Arquivos mensais: janeiro 2017

Castelo de liminares construído por Zé Vieira em Bacabal começa a desmoronar

 

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Zé Vieira e seu vice Florêncio Neto em posse que deverá ser tornada ilegal pela Justiça Eleitoral, já que a Justiça Federal reconheceu que ele tem a ficha suja

Construída à base de liminares judiciais, a eleição do empresário e ex-prefeito José Vieira Lins (PP), conhecido por Zé Vieira, a prefeito de Bacabal começou a desmoronar ontem, quando a 6ª Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF) confirmou, por unanimidade, que ele é ficha suja, e tornou sem efeito liminar que decidira o contrário há três semanas. Essa sentença confirmará a cassação, pelo juiz eleitoral de Bacabal, do registro da candidatura dele, decisão ratificada unanimemente pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MA). Agora, o argumento que sustenta a sua condição de ficha suja, que proíbe sua participação em disputas eleitorais por no mínimo oito anos, terá de ser levada em conta no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e, por via de consequência, no Supremo Tribunal Federal. Zé Vieira teria de deixar o comando da Prefeitura de Bacabal tão logo recebesse formalmente a decisão do TRF-1ª Região, já que os outros tribunais nos quais seu futuro será decido só estavam aguardando essa decisão do TRF-1ª Região. E a julgar pelo entendimento demolidor dos desembargadores federais, dificilmente STJ, TSE e Supremo contrariarão a regra dando cobertura a Zé Vieira. O mais provável é que a Justiça Eleitoral mande empossar o deputado Roberto Costa com o prefeito ou então realizar nova eleição em Bacabal.

A equação é simples, e pode ser perfeitamente explicada pelo roteiro da opereta. Denunciado nove vezes pelo Ministério Público por improbidade administrativa quando foi prefeito de Bacabal, Zé Vieira vê o seu balão político incendiar e despencar rumo ao chão. Quando teve o registro da candidatura negado, primeiro pelo juiz de base e depois pelo TRE, Zé Vieira atacou em duas frentes, a primeira a Justiça Eleitoral, onde ele apelou ao TSE contra a decisão das suas primeiras instâncias, e ao STJ, onde apelou contra a condição de ficha suja que lhe fora imposta pelo Tribunal de Contas da União em face de malfeitos que ele teria praticado na Prefeitura de Bacabal. Na Justiça Federal, um magistrado lhe concedera liminar precária, mandando apenas que aguardasse a manifestação da Corte sobre se ele é mesmo ou não ficha suja. Na Justiça Eleitoral, o presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes (Supremo), concedeu liminar igualmente precária, remetendo a decisão para o colegiado, o que deve acontecer logo, logo.  A Justiça Eleitoral quer resolver logo esse imbróglio, para devolver a normalidade á vida de Bacabal.

Por mais que alguns evoquem a imprevisibilidade da Justiça Eleitoral, o caso não deixa margem para outra decisão que não seja a cassação do registro da candidatura de Zé Vieira. Muitos criticaram a liminar do ministro Gilmar Mendes autorizando o mais votado a tomar posse, estava muito claro que ele não queria dar a palavra final de maneira monocrática enquanto o STJ não deixasse bem claro se ele é ficha suja ou não. A resposta veio ontem, de modo que agora a Corte eleitoral pode se posicionar, para confirmar ou não a cassação do registro da sua candidatura sentenciada pelo juiz de base e pelo TRE.

De acordo com o que publicou o sempre bem informado blog do jornalista Gilberto Leda, o relator do processo, desembargador federal Kassio Marques, foi contundente: “O que pretende o embargante é rediscutir questões já decididas por este Tribunal, com nítido propósito infringente, o que é incabível por essa via processual, diante da ausência de omissão a ser sanada”. O resultado dessa manifestação foi que os membros da Turma o apoiaram unanimemente afirmando que a ficha de Zé Vieira é suja mesmo. A decisão de ontem do TRF-1ª Região detonou também a liminar concedida pelo juiz Marcelo, da 1ª Vara de Bacabal confirmando a posse de Zé Vieira e mandando a Câmara Municipal acabar com o imbróglio ridículo de ter dois presidentes.

No meio político, ninguém tem dúvida de que Zé Vieira, que foi o mais votado, perdeu a parada, pois se o TSE não decidir a seu favor, o que dificilmente acontecerá diante da decisão do TRF-1ª Região, ele não perderá a Prefeitura, mas também ficará inelegível por oito anos, não podendo participar do pleito que provavelmente a Justiça Eleitoral mandará realizar para a escolha do prefeito. E a Câmara Municipal terá de eleger a nova Mesa numa eleição com a participação de todos os vereadores, pois será o novo presidente que dará posse ao novo prefeito.

Por outro lado, há também a possibilidade de que, por meio de argumentos baseados nas sutilezas da legislação, a Justiça Eleitoral mande empossar o deputado Roberto Costa (PMDB) como prefeito de Bacabal, já que sua candidatura, campanha e votação foram limpas. Se não, o único caminho será realizar nova eleição, para a qual Roberto Costa é franco favorito, mesmo tendo Zé Vieira com o eventual novo candidato.

PONTO & CONTRAPONTO

João Alberto foi sondado para presidência do Senado
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João Alberto foi sondado para disputar presidência

Antes da definição do PMDB pela candidatura de Eunício Oliveira, no início de janeiro, o senador João Alberto foi sondado por colegas de o partido para ser candidato à presidência do Senado. Com a ficha rigorosamente limpa e um currículo gordo de experiências, entre elas a de estar presidindo pela quinta fez consecutiva o Conselho de Ética da Casa, o senador deixou a situação no ar, o respondendo nem sim nem não. João Alberto reagiu com surpresa, embora essa possibilidade já tivesse sido comentada em outros momentos. Ele preferiu ficar na sua, aguardando os desdobramentos das articulações. Se ele tivesse aceitado a empreitada e lançado sua candidatura dentro do partido, teria sido uma disputa importante. Os ventos em Brasília mudaram em favor de Eunício Oliveira, e o projeto dos colegas de João Alberto não prosperou.

Em Tempo: A bancada maranhense no Senado deverá votar unida. Os senadores João Alberto (PMDB), Edison Lobão (PMDB) e Roberto Rocha (PSB) estão fechados com o candidato do PMDB à presidência da Casa, o senador cearense Eunício Oliveira.

Maia deve receber entre 10 e 12 votos de maranhenses
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Rodrigo Maia vai levar a maioria dos votos maranhenses na corrida pela presidência

O presidente da Câmara Federal, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), deve confirmar hoje sua candidatura a novo mandato presidencial, e deverá ter o apoio de até 12 dos 18 integrantes da bancada maranhense. Deverão acompanhá-lo Juscelino Filho (DEM), João Marcelo (PMDB), Hildo Rocha (PMDB), Cléber Verde (PRB), Rubens Jr. (PCdoB), Eliziane Gama (PPS), Victor Mendes (PV), Davi Filho (PR), Júnior Marreca (PEN) e Aluísio Mendes (PRB). Os deputados José Reinaldo Tavares e Luana Alves, ambos do PSB, deverão votar com o candidato do partido, o mineiro Júlio Delgado, se ele mantiver a candidatura; se não, devem votar em Rodrigo Maia. Os deputados Weverton Rocha e Julião Amim votarão no candidato do PDT, que poderá receber também o voto do deputado José Carlos (PT).  E se o deputado Rogério Rosso (PP-DF) for candidato, receberá os votos dos colegas de partido André Fufuca e Waldir Maranhão, mas se Rosso não entrar na briga, os votos do PP maranhense deverão migrar para Jovair Arantes (PTB), que só tem com certo o voto do petebista Pedro Fernandes.

São Luís, 31 de Janeiro de 2017.

Nova Mesa Diretora da Assembleia assume dia 1º refletindo a diversidade política do plenário e garantindo estabilidade na Casa

 

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Josimar de Maranhãozinho, Adriano Sarney, Ricardo Rios, Zé Inácio, Othelino Neto, Humberto Coutinho (presidente reeleito), Fábio Macedo, Nina Melo e Stênio Rezende vão comandar a Assembleia Legislativa a partir do dia 1º de fevereiro

 

Enquanto o Senado e a Câmara Federal têm nesses dias seus bastidores incendiados pela movimentação dos candidatos à presidência das duas instituições, o mesmo acontecendo na maioria dos parlamentos estaduais, mobilizando as forças políticas desses estados, a Assembleia Legislativa do Maranhão prepara tranquilamente a posse da sua nova Mesa Diretora, para o biênio 2017/2018, que ocorrerá na próxima quarta-feira, 1º de fevereiro. Comandada pelo deputado Humberto Coutinho (PDT), atual presidente e que ganhou novo mandato por decisão unânime dos seus pares, a nova cúpula do Poder Legislativo maranhense mantém a tradição de refletir a diversidade política representada no seu plenário. Nesse sentido, a maioria dos cargos é ocupada por deputados que integram a base de sustentação do Governo do Estado, tendo a Oposição o espaço proporcional ao seu peso partidário. A expectativa é a de que o presidente Humberto Coutinho mantenha o princípio segundo o qual os deputados são iguais, não havendo tratamento diferenciado por cor partidária, posicionamento político ou qualquer outro critério que pretende diferenciá-los. A nova conduzirá a 3ª Sessão Legislativa da 18ª Legislativa, que será iniciada no a 2 de fevereiro, dia seguinte à posse.

