Quatro deputados ligados à disputa em São Luís enfrentam problemas na Justiça Eleitoral

Wellington do Curso, Fernando Braide,
Yglésio Moises e Neto Evangelista:
pendências na Justiça Eleitoral

Quatro deputados estaduais, três ligados diretamente e um indiretamente, à corrida para a Prefeitura de São Luís, encontram-se com sérias pendências na Justiça Eleitoral, que podem repercutir fortemente nos seus projetos para 2024. Respondendo por supostas fraudes na cota de gênero para a formação de chapas para as eleições de 2022, os deputados Wellington do Curso (PSC) e Fernando Braide (PSC) irão a julgamento no dia 18 de dezembro, podendo passar o Natal comemorando a absolvição e a manutenção dos seus mandatos ou amargando o gosto da cassação. Respondendo pelo mesmo crime supostamente pelo seu partido e com o julgamento já em andamento, o União Brasil, deputado Neto Evangelista mergulhou numa piscina de alívio na semana passada, quando o TRE formou maioria de quatro dos sete votos contra sua cassação, que tem inclusive o parecer do Ministério Público Eleitoral (MPE) a seu favor, mas o martelo ainda não está batido. E o deputado Yglésio Moises, que tenta sair do PSB sem perder o mandato, já ganhou de sete a zero no TRE, mas o partido não aceita e vai recorrer ao TSE, onde a decisão pode ser confirmada ou acontecer uma reviravolta.

A situação dos deputados Wellington do Curso e Fernando Braide ainda é absolutamente indefinida, com a agravante de que o Ministério Público Eleitoral opinou pela anulação dos votos do PSC para deputado estadual, o que na prática é a defesa da perda dos seus mandatos. O julgamento poderá ser rápido ou se estender por semanas ou meses. Se ambos forem absolvidos, o MPE poderá recorrer ou não ao TSE. Se forem cassados, poderão também recorrer à Corte maior.

Em caso de cassação, Wellington do Curso sofrerá uma perda brutal, pois isso significará a interrupção abrupta de uma carreira solitária, marcada por inúmeras dificuldades, mas reconhecida pela sua tenacidade, que começou com sua primeira eleição em 2014, com duas reeleições, estando ele no terceiro mandato. Nesse período, ele foi candidato à Prefeitura de São Luís (2016), surpreendendo meio mundo ao receber mais de 100 mil votos, ficando em terceiro lugar – o segundo turno se deu entre o então prefeito Edivaldo Holanda Jr. (PDT) e deputado estadual Eduardo Braide (PMN), com a reeleição do primeiro. Em 2020 teve o partido (PSDB) negado para se candidatar, e agora, quando se anuncia novamente como candidato a prefeito, corre o risco de ser cassado. Tem dito que se tiver o mandato confirmado irá para a disputa “com todo gás”.

A situação do deputado Fernando Braide é diferente. Ele se elegeu pelo PSC, e logo depois, por acordo, migrou para o PSD. Isso nada muda no processo a que responde na Justiça Eleitoral, porque o que vale é o partido pelo qual foi eleito, o PSC, cujos votos, incluindo os dele, poderão ser anulados. A relação do deputado Fernando Braide com a disputa para a Prefeitura de São Luís está no fato de ser ele irmão do prefeito Eduardo Braide, filiado ao mesmo partido, o PSD. A sua eventual absolvição ou cassação em nada interfere na posição do prefeito Eduardo Braide, a não ser o mal-estar político de uma eventual perda de mandato.

Os deputados Yglésio Moises (ainda no PSB) e Neto Evangelista (União Brasil) estão em situação parecida, em que pese a diferença da motivação dos seus processos de cassação. Yglésio Moises quer apenas deixar o PSB para poder disputar a Prefeitura de São Luís por outro partido. Ele poderia permanecer na legenda até a janela que certamente será aberta em março de 2024, quando poderia mudar de legenda. Nesse caso, estaria fora da disputa para a Prefeitura de São Luís, uma vez que não teria o aval do partido para se candidatar. Segue com a vantagem de ter recebido sete votos a zero a favor da sua saída do PSB sem perdas do mandato. Mas o comando partidário vai recorrer ao TSE, o que torna sua situação incerta, pelo menos por enquanto, mas com amplas chances de ser confirmada, dando-lhe o direito de se filiar a outra legenda e ser candidato.

O caso do deputado Neto Evangelista é diferente porque o seu partido (União Brasil) está sendo acusado de fraude, podendo ter seus votos anulados. Se isso acontecer, o deputado perderá seu mandato. Na peleja no TRE, Neto Evangelista já escapou da degola, quatro dos sete desembargadores eleitorais votaram contra a anulação dos votos, livrando-o assim da perda de mandato. Se for absolvido, Neto Evangelista será candidato a prefeito de São Luís, como em 2020, quando ficou em terceiro lugar. Se não, sofrerá um duro golpe na sua bem-sucedida carreira.

Vale registrar que além do MPE, os vários suplentes estão se preparando para esgotar todos os recursos para vê-los sem mandato.

PONTO & CONTRAPONTO

Tese de duas candidaturas governistas volta à mesa do MDB

Duarte Jr. e Neto Evangelista: candidatos
apoiados pelo Palácio dos Leões

A situação mais amena do deputado Neto Evangelista (União Brasil) na Justiça Eleitoral recolocou a tese de dois candidatos ligados ao Governo à Prefeitura de São Luís, defendida por vozes do MDB, a começar pelo vice-presidente regional do partido, deputado Roberto Costa.

Por essa estratégia, o deputado federal Duarte Jr. (PSB) será candidato por PSB e PP e por PT, PCdoB e PV, que formam a Federação Brasil Esperança. E o outro candidato alinhado ao Governo seria o deputado Neto Evangelista (União Brasil), que sairia por seu partido com o apoio do MDB e outras legendas mais próximas da aliança governista.

Vale registrar que não existe ainda uma conversa amadurecida dentro do MDB sobre isso, mas a tese está circulando com alguns apoios importantes dentro do partido. E ela encorpa um dado importante: quem for para o segundo turno terá o apoio integral e incondicional do outro candidato e seu grupo partidário.

A linha do partido deve ser anunciada na convenção do dia 1º de dezembro. Mas o fato é que há no MDB uma posição geral e fundamental: qualquer decisão terá de ter o aval do governador Carlos Brandão, com quem o MDB está estreitamente alinhado.

