Arquivos mensais: outubro 2025

Supremo vai retomar julgamento que já confirmou a reeleição de Iracema para o comando da Alema

Iracema Vale está confirmada,
mas pode receber unanimidade
no julgamento da Corte Suprema

A deputada Iracema Vale (PSB) está muito próxima de ter confirmada, por unanimidade, sua reeleição para a presidência da Assembleia Legislativa, ocorrida no dia 13 de novembro de 2023, e questionada pelo seu oponente, deputado Othelino Neto, por intermédio do seu partido, o Solidariedade, em Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN) no Supremo Tribunal Federal. É que a Corte Suprema, depois de vários meses, deverá retomar, nos próximos dias – segundo o bem informado blog do jornalista Gilberto Léda -, o julgamento do caso pelo plenário virtual, liquidando de vez essa questão, que se arrasta desnecessariamente há quase um ano. O placar está de 8 a zero confirmando a reeleição de Iracema Vale, não havendo, portanto, possibilidade de mudança dessa decisão, ainda que os três ministros que ainda não votaram se manifestem diferentemente da maioria.

Com a retomada iminente do julgamento virtual, a Corte Suprema encerrará um dos casos mais emblemáticos da política maranhense nos últimos tempos, exatamente por haver revelado o jogo pesado nos bastidores do Poder Legislativo na fase inicial do rompimento entre o chamado grupo dinista, no caso apoiando o candidato Othelino Neto, e o grupo alinhado com o governador Carlos Brandão (sem partido), que apoiou a candidatura da presidente Iracema Vale à reeleição.

Realizada no dia 13 de novembro de 2023, num cenário em que a presidente era largamente favorita, o pleito resultou numa das maiores e impressionantes surpresas da história recente da política maranhense: um empate rigoroso de 21 a 21 no primeiro escrutínio, desfecho confirmado no segundo e definitivo escrutínio. A deputada Iracema Vale foi reeleita pelo critério da maioridade, conforme estabelece o Regimento Interno da Assembleia Legislativa. O deputado Othelino Neto decidiu bater às portas da Corte Suprema questionando a legalidade do critério. A relatora, ministra Cármen Lúcia, reconheceu a legalidade do critério, confirmando assim a eleição de Iracema Vale, no que foi seguida por sete ministros, formando uma sólida e irreversível maioria a seu favor.

Interrompido por um pedido de vista do ministro Luiz Fux, que pretendeu levar para o plena rio físico, para que a votação começasse do zero, sendo que ele próprio voltou atrás, o julgamento deve ser concluído em pouco tempo após retomado. E a expectativa nos bastidores do Palácio Manoel Beckman, plenamente justificada, é a de que a deputada Iracema Vale seja confirmada presidente da Assembleia Legislativa pela segunda vez consecutiva. Restando apenas os votos de três ministros, a expectativa é que a ADIN do Solidariedade seja mandada de vez para o arquivo morto da Corte Suprema, que já é o seu destino desde que a votação alcançou 6 a 0.

A confirmação encerrará de vez um imbróglio que, a rigor, nem deveria ter existido. Isso porque, há mais de três décadas, a maioridade foi a regra principal para desempatar disputas para a presidência do parlamento maranhense, e nunca havia sido questionada. Tanto que o questionamento da legalidade da reeleição, feito ainda que legitimamente pelo deputado Othelino Neto, da presidente o mundo político. E a surpresa veio principalmente do fato de que critério para desempate de eleição para o cargo de presidente de casa legislativa é definido por ela própria, não cabendo a Justiça se envolver, a menos que tal norma seja francamente inconstitucional, o que não é o caso, como ficou demonstrado nas diversas peças de contestação produzidas da Alema.

O fato é que, a menos que haja uma situação jurídica imprevisível ou um fato politicamente inusitado, o que é absolutamente improvável, a deputada Iracema Vale continuará presidindo legitimamente a Assembleia Legislativa até à meia-noite do dia 31 de dezembro de 2026. Até os seus adversários já admitem isso sem reservas.

PONTO & CONTRAPONTO

Bacabal: Roberto Costa entrega tratores a agricultores e reforça incentivo à agricultura familiar

Roberto Costa entrega tratores a pequenos agricultores

Mudar gradual, mas efetivamente, a agricultura familiar em Bacabal com o uso de maquinários para a preparação do solo e para o plantio, mas sem afastar as famílias do campo. Essa foi a linha de ação adotada pelo prefeito Roberto Costa (MDB) para incentivar os pequenos agricultores do município, ao entregar-lhes ontem nove tratores e anunciar os investimentos que a Prefeitura fará para incentivar o aumento da safra 2025/2026, em ato realizado no Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Agricultores e Agricultoras Familiares de Bacabal.

Além dos tratores, o pacote entregue pela Prefeitura aos pequenos agricultores bacabalenses incluiu conjuntos de implementos agrícolas para a preparação do solo e, tão importante quanto as máquinas e seus complementos, um programa de apoio técnico especializado. Assim, além do processo de mecanização de parte da produção agrícola, os pequenos agricultores serão orientados adequadamente no uso de técnicas voltadas para melhorar a qualidade da produção.

O pacote de incentivos aos pequenos agricultores é a confirmação de uma política arrojada adotada pelo prefeito Roberto Costa para melhorar a produção e a vida de centenas e centenas de famílias que vivem do seu trabalho no campo, realizando uma agricultura de sobrevivência, mas produzindo o suficiente comercializar o excesso, cuja tendência é aumentar a partir de agora.

A base da produção agrícola é a preparação do solo, que acontece no final do ano visando a safra do ano que vem, quando ocorrem o plantio das culturas tradicionais da região, com o arroz, o feijão e o milho, por exemplo, além de frutas, verduras e legumes. É um período de renovação do campo, ao longo do qual atuam para garantir produtividade e bons resultados.

A preparação do solo neste final de ano é fundamental, pois marca o início da safra 2025/2026, quando os produtores iniciam o plantio das principais culturas da região. É um período de renovação do campo, em que as famílias rurais se organizam para garantir produtividade e bons resultados ao longo do próximo ciclo agrícola.

Na conversa com agricultores, o prefeito Roberto Costa assinalou que a agricultura familiar é prioridade em sua gestão e que os investimentos vão continuar. Ele anunciou que até o final do ano a Prefeitura entregará sementes aos pequenos produtores rurais do município.

– O nosso compromisso é de apoiar a agricultura como um todo. Mas a agricultura familiar é fundamental na vida da nossa cidade. São milhares de famílias que têm sua vida econômica vinda da roça, e a gente precisa garantir as condições para que elas possam produzir e aumentar a sua produção – declarou o prefeito de Bacabal em tom de compromisso.

Rafael Brito deve deixar o PSB, migrar para um partido de centro e apoiar Orleans Brandão

Rafael Brito deixar o PSB
e apoiar Orleans Brandão

Bem avaliado pelo trabalho que vem realizando à frente da Prefeitura de Timon, segundo dados de pesquisas e relato de observadores, o prefeito Rafael Brito parece ter resolvido dois dilemas de natureza política. O primeiro, mais simples, mas carregado de simbolismo, é sua permanência ou não no PSB. E o outro, bem mais complexo, é seu posicionamento na corrida ao Palácio dos Leões.

Em relação ao PSB, o prefeito tende a deixar o partido, seguindo o governador Carlos Brandão, embora política e ideologicamente faça parte desse grupo. Cria do PDT no período áureo em que a legenda foi comandada por Jackson Lago, o deputado estadual Rafael Brito migrou para o PSB seguindo o então governador Flávio Dino na pavimentação partidária que resultou na eleição do vice-governador Carlos Brandão até renunciar à liderança do Governo brandão, que exerceu até abril de 2024 para disputar a Prefeitura.

No que respeita à corrida sucessória, mesmo tendo boas relações com o PT e com o vice-governador Felipe Camarão (PT), que será candidato “em qualquer circunstância” ao Palácio dos Leões, o seu caminho é apoiar o secretário Orleans Brandão (MDB), que o apoiou na dura corrida à Prefeitura de Timon, na qual enfrentou e venceu a prefeita Dinair Veloso (PDT), apoiada pelo PT. A opção pelo pré-candidato do MDB reflete o seu alinhamento com o governador Carlos Brandão, o quer confirma a sua condição de político ético.

O problema enfrentado por Rafael Brito nesse contexto é ter de migrar para o centro, mudando sua orientação ideológica, que é de esquerda desde militante no movimento estudantil.    

 São Luís, 31 de Outubro de 2025.

“Não vou renunciar” vira mote da pré-campanha de Felipe Camarão ao Palácio dos Leões

Felipe Camarão tem projeto avalizado por Lula da Silva

“Não vou renunciar. Sou vice-governador e sou candidato a governador do Maranhão. Nada vai me fazer mudar isso”. Com esse mote, o vice-governador Felipe Camarão (PT) fechou, na noite dessa quarta-feira, em Tuntum, mais uma etapa do projeto “Diálogos pelo Maranhão”, agenda da sua participação na disputa para o Palácio dos Leões. A declaração, que vem sendo feita de maneira cada vez mais enfática, foi transformada em mote da sua pré-campanha, funcionando também como um recado eloquente dirigido ao eleitorado e a adversários e aliados. Acompanhado de líderes da corrente mais tradicional do PT maranhense, como o professor Raimundo Monteiro, que já presidiu o partido por vários anos, Felipe Camarão repete, com pequenos ajustes, a fórmula de ação política que levou o então ex-juiz e ex-deputado federal Flávio Dino (PCdoB) ao Governo do Estado em 2014.

O projeto inicial do vice-governador era assumir o Governo do Estado em abril do ano que vem e disputar a reeleição em outubro, liderando uma chapa que teria o governador Carlos Brandão como candidato ao Senado, a exemplo do aconteceu com Flávio Dino e Carlos Brandão em 2022. Os grupos romperam os laços, tendo o governador Carlos Brandão decidido permanecer no cargo até o final do mandato e lançado o secretário de Assuntos Municipalistas Orleans Brandão (MDB), seu sobrinho, à sua sucessão.

Esse rompimento criou uma situação complexa, que tem Felipe Camarão como a chave para a solução. Do seu lado, a crise política e outros problemas se resolveriam com o governador Carlos Brandão renunciando em abril disputar uma cadeira no Senado, com amplas possibilidades de eleição, e ele, Felipe Camarão, assumindo o Governo para concorrer à reeleição como governador. Do lado agora oposto, a solução para a crise seria Felipe Camarão para ser candidato a deputado federal e Carlos Brandão a senador, ambos apoiando um candidato de consenso ao Governo.

