Arquivos mensais: agosto 2018

Acordo PT/PCdoB dá um candidato presidencial forte e mais cacife político a Flávio Dino na corrida aos Leões

 

Flávio Dino e Lula da Silva: aliança garantida pelo acordo firmado entre PT e PCdoB na corrida ao Palácio do Planalto

A grande articulação que resultou na retirada da candidatura presidencial da deputada gaúcha Manuela D`Ávila, abrindo caminho para uma aliança PT/PCdoB, com o lançando em breve da candidatura do ex-prefeito de São Paulo, Fernando Hadade (PT), a presidente da República na vaga do ex-presidente Lula da Silva, que será irremediavelmente retirado da corrida, colocou o governador Flávio Dino (PCdoB) no circuito onde se trava a disputa pelo Palácio dos Planalto. O governador do Maranhão viu, assim, sua tese de união de parte da banda maior da esquerda (PT, PCdoB e PSB) em torno de um candidato tornar-se uma realidade. Agora, ao contrário de todos os demais aspirantes ao Palácio dos Leões, que formalizaram suas candidaturas aliando-as, querendo ou não, a candidatos presidenciais, o governador defenderá nas batalhas da guerra eleitoral um candidato presidencial forte.

Flávio Dino oporá Lula ou Fernando Hadade a Henrique Meirelles (MDB), candidato de Roseana Sarney (MDB); a Geraldo Alckmin (PSDB), candidato de Roberto Rocha, e a Jair Bolsonaro (PSL), candidato de Maura Jorge. Mas será cuidadoso com Ciro Gomes (PDT), que o trata como um fenômeno político, e com Guilherme Boulos (PSTU), candidato de Odívio Neto, e com Maria Laura (PSTU), candidata de Ramon Zapata, todos esses do campo esquerdista. Ao contrário de 2014, quando o PT preferiu abraçar a candidatura de Lobão Filho, dentro do grande acordo nacional com o então PMDB, obrigando-o a abrir o seu movimento a petistas desgarrados e a tucanos atrás de um muro seguro, o governador vai agora se dedicar a um candidato presidencial forte, um aliado assumido e que o terá também como o seu candidato para o Governo do Maranhão.

O governador Flávio Dino poderia tranquilamente tocar sua campanha à reeleição distanciado da guerra pelo poder nacional. Mas como a sua postura política não comporta a chaga da omissão, ele entrou de cabeça no grande debate como a voz mais firme e fundamentada na defesa do ex-presidente Lula, a quem considera injustiçado, vítima de decisões judiciais com as quais não concorda. Nesse movediço campo de batalha,  jogou todo o peso do seu prestígio político pela libertação do ex-presidente, operando fortemente também para unir as esquerdas em torno de Lula ou seu substituto na vaga de candidato do PT ou até mesmo de Ciro Gomes. Na equação sem Lula, sua inclinação inicial era pela candidatura do ex-governdor do Ceará, mas diante das diferenças que ainda distanciam pedetistas e petistas, o governador deverá abraçar a candidatura do substituto Lula, deixando seus aliados livres para apoiar o projeto do candidato do PDT, mas aliando-se a quem desse campo for para o segundo turno da corrida presidencial.

Ao aliar-se ao PT e aos outros segmentos da chamada esquerda democrática em torno de um candidato presidencial – seja Lula ou Fernando Hadade -, o governador Flávio Dino se consolida como o referencial desse campo no Maranhão e um dos principais em todo o País, não dando margem para que seus principais adversários, a começar por Roseana Sarney, façam movimentos no sentido de usar Lula ou seu substituto a seu favor, como aconteceu em 2010 e 2014. A começar pelo fato de que, ainda que algumas vozes envergonhadas do PT façam jogo duplo, não há como negar que o ex-presidente José Sarney e a ex-governadora Roseana Sarney se distanciaram e mesmo que tentem agora uma tardia defesa do ex-presidente. Assim, adversários poderão até usar Lula como mote de campanha, mas a aliança PT/PCdoB foi amarrada de tal maneira que o referencial dos petistas é o atual ocupante do Palácio dos Leões. Até porque, queira ou não, o MDB tem candidato a presidente, Henrique Meirelles, que não vai admitir que a candidata emedebista ao Governo do Maranhão não o apresente ao eleitorado maranhense como o salvador da Pátria.