A nova Mesa terá o desfio de comandar o Poder Legislativo num ano que se desenha muito complicado politicamente, primeiro porque bombas como os desdobramentos da Operação Lava jato, risco de o Governo da República ser destronado por decisão da Justiça Eleitoral e, finalmente, o eventual agravamento da crise econômica no plano nacional e o seus reflexos no Maranhão, onde também começa a se desenhar o aumento de tensão nas relações Situação/Oposição no contexto das articulações para as eleições gerais de 2018. O presidente Humberto Coutinho, o 1º vice-presidente Othelino Neto (PCdoB), o 2º vice-presidente Fábio Macedo (PDT), o 3º vice-presidente Josimar de Maranhãozinho (PR), o 4º vice-presidente Adriano Sarney (PV), o 1º secretário Ricardo Rios (SD), o 2º secretário Stênio Rezende (DEM), o 3º secretário Zé Inácio (PT) e o 4ª secretária Nina Melo (PMDB), terão de atuar com o máximo de equilíbrio para, primeiro, evitar quer questões menores e diferenças partidárias e regionais contaminem as relações e comprometem o equilíbrio na instituição. O perfil de cada membro da Mesa mostra que as diferenças são fortes, mas os deputados que a integram têm visão política suficiente para superar crises. São eles:

Presidente: Humberto Coutinho (PDT) – Reconhecido como um dos mais importantes articuladores do Maranhão atual e montado numa experiência de cinco mandatos na Casa e dois de prefeito de Caxias, o deputado Humberto Coutinho  se consolidou como ponte segura que liga o Palácio Manoel Bequimão e o Palácio dos Leões. Foi nas duas primeiras legislaturas do atual mandato, e continua sendo, o interlocutor seguro e confiável dos deputados e do governador Flávio Dino (PCdoB), o que lhe permitiu fazer aproximações, evitar tremores, superar crises e garantir o máximo possível de normalidade política para assegurar o convívio o mais democrático e civilizado possível entre os diferentes grupos. Tanto que é nome forte para disputar uma das vagas de senador em 2018, projeto que depende do seu estado de saúde, que lhe obriga a lutar contra um câncer no intestino.

1º Vice-Presidente: Othelino Neto (PCdoB) – Parlamentar em segundo mandato, foi o único, além do presidente, que conseguiu a reeleição para o mesmo cargo na Mesa, uma façanha pouco vista na Assembleia Legislativa, salvo para o cargo de presidente. Atuando na linha de frente da bancada governista, conseguiu se consolidar na cúpula também por ter tido até agora um desempenho elogiado como presidente em exercício nas ocasiões em que o presidente Humberto Coutinho precisou se ausentar de São Luís.

2º Vice-Presidente: Fábio Macedo (PDT) – Marinheiro de primeira viagem e de origem empresarial, chegou à Assembleia Legislativa como “o filho do empresário Dedé Macedo”. Logo percebeu que poderia afundar, reagiu, e aos poucos foi ganhando personalidade política própria, valorizando cada tropeço como aprendizado. Hoje já é o deputado Fábio Macedo, integrante da bancada governista, mas com traços de independência.

3º Vice-Presidente: Josimar de Maranhãozinho (PR) – Chegou à Assembleia Legislativa embalado por quase 100 mil votos, algo raro na disputa para cadeiras do parlamento estadual. Meio avesso à tribuna, é considerado uma “fera” nas articulações nos bastidores e pela habilidade e eficiência com que transita nos órgãos estaduais e federais em busca de recursos para os vários municípios onde é líder absoluto. Vinha liderando o Bloco União Parlamentar, governista, mas sem seguir rigorosamente as orientações do Governo.

4º Vice-Presidente: Adriano Sarney (PV) – Cristão novo na Casa, além de representar a continuidade da linhagem política do ex-presidente José Sarney, revelou-se também um dos mais preparados membros da novíssima geração de políticos maranhense. Cometeu alguns pecados típicos da ingenuidade dos iniciantes, mas se mantém como um representante autêntico do Grupo Sarney.

1º Secretário: Ricardo Rios (SD) – Representante da novíssima geração, chegou à Assembleia Legislativa na esteira do prestígio da família Pearce Rios, que tem base política em Vitória do Mearim, onde o pai e a mãe foram prefeitos, e relações na região. De atuação tímida no plenário, movimenta-se com certa desenvoltura nos bastidores, seguindo quase sempre a orientação do presidente Humberto Coutinho, a quem é muito ligado.

2º Secretário: Stênio Rezende (DEM) – Decano da Casa, exercendo o sexto mandato consecutivo, integra a base governista e é um dos mais tarimbados membros do parlamento estadual, principalmente pela capacidade de sobreviver às intempéries que vêm mudando as referências políticas do Maranhão. A sua tacada mais recente foi se articular com o seu sobrinho, deputado federal de primeiro mandato Juscelino Filho e assumir o comando do DEM no Maranhão.

3º Secretario: Zé Inácio (PT) – Único representante do PT na Assembleia Legislativa e também representante da nova geração de políticos, é um parlamentar articulado, com discurso de posições, fiel que é à linha de ação da corrente liderada pelo ex-presidente Lula dentro do PT. Integra a base de apoio do Governo.

4º Secretário: Nina Melo (PMDB) – Médica por formação, tem atuação discreta no plenário, pouco ocupando a tribuna, o quando o faz é para tratar de assuntos de natureza social, principalmente na área de Saúde. Faz política articulada com o pai, ex-governador Arnaldo Melo, que presidiu a Assembleia por dois mandatos e atualmente é um dos diretores da Funasa.

A posse da nova Mesa Diretora ocorrerá na quarta-feira (2), às 9 horas, no salão de Atos do Palácio Manoel Bequimão.

 

PONTO & CONTRAPONTO

Roseana é “lançada” na corrida aos Leões
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Roseana Sarney: “lançada” na corrida pré-eleitorado para os Leões

Ela mesma não se manifestou, durante a semana que passou a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB) foi tirada de uma movimentação discreta, que pouco tinha a ver com preocupações políticas, e “lançada” na seara pré-eleitoral. Primeiro, com a notícia não confirmada de uma suposta pesquisa segundo a qual ela estaria em situação de empate técnico com o governador Flávio Dino nas preferências do eleitorado para o Governo do Estado em 2018. Depois, com uma súbita campanha, sem origem nem autoria que invadiu redes sociais, em que internautas anônimos estariam festejando seu retorno à disputa política com cartazes com dizeres do tipo “meu voto é dela” e “a guerreira vai voltar”. Se se trata de uma produção articulada de factóides, o tempo dirá. Roseana Sarney é, sem dúvida, uma líder política de peso, a mais representativa do Grupo Sarney, com cacife para se lançar candidata a qualquer mandato, de vereadora a governadora, tendo sua candidatura sempre com potencial para levar a melhor. Por outro lado, também não há dúvidas de que seis anos depois de ter disputado a última eleição (2010), Roseana não tem sido politica e eleitoralmente testada. Se as eleições municipais de 2016 valem como referência, o cacife político da ex-governadora está em baixa, já que, a exemplo de 2014, quando o seu grupo foi destroçado nas urnas, perdendo as eleições de cabo a rabo – Governo, Senado, Câmara Federal e Assembleia Legislativa –, o resultado geral das eleições municipais de outubro passado foi também desastroso para o grupo da ex-governadora. Se vai disputar o Governo do Estado, enfrentará o governador Flávio Dino, que está em plena forma, tem agora 62% de aprovação, segundo pesquisa recente do instituto Exata, cujos levantamentos costumam ser confiáveis. Não se pode negar que a ex-governadora tem um lastro político e eleitoral considerável e que pode crescer durante uma campanha para o9 Governo do Estado. Mas não se pode ignorar o fato de que, além de estar em excelente posição aos olhos da Opinião Pública, estar no comando de um Governo sem máculas e com bom desempenho administrativo e decidido a enfrentar as urnas com faca nos dentes, o governador Flávio Dino será um candidato muito difícil, mas muito difícil mesmo, de ser batido.

Projeto eleitoral de Márcio Jerry gera curiosa controvérsia
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Márcio Jerry causa discussão ao admitir candidatura à Câmara Federal

O fato de o secretário de Estado de Articulação Política e Comunicação, Márcio Jerry (PCdoB), haver admitido o projeto de se candidatar a uma cadeira na Câmara Federal nas eleições de 2018 agitou o meio político e os diversos canais de comunicação formais e informais. Houve quem reagisse de maneira crítica, como se o projeto fosse ilegítimo; também se manifestaram os que o consideram válido. A discussão é interessante, porque anima o meio político. Mas analisada com frieza, ela não faz sentido, principalmente quando a manifestação é de crítica ao secretário, acusado por alguns de estar usando a máquina governista para se promover. A pergunta que um observador isento faz é a seguinte: o que há de errado em Márcio Jerry querer disputar um mandato eletivo? Qualquer análise minimamente serena e isenta concluirá: nada. Um dos jornalistas e militantes políticos mais ativos e preparados da sua geração, com uma densa bagagem cultural, uma sólida formação intelectual e um histórico invejável de atuação o campo político, que o levou à presidência do PCdoB no Maranhão e à posição de principal assessor político do governador Flávio Dino, Márcio Jerry é um dos quadros políticos mais aptos a exercer uma cadeira na Câmara Federal ou em qualquer outra Casa parlamentar. O secretário é conhecedor das principais teorias que dão base à ciência da comunicação e conhece a prática jornalística; demonstra sólidos conhecimentos de literatura, artes e música; exibe sólidas informações de História contemporânea e política, e se comunica com desenvoltura. A Coluna não se alinha à visão ideológica do secretário, mas não tem qualquer dúvida de que ele dará expressiva contribuição para o grande debate político se chegar a uma das casas do Congresso Nacional. Aliás, vale ressaltar que na equipe do governador Flávio Dino encontram-se nomes altamente credenciados para exercer mandatos eletivos: Marcelo Tavares, Francisco Gonçalves, Márcio Jardim, Neto Evangelista e Simplício Araújo, entre outros.

São Luís, 28 de Janeiro de 2017.

Tema Cunha se movimenta e começa a tirar a Famem do imobilismo e a transformá-la numa entidade de peso

 

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Tema Cunha com o deputado federal Júnior Marreca (PEN), que presidiu a Famem e foi oferecer apoio à nova gestão

Quando se encontrava mergulhado nas articulações em busca de votos para chegar pela terceira vez à presidência da Federação das Associações de Municípios do Estado do Maranhão (Famem), o prefeito de Tuntum, Cleomar Tema Cunha (PSB), que inicia o quinto mandato, prometia que, se eleito fosse, traria de volta o municipalismo para o centro das decisões políticas do Maranhão. Eleito sem adversário e quase por aclamação, Tema Cunha vem cumprindo rigorosamente o compromisso assumido com seus pares: em duas semanas de ação, ele tirou a Famem da mais completa inexpressividade, devolvendo-lhe o peso de entidade que representa mais de 170 dos 217 municípios maranhenses. E não o fez com discurso apenas, mas com ações concretas, entre elas a mudança do conjunto de normas que asseguram às Prefeituras sair do Cadastro Estadual de Inadimplentes (CEI) para que voltem a ter acesso a recursos e convênios no Governo do Estado num processo rápido e sem burocracia – as novas regras são duras, mas são mais flexíveis do que as anteriores, sem que o Governo tenha feito concessões impróprias.

Obtida depois de gestões intensas junto ao governador Flávio Dino (PCdoB), de quem é aliado de primeira linha, a atualização do conjunto de normas foi definida em parecer normativo elaborado pela Procuradoria Geral do Estado, dentro de padrões rigorosamente enquadrados na Lei de Responsabilidade Fiscal, que, como se sabe, é severa com inadimplência. Com essa conquista, que está sendo festejada pelos prefeitos, o novo presidente da Famem cumpriu antes do previsto um dos compromissos que até aliados seus duvidavam que pudesse cumprir. “Trata-se de uma grande conquista, no campo jurídico e administrativo, alcançada pelas cidades. Mais uma vez, o governador Flávio Dino mostra que tem compromisso com o fortalecimento do municipalismo no Maranhão”, declarou, entusiasmado.

Tema Cunha começou a tirar a Famem da inexpressividade tão logo teve sua eleição confirmada e sua posse formalizada. Recebeu inúmeros colegas em audiências, fez contatos com colegas que pretende aproximar da entidade, e representou-a em vários eventos em que a situação dos municípios foi direta ou indiretamente discutida. Especialista em problemas municipais depois de quatro mandatos de prefeito, o novo presidente da Famem fez um exame cuidadoso da situação dos municípios e concluiu que o item mais problemático das administrações municipais atualmente é a área de Saúde. Os custos dessa área são muito elevados e os recursos que as Prefeituras dispõem, principalmente as maranhenses, não cobrem as necessidades, de modo que os prefeitos estão sempre trabalhando com déficit. “Vamos focar na saúde, que é o nosso maior problema”, avisou durante uma conversa com a Coluna. Dias depois, Tema Cunha bateu às portas do secretário de Estado da Saúde, Carlos Lula, liderando o grupo de prefeitos do Consórcio da Região do Litoral Ocidental Maranhense (Conguarás), formado pelas Prefeituras de Bequimão, Central do Maranhão, Mirinzal, Guimarães, Cedral, Porto Rico, Cururupu, Serrano do Maranhão, Bacuri e Apicum-açu. A reunião alcançou o objetivo, que era o de abrir um canal de comunicação direta do grupo com o secretário de Saúde.

No campo da Saúde, o presidente da Famem está programando a ida a Brasília levando um grupo de “pelo menos 50 prefeitos” para uma audiência com o ministro da Saúde e uma conversa franca com a bancada federal sobre o tema e outros mais. E deu o primeiro passo nessa direção ao receber o deputado Júnior Marreca (PEN), ex-prefeito de Itapecuru Mirim e ex-presidente da Famem. Depois da conversa, Marreca declarou: “Tema é um gestor experiente e que possui a amizade, respeito e confiança dos prefeitos e prefeitas maranhenses. Tenho certeza de que a FAMEM avançará muito na sua gestão”.

O novo presidente da Famem informa que sempre que estiver em São Luís participará de todo e qualquer evento ou movimento assuntos ou problemas municipais. Isso passa principalmente por ações focadas na área social, justificando essa postura lembrando que ainda são grandes as necessidades de uma expressiva faixa da população maranhense. Na semana que passou, participou efetivamente de um evento em que a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social pactuou com prefeituras medidas técnicas que facilitem a aplicação do Bolsa Escola, uma espécie de 13º salário do Bolsa Família para custear material escolar das famílias. “Ao promover mudanças que facilitam o acesso aos serviços e injetar mais recursos na versão 2017 do programa, o governo mostra, mais uma vez, que cumpre o seu dever de melhorar os indicadores sociais de nosso Maranhão”, afirmou.

Determinado a transformar a Famem numa organização ativa e produtiva, Tema Cunha decidiu que nos primeiros meses da sua gestão vai ajustar sua agenda para passar três dias da semana em São Luís, dedicando os demais dias da semana à gestão de Tuntum, onde permanece o tempo todo ligado, preocupado até com os pequenos detalhes da administração do seu município. “Lá é o meu primeiro compromisso”, disse, de maneira resoluta.

 

PONTO & CONTRAPONTO

Mais um ato na opereta de Bacabal I
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Posse de Zé Vieira e seu vice Florêncio Neto foi validada pelo juiz de Bacabal Marcelo Moreira

Não há dúvidas de que a decisão tomada sexta-feira pelo juiz Marcelo Moreira, que responde pela 1ª Vara da Comarca de Bacabal de validar a posse de Zé Vieira (PP) como prefeito do Município e suspender o bloqueio das contas da Prefeitura para que ele possa movimentá-las para manter os serviços públicos e, de quebra, determinar que a Câmara Municipal coloque ponto final na opereta da dupla presidência e realize uma eleição definitiva para o comando da Casa deu força ao prefeito empossado. Mas não há também dúvidas de que se trata de apenas mais um lance desse complicado jogo político, eleitoral e judicial em que foi metido um dos dez mais importantes municípios maranhenses, situação que faz com que sua população, superior a 100 mil habitantes, esteja pagando um preço alto e inaceitável pelo imbróglio que não criou.

Mais um ato na opereta de Bacabal II

O “Caso Bacabal” tem ações em andamento no Tribunal Superior Eleitoral, onde a validade dos votos dados a Zé Vieira está sendo questionada; no Tribunal Superior de Justiça, onde está sendo discutida a decisão do Tribunal de Contas da União de tornar Zé Vieira ficha suja e, por isso, inelegível; e no Supremo Tribunal Federal; onde as pendências geradas pelas outras ações serão resolvidas, sendo a mais importante delas a invalidação do registro da candidatura do prefeito empossado. Até agora, Zé Vieira perdeu em todas as instâncias da Justiça Eleitoral, já que as duas primeiras instâncias disseram que ele não poderia ter sido candidato e que por isso seus votos não valem. O que tem o favorecido até aqui são decisões liminares a recursos habilmente impetrados por seus advogados, que integram um dos melhores e mais caros escritórios de Brasília. Com exceção das duas tomadas pela Justiça Eleitoral implodindo sua candidatura e anulando seus votos, nenhuma outra decisão é definitiva, o que significa que as decisões que estão a caminho podem consolidar o que está em curso ou provocar uma reviravolta radical, que poderá desembocar numa nova eleição.

São Luís, 27 de Janeiro de 2017.

 

Senado: será difícil a Flávio Dino e ao Grupo Sarney acomodar tantos aspirantes às duas cadeiras em 2018

 

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Weverton Rocha, José Reinaldo, Humberto Coutinho, Waldir Maranhão e Eliziane Gama de olho no Senado

Não há registro na história política recente do Maranhão de um momento pré-eleitoral em que se apresentaram tantas e diferentes personalidades  interessadas em se credenciar para disputar as duas vagas que serão abertas no Senado da República em 2018. Estão em pré-campanha, por enquanto os deputados federais Weverton Rocha (PDT), Sarney Filho (PV), José Reinaldo Tavares (PSB), Eliziane Gama (PPS) e Waldir Maranhão (PP), o deputado estadual Humberto Coutinho (PDT), o suplente de senador Lobão Filho (PMDB), o ex-prefeito de Imperatriz Sebastião Madeira (PSDB), a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB), o senador João Alberto (PMDB) e o ex-juiz estadual Márlon Reis (Rede); e existe outro grupo, dos que são citados apenas como possibilidades remotas, mas que ninguém descarta que possam entrar na briga: os prefeitos Luis Fernando Silva (PSDB), de São José de Ribamar, e Hilton Gonçalo (PCdoB), de Santa Rita, e o ex-ministro Gastão Vieira (PROS). São todos políticos credenciados, com diferentes lastros, mas potencialmente cacifados para entrar na briga, que se desenha, pelo menos até aqui, para ser a mais renhida do próximo pleito.

Tradicionalmente, a eleição de senador ocorre diretamente associada à de governador. Via de regra, os candidatos a governador, principalmente os favoritos, costumam “puxar” os candidatos a senador, formando “dobradinhas” que sempre resultam bem sucedidas, como aconteceu em 2010, com a eleição da pemedebista Roseana Sarney para o Governo, e a de João Alberto e Edison Lobão, ambos do PMDB, para a Câmara Alta; e em 2014, com a vitória acachapante de Flávio Dino (PCdoB) para o Palácio dos Leões, e a eleição de Roberto Rocha (PSB) para o Senado. Esse aspecto da corrida senatorial indica que esse número elevado de candidatos será depurado com a formação de chapas governista e oposicionista, abrindo caminho para algumas candidaturas em chapas que expressem outras vias, como a ultraesquerda e candidaturas independentes.

O governador Flávio Dino certamente enfrentará dificuldades para definir dois candidatos a senador na montagem da sua chapa. No seu campo estão em clima de pré-campanha os pedetistas Weverton Rocha e Humberto Coutinho, o socialista José Reinaldo e o pepista Waldir Maranhão. Todos lhe são estreitamente ligados, integram a linha de frente da base política do seu Governo e – com exceção de Humberto Coutinho, que enfrenta problemas de saúde -, não parecem dispostos a abrir mão dos seus projetos senatoriais. E nesse contexto entraria também Eliziane Gama, que se entrar para valer e não for acomodada na barca governista, poderá fazer uma campanha paralela com um discurso nada simpático ao Governo – caso também de Hilton Gonçalo, e até mesmo de José Reinaldo, se vier a ser preterido em favor de Waldir Maranhão. A se manterem esses cinco pré-candidaturas, e tudo indica que elas serão mantidas, o governador Flávio Dino se verá numa tremenda encrenca doméstica, tendo de usar toda sua habilidade para encontrar uma saída sem maiores traumas.

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Roseana Sarney, Sarney Filho, Lobão Filho e João Alberto: difícil de acomodar em chapa para 2018

No campo oposicionista a situação é parecida, e a pergunta que se faz é a seguinte: como serão acomodados Sarney Filho e Roseana Sarney? A resposta é muito complicada, começando pelo fato de que uma definição implica em rifar um dos dois. Se Roseana for candidata ao Governo, Sarney Filho não poderá ser candidato ao Senado, e vice versa – um deles, portanto, terá de ir para o sacrifício. A outra vaga de candidato a senador numa chapa do Grupo Sarney será disputada pelo senador João Alberto e o suplente Lobão Filho. Diante de um impasse, o grupo poderá negociar um acordo interno que mande Roseana para disputar o Governo, Lobão Filho e João Alberto para disputar as cadeiras do Senado e Sarney Filho se conformando com mais um mandato na Câmara Federal.

