesmos fatos já ocorridos em São Luís no Governo passado. “À época, Flávio Dino e seus liderados diziam que era falta de pulso, falta de comando. Agora não. Agora é porque o governo está combatendo o crime, está indo pra cima da bandidagem. Isto é querer brincar com a opinião pública, é querer brincar com os maranhenses”, ressaltou. E foi mais longe: questionou por que o governador não convoca os excedentes do último concurso da Polícia Militar e preferir recorrer à ajuda do Governo de Temer, que ele acusa de golpista, para socorrer o Maranhão com o envio da Força Nacional. “Sairia mais barato chamar os excedentes, traria mais emprego e mais estabilidade para o nosso Estado”, argumentou.

Por sua vez, o deputado Eduardo Braide (PMN) disse que é inadmissível que São Luís fique refém de uma situação como essa. “A Força Federal deve ser chamada para dar sua contribuição, principalmente no que diz respeito ao serviço de inteligência. Esta Casa precisa tomar a frente e se alguma medida legislativa estiver ao alcance, temos que colocá-la urgentemente no ordenamento jurídico para dar mais segurança, para dar mais tranquilidade a essa população que tanto sofre”, defendeu.

Finalmente, o líder do Governo, deputado Rogério Cafeteira (PSB), afirmou que o Governo não negociou e nem negocia com facções e destacou o trabalho feito pela Polícia Militar e Civil no enfrentamento da onda de ataques. “Eles merecem nossa referência, nossa admiração e respeito. Eles estão no enfrentamento e a Força Nacional vem para ajudar. Nós vamos enfrentar a crise e vencer. Aqui não cabe a nós fazer comparação e nem politizar um problema deste, que é um problema de toda a sociedade”, observou.

 

São Luís, 23 de Maio de 2016.

 

ESPECIAL: Mudança no comando da República muda o discurso e a posição dos principais pré-candidatos a prefeito de São Luís

A troca de comando no Palácio do Planalto, com o afastamento temporário – que pode se tornar definitivo se o impeachment passar – da presidente Dilma Rousseff (PT), e a posse do presidente interino Michel Temer – que pode se tornar efetivo se a presidente Dilma cair – poderá mudar o cenário de tendências hoje desenhado para a disputa pela Prefeitura de São Luís. Faltando menos de dois meses para o início do período das convenções partidárias que escolherão candidatos a prefeito e a vereador, há sinais de que um novo painel poderá ser riscado, já que o equilíbrio de forças foi alterado com a reviravolta radical na situação política do País. Os desdobramentos dessa mudança brusca e radical influenciarão na corrida pelo comando da Capital? Há quem avalie que sim, mas também há quem pense que a troca de governo não influenciará a guerra pelo voto no âmbito dos municípios. É provável que os fluídos não alcancem municípios menores, onde a briga pelo voto é paroquial, mas é pouco provável que colégios como São Luís e Imperatriz, por exemplo, escapem dessa influência.  Daí ser pertinente a indagação: entre os pré-candidatos a prefeito de São Luís, quem ganha e quem com a troca de guarda no poder central da República?

Quem ganha

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Eliziane Gama, Andrea Murad e Fábio Câmara podem ganhar força com novo discurso para a campanha

O vereador Fábio Câmara e a deputada estadual Andrea Murad, que disputam a vaga de candidato do PMDB, são, aparentemente, os grandes beneficiados com a ascensão do pemedebista Michel Temer à presidência da República. Eles ganharam o discurso de que o seu partido está no poder e que isso facilitará a viabilização dos seus projetos de governo. Há cerca de dois meses, quando o PMDB decidiu romper com o PT e desembarcar do Governo Dilma, Fábio Câmara esteve em Brasília e foi recebido pelo então vice-presidente Temer, a quem expôs o seu projeto de chegar à Prefeitura e ouviu que se ele se tornar o candidato, terá todo o seu apoio – a conversa foi testemunhada pela senadora Marta Suplicy, pré-candidata do PMDB em São Paulo. Semanas depois, quando Michel Temer esteve em São Luís e almoçou na residência do senador João Alberto, Andrea Murad fez um discurso avisando ser pré-candidata e cobrando apoio do então vice-presidente, ouvindo em seguida que apoio não lhe faltará se ela for candidata. Dentro do Grupo Sarney há ânimo novo com a queda de Dilma Rousseff e já se fala em reunir PMDB, PV e outros partidos menores para lançar um candidato, pode o vereador ou a deputada.