Assembleia corta gastos em 25% para ajustar finanças no final do ano

Iracema Vale determina corte de 25%
nos gastos da Assembleia Legislativa

A Assembleia Legislativa decidiu cortar 25% de todos os seus gastos neste final de ano. A decisão foi tomada pela presidente Iracema Vale (PSB), com o aval da Mesa Diretora, como forma de ajustar a situação financeira do Poder Legislativo à realidade de ajustes porque para o Governo do Maranhão.

O anúncio foi feito ontem pelo diretor-geral Ricardo Barbosa. Ele explicou que o corte se deu em razão dos efeitos da conjuntura macroeconômica e do cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal. Para tanto, a presidente Iracema Vale, com o aval da Mesa Diretora, editou a Resolução Administrativa nº 1.200/2023, publicada no Diário da Assembleia de 18 de outubro de 2023, determinando um corte de despesas em todas as áreas da ordem de 25%.

De acordo com o diretor-geral, a presidente da Assembleia Legislativa tomou essa decisão orientada pelo procurador-geral da do Poder, Bivar Batista, com base na legislação que rege a Administração Pública, no cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº 101/2000), que estabelece normas de finanças públicas voltadas à gestão fiscal. Entre as medidas de cortes de gastos consta a de suspensão das nomeações para os cargos de livre provimento até 31 de dezembro de 2023.

“A gestão da presidente Iracema é focada na transparência e no cumprimento rigoroso dos princípios constitucionais da Administração Pública, dispostos na Constituição Federal de 1988, sobretudo os da eficiência e da economicidade, e da Lei de Responsabilidade Fiscal. Por isso, foram adotadas essas medidas no sentido de garantir principalmente mais eficiência e economicidade”, esclareceu o procurador-geral da Assembleia Legislativa.

O diretor-geral Ricardo Barbosa fechou o anúncio justificando o ajuste financeiro: “Essas medidas vão assegurar que a Assembleia Legislativa cumpra rigorosamente com suas obrigações na execução do orçamento financeiro de 2023”.

São Luís, 25 de Novembro de 2023.

Caravana Federativa reforça a produtiva relação dos Leões como Planalto

Carlos Brandão e Alexandre Padilha entre Diego Galdino
e Rubens Jr. (e) e Eliziane Gama e Inácio Melo (d) e ações da Caravana Federativa no Ceprama

Caravana Federativa. O título sugere vários significados, mas o que ele de fato significa surpreende: dezenas e dezenas de servidores federais, representando mais de 30 ministérios – isso mesmo, 30 ministérios -, autarquias, órgãos vinculados, instituições diversas e bancos públicos oferecendo assistência na elaboração de projetos, obtenção de recursos e solução de problemas processuais dos municípios. Na prática: um prefeito com dificuldade de liberar um recurso represado nos cofres da União, ao invés de ir à Brasília e enfrentar a muralha ministerial, senta com um técnico da área, relata o problema e recebe todas as informações a respeito de como deve agir para resolver a pendência, podendo até mesmo encaminhar a solução. Isso vale para elaboração de projeto em qualquer área, obtenção do roteiro para crédito em bancos oficiais, assim como chegar com facilidade ao banco de dados do IBGE para acessar qualquer dado a respeito do seu município, e por aí vai.

É o que faz desde ontem em São Luís a Caravana Federativa, uma força-tarefa da máquina administrativa federal que corre o País para estabelecer uma relação mais próxima e mais produtiva com estados e municípios, que são os principais alvos dessa arrojada ação do Governo de Brasília. Até o final da tarde de ontem, as equipes instaladas no grande salão do Ceprama, na Madre Deus, haviam realizado nada menos que 1.800 atendimentos a prefeitos, vice-prefeitos, secretários municipais e/ou representantes credenciados por Prefeituras. O dado foi informado no início da noite, quando o ministro das Relações Institucionais

, Alexandre Padilha (PT), que lideras a ação, se reuniu com o governador Carlos Brandão (PSB), em ato com secretários e congressistas, como a senadora Eliziane Gama (PSD) e o deputado federal Rubens Jr. (PT), vice-líder do Governo da Câmara Baixa, e Diego Galdino, representante do ministro da Justiça e Segurança Pública Flávio Dino.

Entusiasmado e assinalando que São Luís é a quinta capital por onde a Caravana Federativa passa, sinal do prestígio do Maranhão com o presidente Lula da Silva (PT), o ministro reafirmou todos os compromissos assumidos com o palácio do Planalto com o palácio dos Leões, a começar pelo pacote maranhense do PAC no qual a União vai aplicar nada menos que R$ 90 bilhões nos próximos três anos. Isso sem falar nos recursos mais imediatos acertados com a vinda de mais de 30 ministros ao Maranhão em 11 meses, a exemplo da ministra da Saúde, Nísia Trindade, que esteve em São Luís na quarta-feira (22), e o ministro da Educação, Camilo Santana, que desembarca na Ilha na segunda-feira (27), na segunda visita de trabalho ao estado em menos de três meses. “Todos os ministros que vieram ao Maranhão trouxeram algum investimento para o estado”, declarou o ministro Alexandre Padilha, dourando a pílula.

Por sua vez, fazendo questão de dizer que estava feliz, o governador Carlos Brandão confirmou, de maneira enfática, a benéfica e produtiva relação que ele mantém com o presidente Lula da Silva, reconhecendo que o Maranhão está sendo bem tratado por Brasília. Disse que além do pacote do PAC, vários recursos já foram liberados, enquanto outros estão a caminho, como os R$ 2,5 bilhões no projeto industrial da Inpasa, em Balsas, conseguido com o apoio direto do vice-presidente Geraldo Alckmin. O governador disse, na sua fala, não ter sequer imaginado que o Maranhão receberia mais de trinta ministros em menos de um ano. “Todo dia tem um jatinho da Força Aérea aqui em São Luís. Isso nos deixa muito feliz e confiante”, declarou. E anunciou que o presidente Lula da Silva virá em breve inaugurar três mil casas populares em São Luís. E calculou que essas ações, somadas às bancadas pelo próprio Governo estadual, permite que Maranhão tenha maios de 800 obras em andamento, transformando o Maranhão no 2º estado que mais emprega no Brasil, conforme dado divulgado nesta semana pelo IBGE.

A Caravana Federativa encerra suas atividades hoje, às 14 horas, em meio à expectativa de que sejam realizados pelo menos 2,5 mil atendimentos.