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Márlon Reis, Sebastião Madeira, Luis Fernando Silva, Hilton Gonçalo e Gastão Vieira:  independentes na disputa

Os demais pré-candidatos dificilmente formarão chapas compostas. Sebastião Madeira se movimenta para que o PSDB lance chapa própria ao Senado, pretendendo ter Luis Fernando Silva na outra vaga. Luis Fernando é nome lembrado em todas as conversas, mas disse à Coluna que seu projeto é reconstruir São José de Ribamar, indicando que só deixaria a Prefeitura daqui a dois anos para disputar vaga no senado numa situação excepcional, o mesmo acontecendo com Hilton Gonçalo. Gastão Vieira não descarta ser candidato ao Senado numa chapa independente, mas o projeto que cultiva no momento é voltar á Câmara Federal. E Márlon Reis só aguarda uma definição de Marina Silva para resolver se disputará a senatória ou o Governo do Estado.

Esse é o quadro de agora. Outros desenhos podem estar a caminho.

 

PONTO & CONTRAPONTO

Eike Batista – quem diria? – prestou bom serviço ao Maranhão
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Eike Batista fez  palestras para empresários  sugerindo investimentos no Maranhão

Hoje com prisão preventiva decretada e transformado num inacreditável e acabado exemplo de fracasso, isso depois de ter sido apontado como um dos homens mais ricos do planeta, o empresário Eike Batista teve forte e positiva influência no audacioso programa de investimentos que o Governo de Roseana Sarney pretendeu viabilizar para o Maranhão no início no final da década passada, quando assumiu o comando com a deposição do governador Jackson Lago (PDT) em 2009. Muito próximo de Roseana por laços de família firmados com a sólida amizade de José Sarney com Eliezer Batista, que foi ministro do Planejamento do Governo Costa e Silva, mas se notabilizou mesmo como presidente da Vale do Rio Doce, que visitou muitas vezes o Maranhão quando já planejava a Estrada de Ferro Carajás, que viria a ser concretizada exatamente quando Sarney foi presidente da República. Antes da construção da estrada, a então Vale do Rio Doce, às vezes em parceria com a Petrobras, fez um minucioso levantamento das áreas que poderiam abrigar petróleo e gás. Três décadas depois, quando Eike montou o Grupo X, ele sabia exatamente onde poderia, tanto que acertou em cheio quando prospectou em Santo Antonio dos Lopes, onde instalou uma termelétrica, e Capinzal do Norte, por exemplo, onde localizou a gigantesca reserva de gás natural, equivalente a “uma Bolívia”. Em alguns momentos daquele período, Eike passou a ser a referência mais importante do Governo Roseana para atrair investidores, e o dono do então promissor Grupo X participou de vários eventos organizados pelo Governo do Estado para atrair investidores para o Maranhão. Nas suas palestras, o megaempresário destacava o potencial do Maranhão – assinalando o complexo portuário, sua proximidade com os grandes mercados do planeta e as vantagens fiscais que o Governo estadual oferecia e incentivava os empresários a investir no estado. E assim é que, mesmo os críticos dizendo que houve muito blefe, até os seus críticos mais severos reconhecem que naquele momento Eike Batista prestou um bom serviço ao Maranhão.

São Luís, 26 de Janeiro de 2017.

Luis Fernando corre para “reconstruir” São José de Ribamar, enfrentando até bloqueio de cota do FPM

 

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Luis Fernando Silva: comanda os esforços para reconstruir São José de Ribamar

Eleito com 96% dos votos válidos, interpretado por muitos como uma aclamação via urnas eletrônicas, um caso raro nas eleições municipais em todo o país, o prefeito de São José de Ribamar, Luis Fernando Silva (PSDB), já sabia que receberia uma cidade e seus arredores em situação de terra arrasada e mergulhado em dificuldades, bem diferente da que ele entregou seu vice, Gil Cutrim (PDT), em 2010, quando, já exercendo o segundo mandato e comandando uma verdadeira revolução na Terra do Padroeiro, renunciou ao cargo para integrar a linha de frente do último Governo de Roseana Sarney (PMDB).  “Estamos reconstruindo São José de Ribamar”, disse Luis Fernando Silva à Coluna, num intervalo da sua atribulada agenda, que “não tem dia nem hora” para trabalhar. Reconstrução é a palavra exata para definir os esforços do prefeito para por ordem na casa num processo iniciado na madrugada do dia 1º, quando tomou posse, nomeou sua equipe e colocou a mão na massa.

Administrador de ponta e experiente, Luis Fernando Silva tinha uma noção aproximada do que encontraria na Prefeitura de São José de Ribamar. Já estava informado que muito do que deixara funcionando ou em pé estava agora claudicando ou no chão. Fora informado de que a máquina administrativa, que deixara azeitada e funcionado a pleno vapor, perdera o ritmo e vinha operando com certa dificuldade. Suspeitava de que as finanças, que repassara em perfeito equilíbrio, encontravam-se em descompasso, com despesas de mais e receita de menos. Só que, ao assumir o controle, se deu conta de que as suspeitas se confirmaram, com a diferença de que os problemas são bem maiores e mais graves. Enfim, um dos cinco mais importantes municípios do Maranhão, abrigo aprazível de cerca de 160 mil habitantes, sofrera danos estruturais e administrativos graves, carecendo urgentemente de um processo de reconstrução.

A cidade que até o final do século passado fora vítima de gestões despreparadas e perdulárias e que entrou no novo século embalada por uma verdadeira revolução, a ponto de se tornar um dos cartões postais do Maranhão, perdeu o rumo nos últimos seis anos e agora está sendo novamente colocada nos eixos, de modo a que volte a ser o balneário acolhedor e, ao mesmo tempo, o santuário onde se homenageia e se recebe as bênçãos de São José de Ribamar. O novo Governo municipal corre para devolver aos ribamarenses a cidade que se tornou símbolo depois de viver décadas sufocada por grupos políticos que só se dedicavam a dilapidar os cofres públicos, mas que ganhou vida nova a partir de 2005, quando o atual prefeito a comandou pela primeira vez.

Os últimos 25 dias têm sido de trabalho intenso, tapando buracos deixados nas ruas e, ao mesmo tempo, desarmando bombas administrativas e financeiras de efeito retardado. “A cada hora uma dessas bombas explode sobre a minha mesa”, diz, misturando perplexidade com preocupação. E para complicar mais ainda o quadro de dificuldades, duas parcelas do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), principal fonte de receita da Prefeitura, foram bloqueadas, por conta de milhões de reais não repassados à Previdência Social pela gestão anterior. Esse e outros petardos têm exigido do prefeito e sua equipe foco na gestão financeira, de modo a manter a máquina pública nos trilhos.

Em que pesem todos os problemas que herdou, o prefeito Luis Fernando Silva não esconde seu otimismo em relação ao futuro de São José de Ribamar. Para ele, o município tem lastro para se desenvolver, tanto no turismo cultural e religioso, que é sua grande marca, quando na área da pesca, que é sua vocação natural, e na produção de frutas e hortaliças nas matas que formam a sua rica área rural. Ao mesmo tempo, aposta alto na transformação da cidade em polo cultural, que tem como lastro um sistema de educação cujo símbolo maior é o Liceu Ribamarense, uma escola de tempo integral, construída e implantada na sua primeira gestão e que virou referência na região.

– Essa eleição aumentou muito a minha responsabilidade. Vamos reconstruir o que foi destruído e vamos construir o que tiver de ser construído – afirma Luiz Fernando Silva, avisando também que o ritmo acelerado vai continuar até que a cidade retome o brilho de antes. Hoje um dos políticos de maior densidade no Maranhão, principalmente pela credibilidade como gestor, Luis Fernando Silva adota o tom da cautela quando o assunto é o seu futuro político. “Só devo pensar nisso se conseguir fazer o que tem de ser feito em São José”, diz.

 

PONTO & CONTRAPONTO

Roseana avalia entrar na briga pelo Governo
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Roseana Sarney pode entrar na briga pelo Governo do Estado em 2018

São fortes no meio político os rumores de que a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB) estaria avaliando seriamente a possibilidade de entrar para valer na disputa com o governador Flavio Dino (PCdoB) pelo comando do Estado em 2018. Fontes acreditadas repassam que uma das fontes de incentivo para que a ex-governadora resolva entrar na corrida ao Palácio dos Leões seria o ex-presidente José Sarney (PMDB), que se mostra convencido de que a primogênita reúne as condições políticas e eleitorais para encarar o governador nessa disputa, principalmente se o PMDB entrar na corrida presidencial com um candidato forte. Mas há também problemas sérios a serem superados no plano doméstico. Se Roseana se candidatar, ele inviabilizará o projeto do irmão, deputado federal Sarney Filho (PV), atual ministro do Meio Ambiente, de chegar ao Senado. Há quem afirme que a prioridade é a candidatura de Roseana ao Palácio dos Leões. Até pouco tempo, esse era um projeto remoto, aparentemente sem qualquer chance de sair da gaveta, mas foi colocado na mesa de decisões e teria mexido com os brios da ex-governadora, principalmente porque agrada ao ex-presidente José Sarney. É aguardar.

Recuo quer pode custar novos incômodos
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O juiz Douglas Martins (centro) fala na audiência que gerou o acordo sobre a Funac

Numa mediação do juiz da Vara de Assuntos Difusos, Douglas Martins, Governo do Estado e comunidade da Aurora chegaram a um acordo em relação à instalação de uma unidade da Funac no bairro, mais precisamente no prédio cuja locação deu origem a um dos mais ruidosos factóide que se teve notícia nos últimos tempos. Pelo acordo, a unidade continuará funcionando até dezembro, tempo que o Governo terá para encontrar outra solução. Nesse período, a Polícia vai intensificar sua presença na Aurora. O acordo foi comemorado pelos moradores da Aurora e pelos políticos que lhe deram suporte, como a ex-vereadora Rose Sales e a deputada Andrea Murad (PMDB). Já o Governo nada teve para festejar, pois além de abrir mão de uma iniciativa, deixou no ar a impressão de que, ao admitir o acordo, concordou com os argumentos dos incentivadores do movimento comunitário. Com isso, abre caminho para enfrentar outras manifestações contra iniciativas nas quais políticos de oposição enxerguem boas oportunidades para mobilizar moradores.