Agora definido na esfera da corrida presidencial, o governador Flávio Dino mostra que estava certo quando em 2015 levantou o estandarte da sua defesa sobre a recém reeleita presidente Dilma Rousseff.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Weverton Rocha e Sarney Filho vivem situações semelhantes na corrida presidencial

Duas situações parecidas envolvem os deputados federais Weverton Rocha (PDT) e Sarney Filho (PV), ambos candidatos ao Senado, o primeiro pela aliança comandada pelo governador Flávio Dino e o segundo pela coligação comandada pela ex-governadora Roseana Sarney.

Weverton apoiará Ciro Gome 

Com o acordo PT/PCdoB, o governador Flávio Dino vai apoiar o candidato presidencial do PT, que poderá ser o ex-presidente Lula da Silva, que está preso, ou o ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação, Fernando Haddad, o deputado Weverton Rocha terá de navegar na contramão desse projeto e fazer campanha para o candidato presidencial do seu partido, o ex-ministro Ciro Gomes. Um entendimento nesse sentido já foi estabelecido governador Flávio Dino e o deputado Weverton Rocha, que preside o PDT no Maranhão é um dos principais articuladores da candidatura presidencial do ex-governador do Ceará.

Sarney Filho vai com Marina Silva

Já o deputado federal Sarney Filho, que é candidato a senador pela aliança liderada pela irmã, não apoiará o candidato do MDB, ex-ministro Henrique Meirelles, mas a candidata da Rede, Martina Silva, por conta de uma aliança por meio da qual o PV indicou o vice da presidenciável e fundadora da Rede Sustentabilidade. Sarney Filho, que era do PFL quando se engajou no movimento que fundou o PV no Brasil nos anos 90 do século passado, seguindo uma tendência mundial.

Como se vê, são situações ao mesmo tempo lógicas e estranhas só tolerada no universo das alianças partidárias.

 

Flávio Dino diz que José Sarney desconhece a realidade atual do Maranhão

Flávio Dino e José Sarney: Dino: provocação e desafio

Do governador Flávio Dino, em entrevista ao jornalista Raimundo Borges, de O Imparcial, ao ser indagado sobre o que pensou da provocação que lhe foi dirigida pelo ex-presidente José Sarney, que o acusou de estar aplicando o “Conto do Vigário” no comando do Estado:

“O ex-presidente José Sarney está há muito tempo afastado da realidade do Maranhão, né? Nesse período em que a filha quer voltar ao poder, talvez fosse o momento de ele conhecer tantas coisas boas que têm sido feitas no Maranhão. Coisas sérias, decentes, honestas. Eu acho que nesse caso é absoluto desconhecimento”

São Luís, 06 de Agosto de 2018.

 

Candidaturas: Dino vai enfrentar Roseana, Rocha e Maura na corrida ao Palácio dos Leões; ultra esquerda só quer marcar posição

 

Flávio Dino com Carlos Brandãoo, Weverton Rocha e Eliziane Gama na festiva convenção; Roseana Sarney com Edison Lobão e Sarney Filho; Roberto Rocha com Eduardo Braide no ato da aliança; Maura Jorge entre Rafael Filho e Samuel Itapecuru; Odívio Neto fala na convenção, e Ramon Zapata (e) líderes do PSTU

Vencida a última etapa de definições político-partidárias, os 4,5 milhões de eleitores maranhenses têm definido o quadro de candidatos ao Palácio dos Leões: Flávio Dino (PCdoB), Roseana Sarney (MDB), Roberto Rocha (PSDB), Maura Jorge (PSL), Odívio Neto (PSOL) e Ramon Zapata (PSTU). Trata-se, como se vê, de um arco que vai da direita radical (Maura Jorge), passa pelo centro-direita (Roseana Sarney), avança pelo centro (Roberto Rocha), segue pela esquerda moderada (Flávio Dino), alcança a esquerda radical (Odívio Neto) e termina a extrema-esquerda (Ramon Zapata). Nesse contexto, o governador Flávio Dino, que concorre à reeleição e lidera as intenções de voto – segundo todas as pesquisas feitas até agora para medir as preferências do eleitorado -, é o grande referencial da disputa, definido, portanto, como o candidato que os outros cinco vão tentar derrotar. As articulações frenéticas que movimentaram os bastidores partidários nas últimas semanas produziram o plantel possível de candidatos, principalmente se levadas em conta as montagens que se deram no plano da disputa para a presidência da República. É esse o cenário que qualquer olhar isento identificará no tabuleiro político do Maranhão desde a noite de sábado.