Ganha força também a deputada federal Eliziane Gama, cujo partido, o PPS, foi um dos mais ativos no movimento para a derrubada do Governo do PT. Se permanecesse na oposição, correria sérios riscos de ter sua candidatura politicamente esvaziada, mas com aliados no comando do País, ganha novo ânimo. A mudança de comando em Brasília deu a Eliziane Gama mais gás para articular uma aliança partidária forte, que pode reuniu PPS, PSDB e PSB, todos integrantes da grande aliança que assumiu o Governo do País. Ela tem conversado muito com o vice-governador Carlos Brandão, que comanda o PSDB, e com o senador Roberto Rocha, que controla o PSB, o que abre a possibilidade de uma aliança em torno da sua candidatura.

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João Castelo, Neto Evangelista e Sérgio Frota também ganharam novo discurso para suas corridas pelo voto

Juntamente com o PMDB, o PSDB foi um dos partidos que mais ganharam com a derrubada do Governo Dilma, saindo de uma posição de dificuldades políticas para sentar à mesa e voltar a dar as cartas como o mais forte aliado do Governo de Michel Temer.  No novo cenário, o deputado federal João Castelo, o deputado estadual Sérgio Frota e o deputado estadual licenciado Neto Evangelista ganharam ânimo e parecem dispostos a pressionar o partido para ter um candidato. O vice-governador Carlos Brandão, vinha manobrando para levar o PSDB para a aliançado prefeito Edivaldo Jr., começa a rever sua posição, já admitindo até, o lançamento de candidato próprio a participação do partido em outra aliança. Antes, terá de convencer Castelo, Frota e Evangelista.

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Eduardo Braide e Wellington do Curso também podem usar o discurso da mudança nas suas campanhas

Ganham também os pré-candidatos Eduardo Braide (PMN) e Wellington do Curso (PP). Não é possível a avaliar, por exemplo, o peso político do PMN na candidatura do deputado Eduardo Braide, mas o simples fato de acrescentar ao seu discurso o fato de seu partido pertencer à base de sustentação do novo Governo é um dado animador. A situação é praticamente a mesma do deputado Wellington do Curso, que poderá usar o argumento da força do PP na aliança política que está dando as cartas em Brasília.

Quem perde

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Agora na oposição, Edivaldo Jr. e Bira do Pindaré perderam o discurso de aliados do Governo Federal 

O prefeito Edivaldo Jr. (PDT), cujo projeto de reeleição tem como base política o seu partido e o PCdoB, liderado pelo governador Flávio Dino. A aliança que lastreia a pré-candidatura do prefeito conta ainda com vários partidos menores, que não, influenciam no lastro. O PDT e o PCdoB foram os dois partidos, além do PT, que estão votando em bloco contra o impeachment da presidente Dilma, inclusive adotando um discurso duro e agressivo contra o PMDB e seus aliados, assumindo assim, sem nenhuma dúvida, o papel oposição ao Governo Michel Temer. Nesse contexto, o prefeito Edivaldo Jr. vive uma situação tão singular quanto complicada: não pode se apresentar como aliado do Governo Temer, como também terá dificuldade de adotar um discurso como oposição, já que na sua aliança estão vários partidos que apoiam o novo Governo, como o DEM, por exemplo.

O PSB vive uma situação complicada em São Luís no que diz respeito a que discurso adotar na campanha, se de fato vier mesmo a ter um candidato. Se o nome for o deputado estadual Bira do Pindaré, dificilmente ele poderá se colocar como aliado do novo Governo da República, a começar pelo fato de que tem se movimentado como aliado do da presidente afastada Dilma Rousseff, adotando o mesmo discurso “contra o gol” do governador Flávio Dino. Mas sua pré-candidatura está por um fio, já que o senador Roberto Rocha, que de fato é quem dá as cartas no PSB de São Luís, além de simpatizar com o projeto de Pindaré, parece não gostar da ideia de PSB ter em São Luís um candidato hostil ao Palácio do Planalto.

Em relação aos candidatos de partidos menores, a começar pelos de esquerda (PSOL e PSTU), a situação política nacional não tem qualquer influência. Daí tanto fazer se eles sejam a favor ou contra o Governo central.

