Arquivos mensais: abril 2015

Edivaldo Holanda usa estratégia polêmica para defender Edivaldo Jr.

 

prefeitura
Edivaldo pai vai ignorar Wellington para atingir Eliziane e proteger Edivaldo  Jr.

 

Ao anunciar que não vai dar ouvidos às estocadas do deputado Wellington do Curso (PPS) contra a administração do prefeito Edivaldo Holanda Jr. (PTC), sob o argumento de que “os ouvidos, o coração e a mente” do deputado-professor “estão ligados num projeto cuja manipulação da sua atuação o torna cada vez menor”, o deputado Edivaldo Holanda (PTC) admitiu, indiretamente, mas com alguma ênfase, que vê, de fato, como uma ameaça perigosa, o projeto da deputada federal Eliziane Gama (PPS) de concorrer à Prefeitura de São Luís no ano que vem. Político tarimbado, de larga experiência e que enxerga longe, Edivaldo Holanda dispara contra Wellington do Curso, mas na verdade tenta alvejar Eliziane Gama, que a cada dia ganha forma como o principal adversário do prefeito Edivaldo Jr. na corrida às urnas do ano que vem.

Na sua reação às provocações do jovem deputado, que, por falta de experiência e de habilidade política, nem chega a exibir na tribuna uma performance convincente, Edivaldo Holanda sinaliza que a situação do prefeito Edivaldo Jr. no conceito da opinião pública não é das melhores. E por isso, tenta inibir ataques robustos ao prefeito, querendo garantir-lhe uma trégua e assim dar-lhe tempo para por em marcha projetos de melhorias urbanas a serem bancados com as parcerias firmadas com o Governo do Estado. Um exemplo foi o convênio firmado no valor de R$ 20 milhões para recuperar 296 ruas em 17 bairros da Capital.

O deputado Edivaldo Holanda, correligionário do prefeito Edivaldo Jr., sabe que os dois primeiros anos da atual gestão municipal foram de tropeços e descaminhos, ainda que tenha conseguido melhorias em alguns segmentos – o transporte de massa começa a ganhar jeito, por exemplo -, mas no geral não foram bem sucedidos. Edivaldo Holanda, o pai, entra na briga com faca nos dentes para proteger o filho, que apesar dos mandatos de vereador e deputado federal, chegou à Prefeitura de São Luís apenas como uma saudável expectativa. Sem um projeto consistente e tendo recebido uma máquina desarrumada, várias obras em andamento, os cofres vazios e um caminhão de duplicatas vencidas, o jovem prefeito viveu dois anos de agruras. Agarrou-se à promessa do governador Flávio Dino (PCdoB) de fazer parcerias, apostando poder com essa ajuda dar uma guinada radical na sua gestão e no seu projeto de reeleição.

Ocorre que a corrida eleitoral, se ainda não está nas ruas, já domina os bastidores da política e causa frisson nos partidos. E o Palácio de La Ravardière está na mira de todos os partidos ou grupos partidários de peso do Maranhão. Além do prefeito Edivaldo Jr., podem entrar na briga candidatos do PPS, que já fez a opção pela deputada Eliziane Gama; do PMDB, que pode ser o suplente de senador Lobão Filho, o deputado Max Barros e, numa hipótese mais remota, mas não descartável, a ex-governadora Roseana Sarney; do PSDB, que pode lançar o deputado federal João Castelo, o deputado estadual Neto Evangelista ou o suplente de senador Pinto Itamaraty; do PV, que conta com o deputado Edilázio Jr.; do PT, que tem na mira o deputado federal José Carlos da Caixa; do PSOL, que pode entrar com o ex-deputado Haroldo Sabóia ou Luis Pedrosa; do PSTU, que não surpreenderá se lançar Marcos Silva ou Saulo Arcangeli, e do PPL, que pode atacar de novo com Zeluís Lago.

A disputa será muito mais renhida do que indicam as primeiras avaliações. E o grau de acirramento vai depender do desempenho do prefeito Edivaldo Jr. até meados do ano que vem. Se ele conseguir embalar sua gestão e reverter a má impressão, pavimentará sua caminhada para a reeleição como candidato forte, e isso inibirá outras candidaturas. Mas se acontecer o contrário, seus adversários virão com tudo para cima dele. De qualquer maneira, será páreo duro, a começar pelo fato de que, independente da dinâmica que venha dar à sua administração, dificilmente contará, como contou na sua eleição, com o apoio declarado do agora governador Flávio Dino, que não está disposto a comprar brigas com aliados do porte de Eliziane Gama, por exemplo.

Se estiver decidido a usar com todos os adversários a estratégia que adotou com o deputado Wellington do Curso, o deputado Edivaldo Holanda vai ignorar muita gente. Poderá cometer um erro monumental, o que, se ocorrer, será surpreendente para um político com a sua tarimba.

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

Esforço válido

Válido o esforço de deputados federais, entre eles Eliziane Gama (PPS) e Weverton Rocha (PDT) de visitar a área onde seria implantado o complexo de refino de petróleo em Bacabeira, batizado de Refinaria Premium I, onde a Petrobras enterrou cerca de R$ 1,2 bilhão e semeou e destruiu esperanças. O que foi visto deverá reforçar em muitos a convicção de que algo muito errado aconteceu ali entre 2013 e 2014, tempo que durou o funcionamento do canteiro. Suas informações e impressões contribuirão para consolidar os rumos da CPI que investiga o escândalo de corrupção na Petrobras.

Candidato, mas sem apoio

Conversas de bastidor têm reforçado a especulação segundo a qual o secretário de Estado de Infraestrutura, Clayton Noleto, será candidato a prefeito de Imperatriz pelo PCdoB. Pode ser, mas fonte com trânsito no círculo próximo ao governador Flávio Dino garante que o chefe do Executivo estadual não bateu martelo sobre o assunto. Isso porque, da mesma maneira que não quer criar arestas com aliados em São Luís, também não pretende medir forças com o prefeito Sebastião Madeira (PSDB), que deve lançar candidato à sua sucessão. Nem com a suplente de deputado Rosângela Curado, que deve se candidatar pelo PDT.

Retomada do Salangô

O governador Flávio Dino prepara um grande ato para reativar o Projeto Salangô, uma ação para desenvolver a produção agrícola na região de São Mateus. Implantado nos anos 90 do século passado, o projeto teve altos e baixos, mesmo depois de terem sido aplicados pelo menos US$ 50 milhões financiados pelo Banco Mundial. A iniciativa nunca produziu os resultados previstos no projeto e o que se viu em mais de duas décadas foi uma longa série de acusações, todas elas afirmando que parte dos recursos foi desviada num grande esquema de corrupção, que não ficou provado. O governador Flávio Dino está determinado a provar que o Salangô é viável, e entregou a tarefa de mostrar essa viabilidade ao vice-governador Carlos Brandão. Vale aguardar.

 

São Luís, 17 de Abril de 2015.

 

 

Governador não vai interferir na briga pela Prefeitura de São Luís

 

convenio 1
Entre Humberto Coutinho e Carlos Brandão, com Edvaldo Jr. ao lado, Flávio Dino exibe o convênio para São Luís

O governador Flávio Dino (PCdoB) não vai se envolver na disputa pela Prefeitura de São Luís, e poderá também manter distância da grande peleja eleitoral do ano que vem na maioria das unidades municipais cujos eleitores escolherão prefeitos, vice-prefeitos e vereadores. A informação não é oficial, mas corre no círculo mais próximo do chefe do Poder Executivo, e teria sido declarada por ele próprio a assessores, mediante o argumento de que, antes de se preocupar com eleições, sua prioridade é consolidar e acelerar o seu programa de governo.

No caso de São Luís, o governador não perde de vista um cenário político que sugere, de fato, que ele tenha o máximo de cautela em relação à corrida sucessória. Nesse contexto, o prefeito Edivaldo Jr. (PTC) tenta, agora com a ajuda do governo – ontem, por exemplo, o governador liberou convênio no valor de R$ 20 milhões para o asfaltamento de ruas da capital -, dar uma guinada na sua administração, de modo a criar as condições para aspirar à reeleição. Pesquisas feitas pelo próprio governo informam que o prefeito da Capital ainda não conseguiu percentuais de aprovação que o credenciem a tentar o segundo mandato. O Palácio dos Leões cumprirá o compromisso de fazer parcerias com o Palácio de La Ravardière. E só.