PONTO & CONTRAPONTO

As motivações dos votos de Weverton e Eliziane na PEC que limita poderes do Supremo

Weverton Rocha, Eliziane Gama e Ana Paula
Lobato: diferenças em relação ao Supremo

Não surpreendeu o posicionamento dos senadores maranhenses na votação, na Câmara Alta, da PEC que tira dos ministros do Supremo Tribunal Federal o poder de decidir, monocraticamente, sobre a constitucionalidade de uma lei, decisão que só poderá ser tomada pelo colegiado da Corte.

Como é sabido, o senador Weverton Rocha (PDT) votou a favor, alinhado ao presidente do Senado, senador Rodrigo Pacheco (PSD), reforçando também a aliança com o senador Davi Alcolumbre, candidato à sucessão do atual presidente no comando da Casa. Há quem diga que agiu certo, mas há quem avalie que cometeu um grave equívoco político.

A senadora Eliziane Gama (PSD) decidiu esse voto com seus botões, preferindo alimentar sua visão legalista e ficar entre os 20 que decidiram manter inalteradas as prerrogativas do Supremo. Na avaliação da senadora, as condições atuais são mais garantidoras do equilíbrio entre os Poderes.

A ausência da senadora Ana Paula (PSB) impede que se saiba o que ela pensa a respeito.

Nota da Assembleia de apoio a Dino fez sentido e está no contexto do cenário político

Iracema Vale: apoio a Flávio Dino

Algumas vozes estranharam a nota da Assembleia Legislativa de apoio ao ministro da Justiça e Segurança Pública Flávio Dino.  A presidente do Poder Legislativo, deputada Iracema Vale (PSB), e todos os membros da Mesa e o aval da quase totalidade do plenário, avaliaram que o ministro Flávio Dino está sendo injustiçado por alguns segmentos, exatamente pela competência com que vem comandando a pasta que desde janeiro enfrenta os maiores desafios para manter a solidez do estado democrático de direito no Brasil. E a denúncia de que o jornal O Estado de S. Paulo agiu com má fé jornalística só confirmou o cenário da campanha destinada a minar, principalmente, a indicação de Flávio Dino para a vaga no Supremo Tribunal Federal.

Segue o conteúdo integral da nota assinada pela presidente Iracema Vale:

A Assembleia Legislativa do Maranhão manifesta total apoio, reconhecimento e confiança no excelente trabalho do ministro da Justiça e Cidadania, Flávio Dino, em defesa dos brasileiros e maranhenses, tendo esta Casa do Povo do Maranhão, aprovado, por sua imensa maioria, Votos de Congratulações ao ministro, nosso senador e ex-governador do Estado.

Deputada Iracema Vale

Presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão.

São Luís, 24 de Novembro de 2023.

Guinada de Yglésio ao bolsonarismo define identidade ideológica, mas pode fechá-lo num gueto

Jair Balsonaro avaliza Yglésio Moises como
seu porta-voz na corrida em São Luís

Ao buscar e obter chancela para representar o bolsonarismo na corrida à Prefeitura de São Luís, o deputado estadual Yglésio Moises (ainda no PSB e com futuro partidário incerto) conseguiu a tão almejada identidade ideológica, tornando-se, finalmente, um quadro da direita radical, definição pela qual vinha brigando tenazmente nos dois últimos anos. Ao mesmo tempo, atraiu para sua carreira uma série de incertezas e riscos políticos, alguns com elevada gravidade, obrigando-se a viver, às vezes, numa espécie de corda bamba, e, aqui e ali, numa tensa disputa na mesclada seara da direita no Maranhão. O seu desafio começa na corrida ao Palácio de la Ravardière, na qual a chamada “direita pé no chão”, equilibrada e democrática, já tem candidato, o prefeito Eduardo Braide, filiado ao PSD, o melhor exemplo dessa direita que torce o nariz para a banda radical, representada pelo bolsonarismo, e que alimenta flertes com o centro.

Ao se tornar o representante do bolsonarismo na política de São Luís, por designação do próprio ex-presidente Jair Bolsonaro, conforme divulgado pelo parlamentar, o deputado Yglésio Moises fez a opção consciente de que será parte de uma espécie de gueto ideológico. Ao invés de representar a direita pé no chão, democrática, ele corre o sério risco de ser acolhido pela bolha bolsonarista, olhado e identificado por outros segmentos como um militante e porta-voz da direita radical, extremista, armamentista e golpista, que são exatamente os traços que identificam o bolsonarismo, o que há de mais atrasado no espectro político e ideológico brasileiro, segundo a avaliação de pelo menos oito entre dez cientistas políticos debruçados sobre esse cenário.

Político inteligente e preparado, mas com imensa dificuldade de assimilar a ideia de que partido político é uma instituição coletiva – e a prova disso está na sua passagem pelo PDT, PROS e PSB -, o deputado Yglésio Moises vive a estranha e curiosa situação do político que finalmente encontrou a sua identidade ideológica na direita bolsonarista, mas está filiado a contragosto a um partido de centro-esquerda, o PSB, e não encontra uma legenda à direita que o receba de braços abertos. (No que diz respeito a essa estranha situação, o parlamentar trava uma guerra judicial com a cúpula do partido pelo direito de deixar a legenda sem perder o mandato, mas o partido não aceita, mantendo a exigência legal segundo a qual se ele deixar a legenda, perde a cadeira na Assembleia Legislativa. Ele trabalha com a convicção de que levará a melhor na Justiça).   

No campo partidário da direita, o maior partido no Maranhão é o PL, comandado com mão de ferro pelo deputado federal Josimar de Maranhãozinho, e que tende a apoiar o prefeito Eduardo Braide, não havendo espaço para o deputado Yglésio Moises O Republicanos, controlado pelo deputado federal bolsonarista Aluízio Mendes, aposta alto na reeleição do prefeito Eduardo Braide. O PRD, resultado na fusão do Patriotas com o PTB, comandado pelo deputado federal Marreca Jr., tende a seguir a orientação do governador Carlos Brandão (PSB). Surgiu um zumzum de que o deputado Yglésio Moises, mesmo agora identificado como um político da direita radical, poderia filiar-se ao PSDB, um símbolo do centro que está renascendo e ganhando músculos a batuta do atual chefe da Casa Civil Sebastião Madeira, mas vozes tucanos descartaram a possibilidade.

Político que calcula seus passos, incluindo nesses cálculos os riscos década guinada que dá na sua carreira solitária, o deputado Yglésio Moises sabe que vai perder grande parte dos votos que tem no centro, e na esquerda, e que terá de buscar compensação na direita bolsonarista nas suas eleições para a Assembleia Legislativa. Movido por visível pragmatismo político, dada a facilidade com que ajusta seu discurso, tem consciência de que seus movimentos radicais dificilmente lhe abrirão as portas do Palácio de La Ravardière em 2024 e tornam incerto o seu destino em 2026.