 

PONTO & CONTRAPONTO

Ouvindo os ecos do pedido de Sarney e dos protestos, Temer recria o Ministério da Cultura
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Sarney pediu a ressurreição do MinC, Temer fez que não ouviu, mas acabou se dobrando, e a raposa levou a melhor

A decisão do presidente interino Michel Temer de voltar atrás e ressuscitar o Ministério da Cultura, que fora incorporado ao Ministério de Educação com o status de secretaria, foi motivada pela reação da classe artística, que se mobilizou em protesto e com seguiu criar uma grande onda nacional, com manifestações no País inteiro, inclusive no Maranhão. Nessa decisão, pesou o pedido feito pelo ex-presidente José Sarney, que alertou o presidente interino de que a medida foi antipática e que desagradou praticamente todos os segmentos da área cultural em todas as regiões. Sarney apelou para o bom senso de Temer certo de que seria ouvido. Em princípio, a impressão que passou foi a de que o presidente interino esnobou o pedido do ex-presidente, o que, aparentemente, deixou Sarney numa posição desconfortável. Mas a velha raposa sabia o que estava fazendo. Seu faro e seus ouvidos, muito afinados, lhe diziam que os protestos contra a extinção da pasta ganhariam volume a ponto de colocar o presidente interino numa situação delicada. Não comentou o não atendimento do seu pedido, mergulhou no silêncio e esperou, sabendo perfeitamente o que estava fazendo. Não deu outra: os protestos se espraiaram, as manifestações ganharam robustez e as vozes prudentes do Governo certamente sopraram conselhos para que Temer voltar atrás ainda a tempo de não deixar sequelas mais graves com o mundo artístico brasileiro, que está entre os segmentos mais politizados da Nação. Quando registrou o pedido de Sarney não atendido por Temer, a Coluna avaliou que, mesmo não sendo sutilmente esnobado, Sarney sairia do episódio na confortável situação do criador que tentou salvar a sua importante criatura da degola, enquanto Temer entraria para a história como o verdugo que fez a degola contra a vontade da maioria. Michel Temer ouviu Sarney pela voz das ruas, e vai se eternizar como o poderoso que corrigiu a tempo um erro monumental depois de alertado pelo criador. Em resumo: a mais experiente raposa da República acrescentou mais um item à sua vasta coleção de vitórias.

 

São Luís, 21 de Maio de 2016.

 

Perda do poder deixa o PT do Maranhão desorientado e sem saber para onde ir nas eleições municipais.

 

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Monteiro, Zé Inácio e Zé Carlos são hoje a cara do PT sem rumo

Nenhum braço partidário do Maranhão encontra-se em situação tão complicada e está com futuro tão indefinido quanto o PT. Dividido quando exerceu o poder com o PMDB no estado, mas alimentando visível autoconfiança estimulada pelo fato de estar com poder pleno na República, o partido  mergulhou em crise quando o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff começou a ser movimentado no Congresso Nacional. Agora sem poder na União nem no estado, a agremiação petista vive uma situação traumática do partido que nasceu para ser oposição, mas que chegou ao poder, gostou de mandar, e que agora, sem ele, se move sem saber exatamente para onde ir. As duas correntes petistas que se batiam no Maranhão vivem, no momento, a perplexidade da perda do poder e das consequências de o partido ter perdido a credibilidade. Os dois grupos, que se tornaram adversários figadais, tentam hoje se reaproximar, mas se deparam com imensas dificuldades.

Presidida pelo professor Raimundo Monteiro, um militante calejado, a corrente que controla o Diretório estadual se desdobra para manter o partido de pé, juntamente com o braço da CUT no Maranhão. Esse grupo tenta ganhar fôlego flertando, de um lado, com o governador Flávio Dino (PCdoB), numa relação que se estreitou depois que o chefe do Executivo abraçou a causa da presidente Dilma Rousseff, transformando-se no seu mais tenaz defensor contra o pedido de impeachment. Mas do outro lado está a banda do PT que nunca se aliou ao PMDB e faz parte do staf que assessora Dino desde suas primeiras campanhas eleitorais. Esse grupo, que tem como expoentes os secretários de Direitos Humanos e Mobilização Popular, Francisco Gonçalves, e de Esportes, Márcio Jardim, admite a possibilidade de reunificar o partido no Maranhão, embora conviva com a suspeita de que a reunificação seja um objetivo difícil de ser alcançado. No meio dos dois grupos está a CUT, o braço sindical do partido, que diferentemente das outras centrais sindicais, firmou a decisão de não reconhecer o Governo do presidente Michel Temer.