No comando de um Governo forte e acreditado, em que pese o bombardeio cerrado com o objetivo de desacreditá-lo, o governador Flávio Dino soube se movimentar e articulou uma coligação-gigante, reunindo um leque de 16 partidos dos mais diversos vieses ideológicos: PCdoB, PT, PDT, PTB, PST, DEM, PP, PRB, PR, SD, PROS, PPS, Avante, PSB, PTC e PPL, impondo fortes limitações aos seus adversários nesse campo. Valeu-se, licitamente, do poder de fogo que armazenou como líder de um projeto de poder que tem como grande objetivo fazer a grande transição do sarneysismo para uma nova realidade política no Maranhão. Tanto que vai para a campanha reforçando o mote da mudança que lhe serviu de argumento maior na campanha de 2014. No comando dessa coligação-gigante, o governador seguirá para as urnas com o objetivo de liquidar a fatura já no primeiro turno, mas também preparado para encarar um eventual segundo turno. Com um currículo em que constam duas tentativas de chegar ao Palácio dos Leões – a primeira em 2010, quando perde para Roseana Sarney, e a segunda em 2014, quando venceu derrotando Lobão Filho (PMDB) -, faz dele um candidato que conhece o caminho das pedra que lhe permite se movimentar como favorito. Leva como vice Carlos Brandão (PRB), um vice fiel e alinhado.

Principal adversário do governador Flávio Dino, com metade das suas intenções de voto, a ex-governadora Roseana Sarney tentou, sem sucesso, montar uma frente com os demais candidatos, consolidando assim sua candidatura por uma coligação bem mais modesta: MDB, PV, PSD e PSC.  Roseana Sarney vai para a sua quinta tentativa de chegar ao Governo do Estado – venceu em 1994 e 1998 contra Epitácio Cafeteira e em 2010 contra Jackson Lago (PDT) e Flávio Dino (PCdoB) e perdeu em 2006 para Jackson Lago. Ao contrário de outras campanhas, Roseana Sarney vai para o campo de batalha sem os instrumentos que embalaram suas três eleições: suporte das máquinas estadual e federal, apoio de presidente da República e ampla rede partidária. Pior: por força de imposição partidária, terá de vender aos eleitores o presidenciável Henrique Meirelles, ex-banqueiro e ex-ministro da Fazenda e político sem voto e sem charme. Entra na guerra consciente de que o cenário lhe é desfavorável em todos os sentidos, mas confia no prestígio político e eleitoral que conseguiu nos mais de 12 anos em que esteve no cargo e, claro, no seu poder de sedução política. Tem como vice o empresário tocantino Ribinha Cunha (PSC), escolhido para seduzir Imperatriz e adjacências.

O senador Roberto Rocha vai para a guerra à frente de uma coligação modesta: PSDB, Podemos, Rede, DC, PMN e PHS. Conseguiu na última hora atrair o apoio do deputado estadual Eduardo Braide, que, inteligentemente, andou agitando os bastidores na fase prévia da corrida  como pré-candidato a governador, mas acabou candidato a deputado federal e avisando que será candidato a prefeito de São Luis em 2020. Roberto Rocha conseguiu rascunhar o que poderá vir a ser uma “terceira via” na política maranhense, à medida que disputa o Governo aparentemente sem chance de sucesso, mas delimitando um espaço expressivo no cenário estadual. Seu grande trunfo agora é a candidatura presidencial do tucano Geraldo Alckmin, que após absorver o Centrão ganhou competitividade e poderá injetar algum gás na corrida estadual. Falta-lhe ainda um vice, que poderá ser um aliado ou sair das entranhas do ninho dos tucanos.