São várias e sólidas as barreiras que impedem que o governador faça uma opção taxativa pelo prefeito Edivaldo Jr.. Primeiro porque o titular do Palácio dos Leões não tem a garantia de que, mesmo realizando parcerias e dinamizando a máquina municipal, o prefeito consiga entrar na corrida eleitoral do próximo ano montado em percentuais que lhe deem certeza da reeleição, ao contrário de agora, quando seu projeto eleitoral enfrenta riscos de não se viabilizar. O governador não pretende montar uma operação para salvar o futuro eleitoral do prefeito da Capital, como alguns chegaram alardear, a começar pelo fato de que seria uma ação política de altíssimo risco.

No campo político, se optar pela candidatura do prefeito Edivaldo Jr. à reeleição, o governador Flávio Dino vai comprar briga feia, por exemplo, com a deputada federal Eliziane Gama (PPS), que tem vários motivos para cobrar a isenção do governador na briga pela Prefeitura de São Luís. Eliziane tem no bolso do colete cartas importantes e convincentes, como o argumento de que abriu mão de sua candidatura ao Palácio dos Leões e declarou apoio total ao então candidato Flávio Dino, entrando de cabeça na campanha dele. Poderá também argumentar que seus percentuais de preferência aqui são elevados, o que torna seu projeto eleitoral viável, com chances reais de levá-la ao Palácio de La Ravardière. E sem contar a possibilidade de, caso o governador entre na briga pelo prefeito, a deputada venha a se posicionar como oposição também ao Governo do Estado.

Ainda no campo político, o governador teria de enfrentar também o mau humor do PSDB, que é parte importante na aliança que lhe dá sustentação. Os tucanos têm, além do vice-governador Carlos Brandão, que preside o partido, como aliado de peso, o deputado estadual Neto Evangelista, que integra o seu secretariado e o ex-prefeito e deputado federal João Castelo, que dificilmente aceitará a participação do PSDB numa aliança com Edivaldo Jr., a menos que seja ocupando a vaga de candidato a vice-prefeito. E para completar a barreira de obstáculos ao apoio a Edivaldo Jr., o governador teria de administrar a insatisfação do PSB, que também tem projeto para São Luís.

Tanto quanto em São Luís, o governador não pretende se envolver na corrida sucessória em Imperatriz, mesmo que o secretário de Infraestrutura do seu governo, Clayton Noleto, venha a ser candidato do PCdoB à sucessão do prefeito Sebastião Madeira (PSDB) que, ao contrário do que muitos andam divulgando, ainda não bateu martelo, e pelo visto não pretende fazê-lo agora. Em Caxias, como não tem dois aliados aspirando o comando da administração  municipal, o governador avalizará o projeto de reeleição do prefeito Leonardo Coutinho (PDT), mas sem a necessidade de entrar de cabeça na campanha.

Por outro lado, o governador deve saber que sofrerá fortes pressões para fazer opção na esmagadora maioria dos municípios, onde aliados seus lançarão candidatos. Será um xadrez complicado, que exigirá tato, cautela e, sobretudo, paciência.

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

Umas sim, outras não

No comentário de ontem, a Coluna observou que, por falta de debate e de confrontos entre adversários, muitas das maiores cidades maranhenses parece não existir. E o plenário da Assembleia Legislativa refletiu exatamente o que foi comentado: cidades com representantes contrários são mais discutidas. Bacabal completa 92 anos hoje e foi saudada por dois: Rigo Teles (PV) e Carlinhos Florêncio (PHS). Já Codó, que completou ontem 119 anos de emancipação política, não foi homenageada por nenhum deputado.

 

Sem feeling

É tradição na Assembleia Legislativa deputados não interferirem nas reivindicações dos servidores da Casa, pelo entendimento de que eles devem se articular com o presidente da mesa Diretora, no caso o deputado Humberto Coutinho (PDT). Por falta de experiência e de feeling, o deputado Wellington do Curso (PPS) resolveu comprar a briga, fazendo discursos e mais discursos a favor dos pleitos. Corre o risco de trombar com a Mesa e acabar isolado.

 

Vai tucanar

O ex-prefeito de São José de Ribamar, Luis Fernando Silva, ex-pré-candidato a governador pelo Grupo Sarney, vai mesmo se filiar ao PSDB. Adiado duas vezes, o ato está marcado para o dia 27, segundo fonte tucana de grande peso. Embora sua relação política seja mais forte com o prefeito de Imperatriz, Sebastião Madeira, o convite para que Silva ingresse nas fileiras do ninho maranhense foi formulado pelo presidente estadual do partido, o vice-governador Carlos Brandão, que vem conduzindo o tucanato maranhense com cuidado e eficiência.

São Luís, 16 de Abril de 2015.

 

 

Voto estadual cria municípios e municípios na Assembleia Legislativa

 

municípios
Rafael Leitoa, Alexandre Almeida, Edivaldo Holanda e Roberto Costa brigam por Timon, São Luís e Coroatá, respectivamente

Nos três primeiros meses de funcionamento, a nova Assembleia Legislativa deu cria, sem projeto e informalmente, a uma classificação de municípios no Maranhão, que se evidencia principalmente em relação aos 10 maiores: São Luís (1,1 milhão de habitantes), Imperatriz (253 mil), São José de Ribamar (173 mil), Timon (164 mil), Caxias (161 mil), Codó (120), Paço do Lumiar (116 mil), Açailândia (109 mil), Bacabal (103 mil) e Balsas (91 mil).  Trata-se de uma grave distorção produzida pelo atual sistema político e eleitoral do país no que respeita ao voto proporcional, reforçando em muitos a convicção de que essa anomalia só pode ser corrigida com a adoção do voto distrital, seja integral ou misto.

Desde que os 42 deputados estaduais tomaram posse, apenas três dos 10 maiores municípios maranhenses parece ter vida real, concreta, com população, estrutura pública, governo instalado, mas que acumulam mais problemas do que benefícios para os seus milhares de habitantes: São Luís, Timon e Bacabal. Do bloco das 10 maiores, essas três unidades municipais, entre elas a Capital, são as que têm representações políticas saudáveis, no sentido de que confrontam situação e oposição em relação ao governo municipal. E exatamente por isso têm sido temas de frequentes e intensos debates no plenário do Legislativo estadual, que é, de longe, o mais importante e legítimo espaço para se tratar institucional e politicamente dos problemas municipais.

São Luís, por ser o maior centro urbano e o epicentro político e administrativo do Maranhão, está sempre na mesa dos debates. Nesse momento, quando o governo do prefeito Edivaldo Holanda Jr. (PTC) parece avançar, depois de dois anos de tropeços, o deputado Edivaldo Holanda (PTC) transforma a tribuna da Assembleia Legislativa na grande trombeta da Capital, fazendo, a cada semana, longos, densos e emocionados discursos sobre o que está acontecendo na cidade, respondendo assim às cobranças e críticas da oposição e até de aliados insatisfeitos. É claro que Edivaldo pai trabalha pela reeleição de Edivaldo Jr., mas isso não desmerece o fato de fazê-lo na Assembleia Legislativa, que é, antes de qualquer coisa, uma Casa política.

Bacabal ganha projeção política estadual graças à diuturna catilinária do deputado Roberto Costa (PMDB) denunciando problemas da maior cidade da Região do Mearim e cobrando soluções do prefeito José Alberto e do Governo do Estado. Roberto Costa é pré-candidato à Prefeitura de Bacabal, mas isso não o desqualifica como voz a favor do município, como o é também outro representante, o deputado Carlinhos Florêncio (PHS), que vez por outra levanta a voz a favor daquele município, mas que, via de regra – e legitimamente, é bom frisar -, prefere comportar-se no plenário como deputado estadual no sentido lato.