O PT maranhense nunca foi uma sigla de grande expressão eleitoral, e até aqui não teve uma representação de fato expressiva em matéria de mandatos. Mas foi o terror oposicionista dos governos de João Castelo (segunda metade), Luis Rocha (1983/1987), Epitácio Cafeteira (1987/1990), Edison Lobão (1991/1995) e os dois primeiros mandatos de Roseana Sarney (1995/2002), e gerou quadros importantes, como o ex-deputado federal Domingos Dutra, atualmente no PCdoB. Mas hoje, o PT é um partido inexpressivo, sem o charme político dos tempos em que brigava contra tudo e contra todos como a mais autêntica e destacada corrente de oposição de esquerda. Nas eleições de 2014, quando se esperava que ele saísse das urnas fortalecido no embalo da reeleição da presidente Dilma Rousseff, a secção maranhense do partido de Lula quase naufragou de vez. Além de não ter renovado seu condomínio com a Vice-Governadoria, perdeu feio na briga proporcional, ao eleger apenas um deputado federal, José Carlos Araújo, um funcionário graduado da Caixa que em nada lembra um petista. E elegeu apenas dois deputados estaduais, a discreta Francisca Prima, uma professora de Buriticupu que sempre foi vista com reserva por petistas mais afoitos, e por esse e outros motivos desembarcou do PT e entrou para as fileiras do PCdoB; e Zé Inácio, um jovem militante, que se esforça para manter o partido de pé, mas não tem a liderança para levar seu projeto adiante.

É nítida a desorientação do PT maranhense, que tenta se situar numa realidade nova após 13 anos embalado pela força do poder de Brasília e pela entusiasmante sensação de estar no comando do País. A mudança brusca e traumática colocou o partido numa espécie de vazio, sem condições de reagir e obrigado a começar tudo de novo, do zero, e agora com o complicador de ser um partido com a credibilidade em baixa. Isso porque ninguém no PT acredita que a presidente Dilma Rousseff reverta o afastamento e saia inteira do processo de impeachment. Se a presidente conseguir dar a volta por cima, o PT irá às urnas turbinado. Se não – o que é mais provável -, o partido terá enormes dificuldades de ir às ruas pedir votos.

 

PONTO & CONTRAPONTO

Bandidos infernizam sistema de transporte de São Luís
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Ônibus incendiado por bandidos quinta-feira ficou completamente destruído

São Luís vive um momento de recrudescimento da violência que inferniza o sistema municipal de transporte coletivo. Sob ordens de chefes trancafiados no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, bandidos ligados à facção conhecida como “Bonde dos 40” incendeiam ônibus, gerando pânico na população. Nos últimos dois dias, foram sete ataques, com a destruição de seis ônibus – o sétimo escapou da carbonização pela agilidade do motorista, que conseguiu debelar o fogo antes que as labaredas de espalhassem. Ninguém saiu ferido. Nesse período, 33 pessoas foram presas, sendo dois remanescentes da onda de incêndios de janeiro de 2014, quando uma criança foi carbonizada numa ação que chocou o país.  O governo colocou todo o seu efetivo policial disponível nas ruas à caça dos criminosos, diferentemente de dois anos atrás, quando o governo e a polícia foram apanhados de surpresa e não souberam o que fazer, pois não havia um plano.

Situação está bem melhor que em 2014
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Governador Flávio Dino se reúne com a cúpula da Segurança para definir ações

Em 2014, além de não ter um plano para enfrentar a situação, o Governo também enfrentava uma sequência de rebeliões em Pedrinhas, onde uma guerra de facções matou mais de 100 em apenas um ano, em atos de brutalidade inacreditáveis, como degola e outras. Agora, a situação é bem diferente. Pedrinhas está sob controle, os detentos não se rebelam a um ano e o Sistema passa por uma mudança radical, sem um assassinato há meses e meses. Ainda está longe de ser um sistema prisional de primeira, mas certamente está muito melhor que há dois anos.  Não há como negar que a situação ali mudou para melhor e que, de um modo geral, os ludovicenses vinham experimentando uma sensação de que estão mais seguros. Os ataques a ônibus ressuscitaram os temores e as preocupações do cidadão que depende do transporte coletivo. E como não poderia deixar de ser, oposição e situação travam desde quinta-feira uma verdadeira guerra nos blogs e nas redes sociais.

Governador pode pedir apoio federal
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Batida policial é realizada após incêndio de vários ônibus em São Luís

Ontem, em meio à enorme repercussão da ação dos bandidos, o governador Flávio Dino abordou o assunto nas redes sociais: “Uma quadrilha que atua no Maranhão há muitos anos está tentando reagir à moralização do Complexo Penitenciário de Pedrinhas. Todo o Sistema de Segurança está totalmente mobilizado para garantir a ordem pública. E assim vai continuar. Já temos mais de 20 presos – chegou a 33 – por atos contra ônibus ontem e hoje. Crimes com o intuito de gerar pânico. Policiais e bombeiros do Maranhão fazendo o máximo possível. Têm meu apoio e confiança. Avalio se pediremos ajuda federal. Já fiz contato com o ministro da Justiça. Ainda hoje teremos uma definição sobre o assunto. Além da pronta e decidida ação da nossa Polícia”.

