
movimentaram a corrida aos Leões na última semana
Dois fatos ocorridos na semana que passou sinalizaram fortemente que o governador Carlos Brandão (PSB) se prepara, efetivamente, para colocar em prática o projeto de permanecer no cargo, abrindo mão de disputar o Senado, e lançar o secretário de Assuntos Municipalistas, Orleans Brandão (MDB), à sua sucessão. O primeiro foi a declaração do senador Weverton Rocha (PDT) em entrevista à TV Mirante, na última sexta-feira (11), afirmando que o mandatário maranhense vai coordenar a corrida eleitoral, sugerindo que ele permanecerá no cargo. E o segundo foi a manifestação de 25 dos 31 vereadores de São Luís em apoio à pré-candidatura de Orleans Brandão ao Palácio dos Leões. Os dois fatos ecoaram fortemente no meio político e fora dele, com repercussão nítida na oposição.
As declarações do senador Weverton Rocha foram as primeiras de um aliado nesse sentido. Até agora, políticos governistas vinham dizendo que o governador Carlos Brandão coordenaria o processo de escolha do candidato a governador e os preparativos da base governista para as eleições. O senador Weverton Rocha foi muito mais longe e colocou as cartas na mesa: “O presidente Lula nos orientou no sentido de estarmos todos juntos no mesmo palanque aqui no Maranhão, no palanque que ele participou. E quem é o comandante deste palanque, o líder desse processo? É o governador do Estado, que, inclusive, está muito bem avaliado”.
O senador pedetista não fez nenhum adendo ou ressalva apontando a possível candidatura do governador ao Senado. Daí suas declarações terem produzido em muitos a certeza de que o governador Carlos Brandão não será mesmo candidato ao Senado, sendo ele, Weverton Rocha, candidato do Governo a uma das vagas. Isso, claro, num contexto em que o próprio governador tem se mantido distante da discussão, afirmando e reafirmando que o ano em curso será inteiramente dedicado ao trabalho. E como nem ele nem seus porta-vozes desmentiram as declarações do senador, que já fala como seu aliado, os políticos e o eleitorado interpretam a situação com a velha fórmula segundo a qual “quem cala, consente”.
A reunião de 25 vereadores ludovicenses em apoio à pré-candidatura do secretário Orleans Brandão ao Governo repercutiu fortemente nas hostes do prefeito Eduardo Braide (PSD) e nas do vice-governador Felipe Camarão (PT), surpreendendo até mesmo alguns políticos governistas. Essa repercussão, que muitos evitaram externar, está no fato de que, historicamente, os vereadores de São Luís sempre jogaram pesado no toma lá, dá cá relacionado com candidaturas a governador, cientes de que são peças importantes na guerra pelo voto no maior e mais independente e politizado colégio eleitoral do Maranhão.
Um detalhe da mobilização dos vereadores por Orleans Brandão chamou a atenção: a presença do vereador Astro de Ogum, uma das estrelas do PCdoB estadual. Esse dado indica duas possibilidades: o vereador está de saída do partido – não há qualquer indicação nesse sentido -, ou o PCdoB está sofrendo um processo de erosão na Capital, correndo o risco de ficar sem representante na Câmara Municipal de São Luís. E não se diga que foi apenas um momento do vereador Astro de Ogum: ele aparece na frente do grupo, com o punho erguido, como que fazendo questão de exibir o seu entusiasmo com o projeto de candidatura do secretário de Assuntos Municipalistas.
Qualquer avaliação desses fatos certamente levará à conclusão de que o governador Carlos Brandão trabalha para permanecer no cargo até o fim, abrindo mão de ser senador.
PONTO & CONTRAPONTO
Felipe Camarão cumpre agenda intensa reafirmando ser candidato ao Governo
Em meio à intensa movimentação no cenário político estadual em relação aos preparativos para as eleições do ano que vem, o vice-governador Felipe Camarão (PT) não tem perdido tempo e cumpre agenda de pré-candidato ao Governo, condição que ele assumiu e mantém nas mais diversas situações. O fato principal da semana que passou foi a repercussão da eleição do novo comando estadual do PT, liderado pelo presidente reeleito Francimar Melo, que na primeira fala defendeu a união do partido e das forças aliadas em torno da candidatura do vice-governador à sucessão do governador Carlos Brandão.
Felipe Camarão cumpriu agenda intensa nos últimos dias. Depois de passar por Codó, onde o prefeito petista Chiquinho da FC o recebeu em clima festivo, apresentando-o à sua base no município, Felipe Camarão cumpriu uma série de compromissos. Ele anunciou aos professores do estado novidade no pagamento de precatórios do antigo Fundef; se fez presente numa reunião com estudantes e professores do Mestrado em Saúde Coletiva na UFMA; foi saudado pela Assembleia de Deus em Itapecuru-Mirim, participou, a convite, do Encontro Nacional da Polícia Rodoviária Federal em São Luís, recebeu de Frei Gilson bênção por sua união com Taynah Camarão. E foi a Bacabal, onde inspecionou as obras do Centro Educa Mais Estado do Ceará, sem a presença do prefeito Roberto Costa (MDB), que apoia declaradamente o projeto de candidatura de Orleans Brandão.
Em todas as oportunidades que teve, Felipe Camarão reafirmou que é pré-candidato ao Governo do Estado, seja como governador, no caso de o governador Carlos Brandão renunciar para ser candidato ao Senado, seja por via independente, no caso de o chefe do Executivo permanecer no cargo e lançar Orleans Brandão.
– Nada me impedirá de ser candidato – declarou, numa conversa informal em Bacabal.
Adversários de Braide tentam minar seu cacife sugerindo que ele não será candidato ao Governo
São cada vez mais fortes os rumores de que o prefeito Eduardo Braide (PSD) estaria avaliando seriamente a possibilidade de não entrar na disputa ao Governo do Estado em 2025. Esses rumores estão correndo com intensidade, ocupando o vazio existente com a falta de manifestação do prefeito ludovicense sobre o assunto.
Diante do fato de que a corrida aos Leões já foi deflagrada, contando até aqui com o vice-governador Felipe Camarão (PT) e o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim (Novo) como pré-candidatos assumidos e em ritmo de pré-campanha, e Orleans Brandão (MDB) como pré-candidato não declarado, mas em pré-campanha aberta e intensa na Capital e no interior.
A situação do prefeito Eduardo Braide nesse contexto é emblemática. Ele lidera as pesquisas de intenções de voto com larga vantagem, mas não disse até agora uma só palavra sobre o assunto, convertendo-se no maior mistério da política maranhense nos últimos tempos.
De uns dias para cá, algumas vozes começaram a minar a base do prefeito afirmando que ele não será candidato a governador ou sugerindo que ele não deve ser candidato. Os que dizem que ele não será candidato não mostram a cabeça e plantam essa impressão em espaços da blogosfera.
Já os que não o querem candidato jogam mais aberto. É o caso do deputado estadual Antônio Pereira (PSB), 1º vice-presidente da Assembleia Legislativa, que em discurso na tribuna defendeu a não candidatura do prefeito alegando que ele foi reeleito para governar a cidade por mais quatro anos.
O fato é que o silêncio do prefeito de São Luís pode ser uma estratégia – e ele é um estrategista político competente -, o que é mais plausível; mas também pode ser um recado de que não tem interesse no jogo, o que ainda não faz sentido.
São Luís, 13 de Julho de 2025.