Maura Jorge disputa o Palácio dos Leões na esteira de um projeto que nasceu sem pé nem cabeça, mas que ganhou forma depois que ela, num lance ousado: semanas depois de receber em São Luís o presidenciável Álvaro Dias, do seu partido, o Podemos, ela foi a Brasília com a cara e a coragem e propôs uma aliança com o presidenciável Jair Bolsonaro no Maranhão, que topou sem pensar duas vezes. Firmado o acordo, Maura Jorge aproveitou a janela partidária, abandonou o Podemos e filiou-se ao PSL, transformando o projeto bolsonarista no principal mote da sua campanha. Amargou o isolamento, foi convidada para ser vice de Roberto Rocha, com liberação para defender seu candidato a presidente, mas manteve seu projeto. Confirmou sua candidatura tendo como vice o tenente-coronel Roberto Filho (PSL). Vai sair do processo com a dignidade que entrou.

Odívio Neto (PSOL), que tem como vice Gigia Helena, do mesmo partido, e Ramon Zapata (PSTU), cujo vice é Nicinha Durães, entram na corrida ao Palácio dos Leões sem qualquer expectativa de bom resultado. Partidos ideológicos, que inclusive questionam o modelo de sociedade em vigor no Brasil e as regras do sistema de escolha e representação políticas, participam do processo para marcar suas posições. Mais pragmático, o PSOL espera sair da corrida eleitoral com cacife que lhe permita, por exemplo, participar das eleições municipais de 2020.

É esse o cenário que a Coluna enxerga.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Maura Jorge invoca Deus para não aceitar aliança com Roberto Rocha

Maura Jorge disse a Sebastião Madeira que segue a orientação de Deus

A interferência divina foi o motivo que impediu a aliança do PSDB com o PSL na qual a bolsonarista Maura Jorge seria candidata a vice na chapa de Roberto Rocha, projeto que foi intensamente discutido pelas cúpulas dos dois partidos. A última tentativa aconteceu na noite de sexta-feira (29), véspera das convenções que confirmariam as duas candidaturas. Secretário geral do PSDB e coordenador da campanha dos tucanos, o ex-prefeito de Imperatriz, Sebastião Madeira, foi escalado para convencer a ex-prefeita de Lago da Pedra de que ela sozinha não teria qualquer chance e que o melhor caminho seria fazer uma aliança PSDB-PSL pela qual ela sairia candidata a vice na chapa comandada por Roberto Rocha. Político hábil e tarimbado nesse jogo, Sebastião Madeira relacionou uma série de argumentos, todos consistentes, e os apresentou um a um, certo de que dobraria a resistência da então pré-candidata do PSL. A reação de Maura Jorge foi surpreendente: ela respondeu também com uma série de argumentos, entre eles a de que se desistisse agora de ser candidata ao Governo sairia do processo politicamente malvista. Madeira tentou quebrar esse argumento mostrando que ela só teria a ganhar com a aliança com o PSDB, e diante da resistência de Maura, jogou a última cartada: como candidata a vice de Roberto Rocha ela poderia fazer a campanha de Jair Bolsonaro no Maranhão sem qualquer restrição por parte do PSDB. Veio então o argumento fatal de Maura Jorge:

– Doutor Madeira, não posso recuar da minha candidatura do Governo. Sofri muito para chegar aqui. E que nessa caminhada, sempre converso com Deus, e ele tem me incentivado a prosseguir na minha luta, e eu não o posso decepcioná-lo.

Diante do argumento inspirado na orientação do Criador, Sebastião Madeira jogou a toalha:

– É, querida Maura, fiz o que pude para tê-la como aliada, mas eu não posso concorrer com Deus. Seria muita pretensão da minha parte.

E foi embora sem a pretendida aliada.

 