Nenhuma das fórmulas parece ter futuro no atual contexto político do Maranhão. E as expectativas se voltam agora para uma intervenção do presidente Lula da Silva (PT), iniciada em Imperatriz, no início do mês, e deve prosseguir nos próximos dias, c informe previu o próprio chefe da Nação, que retornou ontem da Ásia. Nesse ambiente, Felipe Camarão segue sua caminhada de pré-candidato em regime de pré-campanha nos municípios, onde realiza os “Diálogos pelo Maranhão” com seus aliados dinistas fazendo oposição dura ao governador. Seus movimentos como pré-candidato a governador são respaldados pelo presidente Lula da Silva e pelo comando nacional do PT.

Com a bagagem de quem conhece o Maranhão na palma da mão, fruto de mais de seis anos como secretário de Educação, que comandou o ambicioso programa Escola Digna e foi um dos artífices da criação da Uema Sul, Felipe Camarão vem intensificando os diálogos com o eleitorado. Em cada edição, ele se apresenta, fala das suas experiências na vida pública, apresenta um roteiro do que seria o seu plano de governo, com foco na educação, na saúde e na assistência social, e responde, sem reservas, a perguntas dos presentes. Provavelmente ainda apostando numa reconciliação, fala em tom crítico sobre os problemas do Maranhão, mas não ataca o Governo nem os seus com correntes. E a julgar pelo que ele tem dito nas suas redes sociais, o movimento cresce a cada edição.

O vice-governador Felipe Camarão pareceu “sentir o golpe” quando o governador Carlos Brandão anunciou a intensão permanecer no cargo até o final do mandato, mas é visível que sua animação e disposição para o embate eleitoral vem aumentando expressivamente. E o sinal mais evidente dessa animação é a ênfase com que ele repete a declaração na qual avisa que não vai renunciar à vice-governança e que vai disputar o Palácio dos Leões em qualquer circunstância.

Se vai mobilizará o eleitorado, isso ninguém sabe. Mas a julgar pelo seu entusiasmo, Felipe Camarão passa a impressão de que sabe o que está fazendo.

PONTO & CONTRAPONTO

Partidos estão interessados em atrair os nove deputados que deixarão o PSB em março de 2026

Carlos Brandão será
referência para escolha
partidária de deputados

Os partidos mais fortes no maranhão estão de olho em nove dos 11 deputados estaduais que devem deixar o PSB. Entre ele, a grande estrela é a presidente da Assembleia Legislativa, Iracema Vale, que, ao que tudo indica, deve migrar para o PDT, atendendo a convite do senador Weverton Rocha, e não para o MDB, para onde muitos acreditam que irá o governador Carlos Brandão, que deixou o PSB.

Em busca de novo partido estão os deputados Antônio Pereira, vice-presidente da Alema, Adelmo Soares, Andreia Rezende, Ariston, Daniella Jadão, Davi Brandão, Florêncio Neto e Eric Costa, além do licenciado Edson Araújo, titular da vaga hoje ocupada por Adelmo Soares. Todos deverão deixar o PSB durante a janela partidária a ser aberta em março, quando deputados poderão trocar de partido sem o risco de perder o mandato.

Da bancada atual do partido, composta por 11 deputados, somente dois, Carlos Lula, atual vice-presidente estadual, e Francisco Nagib devam permanecer na legenda. Nos bastidores, comenta-se que boa parte do grupo deverá ingressar no partido aso qual o governador Carlos Brandão vier a se filiar, que, muitos apostam, será o MDB, hoje presidido por seu irmão, Marcus Brandão.

O governador, porém, disse recentemente à Coluna que não tem pressa em se filiar a novo partido e não confirmou a tendência de ingressar nas fileiras do MDB.

O PP, hoje presidido pela deputada federal Amanda Gentil, mas ainda controlado pelo ministro do Esporte, André Fufuca, tem interesse em vários “passes” de deputados que se preparam para deixar o PSB. O mesmo acontece com o União Brasil, comandado no estado pelo deputado federal Pedro Lucas Fernandes, e com o Republicanos, que tem o comando do deputado federal Aluísio Mendes, e também o presidente estadual do PRD, deputado federal Marreca Filho, aposta em atrair pelo menos um desses deputado. Na mesma linha, o prefeito de São Luís, Eduardo Braide, estaria interessado em fortalecer o PSD no parlamento estadual, onde já é representado por seu irmão, deputado Fernando Braide.

O que não há, portanto, é falta de opção para os  

Dino desmonta notícia falsa a ele atribuída sobre operação sangrenta no Rio de Janeiro

Flávio Dino: indignado com
fake news sobre matança
no Rio de Janeiro

O uso criminoso das redes sociais continua sem limites no Brasil. Ontem, por exemplo, o ministro Flávio Dino, da Suprema Corte, foi obrigado a usar essas redes para desmentir uma postagem falsa a ele atribuída sobre a tragédia no Rio de Janeiro.

O criminoso fez um post afirmando que o ministro Flávio Dino teria classificado a matança nas favelas cariocas como “um dos maiores crimes contra a humanidade”, sugerindo que ele estaria fazendo a defesa dos 127 bandidos mortos em confronto com a polícia fluminense.

Tão logo tomou conhecimento das postagem, Flávio Dino reagiu, publicando o seguinte desmentido nas suas redes sociais: “Jamais fiz tal postagem. Além de tudo, com erros gramaticais e mal escrita. Também é uma mentira absurda a de que julguei e absolvi a mim mesmo em um processo no STF. Fake news ridícula e abjeta”.

Um dos homens públicos mais empenhados na regulação das redes sociais no país, o ministro classificou a divulgação como crime e lamentou a disseminação de desinformação em meio à grave crise de segurança no Rio de Janeiro. “Deplorável que desprezem as dificuldades dos moradores, dos profissionais da segurança e de todos que sofrem no Rio de Janeiro. Estes têm a minha solidariedade e respeito”.

E não há dúvida de que ele acionará Polícia Federal para identificar o autor da agressão.

São Luís, 30 de Outubro de 2025.

Brandão tem aprovação de 71%, diz pesquisa Quaest contratada pelo Grupo Mirante

Bem avaliado, Carlos Brandão indica que
cumprirá seu mandato de quatro anos; mas se quiser, tem cacife para ser senador

O governador Carlos Brandão (sem partido) e seu Governo estão bem na avaliação dos maranhenses. De acordo com pesquisa do instituto Quaest, contratada pelo Grupo Mirante, o desempenho administrativo do governante é aprovado por nada menos que 71% dos entrevistados. No contrapeso, 23% disseram que não aprovam sua gestão, enquanto 6% não souberam ou não quiseram responder. Os números encontrados pela Quaest, que ouviu 1.404 pessoas no período de 15 a 20 de outubro em todo território estadual, mostram que a gestão de Carlos Brandão tem o aval de larga maioria em todas as regiões do Maranhão.

Na Ilha de Upaon Açu, incluindo São Luís, o governador Carlos Brandão também está bem na foto, sendo aprovado por 58% dos entrevistados contra 38% que declararam não aprovar sua gestão. Um resultado para ser comemorado, se levado em conta o fato de que, de um modo geral, o ilhéu, em especial o ludovicense, tem fama de rebelde e, de fato, costuma torcer o nariz para gestores em levantamentos dessas natureza.

Na sua investigação sobre avaliação do governador Carlos Brandão, a Quaest foi além e perguntou aos entrevistados “Como o Maranhão está indo?” As respostas bateram com a avaliação geral, já que 61% responderam que o estado encontra-se “Na direção certa”, contra 31% que responderam que está “Na direção errada”, enquanto 8% não souberam ou não quiseram responder.

Na mesma toada, a pesquisa seguiu em frente perguntando se, no momento, o Maranhão está “melhorando”, encontra-se “parado” ou está “piorando”. A essa indagação 55% avaliaram que o estado está “melhorando”, 32% acham que está “parado”, e 10% disseram que está “piorando”.

A Quest dividiu o Maranhão em quatro regiões e quis saber como o governador Carlos Brandão é visto em cada uma delas, tendo encontrado diferentes resultados. No Norte do estado, 71% aprovam e 21% desaprovam o Governo. No Oeste, 73% aprovam e 23% não aprovam. No Leste, 73% aprovam e 21% não aprovam. E no Sul do Maranhão, 79% disseram aprovar a gestão, enquanto 16% responderam que não aprovam.

 A pesquisa Quaest apurou que, ao mesmo tempo em que o governador Carlos Brandão tem aprovação acima dos setenta pontos percentuais, a avaliação do Governo do Estado é mais comedida. Nesse item, o Governo estadual é avaliado positivamente por 46%, como regular por 35% e como negativo por 12% dos entrevistados.

O governador Carlos Brandão consegue manter um padrão de avaliação quase que homogêneo em todo o território estadual, com percentuais de avaliação muito elevados. A explicação pode estar no fato de que ele deu ao seu Governo forte viés municipalista, levando obras civis – pontes, estradas, pavimentação urbana, áreas de lazer, entre outras –  para todos os 217 municípios, dando também abrangência estadual a programas sociais de largo alcance, como o Restaurante Popular – com 201 unidades já implantadas em mais de 180 municípios -, e o Maranhão sem Fome – que está beneficiando milhares de famílias, para citar apenas duas ações abrangentes.

O governador tem obtido muitos recursos da união por conta do seu bom relacionamento com o presidente Lula da Silva (PT), assim como uma arrojada política de atração de investimentos nas mais diversas áreas, como, por exemplo, o complexo industrial da Inpasa, implantado em Balsas para a produção de proteína vegetal e combustível.

Não é sem razão, portanto, mesmo sob fogo cerrado da oposição na Assembleia Legislativa, que não lhe dá trégua, que as pesquisas de opinião sobre a corrida eleitoral do ano que vem o tem colocado como detentor do maior número de intenções de voto para o Senado, mesmo depois de ter anunciado sua disposição de permanecer no Governo até o final do seu mandato. O que explica também o desempenho do secretário Orleans Brandão (MDB), por ele escolhido como pré-candidato à sua sucessão.

PONTO & CONTRAPONTO

Dino ordena a realização de campanhas para orientar cidadão sobre a execução de emendas

Flávio Dino: campanhas darão mais
transparência e controle sobre emendas

O ministro Flávio Dino, da Suprema Corte, disparou mais um míssil de alto poder contra os esquemas que desviam recursos de emendas parlamentares. Ele determinou que o Governo da União e o Congresso Nacional elaborem e veiculem campanhas publicitárias que orientem a população no sentido de acompanhar a aplicação dos recursos das emendas parlamentares, fulminando as caixas pretas que eram as emendas pix.