Mas a grande diferença fazem mesmo os representantes de Timon, deputados Alexandre Almeida (PTN) e Rafael Leitoa (PDT). Imbuídos do mais puro e forte espírito municipalista e atuando rigorosamente como deputados distritais, os dois se batem quase que diariamente, ora por uma denúncia do primeiro contra a administração do prefeito Luciano Leitoa (PDT), ora por uma provocação do segundo em relação à atuação do adversário. Com esse embate, Timon aparece aos olhos do Maranhão como um município real, com muitos problemas, mas com governo e oposição, que os debatem com intensidade, o que faz com que a cidade passe a sensação de ser politicamente ativa, como deve ser uma cidade do seu porte.

Mas enquanto São Luís, Bacabal e Timon aparecem na Assembleia Legislativa como unidades onde existe vida política, as outras sete maiores cidades maranhenses parecem viver numa realidade diferente. Será que alcançaram o padrão de cidades suecas, onde não há problemas a serem discutidos nem governos a serem questionados?  Ou estão mergulhadas no conformismo político?  A resposta é simples: aquelas cidades pulverizaram seus votos e não elegeram diretamente representantes comprometidos com elas.

Os deputados Marco Aurélio (PCdoB), que exerce bem o seu mandato, e Valéria Macedo (PDT), com sua experiência de segundo mandato, não dão sinal de que enxergam Imperatriz como uma cidade com problemas gigantescos e desafiadores. Para os deputados votados na Ilha, como Glaubert Cutrim (PRB), São José de Ribamar e Paço do Lumiar são municípios onde não existe déficit habitacional, as ruas não são esburacadas, o esgoto não corre a céu aberto, os depósitos de lixo são de padrão europeu, o sistema educacional é dinamarquês e as redes de saúde são exemplares. A julgar pelo que foi debatido no parlamento estadual até agora, Caxias só existe na Assembleia Legislativa pela presença forte do deputado Humberto Coutinho (PDT), hoje o seu maior líder, que preside a Casa com grande força política, não havendo o saudável contraponto. E Codó e Açailândia parecem ser detentores de elevados indicadores sociais, econômicos e urbanos.

O problema é dos deputados? Não. É do sistema, que distorce. E que só o voto distrital corrige.

 

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

 

Dino festejado I

O governador Flávio Dino visitou ontem à tarde o plenário da Câmara Federal, onde se destacara como parlamentar, e foi recebido efusivamente pela bancada do PCdoB e deputados de partidos aliados, como o PDT, por exemplo. O chefe do Executivo maranhense foi saudado como “grande líder” pela deputada federal Alice Portugal, que garantiu que o Maranhão será uma referência de um governo do seu partido. Sorridente, o governador foi muito cumprimentado, e o sorriso largo evidenciava a satisfação por estar sendo tão festejado.

 

Dino festejado II

Mas nem tudo foi satisfação para o governador Flávio Dino no plenário da Câmara Federal. Ao saudá-lo, com grande efusão, o deputado Weverton Rocha (PDT) aproveitou o momento para provocar a oposição, declarando que ao ser eleito, Dino “libertou” o Maranhão. Não deu outra. O deputado Hildo Rocha (PMDB), que é um dos mais ativos membros do Grupo Sarney, pediu a palavra e reagiu, de maneira politicamente inteligente. Rocha saudou o governador, mas ressalvou que ele “não libertou o Maranhão”, pelo simples fato de que, segundo o deputado, “o povo do Maranhão sempre foi livre”. E aproveitou para devolver a provocação: “Desejo o sucesso do governador Flávio Dino, e para que isso aconteça, basta que ele cumpra os programas deixados pela governadora Roseana Sarney”. O troco provocativo de Hildo Rocha foi reforçado pelo deputado João Marcelo (PMDB), que afirmou ter Roseana Sarney feito o maior governo do Maranhão depois de José Sarney.

 

São Luís, 15 de Abril de 2015

Andrea Murad X Rogério Cafeteira: um confronto que pode sair de controle

 

andrea cacifa
Andrea Murad e Rogério Cafeteira agora em confronto com desfecho imprevisível

 

 

O confronto verbal entre a deputada de oposição Andrea Murad (PMDB) e o líder do Governo, deputado Rogério Cafeteira (PSC), chegou ao limite do que pode ser considerado aceitável como embate entre contrários num parlamento. O que eram críticas duras e denúncias explosivas feitas por uma parlamentar adversária do novo governo e, na contrapartida, as reações, também às vezes duras, do representante governista ultrapassou a fronteira das diferenças políticas e entrou no campo minado e nada politicamente civilizado das pancadas pessoais.

Desde a posse, em fevereiro, a deputada Andrea Murad marcou posição clara de oposição agressiva ao novo governo, e em especial ao governador Flávio Dino (PCdoB). Sem contar com o aval declarado da sua bancada, que também não interfere nas suas investidas, a parlamentar centra fogo na área de saúde, ora fazendo denúncias, ora reclamando de supostos desmandos, e via de regra disparando críticas duras a medidas adotadas pelo atual governo. Andrea Murad também tem atacado aliados do atual governador, como o empresário Dedé Macêdo, a quem identificou como agiota, e no contraponto, vez por outra exalta a figura pública do pai, o ex-deputado Ricardo Murad (PMDB), apontando-o como “maior e melhor secretário de Saúde que o Maranhão já teve”, e que é alvo de acusações de deputados governistas.

O deputado Rogério Cafeteira, um dos “falcões” do parlamento estadual – entenda-se por “falcão” deputado bem articulado e com muito poder de fogo na Casa -, tentou no início não dar muita importância aos discursos da deputada Andrea Murad. Em seguida, ao perceber que eles, mesmo não sendo bem formulados – a deputada não tem o dom da retórica –  ganhavam repercussão, passou a rebatê-los sem muita ênfase e, em alguns casos, usando o desdém e a ironia como estratégia. Tal postura, porém, ao invés de inibir a pemedebista, estimulou-a a colocar mais acidez nas suas falas, tornando-a mais ativa e dura com o governo. Essa posição tirou o líder Rogério Cafeteira da zona de conforto e o levou para o embate, também elevando o tom e fazendo acusações.

Na sessão de segunda-feira, como que um confronto anunciado, a deputada Andrea Murad voltou a bater forte no governo, denunciando o que segundo ela seria uma “grave irregularidade” no Detran, acusando o governador Flávio Dino, entre outras coisas, de “fazer um governo de corrupção”. O líder Rogério Cafeteira rebateu a acusação dizendo que não há corrupção no Detran e sugerindo que quem entende de corrupção é o ex-secretário Ricardo Murad. O confronto resvalou para a campanha eleitoral, tendo o líder acusado a pemedebista de ter usado um helicóptero pago com dinheiro público na campanha eleitoral. A parlamentar reagiu com indignação e acusou o líder de estar mentindo.

Na sessão de terça-feira, Andrea Murad rebateu de novo a acusação negando que tenha usado na campanha eleitoral helicóptero pago com dinheiro público e insinuou que Rogério Cafeteira teria praticado agiotagem. A situação ficou tensa, com a deputada bem mais agressiva do que usualmente, acusando o líder de partir para o ataque pessoal por não ter como defender o governo. Rogério Cafeteira fechou a sessão dizendo que, por ser mulher, Andrea Murad não teria a resposta que merecia. O clima só não esquentou mais ainda porque o presidente Humberto Coutinho encerrou a sessão.

O confronto aberto entre a oposicionista Andrea Murad e o líder governista Rogério Cafeteira já saiu do plenário, deixou o Palácio Manoel Bequimão e ganhou as redes sociais. Os vídeos postados estão dividindo opiniões, o que favorece à oposição e deixa o governo em posição de defesa, situação politicamente desconfortável. Há, porém, quem diga que os resultados das sindicâncias em curso no Sistema Estadual de Saúde poderão atingir o ex-secretário Ricardo Murad e inibir a deputada Andrea Murad. É uma incógnita com tempo de duração.

Esse confronto, que começou como um embate natural numa casa parlamentar, ganhou volume e terá desdobramentos, ou tornando mais brandos os ataques da deputada Andrea Murad, aliviando assim a tarefa do líder Rogério Cafeteira, ou tornando-os mais duros, mantendo o líder na zona de desconforto.