Coronel saiu da corrida aos Leões rejeitado, sozinho e zangado

Coronel Monteiro: entrou e saiu sozinho da corrida aos Leões

O coronel aposentado Ribamar Monteiro deixou a corrida ao Palácio dos Leões do jeito que entrou: sozinho. Há alguns meses, o militar apareceu no circuito sucessório falando alto e externando ideias esdrúxulas e descontextualizadas sobre temas complexos como saúde e educação e sensíveis como homossexualismo. E falou mais alto quando se apresentou como o porta-voz do presidenciável Jair Bolsonaro, exibindo uma foto dos dois almoçando no restaurante da Câmara Federal. Jair Bolsonaro, porém, não confirmou essa aliança. Semanas depois, o mundo político foi surpreendido com um anúncio, feito em Brasília, concidentemente no mesmo restaurante: Jair Bolsonaro declarava seu apoio à candidatura de Maura Jorge ao Governo do Estado e ela fazia o mesmo em relação à pretensão do capitão aposentado quanto ao Palácio do Planalto. O coronel Ribamar Monteiro reagiu indignado, atacando Maura Jorge, tentando passar a impressão de que reverteria a situação a seu favor. Não conseguiu. Tentou uma saída pelo PHS, que lhe deu as costas, levando-o a gravar um vídeo dizendo cobras e lagartos do presidente desse partido no Maranhão, Jorge Arturo, que levou a legenda para a orbita do PSDB. O que ficou da passagem do coronel Ribamar Monteiro foi a imagem de um cidadão de extrema direita, com  proposições confusas e projetos absolutamente inviáveis. Mesmo com ideias temerárias, poderia ter tido uma participação mais produtiva no processo, mas faltou-lhe um mínimo de compreensão sobre como são os movimentos no tabuleiro da política.

São Luís, 05 de Agosto de 2018.

Assembleia Legislativa: deputados abrem o último semestre com o desafio de enfrentar concorrentes e encarar as urnas

 

Plenário da Assembleia Legislativa voltará a se reunir a partir de hoje sob o comando do presidente Othelino Neto, que tem conduzido a Casa com cuidado e equilíbrio

Após um recesso de pouco mais de duas semanas, os 42 deputados estaduais do Maranhão iniciarão hoje o último semestre de atividades na atual legislatura, e o farão embalados pelo clima da disputa eleitoral que será deflagrado oficialmente tão logo seja realizada a última convenção partidária para a escolha de candidatos às eleições de Outubro. Será um período difícil, marcado por tensão e correria em Agosto e Setembro, e por alegria dos reeleitos e frustração dos derrotados nas urnas em outubro, como tem sido a regra ao longo da história política. Nos próximos 60 dias, o presidente do Poder Legislativo, deputado Othelino Neto (PCdoB), terá de se valer de todo bom senso e equilíbrio para, a um só tempo, manter a Casa em pleno funcionamento e evitar que as disputas transformem o Plenário num campo de pelejas que fujam aos padrões e mergulhem a instituição numa quadra de 1.500 horas de guerra suja.

A atual Assembleia Legislativa vive uma situação singular, que começa com o fato de que oito dos 42 deputados, o que representa cerca de 20% da composição do Plenário, não concorrerão à reeleição – o deputado Alexandre Almeida (PSDB) será candidato a senador, Edilázio Jr. (PSD), Eduardo Braide (PMN), Josimar de Maranhãozinho (PR) e Bira do Pindaré (PSB) tentarão vaga na Câmara Federal, e Max Barros (PMB), Nina Melo (MDB) e Graça Paz (PSDB) resolveram não tentar renovar seus mandatos.  Os 34 que formam a maioria irão para a caça ao voto enfrentando a investida de centenas de candidatos, muitos dos quais estão se movimentando com “sangue nos olhos e faca nos dentes” e muito poder de fogo, turbinados por um só objetivo: substituir os atuais. E para isso não medirão esforços, a começar pelo uso da estratégia mais comum e eficiente: desacreditar os atuais integrantes do parlamento perante o eleitorado. Tem sido assim, e dificilmente esse enredo será mudado agora.