De acordo com a sua orientação, as campanhas devem ser exibidas em emissoras comerciais e na internet, entre dezembro de 2025 e março de 2026, e também em todos os veículos de comunicação públicos – TV Brasil, Agência Brasil, Voz do Brasil, TV Brasil, Agência Brasil, Voz do Brasil, TV Senado, TV Câmara e TV Justiça.

Flávio Dino justificou a medida argumentando que os cidadãos só podem fiscalizar a aplicação dos recursos se tiverem “capacidade de localizar, compreender e utilizar as informações públicas referentes às emendas parlamentares”.

E acrescentou: “Nesse contexto, impõe-se um esforço consistente de letramento digital, capaz de reduzir a assimetria informacional que exclui aqueles que não dominam os meios de busca, sob pena de a transparência permanecer meramente formal e, portanto, inoperante como instrumento de controle democrático”.

Por determinação do ministro, o Portal da Transparência da União foi reformulado para concentrar informações sobre a aprovação e a execução das emendas. As campanhas devem explicar como usar a plataforma. Os conteúdos e a frequência das inserções serão definidos pelas equipes responsáveis no Executivo e no Legislativo, segundo a decisão.

O ministro Flávio Dino também mandou notificar os Tribunais de Contas dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios para que enviem ao STF, até o dia 31 de dezembro de 2025, atos normativos sobre transparência e rastreabilidade das emendas parlamentares aprovadas por deputados estaduais, deputados distritais e vereadores. O prazo foi fixado em complemento à decisão que, na semana passada, estendeu aos Estados e municípios as mesmas regras de transparência definidas para repasses federais.

Com a mudança das regras, as investigações em curso pela Polícia Federal em busca de recursos que entraram no ralo da corrupção proporcionada pelas emendas pix, e agora o estímulo para que o cidadão acompanhe a aplicação desses recursos, evitando que ocorram esquemas e desvios.

Flávia Berthier ataca Lula e leva invertida de Paulo Victor

Paulo Victor reagiu a declaração agressiva de
Flávia Berthier contra o presidente Lula da Silva

A vereadora Flávia Berthier (PL) se viu ontem em situação desconfortável no plenário da Câmara Municipal, onde entrou errada ao fazer um agressivo aparte ao vereador petista Jonathas Soares, do Coletivo Nós, que destacava a ação de estadista do presidente Lula da Silva (PT) na condução da crise com os EUA e os avanços alcançados na economia.

Bolsonarista roxa, e visivelmente incomodada com o fracasso retumbante da estratégia criminosa do deputado Eduardo Bolsonaro (PL/SP) de jogar o presidente Donald Trump contra as instituições e a economia do Brasil, com a imposição do tarifaço, Flávia Berthier pediu aparte e criticou a fala do vereador.

A vereadora disse que o presidente Lula da Silva não a representa, criticou o atual Governo da União e acrescentou, repetindo um surrado jargão da extrema-direita: “Quem mais se alegrou na eleição do presidente Lula foi dentro dos presídios”.

Nem bem concluiu o ataque infeliz, a vereadora tomou uma invertida do presidente da Casa, vereador Paulo Victor (PSB) que, sem alterar a voz, reagiu afirmando que seu filho festejou a vitória de Lula da Silva. E prosseguiu afirmando que ele e seus familiares comemoraram a vitória do líder petista “e não fazem parte de presídios”.

Diante da reação do presidente Paulo Victor, Flávia Berthier tentou contra-atacar afirmando que não dissera que apenas em presídios houve comemoração. Mas, ato contínuo, tomou outra invertida do presidente Paulo Victor, que alcançou o ex-presidente Jair Bolsonaro: “E hoje, quem está preso dentro de casa é o presidente de Vossa Excelência”, referindo-se ao ex-mandatário, que está em prisão domiciliar, condenado a 27 anos por golpismo.

Não foi um bom momento para a porta-voz da família Bolsonaro em São Luís.

São Luís, 29 de Outubro de 2025.

Braide avalia candidatar-se em 26 ou em 30, mas a lógica indica que ele deve sair em abril

Eduardo Braide: contado direto com o eleitorado nos bairros de São Luís

Com a habilidade que vem marcando sua carreira política desde os seus primórdios, o prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD), vem se mantendo com uma incógnita inabalável, ora emitindo sinais de que está apenas aguardando o momento adequado para anunciar sua candidatura ao Governo do Estado, e ora soltando pistas de que não está interessado entrar nessa briga agora. E com essa toada do vai-não-vai, ele tem, de certa maneira, pautado os movimentos do vice-governador Felipe Camarão (PT), do secretário de Estado de Assuntos Municipalistas, Orleans Brandão (MDB), e Lahesio Bonfim (Novo), que sabem que sem ele na disputa o cenário é promissor para os três, mas com ele na corrida, a situação muda radicalmente com o seu favoritismo para sair na frente no 1º turno.

Quem acompanha sua entusiasmada desenvoltura nas redes sociais não tem dúvida de que ele está em campanha aberta. Sem uma máquina de comunicação por trás e usando ele próprio apenas um celular, o prefeito de São Luís consegue dar às suas atividades como gestor municipal o clima de campanha eleitoral sem exagerar na dose. Para isso, usa os frutos de uma gestão produtiva, com resultados visíveis, frutos de uma administração eficiente, com resultados concretos que se espalham pela cidade. Se mantém, portanto, na lista de pré-candidatos sem ter dito até agora uma só palavra sobre o assuntos.

Eduardo Braide tem calculado cuidadosamente cada movimento que faz no cenário político. Alimenta a condição de gestor pleno, que governa com pleno controle da máquina, sendo o responsável direto por tudo o que acontece nas mais diversas áreas da administração municipal, sendo seus secretários auxiliares cuja autonomia termina onde começa a responsabilidade do prefeito. Mantém com a Câmara Municipal uma relação que em nenhum momento ultrapassou a linha da convivência institucional, sem a preocupação em formar uma base majoritária e negociando a aprovação de cada projeto. Governa, portanto, sem sombra e sem pressão.

Nesse cenário e nessas condições, o prefeito de São Luís se movimenta para decidir se será ou não candidato ao Governo do Estado. Ele sabe que não pode errar agora. Se sair, vai deixar o comando municipal com a vice-prefeita Esmênia Miranda (PSD). E a tradição tem mostrado que vice que assume cria asas. Não há evidências de que possa haver algum problema, até porque tem sido visível que ele tem mantido a vice-prefeita ao seu lado em todos os eventos mais recentes, uma evidência de que ela está sendo preparada para assumir o comando em abril do ano que vem, se for o caso.

E aí vem o principal. Se Eduardo Braide entrar na disputa e vencer a eleição para governador, tudo bem, a vida seguirá com um horizonte no qual ele pode projetar sete anos e três meses no Palácio dos Leões e mais oito anos no Senado, uma agenda de poder que vai até 2046. Mas se deixar a Prefeitura da Capital e não conseguir eleger-se governador, muito provavelmente tentará voltar ao comando municipal em 2028, o que leva a uma questão crucial: terá o apoio da então prefeita Esmênia Miranda para a empreitada do retorno ao Palácio de la Ravardière.

O prefeito de São Luís poderá, finalmente, optar por permanecer no cargo e tentar o Governo em 2030. Aí serão três cenários. Se o vice-governador Felipe Camarão assumir, ele buscará a reeleição, o que produzirá um cenário favorável a Eduardo Braide, mas se com correr por fora e se eleger, será candidato à reeleição em 2030 muito difícil de ser batido. Se o eleito for Orleans Brandão, poderá chegar a 2030 como candidato à reeleição com favoritismo. O mesmo poderia acontecer com Lahesio Bonfim. Independentemente de quem seja eleito, Eduardo Braide chegaria a 2030 com dois anos fora da Prefeitura de São Luís, sem a força do cargo, portanto. Conclusão óbvia: 2030 não será o melhor momento.

Resumindo: se Eduardo Braide usar a lógica baseado no cenário atual, não há dúvida de que 2026 será o momento adequado, mesmo tendo que enfrentar candidatos fortíssimos. Mas a política tem caminhos que às vezes não são vistos por quem está de fora.

PONTO & CONTRAPONTO

De volta da Ásia, Lula deve convocar Brandão para decidir sobre sucessão

Lula da Silva e Carlos Brandão: boa relação
será testada com conversa sobre sucessão

 Ao retornar hoje ao Brasil, depois da bem sucedida viagem à Ásia, o presidente Lula da Silva (PT) deve colocar a corrida sucessória do Maranhão na sua agenda política, tendo como item principal a conversa com o governador Carlos Brandão (sem partido).

A chamada “Crise dos Áudios”, que levou ao rompimento total do grupo dinista com o governador Carlos Brandão, poderá ser um fator complicador da conversa, que já seria delicada sem tal confusão. Com ela, o governador terá aumentado o seu pacote de restrições à retomada da relação com o grupo dinista, principalmente se o acordo proposto for o apoio à candidatura do vice-governador Felipe Camarão.

Não há dúvida de que o presidente tentará emplacar o vice-governador, que é do seu partido e com quem está compromissado. Por sua vez, além de todos os problemas – em especial as ações judiciais – que travam o reatamento dos dois grupos, o governador Carlos Brandão tem a pré-candidatura de Orleans Brandão, que muitos, a começar por ele próprio, já veem como um projeto irreversível, mesmo sabendo que nada em política é definitivo.

Na mesa de negociação, o presidente Lula da Silva certamente fará de tudo para recompor sua base no Maranhão com os dois grupos, tendo Felipe Camarão como o ponto de amarração. O governador Carlos Brandão não parece inteiramente fechado a um acordo nessa direção, mas não há dúvida de que está disposto a sair para o tudo ou nada, abrindo mão do Senado – que muitos avaliam como um erro – e jogando todo o seu poder de fogo para eleger Orleans Brandão, certo de que se ganhar, tudo bem; se perder, perde tudo.

Os dois mandatários têm motivos para encontrar uma solução. Lula da Silva não quer dois palanques no Maranhão; Carlos Brandão não está disposto a afetar sua excelente relação com o Palácio do Planalto.

Tem gente dizendo que a conversa perdeu importância. Errado. Dela resultará o cenário definitivo para as eleições de 2026, seja ele qual for.

Felipe Camarão conclui nova tese de doutorado, que trata sobre segurança jurídica

Felipe Camarão: doutor em
Direito pela segunda vez

Enquanto a situação da sua candidatura ao Governo do Estado encontra-se cercada de indefinições, mesmo com ele afirmando categoricamente que será candidato em qualquer circunstância, ou seja, assumindo ou não o Governo, o vice-governador Felipe Camarão (PT) não descuida da sua qualificação profissional, como procurador federal e professor de Direito na UFMA.