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

 

Moderação vã

O deputado Levi Pontes (PHS), um dos destaques da bancada governista por suas posições firmes e por sua inclinação para funcionar como moderador, já queimou vários cartuchos na missão que se impôs de tentar convencer a deputada Andrea Murad a pisar no freio. Médico por formação e militante de esquerda na juventude, por isso crítico implacável do modelo de saúde pública em vigor, ele bate forte nas ações de Ricardo Murad na Secretaria de Estado da Saúde, ao mesmo tempo em que tenta convencer a deputada pemedebista de que o certo é o que está sendo feito agora. Saiu-se mal em todas as investidas, obtendo sempre como resposta palavras duras de Andrea Murad.

 

Sarney culpado (?)

No seu artigo publicado ontem no Jornal Pequeno, o deputado federal José Reinado Tavares (PSB) fez uma denúncia que, se verdadeira, poderá gerar desdobramentos políticos sérios. Ele revelou que o Terminal de Armazenamento de Grãos do Maranhão, no Porto do Itaqui, teve sua conclusão atrasada em mais de cinco anos como consequência de perseguição política. Explica-se: o projeto do Tegram foi concebido no governo dele e deveria ter sido iniciado naquele período. Mas, segundo o ex-governador, de uma hora ara outra, sem justificativa nem explicação, o Governo Federal começou a criar uma série de empecilhos, exigências absurdas, que inviabilizaram o empreendimento, num processo que continuou no Governo Jackson Lago (PDT) e que misteriosamente desapareceram quando Roseana Sarney assumiu. O deputado José Reinaldo exibe convicção de que por trás de tudo estava o senador José Sarney (PMDB).

 

No comando

O senador João Alberto (PMDB) presidiu ontem boa parte da movimentada sessão do Senado. Numa boa e sem nenhum atropelo.

 

São Luís, 14 de abril de 2015.

Flávio Dino e os rumos da reforma política

 

dino e macieira(1)
Ao lado de líderes do movimento, Dino mostra o documento

Não foi um ato oficial, embora tenha acontecido numa audiência formal no Palácio dos Leões, mas o governador Flávio Dino (PCdoB) ao receber, sexta-feira, representantes do Movimento de Coalizão Democrática, deu o primeiro passo para participar do amplo debate sobre a reforma politica, que já movimenta o Congresso Nacional, os partido políticos e mobiliza grupos articulados nas mais diversas esferas da sociedade organizada. Na conversa que reuniu o presidente da seccional da OAB, Mário Macieira, e o juiz Márlon Reis, um dos fundadores do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, o governador não só defendeu o embate das ideias, como também deu aval ao documento Iniciativa Popular pela Reforma Política, que contém posições como a defesa do Estado Democrático de Direito e a manutenção de cláusulas pétreas da Constituição sobre os direitos do cidadão brasileiro.

Um dos políticos mais atuantes da geração que está chegando ao poder no país, o governador do Maranhão poderá, se quiser entrar no debate para valer, ter papel relevante no monumental e complicado tabuleiro onde se dará o choque das ideias. Por vários aspectos: tem sólida formação e amplos conhecimentos na seara institucional e domina com autoridade a matéria constitucional. Além disso, tem vivência política suficiente para compreender com exatidão o que está em jogo, o que pode consolidar a democracia brasileira, mas também o que pode prejudicá-la se mudanças equivocadas forem feitas pelo Congresso Nacional.

A reforma política que o país necessita tem dois patamares. Um é o que abriga as chamadas cláusulas pétreas, onde estão definidos os conceitos de cidadão, Nação, Federação, País, sistema de governo e linhas para a definição de regime. O risco da reforma política é que articulação movida por esse ou aquele interesse promova alguma mudança que distorça a base da atual Constituição. São áreas de extrema sensibilidade e que devem ser tratadas com o máximo de cuidado e sem o risco da manipulação. Recentemente, ao receber a visita de representantes da Associação de Juízes Federais, o governador referendou a “Carta de São Luís”, na qual os magistrados defendem a necessidade da reforma política e alertam para o risco de retrocessos. Na sexta-feira, o governador defendeu o engajamento das forças políticas do país para “continuar a trilhar a trajetória do avanço democrático”.

Na ampla entrevista que concedeu ao jornal O Imparcial, publicada na sexta-feira, o governador deu pistas a respeito do que pensa em relação a um dos aspectos do sistema eleitoral. Avaliou que a sociedade brasileira vive um processo de “exaurimento” no que diz respeito à obrigação de ir às urnas de dois em dois anos, como se fosse um processo eterno. Fácil deduzir que o chefe do Executivo estadual quer mudar radicalmente o modelo atual, podendo ter em mente a coincidência dos mandatos. Mas aí vêm as indagações naturais: defende o governador mandato de cinco anos para todos os cargos eletivos do país – vereador, prefeito, deputado estadual, governador, deputado federal, senador e presidente da República? Acha que os cargos executivos devem permitir reeleição? Em caso positivo, reeleição com ou sem desincompatibilização? E o sistema eleitoral em si, qual fórmula a ser adotada para as eleições proporcionais, distrital ou distrital misto? E o financiamento de campanha, deve ser público ou pode ser privado também? E por aí vai.

Aos representantes do Movimento de Coalizão Democrática, Flávio Dino defendeu a posição segundo a qual “as forças políticas não podem permitir retrocessos, como dizem algumas vozes”. E em relação ao documento Iniciativa Popular pela Reforma Política, foi direto: “Contem não apenas com a minha assinatura, mas com meu apoio integral”.

O governador já disse que pretende mobilizar a bancada maranhense para firmar posições em relação à reforma política. Sabe, no entanto, que nesse caso pisa num terreno movediço, porque os representantes maranhenses no Congresso Nacional formam um mosaico muito heterogêneo, que será difícil juntar todas as peças, ou a maioria delas, em torno de um o ponto comum. Mas, como a política tem, entre outras virtudes, o poder de reunir contrários, não custa nada tentar.

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

 

Veias abertas

O Uruguai perdeu ontem o jornalista e escritor Eduardo Galeano, um dos intelectuais mais engajados do continente, especialmente do Cone Sul. Galeano influenciou gerações nas últimas quatro décadas com o seu célebre “As veias abertas da América Latina”. Boa parte dos brasileiros que não fechava com a ditadura militar leu o livro de Galeano nos anos 70 e metade dos anos 80, quando o regime caiu. No início dos anos 70, muitos países do continente latino-americano estavam sob ditaduras militares. No Brasil, que naquele momento vivia os chamados “anos de chumbo”, o livro ganhou peso de manifesto. Jornalista engajado, Galeano encontrou a fórmula para “mexer” com aquelas gerações e com as ditaduras ao contar a história da América Latina como uma grande reportagem. O livro se transformou numa referência para a esquerda e ganhou o continente e o mundo em dezenas de edições. Em resumo: Eduardo Galeano foi importante na luta dos povos do continente pela democracia. E em muitos aspectos o seu clássico continua atual.

 

Jerry Abrantes

A morte prematura do engenheiro Jerry Abrantes – tinha 50 anos -, um paraibano que adotou o Maranhão como sua terra, abre uma lacuna expressiva entre seus amigos e familiares. Amplia também a fragilidade do PDT, do qual foi quadro de expressão e da inteira confiança do ex-governador Jackson Lago e do célebre deputado federal Neiva Moreira, que viam nele o exemplo do militante engajado. O PDT maranhense sem Jerry Abrantes fica bem menor.

 

Só um hiato

A coluna esteve fora do ar por cerca de 48 horas, devido a um problema no sistema que abriga o blog, controlado por uma empresa dos Estados Unidos. Alguns leitores acharam que o titular havia viajado sem dizer até logo, enquanto outros chegaram a pensar em po0mnto final da atividade.  Nem uma coisa nem outra. A Coluna Repórter Tempo está firme, e vai continuar assim.

 

 

Governador, prefeito, parcerias e futuro eleitoral

 

dino e deno
Dino e Holanda Jr.: parceria com “diferenças”?

