Unidos em rede, órgãos de fiscalização se reúnem em São Luís para reforçar combate à corrupção no Maranhão e no País

 

Luiz Gonzaga Martins entre Eduardo Nicolau (e) e representantes do Ministério Público Federal e do Ministério da Justiça no ato de abertura da reunião da Enccla

O Maranhão é um dos estados brasileiros mais sangrados por corrupção nos mais diferentes níveis da administração pública – federal, estadual e municipal, mas os órgãos de fiscalização e controle, a começar pelo Ministério Público, federal e estadual, estão se mobilizando, se aparelhando e atuando cada vez mais para combater essa chaga nacional, inclusive no processo eleitoral, como uso de caixa dois com dinheiro para financiar campanhas. Esse foi, em resumo, o duro recado dado ontem (31), em encontro aberto da Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro (Enccla) – uma rede nascida em 2003 e tecida com os fios de 95 órgãos e instituições cujas atividades estão direta ou indiretamente ligadas ao combate à corrupção e lavagem de direito – que reuniu em São Luís membros do Ministério Público do Maranhão, Tribunal de Contas do Estado, Ministério Público Federal e Advocacia Geral da União, e representantes da sociedade civil, com o compromisso de propor, discutir e definir estratégias eficientes para a elaboração do Plano Nacional de Combate à Corrupção.

Logo no discurso de abertura, o procurador-chefe da República no estado, Fabrício Santos Dias, não deixou pedra sobre pedra ao afirmar que, a julgar pelos dados levantados pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) – presidente José Caldas Furtado estava presente -, o Maranhão é um dos estados mais corruptos do Brasil. E foi mais longe ao fazer a seguinte afirmação: “Curiosamente, o evento é realizado aqui, sendo que 10% dos acórdãos do TCU se direcionam contra gestores ímprobos maranhenses”. Santos Dias fechou sua dura fala enfatizando que, para combater a corrupção, no estado e no resto do País, é preciso o engajamento da sociedade por meio da implementação de uma cultura de boa governança ética, aumento da transparência pública, fortalecimento e articulação das instituições de combate à corrupção, entre outros fatores.

Por sua vez, o diretor do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça, Luiz Roberto Ungaretti de Godoy, diretor da Enccla, foi igualmente duro no seu recado aos corruptos de todo o Brasil: “Temos que mostrar aos governantes e, especialmente aos políticos, que temos força e que podemos propor ações concretas, porque estamos cansados desse cenário extremamente negativo”.

Muito provavelmente incomodado por ouvir o que disseram os oradores que o antecederam sobre a corrupção no Maranhão, o procurador-geral de Justiça, Luiz Gonzaga Martins Coelho, lembrou que o estado ostenta os piores indicadores sociais do país, sendo a causa deste problema uma consequência direta da corrupção. “É devido a esta prática que desaparece o dinheiro que deveria estar nas escolas, nos hospitais, na infraestrutura dos municípios pobres deste estado e de outros lugares do Brasil”. E tendo ao lado o corregedor-geral do MPMA, Eduardo Jorge Hiluy Nicolao deu uma demonstração de que o MPE está engajado nessa luta: “Estamos aqui para levantar propostas concretas e ouvir a sociedade civil. Nós vamos fazer a nossa parte”.

Coincidência ou não, o encontro aconteceu exatamente no dia em que o presidente do TCE, Caldas Furtado, entregou ao presidente do tribunal Regional Eleitoral, desembargador Ricardo Duailibe uma relação com centenas de nomes de fichas-suja, que não poderão participar do processo eleitoral. Além da lista do TCE, formada por gestores ímprobos por conta de desvios de recursos do Município e do Estado, outros integram a lista negra do TCU com mais de sete mil condenados por improbidade e que, por isso, encontram-se expurgados do processo eleitoral em todo o País.