Ontem, ele postou nas suas redes sociais o frontispício da nova tese de Doutorado em Direito Constitucional, que defenderá no Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa, sobre o tema “O Princípio da Segurança Jurídica e Eficácia dos Precedentes”.

O vice-governador anunciou sua nova conquista escrevendo o seguinte: “Mais um filho!” Com alegria e alívio acabei de revisar minha nova tese de doutorado. Quase bi doutor. Já sou doutor em Ciências pela UERJ e agora quase doutorem Direito Constitucional pelo IDP. Mais um sonho acadêmico que vira realidade, fruto de muita leitura, café e persistência! Sigo firme, com fé e gratidão. O caminho é a educação!”.

Vale registrar que o professor Felipe Camarão se desdobra para manter a sua rotina de professor do Curso de Direito da UFMA.

São Luís, 28 de Outubro de 2025.

Fora do PSB, Brandão diz que não tem pressa, mas está avaliando siglas para definir seu futuro partidário

Carlos Brandão: sem pressa para escolher partido

Oficialmente fora do PSB, do qual se desligou no dia 17 de setembro, num movimento que manteve sob sete capas, salvo para seus auxiliares mais próximos, o governador Carlos Brandão encontra-se agora em busca de uma legenda que o acolha sem problemas e o permita a seguir com sua trajetória política. Ele tem sido procurado por líderes de diferentes partidos, mas até onde se sabe, prefere permanecer sem legenda por algumas semanas, para avaliar bem o rumo que pretende tomar na seara partidária. À Coluna, o governador Carlos Brandão disse que “ninguém”, ou seja, nem ele nem seus aliados, está tratando disso nesse momento. No entanto, no meio político é nítida a expectativa quanto ao futuro partidário do mandatário estadual, cuja escolha certamente influenciará parte dos seis deputados estaduais que seguem sua linha política e permanecem filiados ao PSB, aguardando a janela partidária a ser aberta em março do ano que vem.  

De pronto, o caminho natural do governador Carlos Brandão é o MDB, partido identificado no Maranhão com o Grupo Sarney, que tem como referências o ex-presidente José Sarney, a deputada federal Roseana Sarney e o prefeito de Bacabal e presidente da Famem Roberto Costa, e que desde o ano passado é controlado por seu irmão, o empresário Marcus Brandão, e ao qual é filiado o seu sobrinho Orleans Brandão, pré-candidato a governador com o seu apoio. O problema é que o MDB é hoje um partido nacionalmente dividido entre o núcleo paulista, que tem como referências o atual presidente nacional, deputado federal Baleia Rossi (SP), e o ex-presidente Michel Temer, e que faz dura oposição ao presidente Lula da Silva (PT). A outra banda do MDB é liderada pelo senador Renan Calheiros (AL) e tem como reforço a família Barbalho no Pará, formando uma corrente aliada do presidente da República. O MDB maranhense é mais identificado com a segunda, o que deixa o governador maranhense um pouco mais à vontade em relação ao partido.

A segunda opção partidária do governador é o União Brasil. O problema é que esse partido é atualmente fortemente dividido em duas alas, que se batem internamente e mantém a legenda em permanente estado de crise. Uma é remanescente do PSL, ligado ao ex-presidente Jair Bolsonaro e tem hoje o comando de Antônio Amoedo, adversário agressivo do Governo Lula da Silva e que no Maranhão é representado pelo deputado federal Pedro Lucas Fernandes. A outra ala, de direita, mas com viés democrático, é o que sobrou do antigo PFL e é hoje comandada pelo ex-prefeito de Salvador ACM Neto, atual vice-presidente, mais aberta a uma convivência com o PT, e que no maranhão tem como representante o deputado federal Juscelino Filho, ex-ministro das Comunicações. Por conta da sua boa relação com o presidente Lula. O governador Carlos Brandão dificilmente ingressará no União Brasil.

Outro caminho partidário para o governador Carlos Brandão poderia ser o PDT, comandado no Maranhão pelo senador Weverton Rocha e que é política e ideologicamente alinhado ao presidente \Lula e ao Governo do PT, podendo ser também o caminho partidário da deputada Iracema Vale, conforme ela própria sinalizou. O problema o partido foi envolvido seriamente no escândalo dos descontos ilegais e criminosos de aposentados do INSS, tendo vários dos seus quadros, a começar pelo ex-ministro e atual presidente nacional da legenda, Carlos Lupi, sob forte suspeita. Tal situação criou uma barreira ao ingresso de Carlos Brandão na legenda.  

Finalmente, o governador poderias se filiar ao PSDB, controlado no Maranhão pelo chefe da Casa Civil, Sebastião Madeira. Só que na semana passada o ex-ministro Ciro Gomes se converteu ao tucanato, provavelmente com a pretensão de se candidatar a presidente da República. Por mais afeição que tenha aos PSDB, pelo qual foi deputado federal duas vezes e no primeiro mandato de vice-governador, o “efeito Ciro Gomes” reduziu as chances de sua volta ao tucanato.

Além desses partidos, o governador maranhense tem sido procurado por emissários do PP, Republicanos, PV, Cidadania, entre outras legendas de cara descartadas. E essa cautela está no fato de que, por mais que o discurso seja esse, ainda não é 100% certo que o governador Carlos Brandão permanecerá no cargo até o final do mandato.

PONTO & CONTRAPONTO

HILTON GONÇALO CONSTRÓI CANDIDATURA AO SENADO FORA DOS GRANDES GRUPOS

Hilton Gonçalo: quer aval de prefeitos

Não há dúvida de que no momento, segundo as pesquisas, sem a participação do governador Carlos Brandão (sem partido) e da deputada federal Roseana Sarney (MDB), a corrida ao Senado tem o senador Weverton Rocha (PDT) como líder nas preferências para uma vaga e que a outra vaga está sendo disputada pelo ministro do Esporte André Fufuca (PP) e pela senadora Eliziane Gama (PSD).

Na equação tradicional das eleições tem o componente segundo o qual, para ser bem-sucedido numa disputa senatorial é preciso fundamentalmente o apoio de prefeitos. Nesse item, o ministro André Fufuca aparece forte, uma vez que conta com prefeitos de grandes cidades, como Imperatriz, Caxias e Santa Inês, por exemplo, seguido por Weverton Rocha, que conta com forte base municipal, com apoio em vários municípios de peso. Por essa lógica, a senadora Eliziane Gama (PSD) teria peso diferenciado com o apoio do prefeito de São Luís, Eduardo Braide, que pode ser candidato a governador.

Vista por esse ângulo, a corrida às duas cadeiras do Senado pode sofrer acirramento com o desempenho do ex-prefeito de Santa Rita, Hilton Gonçalo (Mobiliza). Ele tem investido forte no apoio de prefeitos de médios e pequenos municípios, como Santa Rita, São João dos Patos e Bacabeira, por exemplo. Nas contas de um político a ele ligado, Hilton Gonçalo já teria contabilizado o apoio declarado de 16 prefeitos.

Não é muita coisa, mas levando em conta as muitas dúvidas em relação sobre candidaturas para essa eleição no Maranhão, e o fato de que faltam ainda mais de sete meses para as convenções partidárias que sacramentarão as candidaturas às duas vagas de senador, faz sentido avaliar que ex-prefeito de Santa Rita está no páreo.

Político arredio aos grandes grupos e visto por alguns como um outsider bem sucedido, Hilton Gonçalo carrega na bagagem quatro mandatos bem sucedidos de prefeito de Santa Rita e uma desenvoltura que o fez muito próximo de Jackson Lago, tendo pertencido ao PDT, convive muito bem com o prefeito de São Luís (PSD) e tem boa relação com o governador Carlos Brandão (sem partido),

Com o trabalho político que vem realizando, sem recorrer a jogadas populistas nem buscar abrigo nos grandes guarda-chuvas partidários – pelo menos por enquanto – Hilton Gonçalo vem construindo uma candidatura sugestiva ao Senado.

ANA PAULA LOBATO VIVE SEMANA INTENSA COMO CHEFE PARTIDÁRIA E LEGISLADORA

Ana Paula Lobato agora atua como senadora e chefe partidária

A senadora Ana Paula Lobato (PSB) viveu dois momentos importante durante a semana que passou, um como chefe partidária, e outra como legisladora.

Como chefe partidária, ela divulgou nota orientando membros do seu partido a deixarem os membros do partido que tiverem cargos no Governo a se demitirem. Com a medida, ela se posicionou a favor dos deputados dinistas Márcio Jerry (PCdoB) e Rubens Jr. (PT), que romperam com o governador Carlos Brandão.

Depois, ela mergulhou no alto astral com a aprovação, pela CCJ do Senado, do Projeto de Lei nº 896/2023, que tipifica misoginia como crime de discriminação.

Muito elogiado por alguns membros da CCJ, o projeto propõe a atualização da legislação brasileira ao incluir os crimes de misoginia, ódio, desprezo ou aversão à mulher no mesmo rol das punições previstas para os crimes de racismo, etnia, religião ou procedência nacional.

A proposta institui ainda que injúria e incitação misógina passarão a ser punidas com penas mais severas, reconhecendo o caráter estrutural e coletivo dessa forma de violência.

A senadora Ana Paula Lobato aposta que o seu projeto será aprovado pelo senado e pela Câmara dos Deputados.

O projeto propõe uma atualização importante na legislação brasileira ao incluir os crimes praticados por misoginia, o ódio, desprezo ou aversão às mulheres, no mesmo rol de punições previstas para crimes de racismo, etnia, religião ou procedência nacional. Pela proposta, injúrias e incitações misóginas passarão a ser punidas com penas mais severas, reconhecendo o caráter estrutural e coletivo dessa forma de violência.

Ana Paula Lobato destacou que o objetivo do projeto é dar visibilidade e resposta penal à violência que nasce do discurso de ódio e que muitas vezes antecede a violência física. “A misoginia não é um crime contra a honra de uma pessoa isolada. É um crime contra a dignidade de todas as mulheres. É o discurso que sustenta e legitima toda a cadeia de violências, do insulto cotidiano ao feminicídio”, afirmou.

A senadora também citou dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, segundo os quais uma mulher ou menina é estuprada a cada 10 minutos e quatro mulheres são vítimas de feminicídio por dia no país. Para ela, a aprovação do projeto é um passo necessário para enfrentar a raiz dessas violências e reafirmar o compromisso do Estado com a igualdade de gênero.

“Criminalizar a misoginia é tornar visível o que a cultura tenta esconder. É dizer, com todas as letras, que o ódio às mulheres não é mais aceitável, não é mais invisível e não passará impune”, ressaltou Ana Paula.