 

Na ampla entrevista que concedeu aos jornalistas Raimundo Borges e Luísa Pinheiro, publicada ontem no jornal O Imparcial, na qual fez um balanço positivo e otimista dos primeiros 100 dias do seu governo, o governador Flávio Dino (PCdoB) deixou no ar dúvidas quanto à sua relação com o prefeito de São Luís, Edivaldo Holanda Jr. (PTC). Perguntado sobre a especulação de suposto estremecimento com o chefe da administração da Capital, o governador deu uma resposta que em princípio desmente o “tititi”, mas, por outro lado, pareceu estar ele distante do seu parceiro político e também administrativo.

A pergunta: Especula-se em São Luís um suposto estremecimento na relação sua com o governo municipal do Edivaldo Júnior. De verdade, como está essa relação?

A resposta: Não há estremecimento nenhum. Pelo contrário, a gente tem focado sempre naquilo que cabe a cada esfera. É natural que vez por outra surjam diferenças de abordagem em relação a problemas que têm que levar a algum tipo de pactuação, como essa questão recente das tarifas de ônibus. A Prefeitura tomou uma decisão, nós consideramos que essa decisão não era a melhor naquele momento. Chamamos os empresários e a própria Prefeitura para um diálogo e juntos encontramos a solução. Com a participação do Governo do Estado, reduzindo a alíquota do ICMS do combustível dos ônibus de 7% para 2%. Isso permitiu que a Prefeitura pudesse fazer a redução de R$ 0,20 da tarifa.

Não se pode afirmar categoricamente que a resposta do governador Flávio Dino foi uma declaração de satisfação plena com a sua relação com o prefeito Edivaldo Jr. Pareceu mais uma manifestação de tolerância, a começar pelo fato de que ele não se referiu ao prefeito Edivaldo Jr., preferindo usar a o pronome “nós”, ou seja, o Governo e a “Prefeitura”. Além disso, ao falar sobre o aumento das passagens, fez uma crítica direta á administração municipal, quando disse “nós consideramos que aquela solução – o aumento das passagens – não era a melhor naquele momento”.

Por mais que tenha dourado a pílula informando que a solução foi fruto de diálogo envolvendo a autoridade municipal, o governador passou mesmo foi a impressão de que a solução saiu do Governo do Estado e não da Prefeitura de São Luís, e ponto final. E nos bastidores o que se comenta mesmo é que, ao tomar conhecimento da pancada que foi o aumento concedido pela Prefeitura no bolso de milhares e milhares de trabalhadores, Palácio dos Leões fez praticamente uma intervenção no Palácio de La Ravardière, chamando para a si a solução de um problema que, a rigor, não seria da sua alçada.

É certo que o prefeito Edivaldo Jr. tem se esforçado para dar à sua administração uma dinâmica que deixe para trás a má impressão dos descompassos dos dois primeiros anos, e aposta todas as suas fichas nas parcerias prometidas pelo governador do Estado. Um exemplo são as mudanças no sistema de transporte, com o aumento da frota. Mas é certo também que 100 dias depois de iniciado o governo, a tão propalada mudança ainda não engrenou como a população esperava. E a julgar pelas palavras do governador, “diferenças de abordagem” – que ele considera naturais, e são mesmo -, podem estar obstaculando as parcerias.

O fato é que em sua entrevista, o governador não demonstrou nenhum entusiasmo em relação à Prefeitura de São Luís. E reforçou essa impressão ao responder a pergunta seguinte.

Pergunta: O senhor como político, como governador, já está vendo o cenário de 2016 para as eleições municipais?

Resposta: Em relação a isso, tenho optado por não ver. Acho que há tempo para tudo debaixo do céu e acho que há um exaurimento da sociedade em relação à repetição de eleições, como se isso fosse um processo eterno. No mais, fui eleito para governar e não para ficar disputando eleição.

Material de primeira para reflexão do prefeito Edivaldo Jr. e seus virtuais adversários, entre eles a deputada federal Eliziane Gama (PPS) no fim de semana.

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

 

Frases para anotar

Na coletiva em que apresentou os resultados dos primeiros 100 dias do seu governo, o governador Flávio Dino fez três declarações emblemáticas.

Sobre os rumos do governo:

“Nós nos comprometemos a fazer quatro anos de mudança e esse início prova isso, são 100 dias de mudança. Tenho ciência de que ainda há muito para fazer, mas estamos no caminho certo”.

Sobre transparência nos gastos:

“Antigamente apenas 40% dos gastos eram expostos, os outros 60% eram ocultos”.

Sobre os números da violência no seu governo:

“Os números ainda não são os ideais, mas são declinantes, o que demonstra que a polícia está mais presente. Vamos continuar progredindo”.

 

Correção

O leitor Pedro Coelho faz uma correção no texto em que a coluna emitiu impressões sobre os 42 deputados que integram a nova Assembleia Legislativa. Informa que, ao contrário do que publicou a coluna, o deputado Rigo Teles (PV) não tem seis mandatos, mas cinco, mesmo número de mandatos do deputado Stênio Rezende (PTdoB). Ou seja, não há decano no Palácio Manoel Bequimão.

 

São Luís, 10 de Abril de 2015.

 

100 dias: sem menos nem muito mais

 

 

dino posse
Dino mantém o credito do dia em que tomou posse

Os 100 primeiros dias de qualquer governo são sempre um marco, no qual o governante e sua equipe avaliam as medidas tomadas nesse período. Há governantes que comemoram com grande alarde, quando o balanço revela que cumpriram efetivamente um elenco mínimo de compromissos assumidos durante a campanha. Há os que comemoram, ainda que não tenham cumprido um elenco mínimo, mas adotaram medidas que podem ser apresentadas como atitudes de governos novos. Há ainda os que comemoram sem motivos para comemorar. E, finalmente, os que não comemoram porque nada fizeram.

Sem maior esforço, identifica-se o governo liderado por Flávio Dino (PCdoB) no segundo caso, comemorando os 100 primeiros dias com a adoção de algumas medidas que ainda não produziram resultados transformadores, como prometido. Na verdade, nesse período, o governador aproveitou para manter ativos instrumentos que recebeu do governo passado, agiu com eficiência para manter a máquina estatal de serviços funcionando, dando a alguns programas da gestão da governadora Roseana Sarney (PMDB) uma nova roupagem e uma nova dinâmica. A rede de saúde não entrou em colapso, a rede de educação está cumprindo sua programação, o Sistema de Segurança Pública continua com a sua rotina de combater um inimigo muito maior do que a estrutura estatal de repressão. Enfim, o governador assumiu o cargo e o controle do Poder Executivo, adotou as medidas operacionais previstas, e seguiu em frente. Nada de excepcional, mas o suficiente para registrar que o Maranhão tem um novo governo.

O governador Flávio Dino não deu, como prometera e muitos esperavam, o tal “choque de gestão”, com medidas de impacto que dessem à sociedade a certeza de que o novo governo veio para mudar radicalmente a relação do Poder Executivo com os maranhenses. Mas também não foi, como apontam alguns, um governo omisso, inerte, desatento, descuidado, até porque colocou em prática medidas importantes, como a implantação da Secretaria da Transparência e a Superintendência de Combate à Corrupção na grade operacional da Polícia Civil, para citar dois exemplos indicativos de que já tem e vai manter a máquina administrativa sob controle. Enfim, o novo governo não construiu nenhuma pirâmide nos 100 primeiros dias, mas também não passou esse período de braços cruzados.

Há de se considerar também que, por mais preparado e aparelhado que esteja, um governo não realiza muito nas primeiras 14 semanas. Esse é um período de instalação, de identificação e avaliação do que lhe foi entregue. Não dá para ignorar o fato de que o governador Flávio Dino recebeu o Executivo de um governo de seis anos, tempo suficiente para que todos os braços da máquina estivessem ajustados ao ritmo, à visão, à dinâmica daquela gestão. Isso não é fácil, porque o afã de varrer as marcas do governo passado pode levá-lo a cometer equívocos graves e desnecessários.

O novo governo é formado por uma equipe jovem, e pelo que se pode observar até aqui, com quadros que podem ser preparados, mas que parecem não ter a experiência necessária para a empreitada.  O próprio governador só tem como experiência acumulada de gestão atividades de professor, advogado, juiz federal, deputado federal e presidente da Embratur, pouco conhecendo do mister de administrar uma estrutura colossal, que envolve dezenas de órgãos, centenas de funções de direção e milhares de cargos de confiança, e mais do que isso, com um orçamento que nunca é suficiente.