Secretário vê rumo certo
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Suspeitos de incendiar ônibus são apresentados pela Polícia, que está toda nas ruas

O secretário de Articulação Política e Comunicação, jornalista Márcio Jerry, em um disparo na guerra que trava contra blogueiros ditos de oposição, disse o seguinte: “Bandidos de todo tipo, torcedores dos assaltantes, assassinos e traficantes estão zangados com o Governo Flávio Dino. Caminho certo!!”.

 

São Luís, 20 de Maio de 2016.

 

 

André Fufuca corre o risco político de pagar caro por ter transformado Eduardo Cunha numa bandeira

 

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 Fufuca segue Cunha e é ironizado em debate por  Delgado

O deputado federal André Fufuca (PP) experimentou ontem o gosto amargo do embate político travado atualmente nos bastidores da Câmara Federal. Durante a sabatina do presidente afastado da Casa, Eduardo Cunha (PMDB), no Conselho de Ética, em mais uma etapa da queda de braço que trava com as forças que tentam derrubá-lo e lhe cassar o mandato, o jovem deputado maranhense quase foi às vias de fato com o deputado mineiro Júlio Delgado (PSB), um parlamentar respeitado e escolado, que faz oposição severa a Eduardo Cunha e seu grupo. Em meio a um discurso inteligente destinado a provocar Eduardo Cunha, Júlio Delgado afirmou que André Fufuca é politicamente tão ligado e afeiçoado a Eduardo Cunha que nos corredores o chama de “papi”. A declaração de Júlio Delgado teve claro objetivo de alfinetar André Fufuca num contexto em que a provocação alcançaria também o presidente afastado da Câmara Federal, que naquele momento não escondia o seu desconforto diante do que dizia o deputado socialista a seu respeito.

Feita para dar uma ideia precisa da influência que Eduardo Cunha exerce sobre um número expressivo de deputados, o que o torna poderoso, a declaração de Júlio Delgado, feita em tom irônico, além de funcionar como uma incômoda revelação diante de milhões de brasileiros que acompanhavam o depoimento do presidente afastado da Câmara Federal  pela TV, tirou o jovem deputado maranhense do sério. Numa reação furiosa, mas com postura equilibrada e as faces avermelhadas de indignação, André Fufuca contra-atacou com adjetivos do tipo “mentiroso”, “canalha” e “corrupto”, escrachando o colega, a quem atribuiu crime de corrupção eleitoral, exibindo um documento que seria prova de que o mineiro teria recebido dinheiro sujo de uma empreiteira para sua campanha.

Quanto ao tratamento filial que, segundo o socialista, Fufuca dedicaria ao presidente afastado da Câmara, o deputado maranhense negou peremptoriamente que assim proceda, afirmando que “no Maranhão a gente não usa esse nome, porque isso não é coisa de homem”. Xingado por André Fufuca, o deputado Júlio Delgado não entrou no jogo, declarou-se ofendido com as agressivas palavras do colega e pediu ao Conselho de Ética que tome providências para punir o jovem parlamentar maranhense.

O episódio evidencia o quanto alguns deputados maranhenses – André Fufuca, Waldir Maranhão (PP), Alberto Filho (PMDB) e Cléber Verde (PRB), por exemplo – se vincularam a Eduardo Cunha, certamente não se dando conta de que essa vinculação, que no início lhes abriu portas e lhes deu espaços de poder, era também uma bomba de efeito retardado, que explodiria a qualquer momento, disparando estilhaços para todos os lados. Eles pareceram não compreender que Eduardo Cunha é um jogador sem limites, daqueles que apostam tudo e vão do céu ao inferno sem medir consequência, via de regra arrastando junto quem vive na sua órbita.

No embate de ontem com Júlio Delgado, André Fufuca deixou no ar a nítida impressão de que permanece firme no grupo mais próximo ao presidente afastado, de um lado por conveniência e, de outro, por gratidão ao líder que lhe deu a mão desde que desembarcou em Brasília levando na bagagem o diploma de deputado federal. E os fatos não mentem: poucas semanas depois de ter chegado à Câmara Federal como marinheiro de primeiro mandato, André Fufuca, então representante do PEN, foi, de repente, emplacado na presidência da CPI da Prótese, posto que lhe deu grande visibilidade. Mais recentemente, em meio às tensões elevadas pelo agravamento da crise, André Fufuca desembarcou no PP e ganhou o controle do partido no Maranhão, substituindo a Waldir Maranhão, que foi punido porque contrariou a orientação do chefe maior da Câmara ao votar contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).