No geral os atuais deputados fizeram o seu dever de casa e no conjunto cumpriram suas obrigações nos três anos e meio de mandato que exerceram até aqui. Isso está demonstrado num balanço divulgado pela Mesa Diretora logo no início do recesso. O documento registra que naquele período o Plenário e as Comissões Técnicas Permanentes e Temporárias realizaram o seguinte: 81 sessões ordinárias, 19 sessões solenes, duas sessões especiais e 15 audiências públicas. Os deputados  apresentaram 1.414 Indicações, 365 Requerimentos, 169 Projetos de Lei Ordinária, 55 Projetos de Resolução, sete moções, cinco Propostas de Emenda Constitucional (PEC) e dois Projetos de Decreto Legislativo. O Poder Executivo demandou o Poder Legislativo com 43 proposições: 14 Medidas Provisórias, 12 Vetos Totais, 11 Projetos de Lei Ordinária, cinco vetos parciais e um Projeto de Lei Complementar; o Poder Judiciário encaminhou dois Projetos de Lei Complementar e um Projeto de Lei Ordinária; enquanto o Ministério Público do Maranhão propôs um Projeto de Lei Complementar, e a Defensoria Pública do Estado apresentou dois Projetos de Lei Ordinária. E as comissões técnicas realizaram 16 reuniões ordinárias, 30 reuniões extraordinárias, emitiram 270 pareceres escritos, 36 pareceres verbais, com um total de 278 proposições apreciadas e 270 pareceres escritos, e, além disso, realizaram audiências públicas para a discussão de diversos temas relevantes.

Mesmo marcado por um intenso embate entre Oposição, que atacou dura e fortemente o Governo, e a Situação, que fez a igualmente intensa defesa governista, produzindo aqui e ali momentos de forte tensão no Plenário, os trabalhos do semestre passado aconteceram dentro da tradição e da normalidade, com todos os altos e baixos comuns ao exercício parlamentar. Essa situação se deveu em parte à atuação prudente dos líderes governistas e oposicionistas, e em parte pela eficiência do presidente Othelino Neto, um político jovem que surpreendeu pela maturidade e que conduziu a Casa com rigor republicano, respeitando as diferenças e sem atropelar as regras que asseguram igualdade de direito na instituição legislativa.

Os deputados estaduais que irão à luta pela renovação do mandato sabem também que como instituição essencialmente política, o parlamento é o mais importante canal por meio do qual a sociedade se expressa. Cada deputado sabe que, se compreendeu bem isso, suas chances nas urnas são amplas, mas se fez o inverso, é bom começar a limpar as gavetas. O  resultado das urnas a serem anunciados na noite do dia 7 de Outubro expressarão a verdade sobre isso.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

PSOL formaliza chapa certo de que não terá a menor chance de bom resultado nas urnas

Odívio Neto seguirá a orientação de Guilherme Boulos, candidato do PSOL a presidente da República já oficializado

O PSOL confirmará hoje, em convenção, a aliança com o PCB, a chapa liderada pelo professor Odívio Neto, tendo como vice a professora Gigia Helena. Maior agremiação da chamada “esquerda radical”, que abriga hoje ex-petistas insatisfeitos como os rumos do PT na direção do centro e da direita, o PSOL tem plena consciência de que é igual a zero a possibilidade de vir a ter nas urnas um desempenho que lhe assegure algum mandato majoritário (governador e senador) ou proporcional (deputado federal e deputado estadual). E justifica sua participação nas eleições no Maranhão como um esforço político para consolidar a democracia e intensificar seu discurso contra o que considera errado no País. Esse é o compromisso do candidato presidencial do partido, Guilherme Boulos, no plano nacional. Neste ano, o PSOL também investirá esforços para eleger vereadores em 2020. O candidato Odívio Neto fará uma campanha com um discurso de oposição ao governador Flávio Dino, mas já admite que se houver segundo turno se aliará ao candidato do PCdoB. Trata-se de um alinhamento natural, sem aliança nem compromisso partidário formal.

 

Flávio Dino pode entrar no circuito para evitar bombardeio contra Eliziane Gama

Eliziane Gama tem candidatura pressionada pelo PT, que a acusa de “golpismo” 

O governador Flávio Dino terá de realizar um grande esforço diplomático no âmbito interno da aliança partidária que o apoia para evitar que a candidatura da deputada federal Eliziane Gama ao Senado seja bombardeada com o chamado “fogo amigo”, como vêm ensaiando aliados principalmente do PT. Esses segmentos não aceitam apoiar Eliziane Gama, pelo farto de ter ela feito campanha e votado pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). Os petistas, que integram a coligação dinista vêm usando todas as oportunidades possíveis para minar a posição da parlamentar, tratando a deputada como inimiga política e taxando-a de “golpista”. Nesse contexto, há petistas que simplesmente renegam a candidatura de Eliziane Gama, tem os que pregam voto no deputado federal Weverton Rocha (PDT), enquanto outros defendem dobradinha de Weverton Rocha com o senador Edison Lobão (MDB), Sarney Filho (PV) e até mesmo com José Reinaldo, que será candidato pelo PSDB. Por sua vez, Eliziane Gama tenta abrir diálogo com petistas, argumentando que sua posição foi partidária e não pessoal e que o impeachment é matéria vencida e que o que vale é seguir em frente. E não será surpresa se o governador Flávio Dino for acionado pela deputada para fazer essa mediação.