Nos primeiros dias, porta-vozes do governo alardearam que a situação do Estado era catastrófica. Mas essa afirmação logo caiu, porque o governo pagou contas, não atrasou salários de servidores e retomou algumas obras usando recursos orçamentários e fatias dos quase R$ 2 bilhões do empréstimo do BNDES deixado pelo governo Roseana Sarney (PMDB). Programas como o Mais IDH estão sendo mantidos com a estrutura deixada pelo governo passado. E se o novo governo reforçou os salários dos professores, isso foi possível pela via do Estatuto do Professor, aprovado no governo passado.

Se não deu motivos para a sociedade festejar os seus primeiros 100 dias, também não deu motivos para decepção e frustração. O governador Flávio Dino e sua equipe fizeram até aqui o que puderam para dar sentido ao enfático discurso da mudança.  Foram tolhidos pela máxima segundo a qual a realidade nem sempre se submete ao discurso. E fizeram o que sua cartilha reza: culparam o grupo derrotado nas urnas pelas mazelas do Maranhão.

Politicamente, o governador Flávio Dino mantém o discurso do confronto, não dando trégua ao Grupo Sarney, o seu grande adversário, disparando socos verbais sempre que tem oportunidade, culpando a “oligarquia” por todos os males do Maranhão.  O discurso ainda vai render muito, mas deve ser justificado por um governo ativo, audacioso e transformador. Tem crédito e tempo para avançar.

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

 

Tensão no plenário I

O bombardeio diário disparado pela deputada Andrea Murad (PMDB) começa a criar um clima pesado no plenário da Assembleia Legislativa. Como uma metralhadora giratória, a parlamentar agora decidiu ampliar seus alvos para alcançar amigos e aliados do governador Flávio Dino. Nos vários pronunciamentos que fez nesta semana, ela atacou o presidente da Casa, deputado Humberto Coutinho (PDT), que para ela deveria ser investigado pelo governador Flávio Dino, e o empresário Dedé Macedo, a quem acusou de ser agiota e de ter bancado a campanha do governador.

 

Tensão no plenário II

A maioria dos deputados se solidarizou com o presidente Humberto Coutinho , enquanto o deputado Fábio Macedo (PDT), filho de Dedé Macedo, rebateu a afirmação de que seu pai é um agiota, defendendo-o como um empresário honesto e empreendedor. O ponderado deputado Levi Pontes (SD) fez um discurso alentado defendendo o governo e tentando enquadrar a deputada. Até o líder governista Rogério Cafeteira (PSD) foi à tribuna e a chamou de “mentirosa”. Andrea Murad não se intimidou e avisou que vai continuar batendo.

 

Missão de peso

Membros da bancada maranhense continuam ocupando espaços na Câmara Federal. Nesta semana foi o deputado federal João Marcelo Souza (PMDB), que assumiu a presidência de Comissão Especial que avaliará os gastos com pessoal na área da saúde no Governo Federal. A Comissão tem o prazo de 10 sessões ordinárias para apresentar um parecer ao Projeto de Lei Complementar nº 251, de 2005, que propõe que os gastos de pessoal alcancem 75% dos gastos com a área de saúde. O parlamentar está empolgado com a missão que lhe foi confiada pelo PMDB.

 

Entre os grandes

O PDT fez justa homenagem ao ex-governador Jackson  Lago. No seu programa, o partido dedicou parte do tempo a lembrar os seus líderes mais importantes, incluiu  Jackson Lago junto com os fundadores Leonel Brizola e Darcy Ribeiro. Muito justo.

São Luís, 09 de Abril de 2015.

Ao tucanar, Luis Fernando consolidará parceria com Madeira

 

luis madeira
Madeira e Luis Fernando: parceria mantida

 

A informação, cantada há dias por Marco Aurélio D`Eça e confirmada terça-feira por Gilberto Leda, dando conta de que o ex-prefeito de São José de Ribamar e ex-pré-candidato a governador Luis Fernando Silva estaria embarcando no PSDB é fato de peso no cenário político estadual no momento em que começam de fato as conversas que levarão aos acertos políticos e partidários para as eleições municipais do ano que vem. O ato de filiação do ex-homem-forte do Governo Roseana Sarney (PMDB) – o único que não se dobrava para Ricardo Murad – estava marcado para amanhã, mas as comemorações dos 100 dias do Governo Flávio Dino (PCdoB) fizeram com que a conversão formal de Luis Fernando Silva ao tucanato fosse transferida para o próximo dia 14.

A guinada partidária do ex-prefeito de São José de Ribamar, que estava sem partido desde que deixou o PMDB, no ano passado, será o ápice de uma relação política que começou em 2010. Naquele ano, convocado pela então governadora Roseana Sarney, Luís Fernando Silva renunciou ao cargo de prefeito para assumir a Casa Civil do Governo do Estado e, depois, a Secretaria de Estado de Infraestrutura, tempo em que iniciou sua aproximação com o prefeito Sebastião Madeira, líder tucano então distante do Palácio dos Leões.

Estimulado pela governadora, que sonhava melhorar sua imagem política na Região Tocantina, Luis Fernando Silva entrou no circuito determinado a por abaixo todos os obstáculos que entravassem a costura de uma relação produtiva com a Prefeitura de Imperatriz. De olho nos frutos administrativos e políticos que essa iniciativa pudesse produzir, o prefeito Sebastião Madeira abriu a guarda e passou a ser interlocutor político e parceiro administrativo do Governo do Estado. Tanto que esteve no Palácio dos Leões numa audiência que marcou aquele momento político.

Com as bênçãos da governadora Roseana Sarney, a parceria administrativa se intensificou e a relação política se estreitou de tal maneira que o secretário apoiou fortemente a candidatura do prefeito de Imperatriz à reeleição, tanto que incomodou os parceiros do governo em Imperatriz. Reeleito em 2012, Madeira fez exatamente o que um parceiro confiável faria: manteve a relação com o Palácio dos Leões, assumindo, mais tarde, abertamente, o compromisso de apoiar a candidatura de Luis Fernando Silva ao Governo do Estado. Ao fazê-lo, rompeu com aliados históricos, para navegar contra a maré na qual navegava o PSDB no Maranhão, que foi apoiar a candidatura de Flávio Dino (PCdoB), ganhando com isso a vaga de candidato a vice-governador, assumida por Carlos brandão, presidente do PSDB no Maranhão.

À medida que se aproximou a corrida para o Palácio dos Leões, com Luis Fernando se movimentando para consolidar sua pré-candidatura, Sebastião Madeira foi também avançando no seu compromisso: acompanhou o secretário de Infraestrutura nas inúmeras visitas que fez à Imperatriz e a municípios da Região Tocantina, manifestando pública e enfaticamente, seu apoio ao projeto eleitoral do secretário, sem meios termos. E numa equação simples: a relação política era embalada pela relação institucional, numa troca justa e saudável, aparentemente sem nenhum dano ético, tanto que não foi questionada.

O fracasso do projeto político e eleitoral imaginado para Luis Fernando Silva, com o arquivamento da sua pré-candidatura, deixou o prefeito de Imperatriz livre para seguir o caminho que bem entendesse, porque ele sempre deixou claro que seu acordo só envolvia o secretário de Infraestrutura. Não apoiaria outro candidato, como de fato aconteceu: quando Luis Fernando saiu, Madeira anunciou que não apoiaria outro candidato do grupo, principalmente Lobão Filho (PMDB).

Ao atrair Luis Fernando Silva para o PSDB, estimulando a candidatura dele à Prefeitura de São José de Ribamar, Sebastião Madeira dá um passo importante para ter uma base forte de apoio na Ilha para sua candidatura ao Senado em 2018. Faz, assim, um jogo inteligente, que se completará se emplacar seu sucessor em Imperatriz e se consolidar o apoio do Palácio dos Leões.

Isso se a reforma política deixar as coisas como estão para daqui a quatro anos, o que é improvável.