O andar da carruagem conduzida pelo presidente afastado da Câmara Baixa, que já foi acelerado e firme, começou a diminuir e perder firmeza. É nesse cenário que parlamentares como André Fufuca, que nasceu e foi forjado na política provinciana, provavelmente tem dificuldade de perceber com clareza que um guru como Eduardo Cunha tem verso e reverso, e que seus seguidores  correm sempre o risco de pagar um preço político muito elevado pela ingenuidade de transformá-lo numa bandeira.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Paulo Neto denuncia estragos do agronegócio no Baixo Parnaíba
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Paulo Neto denunciou estragos feito pelo agronegócio

Ao anunciar ontem o projeto “Quintais Produtivos”, que visa incentivar a agricultura de subsistência num grande número de municípios no Nordeste do Maranhão, o deputado Paulo Neto (PSDC) surpreendeu o plenário com uma denúncia grave. Ele afirmou, com muita ênfase, que a expansão do agronegócio, especialmente a produção de soja e milho, não está levando benefícios à Região do Baixo Parnaíba. Ao contrário, além de não gerar impostos nem empregos, o escoamento da grande quantidade de grãos ali produzidos está concorrendo para destruir a já precária infraestrutura rodoviária que interliga os municípios. “Não levaram nada de bom para nós”, disse Paulo Neto. Com sua maneira muito própria de dizer o que pensa com clareza absoluta, o parlamentar denunciou: “Os grandes produtores de soja e de milho na nossa região deixam zero de recursos para os municípios do Maranhão. Lá na região do Baixo Parnaíba eles não deixam nada. Emprego é muito pequeno, pouquíssimos empregos. O Governo tem que olhar para isso. São os municípios pequenos e os pequenos produtores, porque ali o solo é fértil para soja, mas o município fica zerado, fica só com prejuízo”, completou Paulo Neto.

Em tempo: Ao subir a tribuna para fazer seu pronunciamento, o deputado Paulo neto ficou incomodado porque a maioria dos deputados estava conversando. Sem meias palavras, ele se dirigiu ao presidente Humberto Coutinho e reclamou: “Presidente, pelo que sei isso aqui não é mercado”. Os deputados pararam de conversar e ele iniciou sua fala.

Judiciário lança transcrição de testamentos dos séculos XVIII-XI
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Presidente Cleones Cunha presidirá ato no TJ

O Tribunal de Justiça do Maranhão lança hoje, por meio da Coordenadoria da Biblioteca e Arquivo, em ato no Salão Nobre da Corte, os livros transcritos de testamentos dos séculos XVIII-XIX, com histórias e legados da época. Foram transcritos os livros de registros de testamentos de 1751/1756; 1781/1791 e 1790/1795. Os exemplares irão compor o acervo de bibliotecas de tribunais e de órgãos estaduais e federais que trabalham na área de documentação histórica. Na solenidade será lançada também a 7ª edição da Revista do Tribunal de Justiça do Maranhão, periódico anual composto por estudos de renomados doutrinadores. As obras são frutos do ‘Projeto de Transcrição e Divulgação do Acervo de Testamentos’, que tem o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Desenvolvimento Científico do Maranhão (Fapema). O objetivo é incentivar o estudo da doutrina, legislação e jurisprudência, propiciando o intercâmbio entre o Tribunal de Justiça do Maranhão e profissionais de Direito. O ato de lançamento acontece às 10 horas, no Salão Nobre do Palácio Clóvis Bevilacqua, sob o comando do desembargador-presidente Cleones Cunha.

 

São Luís, 19 de Maio de 2016.