PONTO & CONTRAPONTO

Com maioria do TRE, Neto Evangelista ganha fôlego para definir candidatura em SL

Neto Evangelista: alívio com a
maioria do TRE contra cassação

Até ontem com o cutelo da Justiça sobre seu mandato, correndo o risco de perder a sua cadeira na Assembleia Legislativa e atropelar sua carreira, o deputado Neto Evangelista (União) respirou ontem o ar puro do alívio ao ver formada no TRE maioria contra a cassação do seu mandato por conta de uma tramoia feita pelo seu partido em relação à cota de gênero para as eleições de 2022

O deputado Neto Evangelista viveu meses de tensa expectativa em relação ao processo pelo quando o Republicanos e o suplente de deputado estadual Inácio Melo o acusaram de ter sido beneficiado por uma candidatura feminina armada pela direção partidária para preencher a cota feminina da chapa do União para deputado, da qual Neto Evangelista foi o único eleito.

O Ministério Público Eleitoral rejeitou a denúncia, e o relator da matéria no TRE concordou, aceitando o argumento da defesa de que Neto Evangelista não teve nada a ver com a traquinagem da cúpula partidárias, não sendo justa a cassação do seu mandato – o qual, diga-se, foi lastreado por boa votação.

Ainda faltando três votos, mas com maioria garantida – os juízes ainda podem mudar seus votos, mas no caso é improvável -, Neto Evangelista ganha fôlego para continuar atuando, inclusive com novo ânimo para definir a sua participação na disputa perla prefeitura de São Luís. Lembrando que ele foi o terceiro colocado na corrida municipal de 2020.

Mas a experiência e a prudência recomendam cautela – e caldo de galinha – até que a votação seja fechada.

Câmara de São Luís: falta a sessão ordinária vai pesar no contracheque

Paulo Victor adotou medida a pedido de vereadores

Os vereadores de São Luís serão submetidos a um novo regime funcional: serão obrigados a marcar presença nas sessões de segundas, terças e quartas-feiras, quando a Câmara Municipal, que é formada por 31 membros, realiza sessões ordinárias, com votações. A decisão foi tomada pelo presidente Paulo Victor (PSDB), na sessão de ontem, depois de um protesto feito por vários vereadores, entre eles o ex-presidente Astro de Ogum (PCdoB), o Coletivo Nós (PT) e o vereador Marcial Arruda, sob o argumento de que a ausência de vereadores prejudica os demais na votação de projetos.

A falta de quórum em sessões ordinárias tem sido motivo eventual de mal-estar no Palácio Pedro Neiva de Santana. Vários projetos considerados importantes por seus autores não foram votados, causando indignação nos seus autores, que registraram protestos. O presidente Paulo Victor já havia apelado aos seus pares sobre a necessidade de quórum nas sessões ordinárias, tendo algumas vezes advertido sobre a possibilidade de medidas nesse sentido.

O resultado é que a partir de agora a ausência nessas sessões será descontada no contracheque.

São Luís, 23 de Novembro de 2023.

Assembleia aprova PL que derruba cota e libera o acesso de mulheres à PM por concurso público

Iracema Vale e Roberto Costa comemoram
aprovação do projeto que valoriza a mulher

A Assembleia Legislativa deu ontem mais um passo importante para se manter alinhada aos novos tempos, ao aprovar, por pela unanimidade dos presentes à sessão, o Projeto de Lei 704/2023, de autoria da presidente da Assembleia Legislativa, deputada Iracema Vale (PSB), e do deputado Roberto Costa (MDB), que torna livre o ingresso de mulheres nos quadros da Polícia Militar do Maranhão. O PL aprovado altera o Art. 3º da Lei 7.688/2001, que limitava a 10% a participação de mulheres quadros da instituição. Se o PL for sancionado pelo governador Carlos Brandão (PSB), o ingresso de mulheres nos quadros da PM, por concurso público, será livre. Com a mudança, o número de mulheres nos quadros da PM dependerá agora do desempenho delas e deles nos concursos públicos. A bola agora está com o governador Carlos Brandão (PSB), que poderá sancionar o PL, o que é esperado, ou veta-lo, se houver inconstitucionalidade.

A mudança da regra, que na prática extingue a chamada “cota de gênero” para ingresso por concurso na PM, tem uma forte expressão simbólica. Isso porque, mesmo em se tratando da normatização em uma só instituição, a nova regra tem uma importância excepcional. A começar pelo fato de que a Polícia Militar, pela natureza da sua razão de ser, é uma instituição conservadora, que resistiu muito a quebrar a exclusividade de homens nos seus quadros. Essa mudança veio em 2001, quando numa iniciativa modernizadora para a época flexibilizou o que era quase um monopólio masculino, para abrir 10% dos seus quadros para mulheres. Essa regra encontra-se vigente.

E foi em meio ao debate sobre as limitações relativas à participação das mulheres nos quadros do serviço público, que os deputados Iracema Vale e Roberto Costa resolveram unir as forças para dar o grande passo em relação à Polícia Militar. A instituição policial continuava como um bastião no qual a questão de gênero permanecia sob a tutela de líderes conservadores. Tanto que a cota de 10% sobreviveu por mais de duas décadas, resistindo às mudanças radicais ocorridas no Brasil no que diz respeito à participação do gênero feminino na vida produtiva do Brasil.

Ao propor a mudança, o deputado Roberto Costa argumentou que a cota de 10% não faz mais qualquer sentido, por ser uma norma fora da realidade, não condizente com os princípios fundamentais de igualdade. Ressaltou que, por conta da limitação, mulheres bem qualificadas, capacitadas perdem a oportunidade de ingressar na carreira policial- militar. “Não podemos admitir que, nos tempos de hoje, ainda possam existir leis que impeçam o ingresso das mulheres na função pública. Essa lei vem exatamente assegurar que, se ela fez o concurso, se ela passou pelo teste físico e foi aprovada, ela tem, sim, o direito à vaga conquistada, independente de cota, respeitando as vagas totais e a disputa entre homens e mulheres”, destacou Roberto Costa.