Com a aprovação em caráter terminativo na CCJ, o projeto segue para a Câmara dos Deputados. Se também for aprovado pelos deputados, o Brasil passará a ter uma legislação que reconhece a misoginia como crime de discriminação, reforçando a proteção às mulheres e a promoção da igualdade no país.

São Luís, 26 de Outubro de 2025.

Comando do PP se dobra e André Fufuca sai fortalecido por decidir continuar ministro de Lula

André Fufuca com Lula da Silva em Imperatriz, onde o
presidente o confirmou como ministro do Esporte

O comando nacional do PP se rendeu ao fato de que, sendo ele um partido de centro-direita e afeiçoado ao poder, não poderia ficar sem representantes na administrativa máquina federal. E conhecedor dessa veia pepista, vice-presidente “afastado” que é da legenda, o deputado federal André Fufuca sabia o que estava fazendo quando fincou pé não acatou a decisão da chefia partidária para que ele desembarcasse do comando do Ministério do Esporte. Só precisou do aval do presidente Lula da Silva (PT), que o apoiou sem reservas, para permanecer no cargo. A reação do presidente Lula da Silva ao mandar demitir dos os indicados do PP nos diversos escalões da máquina federal causou uma reação em cadeia nas entranhas do partido, que decidiu rever o “rompimento” com o Governo e concordar com a permanência de André Fufuca no Ministério do Esporte, desde que os demais indicados do partido sejam mantidos nos cargos que ocupam.

A puxada no freio de mão pelo comando nacional do PP, que mandou o líder do partido na Câmara Federal, deputado Doutor Luizinho (PP/RJ), ao Palácio do Planalto, levando o recado de paz à ministra da Articulação Institucional, Gleice Hoffmann. Decido a manter o deputado André Fufuca no Ministério do Esporte, é muito provável que o presidente Lula da Silva aceite o aceno do PP, podendo ampliar esse acordo no sentido de que o partido volte a se aliar ao Governo na votação de pautas importantes. Para tanto, é fundamental que o PP tenha mais independência em relação às pressões que sofre por parte da falange bolsonarista no Congresso Nacional, representada no partido pelo senador piauiense Ciro Nogueira, que foi ministro chefe da Casa Civil no Governo Bolsonaro e é o atual presidente da legenda.

Traquejado no jogo político nacional, apesar da pouca idade – tem 36 anos, está no terceiro mandato federal, já tendo sido líder do PP e presidente da Câmara Federal e presidente nacional do partido, do qual é atualmente vice-presidente “afastado” -, aprendeu cedo a jogar o complicado xadrez que move as relações do Congresso Nacional com o Palácio do Planalto. Não há dúvida, portanto, que ele sabia o que estava fazendo quando decidiu não acatar a decisão da cúpula partidária. Tinha a avaliação de que a base não aceitaria a decisão da cúpula. E foi o que aconteceu.

Nesse jogo, André Fufuca mostrou maturidade, experiência e coragem política. A maturidade foi mostrada com o fato de que ele tomou uma decisão complexa, que poucos políticos na sua posição tomariam. A experiência foi evidenciada pela habilidade que mostrou ao não cumprir a decisão de deixar o Ministério do Esporte sem partir para o confronto verbal com a cúpula partidária. E a coragem política foi exibida com o fato de ele ter tomado uma decisão política ousada e cheia de riscos ao seu futuro político, a começar pelo projeto de disputar uma cadeira no Senado da República   veio à tona.

Além se preservar a complicada mas efetiva relação do PP com o Governo Lula da Silva, evitando o racha definitivo. Fragilizando ainda mais a base do Governo no Congresso Nacional, o ministro André Fufuca manteve de pé sua pré-candidatura do Senado da República. Como ministro, vem turbinando o seu projeto de candidatura com um grande pacote de obras nas mais diferentes regiões do estado, como complexos esportivos, por exemplo, destinado sobretudo ao estímulo às práticas esportivas pela juventude, além do emprego de emendas parlamentares em obras em diferentes municípios. Nessa caminhada pré-eleitoral, o ministro do Esporte tem aparecido nas pesquisas como um dos favoritos às duas vagas no Senado, só perdendo em intenções de voto para o senador Weverton Rocha (PDT), que busca a reeleição.

Vale registrar que ele não alterou sua movimentação pré-eleitoral durante a crise com a cúpula nacional do PP.

PONTO & CONTRAPONTO

Crise dos Áudios: dinistas marcam posição em entrevista que apenas confirmou o rompimento

Márcio Jerry foi porta-voz dos dinistas na entrevista

Numa entrevista coletiva que concedeu, quinta-feira, na Assembleia Legislativa, os líderes do chamado grupo dinista reafirmaram o seu discurso no atual contexto estadual, reagindo à forte investida do chamado grupo brandonista, deflagrada terça-feira com o explosivo discurso por meio do qual o deputado Yglésio Moyses (PRTB), que causou a chamada “Crise dos Áudios”. Na sua fala, ele revelou o conteúdo dos áudios – gravados sem a anuência dos envolvidos -, nos quais os deputados federais dinistas Márcio Jerry (PCdoB) e Rubens Jr. (PT) e o secretário executivo do Ministério do Esporte, Diego Galdino, protagonizam, no início de 2024, uma tentativa de pacificar o grupo com propostas que foram interpretadas como pressão e chantagem.

Como é sabido, a ação dura de Yglésio Moyses e a reação indignada de Márcio Jerry e Rubens Jr. desencadearam uma guerra de notas, com ditos e desmentidos, cujo resultado foi o rompimento dos últimos e tênues laços que ligavam os dois grupos. Um deles foi o rompimento do deputado Rubens Jr. com o governador Carlos Brandão, com a demissão de Rubens Pereira, o Rubão, da Secretaria de Articulação Política; o outro foi a saída do jornalista Robson Paz, indicado do PCdoB, das Secretaria das Cidades.

Na entrevista, centrada no deputado federal Márcio Jerry, presidente estadual do PCdoB e que foi figura central nos sete anos e três meses do Governo Flávio Dino, de quem ainda hoje é apontado com o porta-voz, o grupo dinista manteve seu discurso de acusar o governador Carlos Brandão de haver rompido um acordo com o então governador Flávio Dino, que teria por base a candidatura do vice-governador Felipe Camarão (PT) à sua sucessão.

Além disso, os dinistas fizeram um a série de acusações ao governador Carlos Brandão, focando parte delas no empresário Marcus Brandão, irmão do chefe do Executivo e presidente estadual do MDB, que segundo sua avaliação, teria muita influência no Governo.

Os dinistas também negaram envolvimento do grupo com a atuação de hackers na Secretaria de Infraestrutura, descartando qualquer relação com os dois funcionários que tentaram incluir Marcus Brandão como dono de empresas com negócios com o Governo.

E reafirmaram, com toda ênfase possível, que não houve tentativa de chantagear o governador com as propostas reveladas pelos áudios revelados terça-feira. E se colocaram como vítimas de uma gravação ilegal.

Enfim, o Grupo Dinista se manifestou marcando posição, mas sem fato novo. E de certa maneira ratificando o rompimento total com o governador Carlos Brandão, que, por sua vez, fora categórico ao afirmar, em nota, quarta-feira, que seu Governo não gravou ninguém.

Ficou claro, portanto, que o assunto se esgotou.

Ana do Gás acerta em cheio ao propor política de fortalecimento de escolas do campo

Ana do Gás: apoio às escolas rurais

A deputada Ana do Gás (PCdoB) marcou um gol de placa ao0 conseguir a aprovação, pela Assembleia legislativa, o PL nº 254/2025, que institui a Política Estadual de Valorização de Educação no Campo.

Essa iniciativa assegura a formação escolar em zonas rurais, respeitando as especificidades culturais, sociais e econômicas dessas comunidades, estimulando assim a permanência desses jovens nas suas regiões de origem.

O projeto da deputada Ana do Gás é coerente e ambicioso, a começar pelo fato de quer fortalece a educação rural no Maranhão de maneira ampla. Prevê, por exemplo, o fortalecimento da infraestrutura das escolas das zonas rurais, a ampliação do sistema de transporte escolar, a formação continuada de professores, tendo como foco a implantação de projeto pedagógicos centrados na produção agrícola e nas tradicionais locais.

Ao justificar a sua proposta, a deputada do PCdoB reforça a ideia de conectar as escolas rurais à internet, dotá-las de bibliotecas e laboratórios específicos e adotar políticas de incentivo de participação das famílias e das comunidades, de modo que a gestão dessas escolas tenham natureza comunitária e democrática.

“A educação no campo precisa dialogar com a realidade dos estudantes, valorizando suas origens, seus saberes e sua cultura. Com essa política, queremos assegurar que os jovens tenham condições de estudar, aprender e construir um futuro digno sem precisar abandonar o campo”, assinalou a deputada Ana do Gás na justificativa do projeto.

São Luís, 24 de Outubro de 2025.

“Crise dos Áudios” causa guerra de versões e reduz a zero as chances de reconciliação na base governista

Carlos Brandão e Marcus Brandão rebatem declarações de
Márcio Jerry e Rubens Jr.; Ana Paula Lobato
manda o PSB desembarcar do Governo

Mesmo considerando o elevado grau de imprevisibilidade da política, e que no Maranhão boi voa até com asa quebrada nessa seara, como diziam raposas antigas como Lister Caldas, a chamada “Crise dos Áudios”, que fez romper os últimos fios de ligação entre o chamado Grupo Dinista e o governador Carlos Brandão (ainda no PSB), tornou inviável qualquer tentativa de reaproximar esses grupos. Isso significa dizer que o governador deve permanecer no cargo até o final do seu mandato, abrindo mão de chegar ao topo da sua carreira como senador da República, e com o desafio de eleger como sucessor Orleans Brandão (MDB), seu sobrinho e principal auxiliar. E nesse contexto enfrentará oposição cerrada do Grupo Dinista, que irá para a briga com o vice-governador Felipe Camarão (PT), do ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim (Novo), e, muito provavelmente, o prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD).

Além de ter causado o rompimento definitivo da base construída em 2014 por Flávio Dino, a “Crise dos Áudios” pode ter criado uma situação embaraçosa na boa relação do governador Carlos Brandão com o presidente Lula da Silva (PT). E isso torna inviável qualquer esforço conciliatório do chefe da Nação.

As manifestações de terça-feira foram iniciadas com o explosivo discurso do deputado Yglésio Moyses (PRTB) – franco-atirador que se apresenta como porta-voz da direita radical bolsonarista no Maranhão -, acusando o Grupo Dinista de tentar achacar o governador Carlos Brandão. Em seguida veio a reação, primeiro do deputado federal Rubens Jr. (PT), que fez um discurso indignado em que negou a acusação de chantagem e acusou pessoas ligadas ao Governo de promover uma farsa. Ratificado pela forte fala do deputado federal Márcio Jerry (PCdoB), ambos negando enfaticamente a suposta tentativa chantagear o governador Carlos Brandão. Ambos confirmaram a autenticidade dos áudios e acusaram o entorno do Governo de haver feito uma montagem fora do contexto.