Pedido de Sarney para poupar Ministério da Cultura da degola não foi atendido por Temer

 

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Sarney fez pedido por Minc, mas Temer não atendeu

O pedido feito ao presidente interino da República, Michel Temer (PMDB), para que ele ressuscite o Ministério da Cultura (MINC), recém incorporado ao Ministério da Educação, foi um dos gestos mais importantes do ex-presidente José Sarney (PMDB) nos últimos tempos. Com a autoridade de quem criou a pasta em março de 1985, e um ano depois a entregou a ninguém menos que o célebre economista Celso Furtado, um dos intelectuais mais importantes do século passado, Sarney fez o apelo por ter plena consciência do que representa esse órgão para a vida cultural do País. Mais do que isso, o apelo está em perfeita sintonia com o que pensa a maioria dos militantes da cultura em todos os seus matizes e, também, os expoentes de todas as vertentes da cultura popular. Ou seja, com o seu gesto, o ex-presidente fala por si e por toda a inteligência cultural nacional, aí envolvidos pensadores, escritores, poetas, historiadores, cronistas, intelectuais, atores, teatrólogos, cineastas, compositores, cantores, músicos, pintores, escultures, produtores culturais, líderes de manifestações populares, empresários da cultura, enfim, o que mais pode haver de representativo nesse espetacular e monumental painel da diversidade cultural que é o Brasil.

A decisão de, por “medida de economia”, degolar o MINC e transformá-lo num “puxado” do Ministério da Educação, ressuscitando o famoso MEC, sigla que marcou as duas décadas da ditadura, foi uma das medidas mais surpreendentes e antipáticas do presidente interino Michel Temer. Mais ainda quando entregou a pasta ao deputado federal Mendonça Filho, um político pernambucano que liderou a bancada do DEM na maior parte do  movimento político que resultou no afastamento da presidente Dilma Rousseff (PT). Até onde se sabe, Mendonça Filho pode ter respaldo político e partidário para garantir a indicação, mas está claro que ele não tem estatura para comandar uma pasta responsável ao mesmo tempo por educação e cultura. Ex-governador de Pernambuco depois de ter sido um  vice apagado por sete anos, derrotado para o Governo do Estado e para a prefeitura do Recife, é um político de direita, conservador, que vem do PDS e do PFL num esquema de família de políticos do interior de estado, que controla prefeituras e alguns negócios, não exibindo no currículo nada relacionado com cultura. Pode transformar o MEC num birô de clientelismo político.

Quando criou o Ministério da Cultura, o então presidente José Sarney levou em conta, além da sua própria visão, uma série de manifestações do mundo cultural, emanadas especialmente do meio literário, ao qual  pertencia como escritor já respeitado. Entregou-o primeiro ao político e intelectual mineiro José Aparecido de Oliveira, que deu forma à pasta, e a passou para o intelectual Aloísio Pimenta, que também não segurou o tranco de lidar com a diversidade cultural brasileira. Sarney, então, nomeou para o comando da pasta ninguém menos que Celso Furtado, o celebrado economista de sólida formação sociológica, criador da Sudene, que havia retornado do exílio depois de mais de uma década peregrinando por universidades e centros culturais da Europa. Foi Furtado quem, sob a orientação de Sarney, montou as bases do que viria a ser um ministério essencial para dar suporte e incentivo a todas as áreas da cultura brasileira. Não foi sem razão que nos seus 30 anos de existência, o Minc foi comandado por personalidades destacadas como o cantor e compositor Gilberto Gil, a hoje senadora Marta Suplicy (PMDB), o renomado sociólogo Francisco Weffort, o respeitado filólogo e dicionarista Antonio Houaiss, o diplomata e escritor Sérgio Rouanet, o animador cultural Juca Ferreira e também o economista e escritor maranhense Joaquim Itapary – que na condição de adjunto assumiu algumas vezes a direção da pasta.

Nenhuma avaliação, por mais que contenha o ingrediente da má vontade, será capaz de minimizar a importância do Ministério da Cultura a ponto de reduzi-lo a um “puxado” do Ministério da Educação. Também o argumento da necessidade de se fazer economia não justifica, porque a pasta nunca nadou em dinheiro. E sua importância para a vida nacional está nas manifestações que estão acontecendo em todo o país contra sua transformação numa secretaria do MEC, e tendo como comandante o ex-líder do DEM, Mendonça Filho.

O ex-presidente José Sarney fez o pedido de reconsideração ao presidente interino Michel Temer numa conversa pessoal, na tarde de terça-feira. De imediato a notícia correu o País e fortaleceu os movimentos que já se organizavam para protestar. Evidente que Sarney não pretendeu colocar Temer contra a parede nem constrangê-lo, agiu como o criador aspirando apenas evitar a morte anunciada da criatura. Mas o presidente interino não lhe deu ouvidos, tanto que ontem Mendonça Filho nomeou o secretário de Cultura do MEC, Marcelo Calero, consumando o fato que Sarney tentou evitar.