 

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

 

Fusão a caminho I

As executivas nacionais do DEM e do PTB decidiram aprovar a fusão dos dois partidos, hoje em franca decadência no cenário político. No Maranhão, a fusão colocará na mesa de entendimentos o deputado federal Pedro Fernandes, que juntamente com o ex-deputado Manoel Ribeiro comanda o PTB no estado, e o suplente de senador Clóvis Fecury, que tem o controle do DEM na gaveta.

 

Fusão a caminho II

Se a fusão for de fato consumada, os Ribeiro e os Fecury terão de sentar para discutir com quem ficará o controle da agremiação partidária que dela resultar. Hoje, o PTB tem um deputado federal e, por enquanto, oito prefeitos no Maranhão. Já o DEM conta com dois deputados estaduais e, por enquanto, 12 prefeitos. Os dois partidos praticamente se equivalem em peso político e eleitoral, o que deverá dificultar um pouco a definição de quem ficará com tudo.

 

Posse na Câmara

Diplomado pela Justiça Eleitoral como titular, Alberto Filho assume hoje o mandato de deputado federal pelo PMDB. O jovem político de Bacabal havia perdido a vaga para o ex-prefeito de Porto Franco, Deoclídes Macedo (PDT), cujos votos foram anulados. Com a posse de Alberto Filho, o pedetista Julião Amin, atual secretário de Estado do Trabalho, volta à condição de 1º suplente, tendo como 2º suplente a enfermeira Tocantina Rosângela Curado (PDT).

 

Voto valorizado

Alberto Filho chega à Câmara Federal num momento em que um voto a mais ganha peso bem maior do que em tempos normais. Sua entrada fragilizará a bancada governista fiel, que perdeu o voto do pedetista Deoclídes Macêdo, e reforça a bancada do PMDB, que vem dando as cartas na relação com o Palácio do Planalto e com a Esplanada dos Ministérios. O parlamentar bacabalense pode se dar bem.

São Luís, 08 de Abril de 2015.

Nova Assembleia Legislativa reúne falcões, raposas, revelações e equívocos.

 

 

humberto 2
Coutinho: um dos falcões no comando

Dois meses depois de empossada, saída de uma forte onda de renovação que transformou ampla e radicalmente o cenário político do Maranhão, a nova Assembleia Legislativa caminha para definir o seu próprio perfil. Os seus 42 integrantes formam hoje um mosaico de extrema diversidade, no  qual convivem uma nova e competente geração de parlamentares, raposas com larga experiência, boas revelações e também os que geraram muita expectativa, mas que até agora não encontraram eixos de atuação.   A coluna identificou informalmente alguns grupos, formado por parlamentares mais destacados, mais ativos, mais experientes, mais controvertidos e mais surpreendentes.

Com base no ditame segundo o qual os deputados são iguais, e que o que os diferencia são os discursos e as atitudes políticas, a Coluna fez uma avaliação despretensiosa do novo parlamento estadual, apontando os grupos que se movimentam no plenário, independente da posição de cada um como governista ou oposicionista. Até porque o poder da banda governista é tão avassalador, que esse conceito perde sentido, apesar dos esforços do grupo de oposição.

O primeiro grupo é formado pelos “Falcões”, constituído pelo presidente Humberto Coutinho (PDT) – que se tornou presidente antes de ser diplomado pelo TRE -, e pelos deputados Eduardo Braide (PMN) – cérebro legislativo da bancada governista -,  Rogério Cafeteira (PSC) – hoje líder do Governo -, Edilázio Júnior (PV) – bom de embate -, Roberto Costa (PMDB) – que sobreviveu à mudança adotando Bacabal -, Othelino Neto (PCdoB) – conseguiu a vice-presidência da Casa -, Alexandre Almeida (PTN) – bem articulado – e Edivaldo Holanda (PTC) – talvez o mais experiente do plenário. Excetuando Coutinho e Holanda, ambos políticos tarimbados e de longa estrada, esse grupo é formado por membros destacados da nova e atuante geração de parlamentares do Maranhão, que mostraram competência já no início da legislatura passada, quando deram a grande rasteira na candidatura do então deputado Ricardo Murad, elegendo Arnaldo Melo presidente. Cada um atuando a seu modo, esses deputados fazem a diferença, seja na articulação, seja no conhecimento legislativo, seja na desenvoltura com que atuam. Via de regra, suas posições prevalecem.

Outro grupo é o das “Raposas”, formado pelos deputados Rigo Teles (PV) – que é o decano da Casa, com seis mandatos -, Stênio Rezende (PRTB), Graça Paz (PSL), Max Barros (PMDB), César Pires (DEM), Antônio Pereira (DEM), Raimundo Cutrim (PCdoB), Fábio Braga (PTdoB), Paulo Neto (PSDC), Hemetério Weba (PV) e Edson Araújo (PSL). São deputados com solidez política e eleitoral, de vários mandatos e que formam a “alma política” do parlamento estadual, dada a sua capacidade de ação e sobrevivência nessa seara tão complicada e escorregadia que é a política estadual. Eles são construtores de pontes que ligam as fontes de poder às comunidades na forma de benefícios como escolas, estradas, hospitais, pontes, calçamento de ruas, sistemas de abastecimento de água, entre muitos outros. Nesse grupo estão também os especialistas, como Raimundo Cutrim em segurança, Max Barros em gestão de infraestrutura, César Pires em educação, para citar apenas três.

Um terceiro grupo é o “De Base”, formado por deputados saídos de bases muito sólidas, com raízes familiares profundas na ação política e que conseguiram renovar seus mandatos e continuar com suas ações bem definidas, sem muita exposição, mas com eficiência. São eles Valéria Macêdo (PDT), que vem da região Sul do estado; Francisca Primo (PT), que conseguiu formar um núcleo sólido do PT na região de Buriticupu: Léo Cunha (PSC), que conseguiu ampliar sua votação em Imperatriz, sua base; Carlinhos Florêncio (PHS), cuja origem política é Bacabal, e Nina Melo (PMDB), que substituiu o pai, o competente deputado Arnaldo Melo (PMDB).

O quarto grupo é o das “Revelações”, formado por deputados que se destacaram ao longo dos dois primeiros meses da nova legislatura, mostrando ciência do seu papel de parlamentar, pronunciando bons discursos, atuando como legisladores e exibindo conhecimento da realidade e muita disposição para atuar. Esse grupo é formado pelos deputados Rafael Leitoa (PDT), que vem da região polarizada por Timon;  Adriano Sarney (PV), representante da terceira geração da linhagem política iniciada por José Sarney; Professor Marco Aurélio (PCdoB), militante político da Região Tocantina, com boa formação e bem articulado; Levi Pontes (SD), médico muito esclarecido e herdeiro político do ex-deputado Pontes de Aguiar, uma das maiores raposas da história do parlamento estadual; Júnior Verde (PR), policial de carreira e que atua na escola do deputado federal Cléber Verde; Glaubert Cutrim (PRB), membro de uma família de forte influência política; Zé Inácio (PT), uma voz forjada na nova geração do PT;  Vinícius Louro (PR), forjado nas disputas políticas em Pedreiras; Sérgio Frota (PSDB), ex-vereador de São Luís formado nos bastidores do futebol; Cabo Campos (PP), que emergiu da luta sindical nas lides policiais, e Ricardo Rios (PEN) e Fábio Macêdo (PR), também na nova geração.

O quinto grupo é formado por deputados para os quais cabe um tratamento individual, a começar pelo fato de que a maior parte deles chegou à Assembleia Legislativa na esteira de milhares de votos. São eles:

Josimar de Maranhãozinho (PR) – campeão de votos, não entusiasmou seus pares nem quem acompanhou seu desempenho na tribuna e no plenário até agora. Ana do Gás (PRB) – jovem, bonita e cheia de vontade, a dona da terceira maior votação não conseguiu ainda encontrar o eixo da sua atuação parlamentar. Andrea Murad (PMDB) – embalada pelo sobrenome e por uma clara vontade de se destacar, a deputada vem cometendo um equívoco atrás do outro ao reduzir sua atuação à condição de porta-voz do pai, o ex-deputado Ricardo Murad, atacando diariamente  o governador Flávio Dino com discursos sem lastro. Ela está precisando de orientação.  Wellington do Curso (PPS) – chegou perdido à Casa, sem saber mesmo o que dizer na tribuna. Tentou transformar o seu mandato numa conquista pessoal dizendo-se filho de prostituta, mas logo percebeu que isso não funciona. Depois de tropeços, parece que está encontrando um rumo, agora fazendo oposição centrada ao prefeito Edivaldo Jr. (PTC).