São Luís, 02 de Agosto de 2018.

 

Unidos em rede, órgãos de fiscalização se reúnem em São Luís para reforçar combate à corrupção no Maranhão e no País

 

Luiz Gonzaga Martins entre Eduardo Nicolau (e) e representantes do Ministério Público Federal e do Ministério da Justiça no ato de abertura da reunião da Enccla

O Maranhão é um dos estados brasileiros mais sangrados por corrupção nos mais diferentes níveis da administração pública – federal, estadual e municipal, mas os órgãos de fiscalização e controle, a começar pelo Ministério Público, federal e estadual, estão se mobilizando, se aparelhando e atuando cada vez mais para combater essa chaga nacional, inclusive no processo eleitoral, como uso de caixa dois com dinheiro para financiar campanhas. Esse foi, em resumo, o duro recado dado ontem (31), em encontro aberto da Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro (Enccla) – uma rede nascida em 2003 e tecida com os fios de 95 órgãos e instituições cujas atividades estão direta ou indiretamente ligadas ao combate à corrupção e lavagem de direito – que reuniu em São Luís membros do Ministério Público do Maranhão, Tribunal de Contas do Estado, Ministério Público Federal e Advocacia Geral da União, e representantes da sociedade civil, com o compromisso de propor, discutir e definir estratégias eficientes para a elaboração do Plano Nacional de Combate à Corrupção.

Logo no discurso de abertura, o procurador-chefe da República no estado, Fabrício Santos Dias, não deixou pedra sobre pedra ao afirmar que, a julgar pelos dados levantados pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) – presidente José Caldas Furtado estava presente -, o Maranhão é um dos estados mais corruptos do Brasil. E foi mais longe ao fazer a seguinte afirmação: “Curiosamente, o evento é realizado aqui, sendo que 10% dos acórdãos do TCU se direcionam contra gestores ímprobos maranhenses”. Santos Dias fechou sua dura fala enfatizando que, para combater a corrupção, no estado e no resto do País, é preciso o engajamento da sociedade por meio da implementação de uma cultura de boa governança ética, aumento da transparência pública, fortalecimento e articulação das instituições de combate à corrupção, entre outros fatores.

Por sua vez, o diretor do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça, Luiz Roberto Ungaretti de Godoy, diretor da Enccla, foi igualmente duro no seu recado aos corruptos de todo o Brasil: “Temos que mostrar aos governantes e, especialmente aos políticos, que temos força e que podemos propor ações concretas, porque estamos cansados desse cenário extremamente negativo”.

Muito provavelmente incomodado por ouvir o que disseram os oradores que o antecederam sobre a corrupção no Maranhão, o procurador-geral de Justiça, Luiz Gonzaga Martins Coelho, lembrou que o estado ostenta os piores indicadores sociais do país, sendo a causa deste problema uma consequência direta da corrupção. “É devido a esta prática que desaparece o dinheiro que deveria estar nas escolas, nos hospitais, na infraestrutura dos municípios pobres deste estado e de outros lugares do Brasil”. E tendo ao lado o corregedor-geral do MPMA, Eduardo Jorge Hiluy Nicolao deu uma demonstração de que o MPE está engajado nessa luta: “Estamos aqui para levantar propostas concretas e ouvir a sociedade civil. Nós vamos fazer a nossa parte”.

Coincidência ou não, o encontro aconteceu exatamente no dia em que o presidente do TCE, Caldas Furtado, entregou ao presidente do tribunal Regional Eleitoral, desembargador Ricardo Duailibe uma relação com centenas de nomes de fichas-suja, que não poderão participar do processo eleitoral. Além da lista do TCE, formada por gestores ímprobos por conta de desvios de recursos do Município e do Estado, outros integram a lista negra do TCU com mais de sete mil condenados por improbidade e que, por isso, encontram-se expurgados do processo eleitoral em todo o País.