O ex-presidente José Sarney certamente sentirá a extinção do Ministério que criou com tanto entusiasmo. Mas as circunstâncias e as conveniências políticas do momento certamente o aconselham a engolir a gia e tocar a vida. E seguirá em frente levando na bagagem o mérito intransferível de criador do Ministério da Cultura, enquanto o presidente interino entrará para a história como o verdugo da pasta. Michel Temer naturalmente não quer passar a imagem de molenga, por isso já deve estar processando que sua medida foi antipatizada até mesmo por aliados seus. Não será surpresa se, após alguns meses, ele voltar atrás.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Difícil acreditar no que está acontecendo no TCE
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Edmar Cutrim colocou o TCE numa situação constrangedora

O Tribunal de Contas do Estado (TCE) encontra-se numa saia justa, daquelas que qualquer movimento em falso pode levá-lo ao chão. E o responsável direto pelo desconforto da Corte é o conselheiro Edmar Cutrim. Ainda incomoda aos ouvidos mais atentos a declaração dele à TV Mirante sugerindo que a imprensa estava fazendo “tempestade em copo d`água” com a nomeação, para o seu gabinete, com salário de R$ 7,7 mil mensais, do médico Thiago Maranhão, filho do deputado federal e presidente interino da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão, que mora e trabalha em São Paulo. Um caso escandaloso de compadrio, mas minimizado pelo conselheiro Edmar Cutrim como “uma besteira”. Em qualquer instituição de fato comprometida com a verdade e com a ética, especialmente numa corte de contas, Edmar Cutrim teria de ser afastado das suas funções até que tudo estivesse devidamente esclarecido e o erário ressarcido. Quanto ao conselheiro, ele teria de provar o improvável: que é inocente no caso e que foi vítima de má fé ou coisa parecida. A “regra” universal é que as cortes são, de modo geral, corporativas, do tipo “um por todos e todos por um”, mas com alguns limites. O caso do conselheiro Edmar Cutrim foge a qualquer limite de tolerância, porque é uma ilegalidade escancarada, condenável e indiscutível, que não tem apenas um cometedor, no caso o médico Tiago Maranhão, filho do deputado Waldir Maranhão. Quem o nomeou? Por que foi nomeado? Quais seriam suas atribuições na Corte? Quem era seu chefe imediato? Qual a explicação desse chefe para a ausência do assessor? Que orientação o chefe imediato recebeu do chefe superior? Tudo isso teria de ser esclarecido, com a responsabilização em cada degrau da hierarquia, seja por culpa direta ou por conivência. E por aí vai. O que choca é o fato de o conselheiro continuar exercendo normalmente suas funções e os demais integrantes da Corte sendo obrigados fazer de conta que nada está acontecendo.

 

Deputados maranhenses participação de conferência da Unale
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O presidente Humberto Coutinho entre os deputados sergipanos Georgeo Passos e ………, ladeados por Carlinhos Florêncio, Edilázio Jr. Ricardo Rios e Roberto Costa

Representantes do Poder Legislativo do Maranhão participarão, no início de junho, em Aracaju (SE), da Conferência Nacional da Unale, entidade representativa dos deputados estaduais de todo o País, que discutirá o tema “Rediscutindo o Brasil”. A participação foi reforçada ontem pelo presidente da Assembleia Legislativa, deputado Humberto Coutinho (PDT), ao receber a visita dos deputados estaduais sergipanos Georgeo Passos (PTC) e Inaldo Silva (PCdoB), que reforçaram o convite para o evento – o primeiro realizado depois da mudança no comando do País. Ao ocupar a tribuna, a pedido do presidente Humberto Coutinho (PDT), o deputado  Georgeo Passos explicou que veio a São Luís, juntamente com o deputado Padre  Inaldo, para  oficializar o convite para a Conferência, que já conta com a presença confirmada do ministro do Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli, do ex-ministro daquela Corte Joaquim Barbosa, e dos ministros  Augusto Nardes e Ronaldo Nogueira, ambos do Tribunal de Contas da União. A conferência debaterá temas como a Governança Pública, Desenvolvimento e Segurança Jurídica e o Empreendedorismo em Tempos de Manifestações e Crise. O objetivo é formular uma visão atual sobre o país e o cenário mundial no que diz respeito à economia, reforma política, infraestrutura e logística. A expectativa é que o evento reúna 1.500 participantes entre deputados, assessores legislativos, estudantes, governadores, senadores, ministros, prefeitos, vereadores, entre outras autoridades. Ao final do evento, será produzida uma Carta contendo indicadores importantes para o Brasil sair da crise institucional, econômica e política.

 

São Luís, 18 de Maio de 2016.