 

São Luís, 25 de janeiro de 2008.

Flávio Dino completa dois anos no poder com um Governo reformador, sem lesão política nem moral e em guerra com Oposição

 

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Diferentes momentos do governador Flávio Dino durante os seus dois anos de poder

O governador Flávio Dino (PCdoB) começou seu terceiro ano com 62% de aprovação, 33% de não aprovação e 5% de indecisos na Ilha de Upaon Açu, segundo pesquisa realizada pelo instituto Exata, que ouviu 1005 pessoas no período de 17 a 20 de janeiro, em São Luís, São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa, e publicada na edição do dia 22 do Jornal Pequeno. Os números foram naturalmente muito festejados pelo Governo, seus integrantes, partidários, aliados e simpatizantes, tendo sido ao mesmo tempo recebidos com visível má vontade por seus adversários. O percentual de aprovação é superlativo se levados em conta os estragos que a crise econômica e a instabilidade institucional estão fazendo no país, causando a impressão de que o Maranhão é uma ilha de normalidade e até de prosperidade em meio a situações de caos registradas na maioria dos estados. O Maranhão não passa a imagem de ser uma versão do paraíso, mas é possível afirmar que o estado já se distancia da impressão de que seria uma versão terrestre inferno. O atual Governo tem tido papel fundamental e decisivo nessa transformação.

Quando governou o Maranhão na segunda metade dos anos 60 do século passado, José Sarney varreu do mapa estadual as marcas do vitorinismo, um regime caudilhesco implantado pelo legendário Victorino Freire, formado à base do compadrio político e que funcionava pelo poder do delegado de polícia e no do coletor, o temido cobrador de impostos. Passadas quatro décadas, o Maranhão já não tinha qualquer traço do vitorinismo, mas avançava sob a influência e o controle político do líder renovador de 66, sem o uso político da polícia nem do fisco, mas com acesso ao poder decidido nas urnas. Poder tão longevo permitiu, por exemplo, que a sucessora de José Sarney, Roseana Sarney (PMDB) governasse o estado por quase 14 anos. Após o fracasso da primeira virada de mesa, que se deu com Jackson Lago em 2006, a segunda, que aconteceria em 2014, se deu com a obrigação de ser bem sucedida. O advogado, professor, ex-juiz federal e ex-deputado federal Flávio Dino elegeu-se governador no primeiro turno com 63% dos votos, tornando-se o homem certo, no lugar certo e na hora certa com o propósito, não de derrubar estruturas, mas, principalmente, de semear costumes na gestão da máquina estatal e no uso do dinheiro público.

Por mais que seus adversários se esforcem para mostrar contrário, Flávio Dino realiza um governo que, se não é exatamente de esquerda no sentido ortodoxo, privilegia essa visão focando as ações nas pessoas. A maioria dos programas implantados, como na Educação – o Escola Digna, por exemplo – e na Saúde – como a Força Estadual de Saúde -, até aqui tem esse viés. A Secretaria de Direitos Humanos e Mobilização Popular e o símbolo dessa visão, pois reflete, com clareza, a determinação do governador de reverter o quadro de pobreza extrema nos municípios mais afetados pela desigualdade social e econômica. Avançou no campo social criando até o Bolsa Escola, um complemento do Bolsa Família para  compra de material escolar. O governador investiu bem a maior parte do crédito de R$ 2,9 bilhões deixado pelo Governo passado no BNDES. Avançou, também fortemente, num programa rodoviário que ainda está em curso, bem como em obras de infraestrutura. Na linha de avanços, são óbvios os investimentos e os esforços de gestão feitos para melhorar a Segurança Pública, principalmente nas áreas urbanas, com o aumento, por concurso, do efetivo da PM, melhorias da Polícia Civil e aquisição de viaturas e armamentos. E é insensato não reconhecer que, ainda enfrentando ainda graves problemas, o atual Governo está conseguindo reverter a crise que encontrou no sistema penitenciário do Maranhão, tirando o Complexo de Pedrinhas do circuito das prisões explosivas e palcos de rebeliões sanguinárias. Tudo isso com uma vantagem a mais: trata-se de um Governo transparente, sem estrelas cintilantes no secretariado nem áreas de domínio exclusivo de A ou B.

Mesmo tendo perdido terreno nas engrenagens da União por causa do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), Flávio Dino ganhou todas no campo político ao longo dos primeiros 770 dias da sua gestão. Cultivou relações nada restritivas ou impositivas com a Assembleia Legislativa, cuja maioria do plenário é composta por deputados do seu grupo, estes liderados pelo presidente da Casa, deputado Humberto Coutinho (PDT), um dos esteios políticos do Governo. Flávio Dino vem conseguindo manter pontes com o Governo do presidente Michel Temer, mesmo contra a vontade dos chefes do PMDB no Maranhão, a começar pelo próprio ex-presidente José Sarney, que está sempre acionando seus liderados para infernizar o Governo comunista, numa guerra sem trégua. Nas eleições municipais, o grupo que lidera e que dá sustentação ao seu Governo saiu amplamente vitorioso nas urnas, elegendo mais de 150 prefeitos, sendo 46 filiados ao PCdoB, episódio que ganhou status de “fenômeno”. Por suas posições, o governador do Maranhão tem sido um dos mais ativos articuladores dos movimentos que envolvem os governadores da região, consolidando-se a cada evento como referência,  posição que reforça e amplia o seu cacife no universo da esquerda nacional, o que também chama a atenção de outras correntes, que aqui e ali jogam seu nome na fogueira da sucessão presidencial. E é nesse contexto que  tem reiterado sua disposição de concorrer à reeleição, descartando, até aqui, qualquer possibilidade de se envolver numa aventura nacional.

O que chama mais atenção é que mesmo diante de um cenário nebuloso para 2017, o governador Flávio Dino  e seu Governo cantam alto que está tudo bem, que as contas serão pagas em dia e que serão feitos inclusive investimentos. Um caso raro no País, onde a maioria dos governos está mergulhada em crise, o Maranhão está mesmo parecendo uma Ilha onde as coisas estão acontecendo e cujo balanço decisivo será feito nas urnas em 2018.

 

PONTO & CONTRAPONTO

Governo mantém guerra com Oposição
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Andrea Murad em protesto em frente ao sítio na Aurora, que será unidade da Funac

O governador Flávio Dino e seu Governo têm sido impiedosamente estocados por adversários, que se concentram majoritariamente no Grupo Sarney, e transformam em “coisa grande” qualquer risco ou sinal que sugira uma derrapagem do Governo, seja em qualquer área, levando o Palácio dos Leões a reagir, sempre no tom do tipo bateu levou. O caso mais recente envolve um contrato de aluguel de um sítio na Aurora no valor de R$ 9 mil, tendo um militante do PCdoB como locatário, um contrato sem nenhum risco de ilegalidade, mas que foi transformado numa inacreditável suspeita de desvio de dinheiro público. A Oposição fez do limão uma limonada, que por falta de consistência amargou rapidamente, depois, é claro, de ter gerado registros e comentários nos telejornais da Rede Globo, sem levar em conta os esclarecimentos do Governo.  Mas o jogo é político, não tem juiz nem mediador, e não vai parar porque o objetivo é enfraquecer o Governo e o governador e inibir o segundo na corrida eleitoral de 2018. Só que a fórmula de ataque está manjada e, mesmo errando aqui e ali, o Governo termina conseguindo os meios de minimizar a pancadaria e se manter em alta, e com isso alcançar os invejáveis percentuais de aprovação. A deputada Andrea Murad (PMDB) foi, de longe, o adversário que mais fustigou o Governo na Assembleia Legislativa.

Repórter Tempo comemora dois anos

A Coluna Repórter Tempo completa hoje exatos dois anos. Foram 570 edições, que mereceram mais de 250 mil acessos de leitores interessados em informações comentadas e isenta e sem lado, traço dominante mesmo quando o texto elogiou. Coluna padrão de jornal publicada em espaço de blog, Repórter Tempo se manteve fiel à sua linha editorial inspirada num jornalismo interpretativo honesto e responsável, que usa adjetivos para realçar impressões e nunca para crivar personagem. Evitou sempre as vias fáceis para chegar ao varejo e cair nas graças do leitor interessado em que o circo pegue fogo. A Coluna continuará sua caminhada respeitando e valorizando os princípios básicos da comunicação jornalística e os pilares do estado democrático de direito que asseguram a liberdade (responsável) de expressão.  Repórter Tempo tem na política uma atividade entre as mais nobres e procura enxergar alguma decência nos cenários mais improváveis, por acreditar que a sociedade só continuará avançando se a atividade política for corretamente praticada.

São Luís, 24 de Janeiro de 2017.

 

José Reinaldo e Márlon Reis: dois caminhos distintos para chegar ao Senado da República em 2018

 

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Corrida para as vagas no Senado: José Reinaldo tem trajetória sólida; Márlon Reis: um projeto inconsistente

Provavelmente pelo fato de não haver diversas opções de candidaturas ao Governo do Estado, já que os registros até aqui só apontam o projeto do governador Flávio Dino (PCdoB) de pleitear a reeleição, e uma ainda improvável candidatura da ex-governadora Roseana Sarney (PMDB), o meio político e a imprensa têm dedicado seu tempo a rascunhar o cenário em que se dará o que certamente será a mais dura das disputas nas eleições de 2018: a que visa às duas cadeiras no Senado. Estão no páreo nomes de peso como  Weverton Rocha (PDT), José Reinaldo Tavares (PSB), Humberto Coutinho (PDT), Sebastião Madeira (PSDB), Sarney Filho (PV), Eliziane Gama (PPS), João Alberto (PMDB), Lobão Filho (PMDB), Márlon Reis (Rede) são os nomes mais cacifados para entrar nessa briga. Na semana passada, duas manifestações agitaram esse cenário em construção, uma do ex-governador e atual deputado federal José Reinaldo, que anunciou a irreversibilidade da sua candidatura, e outra do ex-juiz Márlon Reis, que confirmou a pretensão de concorrer ao Senado, mas admitiu também a possibilidade ser candidato a governador.