Em Tempo: Vale registrar que o bombardeio das vozes do MPF e do MPMA na direção dos corruptos maranhenses foi genérico, não apontando nenhum caso em particular, o que deixou os gestores em geral em situação no mínimo incômoda. O próprio procurador geral de Justiça do Maranhão, Luiz Gonzaga Martins Coelho, tem dito e repetido que sob a orientação do governador Flávio Dino (PCdoB), o Maranhão passa por um período severo de controle de gastos e tem adotado medidas draconianas de combate à corrupção.  Além disso, não há também registros de casos de corrupção ou desvio na atual gestão da Prefeitura de São Luís, sob o comando do prefeito Edivaldo Jr. (PDT), nem na Prefeitura de Tuntum, comandada por Cleomar Tema, presidente da Federação dos Municípios do Maranhão (Famem), que no início do atual mandato firmou parceria com o MPMA no sentido de alertar e orientar os prefeitos a cuidar bem do dinheiro do contribuinte.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Maura Jorge escolhe vice e mostra que manterá candidatura até o fim

Maura Jorge entre Roberto Filho e Samuel de Itapecurú, respectivos candidatos a vice-governador e a senador na chapa que serpa confirmada no sábado (4)

Errou quem apostou que a ex-prefeita de Lago da Pedra, Maura Jorge, desistiria da candidatura ao Governo do Estado para fazer uma composição com outro candidato. Mesmo mergulhada em dificuldades estruturais, em atropelos políticos e em inconsistência eleitoral, Maura Jorge dá seguidas demonstrações de firmeza e tenacidade, alimentando seu projeto aos trancos e barrancos. Depois de muitas idas e vindas, escolheu o candidato a vice-governador na sua chapa: coronel/PM Roberto Filho, um oficial de bom conceito dentro e fora da corporação. A escolha agrega algum valor político à sua chapa, a começar pelo fato de ser um militar, um viés que se encaixa perfeitamente no maior motor da sua candidatura, o presidenciável Jair Bolsonaro. Maura Jorge preencheu uma vaga de senador ao escolher Samuel de Itapecuru, um político sem expressão estadual, mas que anima a chapa, pelo simples fato de, provavelmente, ter uma base regional, ou mesmo municipal que seja. Para fechar sua chapa e realizar sua convenção, agendada para sábado (4) à tarde, ela depende agora de escolher o candidato a senador para a outra vaga e seus respectivos suplentes. Mesmo com essas definições, ainda correm nos bastidores rumores de que Maura Jorge desistirá da corrida ao Governo e se candidatará à uma cadeira na Câmara Federal, embalada pela projeção que ganhou nesse período. Difícil, pois ela tem demonstrado disposição indiscutível de levar seu projeto até o fim.

 

Waldir Maranhão se mexe pela vaga de Alexandre Almeida ao Senado

Waldir Maranhão mira agora na vaga já ocupada por Alexandre Almeida

Por mais que os líderes tucanos Roberto Rocha, presidente do PSDB e candidato do partido ao Governo do Estado, e Sebastião Madeira, secretário geral e coordenador da campanha, tentem minimizar o quadro, a verdade mesmo é que a briga pelas vagas de candidato ao Senado está sacudindo as entranhas do partido. Agora, os movimentos do deputado federal Waldir Maranhão, que não tira da cabeça a ideia de ser candidato a senador, ameaçam a posição do deputado Alexandre Almeida, o primeiro escolhido para essa vaga na chapa tucana. Ciente de que não tem mesmo poder de fogo eleitoral e prestígio político para catapultar José Reinaldo Tavares, que deixou de ser foco de crise para a vaga de candidato, Waldir Maranhão estaria agora se voltando para a vaga já ocupada por Alexandre Almeida, que por sua vez deu um aviso bem claro: não abre mão da candidatura. Em conversas fechadas, porém, fala-se que Waldir Maranhão estaria propondo transferir suas bases de deputado federal para Alexandre Almeida, que assim se candidataria a Câmara Federal dentro de um grande acordo, formando um trio de candidatos fortes com Sebastião Madeira e Eduardo Braide (PMN). É possível.

São Luís, 01 de Agosto de 2018.

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