Coautora do PL, a presidente Iracema Vale assinalou que ao aprova-lo, o Parlamento Estadual está fazendo história na luta pela igualdade de gênero. “Pela primeira vez, em duzentos anos, tem uma mulher à frente desta Casa, além da maior bancada feminina já eleita. Isso fortalece o nosso compromisso em garantir que as mulheres ocupem espaços em suas áreas de atuação”, enfatizou a presidente da Assembleia Legislativa. “Hoje, as policiais militares atuam nas mais diversas funções, desempenhando atividades operacionais, especializadas e administrativas, assumindo funções de comando e gestão, mas ainda sofrem com essa limitação. Só queremos equidade”, concluiu.

Vale lembrar que Polícia Militar do Maranhão tem 187 anos e pela primeira vez na sua história passará a igualdade de direito entre homens e mulheres no preenchimento do quadro da corporação. Atualmente, a PMMA não tem nem 6% de mulheres nos seus quadros. Essa visível distorção será corrigida nova regra, que além de promover a igualdade de gênero, reconhece o papel fundamental que as mulheres podem desenvolver na segurança pública.

A bola está com o governador Carlos Brandão.

PONTO & CONTRAPONTO

Desembargador: TJ pode devolver hoje lista sêxtupla à OAB

Paulo Velten pode devolver à OAB lista
a ser entregue por Nelma Sarney

Tudo leva a crer que o imbróglio que envolve a escolha do desembarcador pelo Quinto Constitucional da OAB pode ter um desfecho hoje no Tribunal de Justiça, ou, pelo menos, ser objeto de um novo capítulo da novela que vem se desenrolando desde abril. A primeira eleição foi fraudada e anulada no final de abril. A segunda, realizada em maio, valeu e os 12 mais votados passaram pelo crivo do Conselho Seccional, que escolheu seis e os encaminhou ao Tribunal de Justiça, que deveria escolher três e mandar a lista tríplice ao governador do Estado. Ali, por conta do véu de suspeitas e de uma discussão sobre as regras para que o TJ transforme a lista sêxtupla em lista tríplice, o roteiro brecou e gerou um confronto legal que acabou no CNJ.

A situação do momento é a seguinte: depois de uma série de marchas e contramarchas desde que chegou ao Tribunal de Justiça, a lista sêxtupla, há algum tempo sob vistas da desembargadora Nelma Sarney, deverá ser devolvida hoje ao plenário. E independentemente de qual seja a conclusão e o voto da magistrada, a esmagadora maioria dos desembargadores seguiu o presidente Paulo Velten na decisão de devolver a lista à OAB, o que, na prática, remete o processo de escolha quase à estaca zero.

Enquanto o imbróglio não se resolve, os seis escolhidos – Lorena Soares, Josineile Pedroza, Ana Brandão, Flávio Costa, Hugo Passos e Gabriel Costa – permanecem mergulhados em tensa expectativa.

Vozes da direita radical na Câmara de São Luís e na Assembleia Legislativa festejam eleição de Milei

Marquinhos e Mical Damasceno:
discurso afinado

Está em curso um movimento parlamentar nas três esferas – federal, estadual e municipal – no qual a direita, por seu viés mais radical, notadamente os segmentos que seguem a orientação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tenta convencer os brasileiros de que a vitória do ultradireitista Javier Milei na Argentina foi uma vitória da extrema-direita bolsonarista e uma derrota do governo de centro-esquerda liderado pelo presidente Lula da Silva (PT). Na mesma linha, fazem uma defesa quase religiosa de Israel, quase satanizando quem demonstra alguma preocupação com os palestinos.

Na segunda-feira, o vereador Marquinhos (PSC) subiu à tribuna da Câmara Municipal de São Luís e fez um contundente discurso enfocando os dois temas. Primeiro festejou, quase que como um argentino da direita radical, a eleição de Javier Milei, apostando todas as suas fichas que ele vai tirar a Argentina do sufoco implodindo o Banco Central de lá. Em seguida defendeu, como que dominado por uma comoção, o direito de Israel se defender, sem dizer uma palavra em solidariedade aos palestinos vítimas numa guerra em que a proporção já é a de sete palestinos mortos para cada judeu morto. Para ele, Israel de agora é o mesmo Israel da Bíblia, protegido pelo Criador contra o resto do mundo.

Ontem, na Assembleia Legislativa, a deputada Mical Damasceno (PSD), que é evangélica roxa e integra a falange bolsonarista. Fez o mesmo discurso. Festejou a eleição de Javier Milei como se o episódio fosse uma vingança pela derrota do bolsonarismo, manifestando também convicção de que o novo presidente argentino vai salvar a Argentina e a América Latina. Mical Damasceno declarou estar convencida de que a vitória da direita radical na Argentina se repetirá em Portugal, com a possível eleição do direitista André Ventura, e nos Estados Unidos, com a pretensa volta de Donald Trump ao poder. A deputada já defendeu apaixonadamente o direito de Israel de se defender, não dando importância à morte de palestinos civis.

São Luís, 22 de Novembro de 2023.

Pesquisa reforça tendência de que disputa em São Luís será mesmo entre Braide e Duarte Jr.

Eduardo Braide e Duarte Jr. lideram corrida sem
chance para Edivaldo Jr., Neto Evangelista,
Yglésio Moises, Wellington do Curso,
Fábio Câmara e Diogo Gualhardo

A pouco mais de dez meses das eleições municipais, uma nova pesquisa sobre a corrida à Prefeitura de São Luís, feita pelo instituto Três Pesquisas para a TV Difusora e divulgada ontem, parece haver colocado as coisas nos seus lugares, depois de alguns levantamentos que não convenceram. Na nova pesquisa, o prefeito Eduardo Braide (PSD) lidera com 34,4% das intenções de voto, e o deputado federal Duarte Jr. (PSB) se mantém na segunda posição com 25%, construindo um cenário no qual a disputa se dará entre eles dois.

Essa tendência se dá porque os demais aspirantes aparecem assim: o ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr. (sem partido) com 6,5%, o deputado estadual Neto Evangelista (União) o segue com 4,1%, e é seguido pelo deputado estadual Yglésio Moises (ainda PSB) com 4,0% e do deputado estadual Wellington do Curso (PSC) com 3,6%. Fecham o bloco da rabeira o ex-vereador Fábio Câmara (PDT) com 2,9% e o empresário Diogo Gualhardo (Novo) com 0,4%. Além disso, 7,5% não souberam ou não quiseram responder, e 11,6% não querem conversa com nenhum deles e votarão nulo ou em branco.

A chamada pesquisa Difusora aponta três blocos muito claros. O primeiro é que tudo continua indicando que a disputa será entre o prefeito Eduardo Braide e o deputado federal Duarte Jr.. Eles caminham para repetir 2020 com a indicação de que podem ser mandados para um segundo turno em 2024, para uma espécie de tira-teima definitivo, quando essa guerra, que começou na campanha de 2020, será finalmente concluída. Os números falam alto, e mesmo que haja uma ou outra distorção, ou algum arremedo de surpresa, é quase certo que nada mudará esse desfecho anunciado com cara de revanche. A própria pesquisa fez essa indagação e a resposta foi a de que o eleitor acredita num segundo turno entre Eduardo Braide e Duarte Jr., apurando que o prefeito sairia das urnas com 43,1% e o deputado obteria 35,3%.

E a explicação para essa tendência está no que os eleitores ouvidos vêm sinalizando a respeito dos demais candidatos. Os ludovicenses estão dizendo que nada têm contra o ex-prefeito Edivaldo Jr., mas que o tempo dele já passou. Isso porque está demonstrado que, mesmo depois de oito anos no poder municipal, ele não deixou na população um sentimento de “quero mais”. O deputado Neto Evangelista não conseguiu seduzir a classe média ludovicense, mesmo sendo um produto político com alguns traços da cidade – tem forte base na Ilhinha, por exemplo, mas não chegou às avenidas Castelo Branco e Colares Moreira.

O deputado Yglésio Moises, inegavelmente um homem inteligente e preparado, encontra-se, no entanto, mergulhado numa transformação ideológica radical e num complexo xadrez partidário de desfecho imprevisível, que empanam o seu bom desempenho parlamentar e impede o seu credenciamento à luta pela Prefeitura. Por sua vez, o deputado Wellington do Curso, cuja atuação parlamentar em relação a São Luís equivale à de um vereador, uma vez que ele mira sempre no micro – o buraco, o lixo na esquina, a falta de energia na rua X, etc. – e não passa ao eleitorado o que de fato pretende fazer para melhorar a vida numa cidade que abriga hoje 1,2 milhão de pessoas e que é detentora do título de Cidade Patrimônio da Humanidade.

Os dois que se encontram na ponta de trás, Fábio Câmara e Diogo Gualhardo, estão destinados a ver o trem passar. Fábio Câmara já passou por esse teste representando o MDB, quando o emedebista Michel Temer presidia a República, e foi severamente reprovado. Sem qualquer traço de humildade, entra de novo no jogo, agora pelo PDT, correndo o risco de ser de novo reprovado e levando junto o partido criado por Jackson Lago, que deu as cartas na cidade por mais de duas décadas. E, finalmente, o empresário Diogo Gualhardo, uma novidade com um discurso de viés ideológico no qual se propõe a “unir a direita” em São Luís, mas cometendo o erro primário de não dizer quais pontas da direita pretende unir. Sim, porque são tantas as pontas, que talvez ele próprio não saiba identificar. Será, por exemplo, que está nos seus plenos atrair para essa tal união o prefeito Eduardo Braide, é um político de direita católica, mas com perfil democrático? Se pretende atrair a extrema-direita bolsonarista terá de se ver com o deputado Yglésio Moises, que não é fácil.

Os números são claros e indicam a confirmação de uma tendência, que só será mudada com um improvável evento excepcional.

Em Tempo: A pesquisa ouviu 800 eleitores entre os dias 10 e 12 de Novembro, nas zonas urbana e rural de São Luís. Tem margem de erro de 3,5 pontos percentuais para mais ou para menos, grau de confiança de 95% e está informada à Justiça Eleitoral.

PONTO & CONTRAPONTO

Ação de Roberto Costa em Bacabal explica sua liderança na corrida à Prefeitura

Abraçada a Roberto Costa, paciente comemora cirurgia
entre Iracema Vale, Antônio Pereira e Davi Brandão

Há alguns dias, numa roda de conversa sobre política, uma figura conhecida fez uma indagação curiosa: o que haveria por trás da liderança tão destacada do deputado estadual Roberto Costa (MDB) na corrida à Prefeitura de Bacabal, segundo todas as pesquisas feitas até aqui. Um dos políticos presentes, respondeu na bucha: “Trabalho”.

A palavra mágica usada pelo político ganhou a forma de ação no último fim de semana num mutirão que livrou nada menos que mil pessoas, a maioria idosos, de um mal angustiante: a catarata. Os beneficiados foram atendidos numa ação do programa “Amor no Olhar”, por meio do qual aquelas receberam o presente da visão. O mutirão de cirurgias de catarata e pterígio aconteceu na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Bacabal e foi viabilizada pelo trabalho político do deputado Roberto Costa (MDB), que destinou parte dos seus recursos de emendas aquela finalidade no município.

Para atender aos mil bacabalenses cadastrados, o mutirão reuniu 100 médicos e pessoal de apoio – enfermeiros e técnicos – e durou três dias. A ação foi um movimento liderado pelo deputado Roberto Costa, que contou com o apoio do governador Carlos Brandão (PSB). A ação de saúde foi quase transformada numa festa cívica, que levou a Bacabal a presidente da Assembleia Legislativa, deputada Iracema Vale (PSB), e o 1º secretário do parlamento, deputado Antônio Pereira (PSB, que acompanharam o deputado Roberto Costa, além do deputado Davi Brandão (PSB), que é bacabalense.

“Temos que agradecer a parceria do nosso governador e parabenizar a iniciativa do deputado Roberto Costa, que fez mais um gesto de declaração de amor por Bacabal, onde a gente é testemunha da sua dedicação, do seu empenho e compromisso com a população. Quando a gente vê um político assim atuante, com os olhos voltados principalmente para aqueles que mais precisam, a gente se sente feliz e com vontade de apoiar”, disse a presidente Iracema Vale.

Roberto Costa declarou: “Fico muito feliz de ver mais de mil pessoas tendo a sua dignidade resgatada, porque estamos conseguindo trazer de volta a alegria e o amor para os olhos desses bacabalenses. Agradeço muito o apoio do governador Carlos Brandão, que tem sido amigo da cidade de Bacabal e nos ajudado muito nessas ações, assim como a presidente da Assembleia, deputada Iracema Vale”, destacou Roberto Costa.

O episódio explica a liderança do parlamentar na corrida ainda não declarada à Prefeitura de Bacabal.