Ninguém discute que o deputado José Reinaldo Tavares é um dos políticos maranhenses em atividade mais credenciados para ser senador. Engenheiro civil com uma rica invejável trajetória nas estruturas do Estado e da União, tendo atuado no 1º escalão no Governo de José Sarney e, três décadas depois, no Governo de Roseana Sarney, foi diretor geral do antigo Departamento Nacional de Obras Contra Seca (DNOCS) e também do Departamento Nacional de Obras e Saneamento (DNOS), presidente da Novacap (estatal que construiu e administra Brasília), superintendente da Sudene e ministro dos Transporte. No campo político, além dos mandatos de deputado federal, vice e governador por seis anos, José Reinaldo já tem assento na História como o principal articulador e fiador da grande virada que resultou na vitória de Jackson Lago (PDT) para o Governo do Estado em 2006, impondo ao Grupo Sarney a sua primeira e mais dura derrota, tendo também participação decisiva na articulação do movimento que fez Flávio Dino governador em 2014. Foi empurrado para o limbo na Operação Navalha, mas dela saiu ileso, tanto que encarou as urnas duas vezes depois do episódio, sendo uma para o Senado em 2010 – quando foi atrapalhado por Roberto Rocha, hoje senador, o que reforça ainda mais a justificativa da sua candidatura.

Com a representatividade política que construiu ao longo de décadas, José Reinaldo se movimenta para atrair o apoio de todos os grupos políticos do Maranhão, certo de que é detentor de autoridade para pretender um leque de apoio tão vasto. E pelo menos no campo hoje comandado pelo governador Flávio Dino, o ex-governador detém esse crédito, porque não fosse o seu posicionamento determinado em 2006, dificilmente o cenário político do Maranhão agora seria o que é. Daí ser justo avaliar que o ex-governador e atual deputado federal está, efetivamente, credenciado para pleitear a vaga de candidato e o mandato senatorial.

Em outra seara, bem distante do cenário político em evolução no Maranhão, o ex-juiz Márlon Reis tenta criar no estado um espaço político para ele e para o partido de Marina Silva, e com a pretensão nada modesta de disputar um mandato majoritário, de governador ou de senador, querendo assim alcançar o topo sem superar as etapas naturais do processo politico. E o faz no embalo de uma trajetória forjada pela atuação discreta e pouco luminosa como magistrado estadual em comarcas de pouca expressão do interior, mas ao mesmo tempo dedicado, como civil, à militância política intensa e apartidária, que o levou a ser um dos idealizadores do movimento que mobilizou a sociedade brasileira em favor do projeto da Lei da Ficha Limpa, levado ao Congresso Nacional com o suporte de dois milhões de assinaturas, e que, aprovado, tornou-se o primeiro instrumento efetivo de controle político do País. A iniciativa lhe deu o status de celebridade, o que o levou a renunciar ao cargo de juiz no Maranhão – que poderia torna-lo desembargador e lhe daria uma aposentadoria tranquila, junto com a mulher também juíza – para exercer a advocacia especializada em Direito Eleitoral, inicialmente assessorando a Rede Sustentabilidade, partido criado por Marina Silva. Na nova atividade, tropeçou duas vezes nas eleições em São Luís: seu partido não elegeu um só prefeito no estado; e diante do fracasso retumbante da candidata que apoiou em São Luís, Eliziane Gama (PPS), decidiu questionar a eleição de Edivaldo Jr. na Justiça, colocando em risco o seu futuro de especialista em Direito Eleitoral.

No final da semana passada, declarou ao bem informado blog do jornalista Diego Emir que seu futuro político será definido pelas instâncias nacional e estadual da Rede Sustentabilidade, podendo ser candidato a senador ou a governador. “Nada está descartado”, declarou.

São, como se vê, duas trajetórias bem diferentes, uma construída quase inteiramente no Maranhão, tendo passado por todos os níveis da atividade política e partidária no sentido mais amplo; outra nascida de um viés quase antipolítico no sentido formal, mas que dá bem a estatura que a disputa para o Senado vai ganhar durante a campanha.

 

PONTO & CONTRAPONTO

Refinaria a caminho?
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Área preparada em Bacabeira poderá receber um projeto viável a partir de 2018

O deputado federal José Reinaldo Tavares trabalha no momento uma articulação que poderá resultar na implantação de uma refinaria de petróleo em Bacabeira. Trata-se de um projeto realista, que tem por base uma composição de interesses de investidores iranianos e indianos, sem um tostão da Petrobras. De acordo com o texto publicado na edição de domingo de O Imparcial, sob a assinatura do jornalista Lucas Hadade, o projeto industrial está sendo viabilizado cuidadosamente e sem alarde pelo Palácio dos Leões, vai custar U$ 10 bilhões, e, ao invés de óleos finos, como seria a refinaria premium, o complexo terá capacidade para refinar 650 mil barris de petróleo por dia, produzindo gasolina, nafta e óleo diesel.  A contrapartida do Maranhão será a cessão da área de Bacabeira onde seria implantado o fracassado projeto da Petrobras. A área é ideal para esse tipo de empreendimento, a começar pelo fato de que está próxima do complexo portuário do Itaqui, onde já existe um píer exclusivo para o embarque e desembarque de produtos derivados do petróleo. Vale registrar que no seu Governo, José Reinaldo lançou um projeto audacioso batizado de “Refinaria do Futuro”. Pelo que foi revelado na reportagem, tudo caminha para que as obras sejam iniciadas em 2018. Não será surpresa se for esse projeto a base do que está sendo negociado com iranianos – que sabem tudo sobre o assunto – e indianos – que estão entre os investidores mais agressivos e bem sucedidos dos países em desenvolvimento.

 

Jovair Arantes será Eduardo Cunha no poder
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Jovair Arantes: tropeços na leitura do relatório que não escreveu contra Dilma Rousseff

Candidato a presidente da Câmara Federal, o deputado goiano Jovair Arantes (PTB) desembarcou em São Luís na tarde de sábado para pedir votos aos parlamentares maranhenses. No seu discurso, o parlamentar se apresentou como defensor da ordem e do progresso e da moral e dos bons costumes, e dizendo-se preparado administrativa e eticamente para presidir a instituição política mais importante do país e, assim, se tornar o terceiro na linha de sucessão da Presidência da República. Jovair Arantes, porém, não disse que foi e continua sendo um dos chefes do esquema montado pelo ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) com base na turma do Centrão, que o escolheu a dedo para ser o relator do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). No plenário, gabinetes e corredores da Câmara Federal quase todos dizem que Jovair Arantes, que é dentista por formação, não escreveu uma só linha do relatório em que pediu a condenação da presidente. A certeza dominante é a de que o pacote lhe foi entregue pronto e que ele recebeu algumas orientações dos verdadeiros autores, contratados por Eduardo Cunha, para que não se perdesse na leitura. Mesmo assim, a apresentação do relatório feita por Jovair Arantes foi uma opereta de mau gosto, já que ele tropeçou inúmeras vezes na leitura, evidenciando claramente que não sabia exatamente o que estava dizendo e de que tem certa aversão por palavras impressas. A impressão de muitos é a de que, se o representante goiano for eleito presidente da Câmara Federal, sua eleição será a volta de Eduardo Cunha ao poder, mesmo sem mandato e atrás das grades.

São Luís, 23 de Janeiro de 2017.

Com a bancada partidariamente pulverizada, Maranhão deve dar maioria de votos a Rodrigo Maia para presidente da Câmara Federal

 

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Rodrigo Maia esteve em São Luís e garantiu a maioria dos votos dos deputados maranhenses à sua candidatura 

O Maranhão é um dos estados cuja bancada na Câmara Federal está entre as mais pulverizadas em termos partidários, o que dificulta a ação dos candidatos a presidente da Casa – Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Jovair Arantes (PTB-GO) – que na semana passada desembarcaram em São Luís em busca de votos, mas se deram conta de que a conquista de pelo menos uma parte desses sufrágios se dará mesmo é na conversa eleitor a eleitor. Por causa de troca de legenda, decisões judiciais e de afastamentos temporários, a bancada federal sofreu alterações importantes, e por isso os atuais 18 representantes maranhenses estão espalhados em 14 partidos, da seguinte maneira: PMDB (Hildo Rocha e João Marcelo), PDT (Weverton Rocha e Julião Amin), PP (André Fufuca e Waldir Maranhão), PSB (José Reinaldo e Luana Costa), PV (Victor Mendes), PRB (Cléber Verde), PEN (Júnior Marreca), PT (Zé Carlos), PTN (Aluísio Mendes), DEM (Juscelino Filho), PTB (Pedro Fernandes), PR (Davi Filho), PPS (Eliziane Gama) e PCdoB (Rubens Jr.). Em tese, parte desses parlamentares pertence a grupos alinhados ao governador Flávio Dino (PCdoB) e parte ao Grupo Sarney, restando alguns que caminham com os próprios pés, sem maiores vinculações. No balanço das previsões, Rodrigo Maia levará pelo dos 18 deputados maranhenses, restando três para Jovair Arantes.

Esse cenário justificou plenamente, por exemplo, a surpresa de observadores ao fato de que apenas quatro deputados federais participaram a visita do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ao ex-presidente José Sarney (PMDB), no seu apartamento, na Península da Ponta D`Areia. Mas com boa vontade, o Grupo Sarney tem atualmente ascendência sobre seis deputados federais: os pemedebistas Hildo Rocha e João Marcelo, o verde Victor Mendes, o democrata Juscelino Filho, o ecologista Júnior Marreca e o trabalhista-nacional Aluísio Mendes. Os dois do PMDB já estavam engatilhados com Rodrigo Maia por força da pressão do Palácio do Planalto, já que ele é escancaradamente o preferido do presidente Michel Temer. O representante do PV também já havia manifestado apoio a Maia por força de decisão partidária. O deputado democrata é do partido de Maia e não havia a menor possibilidade de ele seguir outro caminho. O representante do PTN aqui e ali ensaia rasgos de independência, mas sempre acaba seguindo a orientação de José Sarney, de quem foi ajudante de ordem por quase duas décadas. E Júnior Marreca, voto único do PEN na bancada, foi secretário no Governo passado e sempre segue a orientação de Roseana Sarney. Isso significa dizer que Rodrigo Maia não precisaria vir ao Maranhão para ter esses votos, mas preferiu fazê-lo para evitar tropeços e massagear o ego de José Sarney, ainda muito influente na política brasileira.

