Dino vai presidir Consórcio da Amazônia e deve mobilizar estados pela vacina contra novo coronavírus

 

Flávio Dino em entrevista à CNN, ontem, logo após ser eleito, na qual afirmou que o Maranhão  vai poder comprar vacina, caso o Governo Federal não faça sua parte

O governador Flávio Dino (PCdoB) vai entrar em 2021 incluindo na sua agenda o compromisso – que é também um desafio – de comandar o Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal, formado pelos nove estados da região: Maranhão, Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. Sua eleição se deu ontem, pela unanimidade dos governadores da Amazônia Legal reunidos em assembleia geral virtual – os dirigentes do Amazonas e de Roraima não participaram. O grupo, formalizado em meados do ano passado, tem tido importância capital na defesa dos interesses dos estados-membros, seja na vantagem que ele proporciona na aquisição conjunta de materiais e bens, na articulação de políticas regionais nos campos social e econômico, seja na tomada de decisões políticas regionais, e também em posicionamentos de contraponto a decisões e medidas equivocadas adotadas pelo Governo Federal.

A eleição do governador Flávio Dino para a presidência do Consórcio da Amazônia Legal, como é mais conhecido, se dá num momento em que os estados, especialmente os do Norte e Nordeste, se encontram vivendo tensa expectativa em relação às decisões que terão de tomar caso o Governo Federal tropece na campanha de vacinação contra o novo coronavírus. Certamente a escolha se deu pelo fato de, nos últimos tempos, o governador maranhense ter atuação destacada no debate sobre as ações contra a pandemia, com repetidas demonstrações de que tem preparo e estatura política para ser um interlocutor eficiente em todas as esferas de poder no País.

Com o lastro de ex-juiz federal, conhecedor das leis que regem a República e a Federação, e a vivência adquirida nos últimos seis anos como chefe de Estado, reforçada pela sua participação no Consórcio formado pelos governadores do Nordeste, Flávio Dino vem desempenhando um importante papel em favor das causas regionais. Na presidência do Consórcio da Amazônia Legal, não há dúvida de que exercerá seu mandato atuando na linha de frente em defesa dos interesses da região, especialmente as necessidades urgentes das populações decorrentes da pandemia. É quase certo que a briga por vacinas será item primeiro na pauta mais urgente, ao mesmo tempo em que o foco central será a defesa da Amazônia no que diz respeito aos crimes de desmatamento e ocupação ilegal.

Tão logo a eleição foi consumada, o governador do Maranhão se manifestou, inicialmente agradecendo a confiança dos colegas e defendeu a união dos estados e o fortalecimento da Federação como meios de criar, cada vez mais, condições de melhorar a vida das populações espalhadas pela Amazônia Legal.

– O Consórcio é um colegiado que abrange diferentes visões, e quem o coordena tem de ter a capacidade de ouvir. Farei com a maior dedicação, maior patriotismo, maior civismo, e com espírito de unidade, de diálogo, de consenso. Buscar um entendimento médio, nem uma posição extremada de um lado, e nem de outro. Um espírito de unidade – disse Flávio Dino, que assumirá no dia 1º de Janeiro e comandará o Consórcio até o dia 31 de Dezembro de 2021.

Flávio Dino sabe o que o espera. Um dos fundadores do Consórcio da Amazônia Legal, ele tem conhecimento dos problemas da região e dos entraves, principalmente os criados pelo Governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), do qual é adversário e crítico severo. E conhece a região o suficiente para saber que os governadores não podem baixar a guarda, o que motiva a mobilização permanente. A presidência do Consórcio da Amazônia Legal o colocará da condição de porta-voz do grupo e interlocutor eventual das autoridades federais, a começar pelo vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB), que preside o grupo de trabalho criado por Brasília para cuidar dos problemas da região.  Bom articulador, Flávio Dino poderá realizar um bom trabalho também nessa seara.

 

 PONTO & CONTRAPONTO

 

Braide anuncia mais três nomes e reforça a promessa de fazer um Governo técnico

Kátia Bogea, Rosângela Bertoldo e Marc os Affonso: quadros de excelência para a equipe 

Ao anunciar ontem mais três nomes do seu secretariado, o prefeito Eduardo Braide (Podemos) deu mais um recado de que pretende governar com uma equipe técnica de nível elevado e livre de influências políticas. Ele convocou para a Secretaria Municipal de Segurança com Cidadania o delegado Marcos Affonso, um quadro respeitado da Polícia Civil, que já exerceu o comando da Superintendência de Homicídios e Proteção à Pessoa, um dos cargos mais importantes da Polícia Civil. Entra na equipe como um quadro do Podemos, partido ao qual se filiou e disputou sem sucesso uma vaga na Câmara Municipal. O prefeito eleito vai entregar a Secretaria Municipal de Assistência Social à assistente social Rosângela Bertoldo, que a julgar pela formação sabe o que fará no comando da pasta.

Mas a demonstração mais forte de que optou mesmo pela excelência técnica foi a decisão de colocar a historiadora Kátia Bogea na presidência da Fundação Municipal do Patrimônio Histórico. Primeiro pelo fato de ser Kátia Bogea um dos quadros técnicos mais qualificados ao País nessa área, como ficou demonstrado com a sua gestão à frente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), por todos reconhecida como correta e produtiva. Tanto que foi sua correção que resistiu a fortes pressões e impediu que o então ministro Geddel Vieira Lima, um dos mais influentes do Governo Michel Temer, usasse seu poder para garantir a construção de um prédio de apartamentos para ricos numa área tombada de Salvador, dando origem a uma investigação que levou a Polícia Federal a descobrir R$ 51 milhões em dinheiro vivo num endereço ligado ao ex-ministro, que está preso há três anos.

Ao longo de quase uma década à frente do braço do Iphan no Maranhão, Kátia Bogea se tornou especialista no tesouro de arquitetura colonial portuguesa que tornou São Luís Cidade Patrimônio Cultural da Humanidade. Tem todas as condições dar à Fundação o tamanho e a importância que precisa.

 

Eliziane Gama tem o desafio de definir seu futuro partidário

Eliziane Gama: sinais de que pode mudar de partido

São fortes os sinais de que a senadora Eliziane Gama começa a pensar seriamente em buscar um novo partido. Ela está em no Cidadania, mas a evolução dos fatos lhe vai demonstrando que a agremiação que a agremiação que abriga o que restou do PPS, que surgiu com o racha do velho Partido Comunista Brasileiro (PCB), já não comporta seus projetos. Dona de uma trajetória partidária instável, Eliziane Gama passou por várias legendas, entre elas o PT e o Rede Sustentabilidade, desembarcando finalmente no Cidadania. Agora, quer reforçar sua base partidária para alçar outros voos – como disputar o Governo do Estado, por exemplo -, mas percebe não irá muito longe se não estiver no controle de uma máquina partidária mais aberta e mais ágil. Ela não está colocada contra a parede, tem tempo para refletir, e há quem diga que ela já está maturando a migração.

São Luís, 22 de Dezembro de 2020.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *