
Adriano Sarney assume o comando
da Federação Brasil Esperança no Maranhão
A passagem de comando no braço maranhense da Federação Brasil Esperança (PT/PV/PCdoB), com a saída do deputado federal Márcio Jerry (PCdoB) e a ascensão do ex-deputado estadual Adriano Sarney (PV) ao posto de presidente, mais do que um mero movimento de rodízio na burocracia partidária, determinado por um acordo nacional, representou o posicionamento desses três partidos em relação à corrida sucessória, sendo eles declaradamente favoráveis à formação de uma chapa tendo o vice-governador Felipe Camarão (PT) como candidato a governador e o chefe do Executivo Carlos Brandão (PSB) concorrendo a uma cadeira no Senado da República. Eles reforçam uma tendência que começou a ganhar força nas últimas semanas, sinalizando que está em curso um processo de superação das diferenças que afastaram o governador Carlos Brandão do ex-senador Flávio Dino, atual ministro do STF. A senha para esse novo ambiente foram as reiteradas declarações do secretário de Assuntos Municipalistas, Orleans Brandão (MDB) afirmando que seu projeto é ser deputado federal, descartando entrar na briga pelo Palácio dos Leões.
Além de mostrar que estão afinados no plano geral, os três partidos deixaram no ar o recado segundo o qual vão entrar em campo agora, trabalhando pela viabilização política da chapa Camarão/Brandão, e também correndo em busca de viabilidade eleitoral para os seus candidatos a deputado federal e deputado estadual. Atualmente, existe um enorme desequilíbrio entre PT, PV e PCdoB. O primeiro saiu das urnas de 2022 apenas com o vice-governador, um deputado federal, sem nenhum deputado estadual. O PV maranhense não elegeu ninguém naquele pleito. O PCdoB levou a melhor, elegendo um deputado federal e cinco deputados estaduais, salvando a lavoura da Federação Brasil Esperança. O projeto cristalizado ontem tem como objetivo a eleição de representantes dos três partidos em 2025.
No plano majoritário, o braço maranhense da Federação Brasil Esperança trabalha com a lógica e se incorpora a um movimento que começa de fato a ganhar força em torno do vice-governador Felipe Camarão e do governador Carlos Brandão, repetindo a bem-sucedida fórmula de 2014 e 2018, com a chapa Flávio Dino/Carlos Brandão, eleita duas vezes no 1º turno. Para os chefes da Federação, a começar pelo presidente do PT, Francimar Melo, essa chapa é o caminho natural desses partidos e mais nove agremiações partidárias que formam a base de sustentação do governador Carlos Brandão, que comanda o poderoso braço do PSB no estado.
O coro pela chapa Camarão/Brandão ganha força a cada semana, já tendo um volume expressivo de apoiadores. Na semana passada, por exemplo, o ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União), que apoiou a candidatura do senador Weverton Rocha (PDT) em 2022, declarou que, mesmo não pertencendo ao grupo mais próximo do Palácio dos Leões, apoia a chapa tendo o governador como candidato a senador e o seu vice a governador. Manifestação no mesmo sentido foram feitas pelo ministro do Esporte, André Fufuca (PP), que trabalha para viabilizar sua candidatura a uma das vagas de senador, já tendo declarando que espera fazer dobradinha com o governador Carlos Brandão.
A chave desse projeto está nas mãos do governador Carlos Brandão, que é, de fato, o detentor das condições políticas para decidir os rumos da sua própria sucessão: é bem avaliado, comanda um Governo bem-sucedido e tem uma relação bem ajustada com a grande maioria dos prefeitos. Ele ainda não se pronunciou, mas o gesto de colocar o vice-governador Felipe Camarão na ciranda governistas de atos e inaugurações é um forte indicador de que deve seguir o caminho natural de fazer o sucessor e passar oito anos em Brasília como senador da República. Analistas de diversas tendências avaliam que sua permanência no Governo seria o fim da sua carreira, que até aqui tem sido linear e bem-sucedida em todos os aspectos.
Os líderes da Federação Brasil Esperança no Maranhão sabem o que estão fazendo quando defendem o “caminho natural” para a sucessão no estado.
PONTO & CONTRAPONTO
Ex-prefeito prevê vantagem de Braide em 2026 se Camarão não assumir o Governo
Repercutiu nos bastidores políticos a declaração do ex-prefeito de Timon, Luciano Leitoa (PDT), segundo a qual o prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD), pode ser eleito governador em 2026 se o vice-governador Felipe Camarão não assumir o Governo, concorrendo à reeleição no cargo.
Para ele, que faz oposição ao governador Carlos Brandão e conhece bem o cenário político estadual, principalmente a região Leste, onde atua, se o chefe do Executivo não renunciar em abril do ano que vem para se candidatar ao Senado, não passando o cargo para o vice-governador, o cenário se tornará favorável ao prefeito de São Luís. Vale lembrar que as pesquisas feitas até aqui para identificar as tendências para 2026 apontam o prefeito da Capital na liderança com vantagem expressiva.
O prefeito de São Luís nada declarou ainda sobre se será ou não candidato. Ele se reelegeu em turno único, com mais de 70% dos votos, e protagonizou alguns movimentos: o apoio à candidata bolsonarista Mariana Carvalho, do Republicanos, em Imperatriz e a decisão que o levou ao comando estadual do PSD.
Do ponto de vista da lógica avaliando o cenário do momento, o ex-prefeito de Timon faz uma previsão coerente. O problema é que a tendência dessa corrida sucessória é evoluir exatamente para o que ele prevê como obstáculo para Eduardo Braide.
Supremo decide hoje se transforma Bolsonaro em réu por trama golpista
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) terá seu futuro definido hoje pelo Supremo Tribunal Federal. Os 11 ministros da Corte Suprema decidirão se recebem ou não a volumosa e explosiva denúncia contra o ex-mandatário e uma penca de assessores, na qual são acusados de tramar um golpe de estado, cujo ponto alto foi a manifestação de 8 de janeiro de 2023, com a invasão e depredação das sedes dos três Poderes, em Brasília, por manifestantes bolsonaristas que passaram meses acampados numa praça pedindo que as Forças Armadas tomassem o poder na marra.
Baseadas na delação do tenente-coronel Cid, que durante quatro anos como ajudante de ordem, foi os olhos, os ouvidos e homem da mais absoluta confiança do então presidente da República, e nas investigações da Polícia Federal, a denúncia da Procuradoria Geral da República reúne provas robustas.
Elas mostram que nos dois últimos anos do Governo Bolsonaro o Palácio do Planalto foi transformado num ninho golpista, no qual foram tramadas toda sorte de armação para evitar a volta do presidente Lula da Silva (PT) ao poder pelo voto direto, o que aconteceu, apesar dos esforços. Além disso, os “gênios” do projeto de golpe chegaram ao delírio criminoso de planejar o assassinato do presidente Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes, da Suprema Corte.
O golpe não foi dado porque os comandantes do Exército e da Aeronáutica não fecharam com o projeto golpista, que foi apoiado pelo comandante da Marinha, que agora nega tudo, apesar das provas irrefutáveis.
Se a denúncia, que é consistente, for aceita pela Suprema Corte, o ex-presidente Jair Bolsonaro será transformado em réu e responderá a processo que pode levá-lo para a cadeia daqui a alguns meses. Se a denúncia não for aceita, será arquivada e o ex-presidente e sua turma ficará livre para continuar tramando.
Atenção: o acatamento ou não da denúncia da Procuradoria Geral da República nada tem a ver com a inelegibilidade do ex-presidente, que foi decidida por maioria na instância maior da Justiça Eleitoral. Culpado ou inocente, Jair Bolsonaro continuará inelegível.
São Luís, 25 de Março de 2025.