Se durante a noite houve alguma tentativa de conciliação, essa fracassou totalmente, porque o dia de ontem foi marcado por diversas tomadas de posição que só confirmaram o racha.

Primeiro veio a nota do governador Carlos Brandão, que começou reafirmando sua parceria com o presidente Lula da Silva “sob qualquer circunstância”. O governador acusou dinistas de quererem mandar no seu Governo, e de terem “reação insana, agressiva, utilizando-se até de chantagens e barganhas nada republicanas”. Afirma que o que foi revelado nos áudios “já era sabido”, assinalando que tudo foi confirmado pelo deputado federal Rubens Jr.. O mandatário fecha sua nota afirmando: “Eu não gravei, meu governo não gravou. Eles se fizerem gravar. Agora temem os efeitos dessa exposição vexatória a que se submeteram, expondo nomes de outros níveis de poder”, numa referência indireta ao ministro Flávio Dino”.

Alvo maior da reação do Grupo Dinista, que o acusam de estar por trás das gravações, Marcus Brandão, irmão do governador Carlos Brandão e presidente regional do MDB, divulgou nota em que confirma o teor dos áudios e acusa Márcio Jerry e Rubens Jr. de criarem uma nova narrativa depois que o teor dos áudios veio a público. Marcus Brandão afirmou que uma guerra vinha sendo deflagrada comedidas judiciais e outras ações contra o governador Carlos Brandão. “O Maranhão inteiro sabe das pressões, tentativas de achaque, ameaças e de prática de chantagem” contra o governador”.    

Na sequência, a presidente estadual do PSB, senadora Ana Paula Lobato divulgou nota informando que a nova Executiva estadual do partido se reuniu e, por unanimidade, decidiu recomendar aos seus filiados que ocuparem cargos no Governo os entreguem. E concluiu: “O PSB do Maranhão reafirma o seu compromisso com a ética. O respeito às instâncias partidárias, e a defesa dos valores democráticos que orientam sua trajetória”. Curiosamente, a nota da presidente do PSB não se refere à “Crise dos Áudios”.

Formou-se a “tempestade perfeita” no tabuleiro da política maranhense, reduzindo a zero as chances de uma recomposição.

PONTO & CONTRAPONTO

Apontado como pivô da “Crise dos Áudios”, Dino afirma que está fora da política

Flávio Dino manda assessoria informar que ele
não não mais atua em política desde
que voltou a usar beca

Das notas divulgadas ontem sobre a “Crise dos Áudios, a mais emblemática saiu do gabinete do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal. Sem uma declaração dele, a nota foi divulgada por sua assessoria com o seguinte teor: “O Ministro Dino esteve na política até fevereiro de 2024. De lá para cá, ele virou a chave e está no Judiciário. Portanto, ele não trata mais sobre política. Ele só se manifesta em sessões do STF e nos autos dos processos que relata”.

A nota alveja todas as declarações que apontam o seu envolvimento direto na crise que separou o grupo que o seguia da aliança que ele construiu e que passou a ser comandada desde abril de 2022 pelo governador Carlos Brandão. Isso porque, de fato, desde o dia 22 fevereiro de 2024, quando se tornou membro da Suprema Corte, não existe uma única declaração do ministro Flávio Dino a respeito da política do Maranhão.

Desde então, os seus aliados mais próximos têm relatado o distanciamento em relação ao tema. Segundo alguns políticos que com ele estiveram depois da posse no Supremo, Flávio Dino reagiu com silêncio repentino e ostensivo quando lhe foi perguntado algo sobre a política maranhense. O próprio deputado Rubens Jr. relatou no seu discurso a resposta que ouviu de leem 2024 quando foi consultado sobre como agir nos primeiros sinais da crise que levaria aso rompimento do grupo com governador Carlos Brandão. “Estou fora. Isso agora é com vocês”. E diante da ponderação em relação a um processo por ele relatado envolvendo o governador Carlos Brandão, sua resposta foi fulminante: “Isso será resolvido nos autos”.

Em resumo: está ficando difícil acusar o presidente da 1ª Turma da Suprema Corte de ser o mentor da estratégia de pressionar o governador Carlos Brandão, com quem não troca uma só palavra desde alguns dias após a posse.

Clara Gomes declara apoio a Marquinhos para a presidência da Câmara de São Luís

Marquinhos recebe o apoio de
Clara Gomes com o aval de Osmar Filho

Não é um sinal forte de uma e reviravolta na corrida à Presidência da Câmara Municipal de São Luís, que tem até aqui o vereador Beto Castro (Avante) como favorito absoluto, mas a mudança de posição da vereadora Clara Gomes (PSD), que declarou apoio à candidatura do vereador Marquinhos (União), indica que pode haver alteração nesse cenário.

A manifestação da vereadora Clara Gomes declarando apoio ao candidato Marquinhos não foi uma decisão aleatória. Ela contou com o aval do deputado estadual Osmar Filho (PDT), seu marido e parceiro político, que exerceu vários mandatos de vereador por São Luís, foi presidente do parlamento municipal e conhece como poucos os caminhos da Casa e os meandros e os humores do parlamento municipal para se chegar ao comando daquela Casa legislativa.  

Em princípio, não há evidências de que a candidatura do vereador Beto Castro – que conta hoje com mais de 20 dos 31 vereadores, a começar pelo presidente Paulo Victor (PSB), seu principal avalista – sofra um processo acelerado de emagrecimento. Mas, a julgar pela crônica das eleições da Câmara Municipal, a declaração de apoio de Clara Gomes sugere que muita água ainda vai rolar pelos gabinetes do Palácio Pedro Neiva de Santana.

São Luís, 23 de Outubro de 2025.   

Yglésio divulga áudios e print, ataca deputados dinistas e faz acusações a desembargador e a ministro

Yglésio Moyses: 34 minutos de ataques a dinistas

O deputado Yglésio Moyses (PRTB) cumpriu ontem a ameaça que fizera à bancada dinista na Assembleia Legislativa. Em um explosivo discurso, que durou exatos 34 minutos, o parlamentar tornou públicos áudios e um print contendo conversas e troca de mensagens nas quais os deputados federais Márcio Jerry (PCdoB) e Rubens Jr. (PT), Diego Galdino, atual número 2 do Ministério do Esporte, e “um desembargador federal” se manifestam com falas endereçadas ao governador Carlos Brandão (PSB).  O print explosivo mostra uma suposta conversa na qual o “desembargador federal” prevê que, caso o governador não fizesse os arranjos propostos por Márcio Jerry e Rubens Jr., em relação à corrida sucessória em Colinas e Barreirinhas, não chegaria “a abril”, ou seja, seria cassado, ou de alguma maneira afastado do cargo.

Ouvido em silêncio pela bancada dinista, o discurso de Yglésio Moyses teve efeito bombástico no plenário da casa e, horas depois, causou mudanças decisivas na equipe do Governo, com as demissões do jornalista Robson Paz da Secretaria das Cidades, onde representava o PCdoB, e Rubens Pereira, o Rubão, pai do deputado Rubens Jr., da Secretaria de Articulação Política. Tais mudanças consumaram o rompimento político dos dois deputados e dos ex-secretários com o governador Carlos Brandão. Mesmo não havendo qualquer fala ou postagem do ministro Flávio Dino nos vídeos e no print, o deputado Yglésio Moyses montou no seu discurso um roteiro no qual o atual ministro do Supremo Tribunal Federal aparece como o responsável pelo que ele revelou em tom de denúncia.

O Yglésio Moyses, que se movimenta para se firmar como a principal voz da direita bolsonarista no Maranhão, tendo como eixo principal sistemáticos ataques ao ministro Flávio Dino, disparando também chumbo grosso verbal contra os aliados do ministro dentro e fora da Assembleia Legislativa. O parlamentar do PRTB não revelou onde nem como obteve os vídeos e o print, limitando-se a dizer que é “bem relacionado em Brasília”. E demonstrou que, ao contrário do que disseram inicialmente os deputados Márcio Jerry e Rubens Jr., o material revelado não foi resultado de arapongagem, mas “um gesto de defesa a de quem estava sendo pressionado”. Na conversa com jornalistas, Yglésio Moyses previu que deve pagar preço alto pela publicização do material, mas completou com uma expressão emblemática: “Não estou nem aí”.

Em Brasília, no início da tarde, os deputados Rubens Jr. e Márcio Jerry ocuparam a tribuna da Câmara federal e reagiram ao explosivo ataque do deputado do PRTB. O petista Rubens Jr. confirmou a autenticidade dos vídeos, mas negou que as conversas tenham tido o caráter de chantagem direcionada ao governador Carlos Brandão, de quem foi aliado até ontem, quando seu pai pediu demissão da Secretaria de Articulação Política. O comunista Márcio Jerry se manifestou na mesma linha, reafirmando que as conversas existiram, mas não tiveram consequência.

É fato que, se houve a intenção de chantagear, o projeto foi um fracasso absoluto. Esse material foi produzido no início de 2024, e de lá para cá nenhuma das “exigências” feitas pela banda dinista foi atendida. Não houve acordo em Colinas, onde o candidato da família Brandão foi eleito com folga; e não houve também acordo em relação a Barreirinhas, onde o engenheiro Vinícius Vale (MDB), filho da deputada Iracema Vale e apoiado pelo governador Carlos Brandão, obteve uma vitória retumbante. As cinco exigências supostamente elencadas pelo desembargador federal foram ignoradas, e chegou abril de 2024 e o governador Carlos Brandão não caiu, tendo se mantido firme no cargo também em abril de 2025. E tudo indica que continuará no cargo em abril de 2026, se não sair para disputar o Senado.

Em resumo: com o discurso, o deputado Yglésio Moyses explodiu o que restava da última ponte que ainda ligava aliados do ministro Flávio Dino ao governador Carlos Brandão. E dificilmente se pode ver o movimento de ontem do parlamentar como obra do acaso ou uma ação isolada. A começar pelo fato de que ele aconteceu no momento em que o mundo político maranhense vive a expectativa de uma conversa decisiva do presidente Lula da Silva (PT) com o governador Carlos Brandão sobre a corrida sucessória no Maranhão.

