Andrea Murad X Rogério Cafeteira: um confronto que pode sair de controle

 

andrea cacifa
Andrea Murad e Rogério Cafeteira agora em confronto com desfecho imprevisível

 

 

O confronto verbal entre a deputada de oposição Andrea Murad (PMDB) e o líder do Governo, deputado Rogério Cafeteira (PSC), chegou ao limite do que pode ser considerado aceitável como embate entre contrários num parlamento. O que eram críticas duras e denúncias explosivas feitas por uma parlamentar adversária do novo governo e, na contrapartida, as reações, também às vezes duras, do representante governista ultrapassou a fronteira das diferenças políticas e entrou no campo minado e nada politicamente civilizado das pancadas pessoais.

Desde a posse, em fevereiro, a deputada Andrea Murad marcou posição clara de oposição agressiva ao novo governo, e em especial ao governador Flávio Dino (PCdoB). Sem contar com o aval declarado da sua bancada, que também não interfere nas suas investidas, a parlamentar centra fogo na área de saúde, ora fazendo denúncias, ora reclamando de supostos desmandos, e via de regra disparando críticas duras a medidas adotadas pelo atual governo. Andrea Murad também tem atacado aliados do atual governador, como o empresário Dedé Macêdo, a quem identificou como agiota, e no contraponto, vez por outra exalta a figura pública do pai, o ex-deputado Ricardo Murad (PMDB), apontando-o como “maior e melhor secretário de Saúde que o Maranhão já teve”, e que é alvo de acusações de deputados governistas.

O deputado Rogério Cafeteira, um dos “falcões” do parlamento estadual – entenda-se por “falcão” deputado bem articulado e com muito poder de fogo na Casa -, tentou no início não dar muita importância aos discursos da deputada Andrea Murad. Em seguida, ao perceber que eles, mesmo não sendo bem formulados – a deputada não tem o dom da retórica –  ganhavam repercussão, passou a rebatê-los sem muita ênfase e, em alguns casos, usando o desdém e a ironia como estratégia. Tal postura, porém, ao invés de inibir a pemedebista, estimulou-a a colocar mais acidez nas suas falas, tornando-a mais ativa e dura com o governo. Essa posição tirou o líder Rogério Cafeteira da zona de conforto e o levou para o embate, também elevando o tom e fazendo acusações.

Na sessão de segunda-feira, como que um confronto anunciado, a deputada Andrea Murad voltou a bater forte no governo, denunciando o que segundo ela seria uma “grave irregularidade” no Detran, acusando o governador Flávio Dino, entre outras coisas, de “fazer um governo de corrupção”. O líder Rogério Cafeteira rebateu a acusação dizendo que não há corrupção no Detran e sugerindo que quem entende de corrupção é o ex-secretário Ricardo Murad. O confronto resvalou para a campanha eleitoral, tendo o líder acusado a pemedebista de ter usado um helicóptero pago com dinheiro público na campanha eleitoral. A parlamentar reagiu com indignação e acusou o líder de estar mentindo.

Na sessão de terça-feira, Andrea Murad rebateu de novo a acusação negando que tenha usado na campanha eleitoral helicóptero pago com dinheiro público e insinuou que Rogério Cafeteira teria praticado agiotagem. A situação ficou tensa, com a deputada bem mais agressiva do que usualmente, acusando o líder de partir para o ataque pessoal por não ter como defender o governo. Rogério Cafeteira fechou a sessão dizendo que, por ser mulher, Andrea Murad não teria a resposta que merecia. O clima só não esquentou mais ainda porque o presidente Humberto Coutinho encerrou a sessão.

O confronto aberto entre a oposicionista Andrea Murad e o líder governista Rogério Cafeteira já saiu do plenário, deixou o Palácio Manoel Bequimão e ganhou as redes sociais. Os vídeos postados estão dividindo opiniões, o que favorece à oposição e deixa o governo em posição de defesa, situação politicamente desconfortável. Há, porém, quem diga que os resultados das sindicâncias em curso no Sistema Estadual de Saúde poderão atingir o ex-secretário Ricardo Murad e inibir a deputada Andrea Murad. É uma incógnita com tempo de duração.

Esse confronto, que começou como um embate natural numa casa parlamentar, ganhou volume e terá desdobramentos, ou tornando mais brandos os ataques da deputada Andrea Murad, aliviando assim a tarefa do líder Rogério Cafeteira, ou tornando-os mais duros, mantendo o líder na zona de desconforto.

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

 

Moderação vã

O deputado Levi Pontes (PHS), um dos destaques da bancada governista por suas posições firmes e por sua inclinação para funcionar como moderador, já queimou vários cartuchos na missão que se impôs de tentar convencer a deputada Andrea Murad a pisar no freio. Médico por formação e militante de esquerda na juventude, por isso crítico implacável do modelo de saúde pública em vigor, ele bate forte nas ações de Ricardo Murad na Secretaria de Estado da Saúde, ao mesmo tempo em que tenta convencer a deputada pemedebista de que o certo é o que está sendo feito agora. Saiu-se mal em todas as investidas, obtendo sempre como resposta palavras duras de Andrea Murad.

 

Sarney culpado (?)

No seu artigo publicado ontem no Jornal Pequeno, o deputado federal José Reinado Tavares (PSB) fez uma denúncia que, se verdadeira, poderá gerar desdobramentos políticos sérios. Ele revelou que o Terminal de Armazenamento de Grãos do Maranhão, no Porto do Itaqui, teve sua conclusão atrasada em mais de cinco anos como consequência de perseguição política. Explica-se: o projeto do Tegram foi concebido no governo dele e deveria ter sido iniciado naquele período. Mas, segundo o ex-governador, de uma hora ara outra, sem justificativa nem explicação, o Governo Federal começou a criar uma série de empecilhos, exigências absurdas, que inviabilizaram o empreendimento, num processo que continuou no Governo Jackson Lago (PDT) e que misteriosamente desapareceram quando Roseana Sarney assumiu. O deputado José Reinaldo exibe convicção de que por trás de tudo estava o senador José Sarney (PMDB).

 

No comando

O senador João Alberto (PMDB) presidiu ontem boa parte da movimentada sessão do Senado. Numa boa e sem nenhum atropelo.

 

São Luís, 14 de abril de 2015.

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