Vereadores aprovam mais sete projetos de lei para São Luís

O presidente Paulo Victor comandou a votação dos projetos

A Câmara de São Luís continua pródiga na normatização da vida em São Luís por meio da aprovação de leis. Ontem, por exemplo, os vereadores aprovaram sete projetos de lei, que entre outros temas, modificam o calendário da Capital e sobre a difusão de direitos.

A vereadora Karla Sarney (PSD), por exemplo, propõe, através do Projeto de Lei n° 161/23, a instituição da Semana Municipal do Empreendedorismo e da Inovação em São Luís. Já o Projeto de Lei n° 006/23, da vereadora Fátima Araújo (PCdoB), cria a campanha “Junho Violeta” em alusão ao Dia Mundial de Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa.

O Coletivo Nós (PT), teve aprovado o Projeto de Lei n° 194/23 que cria o Maio Furta-Cor, dedicado às ações de conscientização, incentivo ao cuidado e promoção da saúde mental materna. O vereador Gutemberg Araújo (PSC) viu aprovados os projetos de Lei n° 203/23 e 204/23 que criam, respectivamente, a “Semana Municipal de Conscientização e Prevenção do Uso do Cerol e Linhas Cortantes para a Prática de Soltar Pipa” e que institui no calendário municipal o dia de aniversário de fundação do Residencial Amendoeiras.

Por meio do Projeto de Lei n° 214/23, o vereador Domingos Paz (Podemos) propõe a instituição do Dia da Mulher Cristã Assembleiana em São Luís.

A Câmara Municipal aprovou o Projeto de Lei n° 180/23, proposto pelo vereador Ribeiro Neto (Cidadania), que estabelece a Campanha Permanente de Promoção e Difusão dos Direitos da Pessoa com Deficiência e Combate ao Capacitismo.

São Luís, 21 de Novembro de 2023.

ESPECIAL: Em “A Dança dos Contrários” Josias faz uma justa homenagem aos ritmos basilares da música popular do Maranhão

Josias Sobrinho e Zé Américo na capa virtual
do icônico “A Dança dos Contrários”

Terceiro volume do projeto “Canção em Canção”, “A Dança dos Contrários” é, antes de mais nada, o disco mais “raiz” dos que vieram à tona até agora na colossal obra de Josias Sobrinho. A começar pelo título, que elege os “contrários” – adversários no mundo do bumba-boi – como pesos e contrapesos da grande ópera popular que se desenrola nas dez faixas. O volume é um justo e vibrante tributo de Josias Sobrinho aos ritmos essenciais da cultura popular do Maranhão, como os quatro sotaques do bumba-boi – matraca/pandeirão, zabumba, orquestra e costa de mão, e o tambor de crioula, agregando também o baião, que por afinidade ganhou seu lugar na cultura musical maranhense. “A Dança dos Contrários” reúne dez poemas populares musicados, elaborados alguns solitariamente e outros em parcerias ricas com o compositor Túlio Borges, o cantor e compositor Zeca Baleiro, o poeta e compositor Salgado Maranhão, o radialista e compositor Gilberto Mineiro e o também compositor Samarone Jr.. Além da música e da poesia que encantam em cada faixa, “A Dança dos Contrários” poderia ser rigidamente classificado como um disco temático, dedicado à cultura popular. Mas vai muito, muito mesmo, além disso, e ganha qualidade e dimensão excepcionais, quase que se universalizando, na robusta e preciosa embalagem harmônica dada a cada faixa pelo genial Zé Américo, que com sua visão de maestro concebeu arranjos cheios, produziu uma magistral combinação de teclas (sanfona e piano), cordas (violão e viola) e sopros (metais e flauta), além, claro, de uma cuidadosa e eficiente percussão, dando personalidade forte a cada faixa. Nesse conjunto de elementos, Josias canta de maneira enfática, inclusive quando faz dueto com os músicos Cassiano e Lucas Sobrinho, seus filhos e talentosos herdeiros musicais, e Lobato, o consagrado amo e cantador do Boi de Morros, contando também com o discreto mas belo coro feito por Lenita Pinheiro e Kátia Espíndola.

“A Dança dos Contrários”, um baião que transmite força, exatamente por conta do nome, abre o disco, seguido pelo contagiante e intenso tambor (de crioula) “Eu vou viajar”. A terceira faixa é “Maracá de Ouro”, uma comovente homenagem aos amos de “batalhões pesados” da Ilha. Na sequência vem o tambor “Onde eu vou baiar baião”, que reverencia os tambozeiros ancestrais. “Mimo do Povo” é um tributo aos “batalhões” de sotaque de orquestra da região do Munim. “Primeiro Zabumba”, como outras, é uma bela e emocionante toada que se curva ao poderoso sotaque de zabumba de Guimarães. O baião “Remake” é um poema sobre um amor atrapalhado. “Boi da Imaginação” é uma referência ao auto do bumba-boi buscando na memória os mistérios de outros tempos. A toada de orquestra “Não há coração que aguente” é um poema forte sobre a crueza da realidade. E, finalmente, a toada “Oração”, um poema com preces a São Pedro e São João em favor de quem sofre. Um dos diferenciais desse disco é que Josias Sobrinho solta a voz como fez poucas vezes.

Joia de abertura e ponto alto do disco que leva o mesmo nome, “Dança dos Contrários” é um baião “pesado” sobre a tensão entre os contrários, como acontece no bumba-boi, com a provocação e a resposta, às vezes dura, às vezes debochada. “Vê se volta e se não volta/Se não se esquece de mim/Eu sou só um passageiro cujo boi não brinca aqui”. E segue a provocação: “Pelos quartos onde passo/Nasce nos cantos bolor/Mais um pobre caco velho/Na casa do teu avô”. E amarra: “Faz só para os teus/ Deixa os outros pra lá/Tu tens pena dele/ Mas fica no teu lugar”. Versos ricos interpretados com a ênfase devida por Josias e os filhos músicos Cassiano e Lucas Sobrinho. O arranjo de Zé Américo é arrebatador, cheio, com sanfona, viola e flauta adornando o poema e trilhando soltas, mas em perfeita harmonia, conduzidas por uma percussão equilibrada de Marquinhos Carcará. Ao abrir o disco, esse baião canta avisando o que vem pela frente.