É claro que o desempenho de dois meses num contexto programado de quatro anos pode ser entendido como pouco tempo. Experiências anteriores mostram, porém, que o cenário apresentado até aqui é suficiente para se prever o que vem por aí.

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

 

Defensor-mor

O deputado Edivaldo Holanda (PTC) consolidou definitivamente sua plataforma parlamentar: atuar como porta-voz e defensor-mor do prefeito Edivaldo Jr. (PTC). Sem se preocupar que está também, e principalmente, atuando como pai, Edivaldo Holanda já fez vários discursos alentados e inflamados nos quais mostrou avanços e rebateu críticas fortes que têm sido dirigidas ao prefeito. Ontem, por exemplo, contra-atacou ataques feitos pelo deputado Wellington do Curso, acusando o parlamentar de estar tentando viabilizar “uma candidatura”, para não pronunciar o nome da deputada Eliziane Gama (PPS).

 

Na defesa

O deputado federal Hildo Rocha (PMDB) fez ontem um alentado discurso na Câmara Federal mostrando as conquistas do governo Roseana Sarney (PMDB). Rocha quebrou uma tradição, já que muitos parlamentares que participaram ativamente do governo passado, sendo por ele beneficiados, simplesmente agem hoje como se aquela gestão não tivesse existido. Independente das informações que apresentou e das cores com que pintou aquele governo, Hildo Rocha protagonizou uma atitude política digna, e por isso foi elogiado por colegas de outros estados, entre eles o respeitado deputado piauiense Heráclito Fortes (DEM).

 

São Luís, 07 de Abril de 2015.

 

Contradições de acusadores podem beneficiar Lobão

 

lobao 8
Lobão pode ser beneficiado por contradições

 

O senador Edison Lobão (PMDB), ex-ministro de Minas e Energia, começa a dar sinais de que pode, se não parti-lo totalmente, pelo menos reduzir significativamente a espessura do fio que o liga ao esquema de corrupção na Petrobras descoberto pela Operação Lava Jato. Os sintomas foram revelados na edição de domingo do jornal Folha de S. Paulo em matéria mostrando que a defesa de alguns acusados está desmontando a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) ao mostrar que em alguns casos declarações feitas pelo chefe do esquema, Paulo Roberto Costa, agora ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, não “batem” com as do outro cabeça, o doleiro Alberto Youssef, preso em São Luís em março do ano passado. As contradições poderão favorecer também, por tabela, a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB).

De acordo com o jornal paulista, Paulo Roberto Costa declarou, no processo de delação premiada, que teria mandado Alberto Youssef entregar, a pedido do então ministro Edison Lobão, R$ 2 milhões para a campanha da então governadora Roseana Sarney à reeleição, em 2010. Só que no seu depoimento, o doleiro Alberto Youssef negou ter recebido tal ordem e entregado o dinheiro à Roseana. Youssef sugeriu que Paulo Roberto Costa pode ter se enganado e pode ter pedido a outro operador ou a uma empresa.

A contradição parece fato consumado e deixa o MPF numa saia justa em relação ao senador pemedebista, já que toda a denúncia encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF) para instaurar inquérito e ampliar a investigação perde sua base de sustentação, pois ela ganhou forma com os depoimentos do ex-diretor da Petrobras e do doleiro que operava o esquema de corrupção. No momento em que um deles não confirma o que o outro diz, cria-se uma situação de conflito, que retira todo o sentido da afirmação inicial, não havendo elementos para que a denúncia seja mantida.

“Nesse caso, as contradições foram muito fortes”, avalia o tarimbado criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que defende o senador Edison Lobão e a ex-governadora Roseana Sarney no caso. E de acordo com a Folha de S. Paulo, diante da enorme brecha que lhe foi aberta, Kakay entrou com um agravo regimental no STF pedindo nada menos que o arquivamento do caso, baseado na declaração do doleiro Aberto Youssef, e usando o argumento segundo o qual a palavra de Paulo Roberto Costa “vale pouquíssimo”.

Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef se contradisseram também em relação ao ex-chefe da Casa Civil da Presidência da República, Antônio Palocci, e ao senador Ciro Nogueira (PI), presidente nacional do PP, também denunciados na Operação Lava Jato. Os dois suspeitos já teriam batido às portas do STF pedindo o arquivamento dos inquéritos nos quais são investigados. Os dois casos dão mais argumentos à defesa do ex-ministro de Minas e Energia, que aposta no arquivamento, por falta de provas.

As contradições do chefe do esquema de corrupção na Petrobras e do operador dos desvios reforçam o discurso do senador Edison Lobão, que já ocupou a tribuna do Senado para repelir enfaticamente a suspeita levantada pelo MPF com base nos depoimentos dos dois operadores. No seu discurso, Lobão externou revolta e indignação e afirmou que a investigação mostraria que ele nada teve a ver com o desvio criminoso na empresa que institucionalmente estava sob sua responsabilidade, ainda que como ministro não tivesse ingerência direta na gestão da estatal.

Político escolado e movido por experiência, Lobão sabe que afinamento do fio não significa sua quebra, pois ao mesmo tempo em que contradições desmontam as colunas da acusação, o MPF intensifica as investigações em busca de provas para dar mais consistência às denúncias. A corrida dos procuradores federais é para dar substância à denúncia antes que o STF acate o argumento da defesa e mande a denúncia para o arquivo morto. Vai ser uma espécie de corrida contra o tempo.

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

 

Filão fiscal I

Não muito afeito à tribuna, o senador Roberto Rocha (PSB) se revela um bom articulador nos bastidores do Senado. Sem muito espaço no governo do PT enquanto não se consolida a reaproximação com o PSB – o que deverá acontecer em breve -, o novo senador pelo Maranhão se movimenta intensamente para fazer jus ao mandato. Depois de conseguir consolidar as emendas deixadas pelo agora ex-senador Epitácio Cafeteira (PTB) para São Luís, o que levou adversários a acusá-lo infundadamente de oportunista, o parlamentar abraçou uma bandeira complexa, que não rende dividendos no conceito da opinião pública, mas que revela seriedade no exercício do mandato: a guerra fiscal.

 

Filão fiscal II

Depois de análise cuidadosa, que incluiu um estudo realizado pela Assessoria Técnica do Senado, o senador Roberto Rocha decidiu abraçar o projeto de autoria da senadora goiana Lúcia Vânia (PSDB), que tem por objetivo exatamente por fim à guerra fiscal. Para quem não sabe, o que se chama de guerra fiscal são as distorções econômicas e tributárias que favorecem estados mais ricos, onde os produtos são tributados na saída, e prejudicam estados mais pobres, como o Maranhã, que acaba não podendo tributar o produto que entra no seu território fiscal. O estudo feito pela Assessoria do Senado mostra que o Maranhão é, de longe, o estado mais prejudicado com a guerra fiscal. Rocha apresentou suas informações ao governador Flávio Dino (PCdoB) e aguarda sugestões que possam enriquecer o projeto.

 

Estrada do Arroz

O Governo do Estado retoma hoje a obra de pavimentação da MA-386, conhecida como Estrada do Arroz, que liga Imperatriz a Cidelândia. O governador e sua equipe reconhecem que a obra é da maior importância para a Região Tocantina, aguardada como um sonho há décadas por pequenos lavradores das comunidades agrícolas da região e também por dar acesso à fábrica da Suzano Celulose. A obra foi iniciada e paralisada no governo passado e a retomada anima integrantes do Fórum da Cidadania das Comunidades da Estrada do Arroz.

 

Em campanha?

Em tempo: a retomada da pavimentação da Estrada do Arroz ganha dimensão de obra nova, pois a aceleração das máquinas será feita solenemente no povoado Olho d’Água dos Martins, em ato a ser comandado pelo secretário de Estado de Infraestrutura, Clayton Noleto, candidatíssimo à Prefeitura da Princesa do Tocantins.

 

São Luís, 06 de Abril de 2015