Rodrigo Maia também visitou o governador Flávio Dino (PCdoB), primeiro para agradecer o apoio já declarado do partido dele à sua candidatura. A rigor, Dino só tem palavra final sobre o voto do deputado Rubens Jr. seu correligionário partidário. Tem influência sobre cinco votos de partidos alinhados, mas não de maneira taxativa. Isso porque, na condição de líder do partido na Câmara Federal, Weverton Rocha e Julião Amim seguem rigorosamente a orientação da cúpula do PDT, que, pelo menos até aqui, tende a votar em Rodrigo Maia. Os deputados do PSB, José Reinaldo Tavares e Luana Costa, têm plena autonomia, devendo seguir a orientação do partido – no caso de Luana Costa, que assumiu o mandato com a morte do deputado e ex-governado0r João Castelo, há a agravante de que o marido dela, Ribamar Alves (PSB), ex-prefeito de Santa Inês, continua rompido com o Palácio dos Leões por causa dos desdobramentos do escândalo sexual que o levou para a cadeia. Na seara esquerdista, a deputada Eliziane Gama (PPS) está fechada com Rodrigo Maia por conta de decisão partidária, e o mesmo poderá acontecer com o petista Zé Carlos, que deve seguir o norte a ser dado pelo PT, que na sexta-feira parecia flertar com Jovair Arantes, homem de proa do esquema do ex-deputado Eduardo Cunha, e que foi um dos mais agressivos verdugos da presidente Dilma Rousseff (PT) no processo de impeachment. Por força de posicionamento partidário, o petebista Jovair Arantes deve contar com o voto do deputado Pedro Fernandes, que o recebeu no sábado em São Luís.

Nesse contexto, quatro deputados federais por enquanto correm soltos, mas deverão se posicionar de acordo com a orientação dos seus partidos. São eles Fufuca Dantas e Waldir Maranhão, ambos do PP, Davi Alves Filho (PR) e Cléber Verde (PRB). Se o deputado Rogério Rosso (PP-DF), Fufuca Dantas e Waldir Maranhão terão de tocar o sino de acordo com a orientação da cúpula partidária, mas se isso não acontecer, deverão trilhar o caminho dos integrantes do Grupo Sarney e apoiar Rodrigo Maia. Davi Alves Filho e Cléber Verde só vão definir seus votos quando seus partidos baterem martelo por um ou por outro.

Em resumo, mesmo com a pulverização partidária da bancada maranhense, é possível afirmar que por enquanto, Rodrigo Maia 13 votos, sendo seis da seara sarneysista e cinco da oposição, enquanto Jovair Arantes conta apenas com o voto do único representante do PTB na bancada, deputado federal Pedro Fernandes, mas podendo receber o apoio dos deputados que ainda não declararam voto.

 

PONTO & CONTRAPONTO

Senadores votarão no candidato do PMDB
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João Alberto, Edison Lobão e Roberto Rocha deverão votar em Eunício Oliveira para presidente  do Senado

Ao participar da visita do presidente da Câmara Federal, deputado Rodrigo Maia, ao ex-presidente José Sarney, sexta-feira, em São Luís, o senador João Alberto declarou que vai trabalhar dentro do seu partido, o PMDB, para que a bancada pemedebista vote em massa no candidato do DEM, que já preside a Casa em mandato-tampão. E sinalizou que vai também se empenhar ao máximo para a eleição do senador cearense Eunício Oliveira para a presidência do Senado. Com a declaração, João Alberto indicou que ele e o senador Edison Lobão, que também é do PMDB, estão fechados com o candidato do partido. A manifestação de João Alberto não incluiu o senad0r Roberto Rocha no pacote de apoio à candidatura de Eunício Oliveira, mas nos bastidores do Senado é corrente que, a menos que haja uma reviravolta na bancada do PSB, todos os indícios apontam que Roberto Rocha votará com o candidato do PMDB, já que não parece nem um pouco interessado em outra candidatura. Ele só mudará seu voto se a cúpula nacional do PSB impuser uma orientação que leve a bancada socialista votar contra o candidato do PMDB. Até lá, Roberto Rocha caminha para votar com o candidato pemedebista, que, assim, terá os três votos da bancada maranhense.

Eduardo Braide e Wellington do Curso contra Edivaldo Jr.
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Eduardo Braide e Wellington do Curso estão decididos a manter o prefeito Edivaldo Jr. contra a parede

Não há mais nenhuma réstia de dúvida de que os deputados Eduardo Braide (PTN) e Wellington do Curso (PSB) estão decididos a não descer do palanque e, assim, infernizar a vida do prefeito Edivaldo Jr. (PDT) como fiscais implacáveis da sua administração. Braide começou a maratona oposicionista batendo às portas da Justiça para denunciar o que, segundo ele, são provas de que houve irregularidades na campanha do prefeito à reeleição. Além disso, está convencido de que há brechas gigantescas por meio das quais manterá o prefeito e sua equipe na defensiva. Wellington do Curso, por sua vez, não ficou de braços cruzados e parece disposto a intensificar as denúncias e cobranças e críticas ao prefeito, que na sua opinião não deveria ter sido reeleito. Eduardo Braide e Wellington do Curso têm pouca afinidade e, tudo indica, não pretendem trabalhar em parceria, já que os seus interesses nesse campo são conflitantes: querem chegar ao Palácio de la Ravardière em 2020. Até lá, os dois só concordarão num ponto: bombardear impiedosamente a gestão do prefeito Edivaldo Jr., que por sua vez não parece preocupado com as ações dos deputados.

São Luís, 21 de Janeiro de 2017.

Lobão Filho diz que está pronto para disputar senatória, mas joga incertezas sobre rumos de Roseana, João Alberto e Lobão

 

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Lobão Filho entra na corrida para o Senado com declarações polêmicas sobre candidaturas

“Estou preparado. Tenha certeza estou pronto para 2018. Acredito que existam apenas três nomes bem consolidados para a disputa, o meu, Sarney Filho e Weverton Rocha”. Com essas declarações, dadas ao bem informado blog do jornalista Diego Emir, o empresário e suplente de senador Lobão Filho (PMDB) borrifou querosene e ateou fogo nos bastidores da corrida para o Senado da República e também na corrida ao Palácio dos Leões em 2018. Com o dito ele deixou claro que é pré-candidato à vaga do pai, senador Edison Lobão (PMDB), que na avaliação de observadores experientes dificilmente enfrentará as urnas para renovar o mandato. E não se sabe se por incontinência verbal ou de caso pensado, Lobão Filho menosprezou pré-candidatos do porte do deputado estadual Humberto Coutinho (PDT), do deputado federal José Reinaldo Tavares (PDT), do ex-prefeito de Imperatriz Sebastião Madeira (PSDB) e do próprio senador João Alberto (PMDB), avaliando que essas pré-candidaturas seriam “balões de ensaio”. Com suas declarações, o suplente de senador provavelmente está colocando em prática uma estratégia que o beneficiará somente se o titular do mandato, Edison Lobão, não for candidato à reeleição.

Lobão Filho pode ter cometido um erro de avaliação ao enxugar radicalmente a relação de uma dezena de pré-candidatos às duas vagas de senador divulgada semana passada pela Coluna, a saber: Weverton Rocha (PDT), Sarney Filho (PV), Humberto Coutinho (PDT), José Reinaldo Tavares (PSB), Roseana Sarney (PMDB), João Alberto (PMDB), Gastão Vieira (PROS), Sebastião Madeira (PSDB) e Márlon Reis e ele próprio, que, tudo indica, terá pela frente também a deputada federal Eliziane Gama (PSB), de quem foi parceiro na corrida para a Prefeitura de São Luís em outubro passado. A Coluna relacionou nomes com potencial para entrar na briga pelas vagas de senador, incluindo os que já estão em campanha, os que estão avaliando o cenário e os que, numa hipótese remota, entrarão na disputa.

Na leitura que faz do cenário da corrida o Senado, o suplente de senador faz um estrago nas possibilidades de candidatura dos Sarney. Quando afirma que o deputado federal e hoje ministro do Meio Ambiente Sarney Filho é candidato a senador, Lobão Filho tira automaticamente a ex-governadora Roseana Sarney tanto da corrida ao Senado quanto da briga pelo Palácio dos Leões. Isso porque seria no mínimo excesso de audácia e pretensão exagerada o grupo lançar Sarney Filho para o Senado e Roseana Sarney para o Governo do Estado. Por melhor que fosse o lastro político dos dois, o eleitorado fatalmente faria opção por um só. Optando por Sarney Filho, os eleitores mandariam Roseana para a aposentadoria definitiva e com o segundo carimbo de derrota no curriculum. Fazendo opção por ela, o eleitor mandaria Sarney Filho para a aposentadoria com uma derrota na sua trajetória até aqui vitoriosa.

(A situação lembra 1998, quando Roseana caminhava imbatível para a reeleição. Diante dos ventos favoráveis, tentaram convencer José Sarney a abandonar o Amapá, onde teria reeleição certa, para disputar a vaga de senador pelo Maranhão, argumentando que a família e o grupo tinham fôlego para eleger os dois. Sarney esteve a ponto de se deixar seduzir pelos apelos, mas sua experiência e tarimba não deixaram. Mandou o Ibope sondar o eleitorado maranhense sobre a proposta, e o resultado foi uma pancada: a maioria dos pesquisados respondeu que votaria num ou noutro, mas não nos dois. Sarney preferiu continuar representando o Amapá).

As declarações do suplente Lobão Filho espalharam também uma nuvem densa de dúvidas sobre o futuro do senador Edison Lobão. Já caminhando para os 80 anos e agastado pela pancadaria que vem sofrendo desde que teve seu nome citado na Operação Lava Jato, Lobão vem deixando no ar a impressão de que ainda não decidiu se será ou não candidato à reeleição. Lobão Filho só será candidato na hipótese de Lobão, o pai, decidir ir para casa e escrever as suas memórias. O senador saiu de cena, mas continua politicamente muito ativo nos bastidores do Senado, nas entranhas do PMDB e, agora, do Governo Michel Temer. Lobão Filho também menospreza a possibilidade de o senador João Alberto entrar na briga pela renovação do mandato, podendo também ser candidato a governador, caso Roseana Sarney não entre na briga pelo Palácio dos Leões, preferindo sufocar o projeto senatorial do irmão ministro.