PONTO & CONTRAPONTO

Mical Damasceno anuncia candidatura ao Senado

Mical Damasceno quer ser senadora

Os senadores Weverton Rocha (PDT) e Eliziane Gama (PSD), que buscam a reeleição, o ministro do Esporte André Fufuca (PP), que está na briga por uma das cadeiras, assim como o ex-prefeito de Santa Rita, Hilton Gonçalo (Mobiliza), que faz uma intensa pré-campanha, o deputado federal Pedro Lucas Fernandes (União), que foi lançado pelo seu partido, mas não disse ainda se será ou não candidato, e o ex-senador Roberto Rocha, que nem partido tem ainda, ganharam ontem um concorrente a mais: a deputada da extrema-direita bolsonarista Mical Damasceno (PSD).

A parlamentar surpreendeu meio mundo ao anunciar, em discurso na tribuna, que decidiu se candidatar a uma das vagas no Senado.

Sem parecer que estava blefando nem tentando valorizar exageradamente sua estatura política, Mical Damasceno anunciou que está abrindo mão de uma provável reeleição para a Assembleia Legislativa ou fazer uma tentativa de risco para a Câmara Federal, como ela própria admitiu há algum tempo.

Ela apresentou dois propulsores do seu projeto senatorial: o apoio líquido e certo de Jesus Cristo e o eleitorado evangélico, especialmente os militantes da Assembleia de Deus, a maior denominação pentecostal do Maranhão, que há tempos vem atuando quase que como um partido político.

Nessa seara, Mical Damasceno vai medir forças com a senadora Eliziane Gama, que tem na Assembleia de Deus o carro-chefe da sua locomotiva eleitoral.

A deputada Mical Damasceno carrega no momento uma contradição evidente. Ela é inteiramente alinhada ao governador Carlos Brandão, já tendo declarado apoio ao secretário Orleans Brandão (MDB) na corrida ao Governo do Estado, quando seu partido, o PSD, quer lançar o prefeito de São Luís, Eduardo Braide, ao Palácio dos Leões.

A expectativa agora é se a deputada manterá esse arrojado projeto senatorial.

Wellington emplaca projetos de apoio ao turista autista e ao envelhecimento saudável

Wellington do Curso: dois
projetos de inclusão social

Em meio à movimentação política que dominou parte da sessão de ontem, a Assembleia Legislativa aprovou dois projetos inclusivos, de autoria do deputado Wellington do Curso (sem partido).

O primeiro foi o PL nº 636/2023, que estabelece diretrizes para estimular o turismo voltado para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e seus familiares. De natureza inclusive, o PL visa assegurar que essas pessoas disponham de espaços adaptados, de modo a que elas usufruam de roteiros turísticos com segurança.

O parlamento estadual em seguida aprovou o PL 627/2023, também de autoria do deputado Wellington do Curso, que institui a Política de Atenção e Apoio ao Envelhecimento Ativo no Maranhão. O objetivo é garantir o envelhecimento saudável da população, por meio de ações que garantam qualidade de vida e incentivo à autonomia. O PL prevê ações de conscientização da sociedade sobre a importância do envelhecimento saudável, com atividades físicas, esportivas e culturais para combater o sedentarismo, que é o maior inimigo das pessoas idosas.

São Luís, 22 de Outubro de 2025.

Movimentação de aspirantes indica que corrida aos Leões está prestes a ganhar forma definitiva

Felipe Camarão, Orleans Brandão e Eduardo Braide:
movimentação direta e indireta na direção dos Leões

A segunda-feira (20) mostrou que, em meio a especulações furadas dando conta de um encontro – que não houve – do governador Carlos Brandão (ainda no PSB) com o presidente Lula da Silva (PT), os nomes que estão, de fato, na corrida ao Palácio dos Leões passaram a impressão de que decidiram pisar fundo no acelerador das suas pré-campanhas. Com exceção do ex-prefeito de São Pedro dos Crentes Lahesio Bonfim (Novo), que anda meio sumido do cenário sucessório, o vice-governador Felipe Camarão (PT), o secretário de Assuntos Municipalistas Orleans Brandão (MDB) e o prefeito de São Luís Eduardo Braide (PSD) fizerem movimentos diretos e indiretos para demonstrar que estão na peleja. Eles alimentam um quadro que pode ser radicalmente alterado pelo resultado da conversa entre o chefe da Nação e o mandatário maranhense.

Felipe Camarão decidiu mostrar que está vivo e firme no páreo, reafirmando sua candidatura “em qualquer circunstância”. Além de estocar Orleans Brandão repicando um comparativo de formação profissional, o vice-governador exibiu nova musculatura partidária ao assumir o Setor de Comunicação do PT no Maranhão, bem como sua ascensão à condição de membro da Executiva estadual do partido, posições avalizadas pelo comando nacional do petismo. Com esses movimentos, Felipe Camarão confirma que não abre mão da condição de vice-governador nem de levar em frente o seu projeto de candidatura à sucessão do governador Carlos Brandão. E até onde se pode enxergar, ao mesmo tempo em que parte do PT maranhense ainda não lhe garantiu apoio, ele conta com as bênçãos da cúpula nacional do partido, aí incluído o presidente Lula da Silva.

Se não forma seu lastro na base de discursos e disparos verbais, preferindo a costura nos bastidores e nas ações de Governo, Orleans Brandão opera para consolidar o seu projeto de candidatura atuando fortemente nos municípios como representante direto do governador Carlos Brandão na execução da ampla e ambiciosa política municipalista em curso. Ontem, por exemplo, que foi presença destacada ao lado do mandatário na inauguração de uma rodovia pavimentada ligando Barreirinhas ao Delta do Parnaíba. Presença forte nesses atos, o pré-candidato do MDB tem se mostrado cuidadoso com as palavras, deixando que seus aliados falem por ele.

Se, por um lado, o prefeito Eduardo Braide mantém silêncio obstinado sobre ser ou não ser candidato ao Governo do Estado, por outro leva em frente a estratégia de alimentar sua presença na corrida sucessória estadual por vozes aliadas. Ontem, o vereador Joel Jr. (PSD), que foi o seu secretário de Saúde e atua como líder do |Governo na Câmara Municipal, concedeu entrevista manifestando a convicção de que o prefeito de São Luís vai concorrer à sucessão do governador Carlos Brandão, argumentando que o dirigente ludovicense reúne “todos os atributos” para ser um candidato viável. Além disso, a desenvoltura do prefeito nas inaugurações e nas redes sociais, tendo ao lado a vice-prefeita Esmênia Miranda (PSD), que se prepara para assumir a Prefeitura em abril do ano que vem, começa a indicar que Eduardo Braide está de fato se preparando para lançar sua candidatura ao Palácio dos Leões.

Não é demais lembrar que a confirmação desse cenário, ou não, está condicionada ao resultado da conversa do governador Carlos Brandão com o presidente Lula da Silva sobre a sucessão no Maranhão. Ele pode ser confirmado com a eventual permanência do governador no cargo até o final do mandato, o que significará a confirmação da candidatura de Orleans Brandão, mas pode também ter seu desenho mudado com eventual mudança de rumo na candidatura de Felipe Camarão, com a possibilidade de assumir o Governo e ser candidato à reeleição num grande acordo que levará o governador Carlos Brandão ao Senado.

A agitação entre os aspirantes é, portanto, indicativa de que o desenho da corrida ao Palácio dos Leões está prestes a receber o seu formato definitivo.

PONTO & CONTRAPONTO

Dino volta a ser apontado como trunfo da esquerda ficou democrática para o Planalto

Flávio Dino: o magistrado que migrou para a
política e voltou à magistratura
voltará para a política?

Não surpreendeu a matéria da revista Veja empurrando o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, para a seara política, como que alimentando um ciclo que vem se cumprindo desde que ele foi governador do Maranhão, se repetiu quando chegou ao Senado e foi mais evidente quando ele atuou como ministro da Justiça, dando ao terceiro Governo Lula da Silva a face política que ele não tinha. E agora o ciclo se repete com ele membro em ascensão na Suprema Corte, onde preside a 1ª Turma, responsável pelo julgamento da trama golpista.

Na nova especulação, Veja levanta a possibilidade de que, se reeleito em 2026, o presidente Lula da Silva aponte Flávio Dino como candidato à sua sucessão em 2030. Esse projeto exigiria que o Flávio Dino, hoje com 57 anos, rompesse de novo com a magistratura para retornar à política, agora como candidato a presidente da República. Toda a matéria se baseia em rumores nos bastidores, a partir de conversas com aliados do ministro e membros do PT.

A abordagem de Veja em nada difere das especulações que “lançaram” pré-candidato a presidente o então governador do Maranhão, filiado ao PCdoB, que ganhou visibilidade nacional como adversário ferrenho do então presidente Jair Bolsonaro (PL), em quem identificou inclinação para comandar um golpe de estado. Eleito senador, agora no PSB, com a maior votação proporcional do País, Flávio Dino foi convocado pelo presidente Lula da Silva para o Ministério da Justiça onde teve atuação fundamental no desmonte da trama golpista de 8 de Janeiro de 2023, e em seguida como o mais ativo e politicamente atuante ministro do Governo do PT, ao qual deu um perfil de firmeza e coerência.

Agora, diante da evidência de que o PT não construiu alternativas ao presidente Lula da Silva, Flávio Dino volta a ser apontado como o trunfo da esquerda democrática para disputar a presidência da República quando Lula da Silva se aposentar. E não será nenhuma surpresa se ele vier a topar o desafio.

Esquema com emenda parlamentar causa constrangimento na Alema

A prisão de uma assessora da deputada Andreia Rezende (PSB), Larissa Rezende dos Santos, juntamente com os presidentes da Associação Cultural Catarina Mina, Ivan Madeira, e da Associação do Boi de Maracanã, Maria José Soares, com R$ 500 mil em espécie, dinheiro de emenda parlamentar, sacado do Banco do Brasil, e que cuja fatia maior, R$ 400 mil, seria entregues à deputada Helena Duailibe (PP), numa operação em que a deputada Claudia Coutinho (PDT) foi “apanhada de raspão” como suposta beneficiária, causou um forte mal-estar nos bastidores da Assembleia Legislativa. De acordo com o relatório da Polícia Federal, outras suspeitas de esquema estão sendo investigadas.

Os apontados como envolvidos, a começar ela deputada Helena Duailibe, disseram que nada sabem sobre o caso e que nada têm a ver com o suposto esquema de corrupção. Mas a ação da Polícia Federal indicou com clareza de que algo de muito errado aconteceu com aquela fatia do dinheiro público destinado a bancar projetos da cultura popular. Afinal, a assessora da deputada Andreia Rezende – cujo nome indica ser sua parente – sacou numa agência do Banco do Brasil no centro de São Luís R$ 500 mil relativos a emenda parlamentar. Dessa bolada, R$ 400 seriam entregues à deputada Helena Duailibe, e o restando foi dividido entre os dois presidentes de entidades culturais.