Em Tempo: Vale registrar que o bombardeio das vozes do MPF e do MPMA na direção dos corruptos maranhenses foi genérico, não apontando nenhum caso em particular, o que deixou os gestores em geral em situação no mínimo incômoda. O próprio procurador geral de Justiça do Maranhão, Luiz Gonzaga Martins Coelho, tem dito e repetido que sob a orientação do governador Flávio Dino (PCdoB), o Maranhão passa por um período severo de controle de gastos e tem adotado medidas draconianas de combate à corrupção.  Além disso, não há também registros de casos de corrupção ou desvio na atual gestão da Prefeitura de São Luís, sob o comando do prefeito Edivaldo Jr. (PDT), nem na Prefeitura de Tuntum, comandada por Cleomar Tema, presidente da Federação dos Municípios do Maranhão (Famem), que no início do atual mandato firmou parceria com o MPMA no sentido de alertar e orientar os prefeitos a cuidar bem do dinheiro do contribuinte.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Maura Jorge escolhe vice e mostra que manterá candidatura até o fim

Maura Jorge entre Roberto Filho e Samuel de Itapecurú, respectivos candidatos a vice-governador e a senador na chapa que serpa confirmada no sábado (4)

Errou quem apostou que a ex-prefeita de Lago da Pedra, Maura Jorge, desistiria da candidatura ao Governo do Estado para fazer uma composição com outro candidato. Mesmo mergulhada em dificuldades estruturais, em atropelos políticos e em inconsistência eleitoral, Maura Jorge dá seguidas demonstrações de firmeza e tenacidade, alimentando seu projeto aos trancos e barrancos. Depois de muitas idas e vindas, escolheu o candidato a vice-governador na sua chapa: coronel/PM Roberto Filho, um oficial de bom conceito dentro e fora da corporação. A escolha agrega algum valor político à sua chapa, a começar pelo fato de ser um militar, um viés que se encaixa perfeitamente no maior motor da sua candidatura, o presidenciável Jair Bolsonaro. Maura Jorge preencheu uma vaga de senador ao escolher Samuel de Itapecuru, um político sem expressão estadual, mas que anima a chapa, pelo simples fato de, provavelmente, ter uma base regional, ou mesmo municipal que seja. Para fechar sua chapa e realizar sua convenção, agendada para sábado (4) à tarde, ela depende agora de escolher o candidato a senador para a outra vaga e seus respectivos suplentes. Mesmo com essas definições, ainda correm nos bastidores rumores de que Maura Jorge desistirá da corrida ao Governo e se candidatará à uma cadeira na Câmara Federal, embalada pela projeção que ganhou nesse período. Difícil, pois ela tem demonstrado disposição indiscutível de levar seu projeto até o fim.

 

Waldir Maranhão se mexe pela vaga de Alexandre Almeida ao Senado

Waldir Maranhão mira agora na vaga já ocupada por Alexandre Almeida

Por mais que os líderes tucanos Roberto Rocha, presidente do PSDB e candidato do partido ao Governo do Estado, e Sebastião Madeira, secretário geral e coordenador da campanha, tentem minimizar o quadro, a verdade mesmo é que a briga pelas vagas de candidato ao Senado está sacudindo as entranhas do partido. Agora, os movimentos do deputado federal Waldir Maranhão, que não tira da cabeça a ideia de ser candidato a senador, ameaçam a posição do deputado Alexandre Almeida, o primeiro escolhido para essa vaga na chapa tucana. Ciente de que não tem mesmo poder de fogo eleitoral e prestígio político para catapultar José Reinaldo Tavares, que deixou de ser foco de crise para a vaga de candidato, Waldir Maranhão estaria agora se voltando para a vaga já ocupada por Alexandre Almeida, que por sua vez deu um aviso bem claro: não abre mão da candidatura. Em conversas fechadas, porém, fala-se que Waldir Maranhão estaria propondo transferir suas bases de deputado federal para Alexandre Almeida, que assim se candidataria a Câmara Federal dentro de um grande acordo, formando um trio de candidatos fortes com Sebastião Madeira e Eduardo Braide (PMN). É possível.

São Luís, 01 de Agosto de 2018.