Ainda jovem, impetuoso e conhecido por dizer o que pensa, Lobão Filho sinaliza entrada na corrida para o Senado apostando nos quase 1 milhão de votos que recebeu como candidato a governador em 2014, quando foi derrotado em turno único. É, sem nenhuma dúvida, um nome para ser levado a sério numa disputa, mesmo com tantos postulantes de peso. A História recente mostra, porém, que na maioria dos casos essa conta não fecha e que cada eleição é uma eleição com suas próprias características, nuanças e preferências. Assim, se vai entrar na briga pelo voto, é bom que esteja mesmo preparado.

 

PONTO & CONTRAPONTO

Roberto Costa mostra que tem força no Planalto
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Roberto Costa foi o grande articulador da nomeação de Assis Filho para secretaria

Há pouco mais de quatro meses, semanas antes das eleições de outubro, a Coluna registrou que o deputado estadual Roberto Costa (PMDB) estava se consolidando como um dos políticos maranhenses com maior poder de fogo no Palácio do Planalto. Alguns leitores estranharam o registro até desdenharam. A nomeação do militante pemedebista Assis Filho para a Secretaria Nacional da Juventude, um órgão de ação política e que tem vinculação direta com o gabinete do presidente da República, confirmou o conteúdo do registro sobre a força política do deputado pemedebista na cúpula nacional do PMDB e o seu prestígio com o presidente Michel Temer. É verdade que o ex-presidente José Sarney deu um empurrão, que a ex-governadora Roseana Sarney deu pitaco, que os deputado federais do partido respaldaram a indicação e que o senador João Alberto deu seu aval para que Assis Filho fosse nomeado para o cargo. Mas a verdade mais visível é que o grande articulador e operador dos movimentos que resultaram na nomeação foi o deputado Roberto Costa. Essa operação foi deflagrada no ano passado, quando o PMDB realizou sua movimentada convenção nacional. O deputado Roberto Costa se mudou para Brasília uma semana antes e desencadeou uma articulação que resultou na escolha de Assis Filho para comandar a ala jovem do PMDB no plano nacional. O trabalho foi tão bem cuidado que quando a Secretaria Nacional da Juventude ficou acéfala por conta das declarações desastradas do então secretário nacional de Juventude, Assis Filho foi apresentado como a solução mais adequada, levando o presidente da República a acatá-la sem qualquer resistência. Vale destacar que Assis Filho fez a sua parte mostrando serviço na Ala Jovem do PMDB, mas seu bom desempenho de militante de nada serviria se o deputado Roberto Costa não tivesse articulado a grande operação que resultou na sua nomeação para o cargo, que, vale lembrar, tem força de ministério.

Edivaldo Jr. encerrou reforma
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Edivaldo Jr.: reforma na equipe encerrada

Quem apostou que o prefeito Edivaldo Jr. (PDT) faria uma ampla mudança na sua equipe para enfrentar os desafios que estão postos na Prefeitura de São Luís, se enganou redondamente. Além da mexida inexpressiva na sua assessoria mais próxima para abrir uma vaga para o ex-deputado Jota Pinto e, assim, assegurar o apoio da mulher dele, vereadora Concita Pinto (PEN), fez apenas ajustes da área fazendária e no setor de agricultura e produção, que entregou ao vereador Ivaldo Rodrigues  (PDT). Uma das áreas mais cobiçadas, mesmo sendo uma das mais complicadas, a Saúde foi intensamente disputada nos bastidores por forças do próprio PDT, que queriam despachar a médica Helena Duailibe para emplacar no comando da pasta uma enfermeira Rosângela Curado (PDT), que concorreu à Prefeitura de Imperatriz. O prefeito Edivaldo Jr. usou toda a sua habilidade para desmontar as bombas que foram armadas à sua volta e só mexeu no que ele próprio achava que devia mexer, deixando claro, inclusive para o seu partido, que a equipe está definida e que só fará mudanças em casos excepcionais.

São Luís, 20 de Janeiro de 2017.

Tema Cunha quer a Famem para os prefeitos e sem partidarismo, mas sua eleição foi mais um teste de força para 2018

 

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Tema Cunha homenageou Humberto Coutinho, seu maior aliado, foi apoiado por José Reinaldo durante a campanha e teve eleição comemorada por Flávio Dino

Nenhuma das eleições para o comando da Federação das Associações de Municípios do Estado do Maranhão (Famem) teve um viés político e partidário tão forte como a realizada segunda-feira e que elegeu a chapa comandada pelo prefeito de Tuntum, Cleomar Tema Cunha (PSB), com quase 100% dos votos apurados, resultado por muitos definido como aclamação. Tema Cunha fez e sustentou um discurso politicamente correto afirmando que a Famem é uma entidade corporativa voltada unicamente para o municipalismo e cujos prefeitos associados não são identificados por grupos partidários. No entanto, a movimentação política que se deu nos dias que antecederam ao pleito foi reveladora de que, além do objetivo básico do processo, houve, sim, uma ação política de larga escala confrontando as forças que hoje dão as cartas no estado, comandadas pelo governador Flávio Dino (PCdoB), e seus adversários, por meio da candidatura da prefeita de Rosário, Irlahi Moraes, representando o Grupo Sarney e tendo o PMDB como linha de frente.

O resultado da disputa foi uma vitória acachapante do candidato alinhado ao Palácio dos Leões, numa demonstração de que o Grupo Sarney está muito longe de se recuperar do desastre eleitoral de 2014. Preto no branco, os movimentos que embalaram o processo eleitoral na Famem significaram mais uma prévia do grande embate agendado para 2018, quando estarão em disputa o Governo do Estado, duas vagas para o Senado, as 18 cadeiras de deputado federal e as 42 cadeiras de deputado estadual.

Nesse contexto, alguns fatos ilustraram com clareza o sentido paralelo da disputa. Em primeiro lugar, Tema Cunha é um dos quadros mais experientes do atual cenário político do Maranhão, carregando no seu currículo nada menos que cinco mandatos (1993/1997, 2001/2004, 2005/ 2008, 2013/2016 e 2017/2020) de prefeito de Tuntum – um bem cuidado município de pouco mais de 40 mil habitantes situado no coração do Sertão -, e que será presidente da Famem pela terceira vez. Tema Cunha conhece como poucos os dois lados da moeda política do Maranhão atual, tendo entrado na política pelo Grupo Sarney, mas do qual se afastou para formar, junto com José Reinaldo Tavares e Humberto Coutinho, a corrente que deu suporte decisivo ao até aqui bem sucedido projeto político do governador Flávio Dino. Articulador hábil e avesso a confrontos, soube construir sua candidatura na base da conversa direta com seus colegas prefeitos. Ganhou o apoio do braço político do Governo e dos líderes dos mais diversos partidos, mas não abriu mão, em nenhum momento, de ele próprio costurar as alianças que lhe deram a vitória.

Fiel à suas alianças, Tema Cunha deu peso político à sucessão na Famem com uma homenagem ao seu mais fiel aliado, o ex-prefeito de Caxias e atual deputado estadual Humberto Coutinho (PDT), presidente da Assembleia Legislativa com mandato renovado, ao batizar a sua chapa de “Prefeito Humberto Coutinho”, gesto que também demonstrou o prestígio pessoal e o peso politico do líder caxiense, candidato potencial ao Senado, e que foi apoiada por todos os prefeitos que lhe deram o voto. “O Doutor Humberto foi um grande prefeito e merece a homenagem”, justificou. No mesmo cenário, o ex-governador e deputado federal José Reinaldo Tavares (PSB) saiu da sua habitual discrição para entrar de peito aberto na disputa em favor de Tema Cunha, seu colega de partido, aproveitando o momento para fortalecer seu projeto de tornar-se senador disputar uma das cadeiras no Senado. O terceiro ponto a ser observado foi a satisfação do governador Flávio Dino com a eleição de Tema Cunha, sob o argumento oficioso segundo o qual por meio do prefeito de Tuntum, o Governo poderá ter na Famem um canal eficiente e confiável de diálogo com os prefeitos, instrumento de extrema necessidade nestes tempos de crise.

O fato é que a eleição da Famem entrou na crônica política como mais um rascunho do que está sendo desenhado para 2018, exatamente por envolver prefeitos, que na tradição politica são peças-chave do processo que resulta na eleição de governador, senador deputado federal e deputado estadual.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Famem é casa de todos
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Tema Cunha quer Irlahi Moraes na Famem

“Se Irlahi não vem à Famem, a Famem vai a Irlahi”. Com essa declaração, dirigida à Irlahi Moraes (PMDB), prefeita de Rosário e que seria sua adversária na disputa pelo comando da entidade, o prefeito Tema Cunha deu por encerrado o processo eleitoral e começou a colocar em prática o compromisso de fazer uma gestão agregadora, mobilizando todos os prefeitos em torno das bandeiras municipalistas. Ontem, Tema Cunha confirmou à Coluna que na sua gestão não haverá espaço para diferenças políticas, pois o foco da entidade será a longa pauta de interesse dos municípios junto ao Governo do Estado e ao Governo Federal. O prefeito de Tuntum reconhece na sua colega prefeita de Rosário um quadro político importante e que dirige um município estratégico e que na sua opinião não pode ficar afastada da entidade. E manifesta disposição de levar essa política a termo em relação a todos os prefeitos, independente de cor partidária: “Não são os prefeitos que irão à Famem, a entidade é que buscará os prefeitos”, completou.

Visões diferentes no PT
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Zé Carlos e Zé Inácio disputam o PT

Desenhado – e parece que em caráter definitivo – o cenário da disputa pelo comando do PT no Maranhão. De um lado está o deputado federal José Carlos Nunes, que se elegeu como Zé Carlos do PT, e do outro o deputado estadual José Inácio. Os dois querem assumir a tarefa nada simples de substituir o professor Raimundo Monteiro, que está há mais de uma década no comando do partido no Maranhão. Zé Carlos defende que o PT retome sua trajetória de luta por uma sociedade mais justa e solidária, agregando a experiência acumulada nos anos de poder, para voltar a ser um partido moderno e acreditado. José Inácio é um militante mais agressivo no sentido de que prega os ganhos dos Governos Lula e Dilma Rousseff, alimenta a teoria do golpe e defende a candidatura do ex-presidente em 2018. São duas visões diferente, sendo uma identificada com mudanças profundas dentro do partido e outra que acha que o PT deve continuar como é. Será um embate difícil e cujo desfecho ocorrerá no dia 26 de março, daqui a dois meses, portanto.

São Luís, 19 de Janeiro de 2017.