O desmonte do esquema pela PF indica que pode haver outros, colocando a Assembleia Legislativa na seara dos deslizes, causando constrangimento nos deputados não atingidos e colocando a Mesa Diretora, da qual a deputada Andreia Rezende faz parte, numa situação delicada. Tanto que, em nota, a presidente da Alema, deputada Iracema Vale (PSB), usou a cautela ao abordar o assunto, mas deixando claro que não vacilará na tomada de providências que o caso exigir quando for totalmente colocado em pratos limpos.

São Luís, 21 de Outubro de 2025.

Conversa com Lula: Brandão levará argumentos fortes para justificar permanência no cargo

Carlos Brandão tem uma série de argumentos
para justificar a Lula da Silva sua posição
de não querer apoiar Felipe Camarão

Vai muito além do puro e simples fato de não querer o vice-governador Felipe Camarão (PT) como sucessor o conjunto de motivos do governador Carlos Brandão (ainda no PSB) para permanecer no cargo, abrindo mão de ser senador, e entrar de cabeça na briga pela eleição do seu sucessor, no caso o secretário de Assuntos Municipalistas, Orleans Brandão (MDB). Esses motivos devem ser relatados na conversa que o governador terá com o presidente Lula da Silva (PT), que pretende convencê-lo a rever a decisão de permanecer e deixar o cargo para se candidatar ao Senado e o seu sucessor, à reeleição.  A relação de motivos é densa e explosiva: judicialização da escolha do novo conselheiro do TCE, judicialização da eleição para presidente da Assembleia Legislativa, suposta venda de cadeiras na Corte do TCE, porque envolve principalmente acusações ao governador em ações movidas pelo Solidariedade, partido controlado no Maranhão pelo deputado estadual Othelino Neto, apontado como principal referência da oposição ao Governo Brandão.

A judicialização do processo de escolha do conselheiro do TCE, feita inesperadamente, se deu no momento em que o Palácio dos Leões apontou o advogado Flávio Costa como candidato, tendo ele recebido todos os sinais de que sua indicação seria sacramentada. O processo foi interrompido com uma ADIN do Solidariedade questionando na Suprema Corte as regras vigentes na Assembleia Legislativa. O processo caiu no birô do ministro Flávio Dino, que determinou uma série de mudanças nas regras. A Assembleia Legislativa providenciou a atualização das regras, atendendo a todas as recomendações, mas o processo permanece na Corte sem decisão final. Isso impossibilita o Poder Legislativo de escolher conselheiro, enquanto o TCE permanece com duas vagas abertas.

Na ação sobre escolha para o TCE, a advogada mineira Clara Machado tentou entrar como amicus curiae na sua argumentação para se tornar parte da ação, a advogada incluiu, sem apresentar provas contundentes, a suspeita de que o governador Carlos Brandão estaria envolvido na compra de vagas no TCE. Relator do processo, o ministro Flávio Dino rejeitou a entrada na advogada, mas determinou à Polícia Federal que investigue a tal suspeita de compra de vagas. O governador Carlos Brandão e os ex-conselheiros Washington Oliveira e Álvaro César reagiram indignados negando a suspeita. O governador viu na decisão um ato de perseguição política.

Realizada em março de 2023, a eleição da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa para a atual legislatura, na qual a presidente Iracema Vale (PSB) fora reeleita, foi anulada pelo Supremo, que determinou novo pleito, que foi realizado em novembro do mesmo ano. Com Iracema Vale e Othelino Neto na disputa, o pleito resultou num rigoroso empate de 21 a 21, tendo a chefe do Poder sido reeleita pelo critério da maior idade, conforme reza o Regimento da Alema. Por meio do Solidariedade, o deputado Othelino Neto bateu às portas do Supremo questionando o critério. A Corte decidiu que não houve irregularidade, confirmando a reeleição da presidente.

Entre uma ação e outra, surgiu a terceira: a denúncia, feita pelo Solidariedade, acusando a existência de “nepotismo cruzado” envolvendo a família do governador Carlos Brandão. O relator da ação, ministro Alexandre de Moraes, determinou a exoneração de vários parentes do governador de cargos no Legislativo e no Judiciário. O caso de maior repercussão foi a saída do empresário e atual presidente do MDB Marcus Brandão do cargo de diretor da Assembleia Legislativa.

A lista de motivos aumentou com a decisão do comando nacional do PSB de tirar o governador Carlos Brandão da presidência do partido para entrega-la à senadora Ana Paula Lobato, esposa do deputado Othelino Neto. A decisão teve forte repercussão e levou o PSB a um racha monumental, com a saída de sete dos nove deputados estaduais do partido, que seguem a orientação do governador Carlos Brandão, programadas para março, quando será aberta a janela para a troca de partido sem risco de perder o mandato.

Esses itens explosivos se somam os bombardeios diários feitos pela bancada dinista na Assembleia Legislativa contra sua gestão e ele próprio, via de regra rebatidos pela bancada governista.

Tudo indica, como se vê, que a conversa do presidente Lula da Silva com o governador Carlos Brandão será longa e com desfecho imprevisível.

PONTO & CONTRAPONTO

Prisão de assessora de deputada com R$ 500 mil para entregar a outra parlamentar agita bastidores da Alema

Larissa Rezende, Maria José Soares e Ivan
Madeira presos com a bolada que
seria entregue a Helena Duailibe

Caiu como uma bomba nos bastidores do Palácio Manoel Beckman a prisão de uma servidora comissionada da Assembleia Legislativa, Larissa Rezende Santos, flagrada com uma mochila com R$ 400 mil, que seriam frutos de desvios de emenda parlamentar. Junto com ela, foram presos Maria José de Lima Soares, presidente do Boi de Maracanã – que teria repassado o dinheiro a Larissa Rezende e estava com R$ 19 mil na bolsa – e Ivan Jorge da Piedade Madeira, presidente da Associação Cultural Catarina Mina, flagrado com R$ 50 mil numa bolsa.

O problema ganhou outra dimensão quando, nos seus depoimentos à Polícia Federal, Larissa Rezende dos Santos foi identificada como assessora da deputada Andreia Rezende (PSB). E se tornou explosivo quando revelou que a bolada de R$ 400 seria entregue à deputada Helena Duailibe (PP).

O teor explosivo das prisões e dos presos aumentou mais ainda quando a PF encontrou indicações de que o dinheiro movimentado pelos três, sacados numa agência do Banco do Brasil, pode ser fruto de desvio de emenda parlamentar para custear eventos relacionados com o Dia das Crianças. E ganhou controvérsia quando Larissa Rezende dos Santos disse ao delegado, que na verdade a grana seria usada para bancar uma festa natalina de natureza social.

Nos documentos apreendidos pela PF aparece o nome da deputada Cláudia Coutinho (PDT) como autora de emenda no valor de R$ 500 mil para bancar um certo Projeto Festival das Crianças. Ela divulgou nota mostrando que nada tem a ver com a suposta ação criminosa desmontada pela PF com a prisão da assessora da deputada Andreia Rezende, a presidente do Boi de Maracanã e do presidente da Associação Cultural Catarina Mina, que estavam “destinando” R$ 400 mil à deputada Helena Duailibe.

Todos os envolvidos se pronunciaram por meio de nota, e como já era previsível, disseram que nada fizeram de errado e que provarão isso durante o processo, que pode resultar em até uma década de cadeia para quem for condenado.

A deputada Helena Duailibe manifestou “surpresa” com o acontecido e jurou que não conhece os envolvidos, a começar pela assessora parlamentar Larissa Rezende dos Santos, que simplesmente lhe entregaria uma mochila preta com R$ 400 mil. E a entrega só não foi feita porque a PF prendeu os três envolvidos diretamente na operação e recolheu o dinheiro, nota sobre nota. A deputada Andreia Rezende não se pronunciou

A presidente da Assembleia Legislativa, deputada Iracema Vale, emitiu nota em que usou a cautela de não aceitar a primeira versão, informando que vai aguardar o desenrolar dos acontecimentos para firmar posição sobre o assunto. A nota diz o seguinte:

“A Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão informa que, até o presente momento, não recebeu qualquer comunicação oficial a respeito das notícias veiculadas na imprensa sobre supostos ilícitos envolvendo atividade bancária atribuída a uma assessora que teria vínculo com esta Casa.

Tão logo haja notificação formal, ou seja, solicitado qualquer esclarecimento pelos órgãos competentes, a Assembleia Legislativa prestará todas as informações necessárias, colaborará integralmente com as autoridades responsáveis, como tem sido a prática constante da atual Mesa Diretora, e adotará as medidas institucionais cabíveis, com total transparência e responsabilidade”.

Nas linhas finais da nota, a presidente Iracema Vale avisa, de maneira elegante, que se a derrapagem for confirmada, adotará as medidas institucionais cabíveis.  

Cientistas políticos debatem cenário atual e veem instabilidade na democracia brasileira

Falta de sintonia entre o Executivo, o Legislativo e o
Judiciário está gerando instabilidade na democracia brasileira

A democracia brasileira vive um momento de instabilidade. Foi o que disseram diversos cientistas políticos durante o 49º Encontro Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais, realizado ontem em São Paulo e que debateu o tema “A democracia brasileira em outubro de 2025”. O evento tratou da conjuntura política do Brasil um mês depois da condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a 27 anos de cadeia por tentativa de golpe de estado.

Uma manifestação da cientista social Silvana Krause, que é colunista do jornal Folha de S. Paulo, traduziu, integralmente, a visão dos cientistas políticos que participaram do encontro sobre o cenário nacional neste momento. Para eles, o ambiente sinalizas uma situação de instabilidade na democracia brasileira, com a importância crescente do Congresso nacional e a diferença ideológica entre o Legislativo e o Executivo.

Silvana Krause vê um cenário de crescente fragmentação da democracia nacional, que espelha uma situação de instabilidade. Parte da explicação para esse cenário é o fato de o Centrão não ter uma liderança nacional forte, uma vez que seus líderes vêm de oligarquias regionais. E chamou a atenção para como o uso de emendas parlamentares contribuem para essa fragilização, desgastando a imagem dos partidos políticos e do Congresso Nacional na sociedade.

Os cientistas avaliaram que o Supremo Tribunal Federal tem assumido protagonismo porque é uma Corte constitucional com competência criminal, o que é uma deformação que precisa ser corrigida. Essa visão explica a grita de muitos contra decisões da Corte, sem atentar que, dentro das regras atuais, ela está fazendo a parte que lhe cabe como a cabeça do Poder Judiciário. Por esse viés, as críticas contra a atuação do da Suprema Corte são infundadas.

São Luís, 19 de Outubro de 2025.