“Eu vou viajar” é um tambor de crioula conhecido, mas que nesse disco ganha um espaço e um peso bem maiores. “Eu vou viajar/Vou tocar tambor no mar”. E continua avisando que a coreira está chamando porque o “tambor não pode esperar”. E depois de afirmar que no balanço do mar é pior que guariba, “Se pega, não quer largar”, o cantador dá um fecho preciso: “Eu hoje tô no sufoco/ Querendo ver para crer/ Quem tá comigo não abera/Se aberar vai sofrer”. Normalmente suave, Josias puxa pela voz nesse tambor, embalado pelo coro formado por Lenita Pinheiro e Kátia Spíndola, e pela percussão adequada de Marquinhos Carcará. O tambor se eleva com o belo arranjo de Zé Américo, que inclui uma forte participação de sopro competente de Bira do Trambone, pouco comum ao ritmo, e pelo suporte do violão simples, mas firme, de Israel Dantas.

“Maracá de Ouro”, toada com sotaque de matraca e pandeirão é uma ode aos amos dos “batalhões” da Ilha, citando Apicum, Iguaíba, Maioba, Ribamar e Maracanã. O poema é forte, e puxado pelas matracas e pelos pandeirões, produz uma festa que faz o chão tremer. “Maracanã, balançou terreiro novo/ Canta a Ilha de novo/ Pro povão se alegrar”, no embalo de um cordão protegido na roda aberta pela burrinha. A toada cresce dentro do arranjo cheio concebido pelo gênio de Zé Américo. Nele, a viola de Israel Dantas e a irretocável e ousada sanfona do maestro mantêm um diálogo perfeito, adornado pelos rasgos de flautas e pela força de uma percussão em que Marquinhos Carcará dá dignidade ao canto.

Um dos pontos altos do disco, “Onde vou baiar baião”, um tambor  forte, é uma clara reverência ao ritmo intenso e contagiante do folguedo. A toada é uma síntese magnífica do tambor de crioula. Na conversa entre coreiro e tambozeiro, o verso que traz a origem da dança: o Maranhão, onde o negro fez batuque nas horas de diversão, ou na festa de promessa, dia da libertação.  E dá a receita do batuque: “Tu toca no tambor grande/E eu seguro do meião/ Ele firma o crivador/ E a coreira sai do chão”. E dá o fecho maior: “É aí que o coro apanha/ E o refrão fica bonito”. O arranjo de Zé Américo quebra a regra e adorna a toada com uma sanfona atrevida e uma base suave de cordas. Mas o adorno incomum segue inteiramente subordinado ao batuque soberano do “tambor grande”, do “meião” e do “crivador”, no caso conduzido por Marquinhos Carcará.

A toada “Mimo do Povo”, é um belo e justo tributo aos batalhões com sotaque de orquestra que saem da região do Munim para encantar a Ilha. Josias faz dueto com Lobato, o respeitado amo e cantador do Boi de Morros. A toada anuncia a chegada da festa de São João, tempo em que os cordões já estão preparados. “Se tudo der certo este ano/ O nosso novilho é de novo/A prenda mais preciosa, mais querida e formosa/ Solta o Mimo do Povo”. Esse Mino não nasceu na Ilha nem na Baixada, mas sabe bem trupiar. “Não tem sotaque zabumba/ Tampouco costa de mão/ Quando chega vem dizendo/ Eu sou do Munim, sou do Maranhão”. O arranjo de Zé Américo é o da visão de um maestro, que encaixa com perfeição o trombone como voz dominante, garantido pelo toque da viola e por um discreto piano, que além de valorizar o metal, abre caminho para a surpreendente e comovente entrada de violinos. Nada parecido até então em arranjos de toadas.

“Primeiro Zabumba” é uma toada em zabumba e conta que esse sotaque ganhou presença na Ilha pela iniciativa de “Seu Bizico”, que resolveu fazer um boi “como tinha em Guimarães”. “No sotaque de zabumba esse boi foi o primeiro/Conhecido em São Luís/ Mas nem por isso o derradeiro”. E continua contando: “A zabumba tá no julgado/ Com rigor e harmonia/ Pandeirinho penicado/ Traça a bola e ritmia/ Amo toca o maracá/Com toda sua fidalguia”. Na mesma linha, Zé Américo produziu um arranjo maior, usando a força da viola de Israel Dantas, somada às entradas da sanfona do maestro, dando vez a sons de teclados. Tudo com o suporte soberano do zabumba e do pandeirinho penicado bem cuidados por Marquinhos Carcará que dão o diferencial do sotaque de Guimarães que para o bem da Ilha encantou “Seu Bizico”.

Fruto maduro de uma parceria de Josias com Zeca Baleiro, “Remake” é um baião que faz a crônica de uma relação tumultuada entre um canastrão e uma fugitiva. É um jogo de sedução com encontros e partidas. “Vamos deixar de onda/ E de fazer de conta/Que o baião mudou” E por aí vai, até chegar ao apelo final: “Vamos deixar de briga/ Melhor sem intriga/ Sem o seu rancor/ Nesse dramalhão/ Posso ser canastrão/Mas quero o seu amor”. Zé Américo dá a roupagem adequada ao baião, com intervenções fortes e intensas da sua prodigiosa sanfona e da viola de Israel Dantas, que parecem dialogar. Isso com o suporte de uma percussão correta.

A toada “Boi da Imaginação” é um poema musicado no sotaque de matraca e pandeirão, resultado de uma parceria de Josias com o consagrado poeta Salgado Maranhão. A música canta a beleza dos adornos do boi, que tem língua de ouro e coro de estrelas, que tiram o sono de Catirina, que tem desejos, mas sabe que o “marruá” tem dono. Depois de uma trama, o poema musicado continua: “Ê boi dos chifres de fogo/ Ê boi dos dias que vão/ A vida é mais que um jogo/ Tua dança peregrina/ Teu encantado mistério/ É o sonho de Catirina”. Zé Américo concebeu um arranjo apurado para essa toada à base de viola que, juntamente com a percussão, que manteve a integridade do sotaque, dá todo o suporte para os belos versos de Josias e Salgado Maranhão.

“Não há coração que aguente”, toada de Josias em parceria com o radialista e compositor Gilberto Mineiro, fala de descompassos culturais e sociais, de dúvidas, incertezas e identidades, de uma cidade em crise, da “geografia da massa” que entra em fria, de uma toada que causa temor e fascínio, até desembocar no cruel refrão: “Não há coração que aguente/ Água quente/ Pelando o coro de tanta gente”.  A toada foi embalada por Zé Américo num arranjo que reúne cordas, sopro e sanfona bem articulados, mantidos sem surpresas durante toda a longa letra e com a repetição do refrão. É arranjo cheio, com a visão ampla do maestro.

“A Dança dos Contrários” é bela e coerentemente arrematado com a toada “Oração”, sotaque de matraca e pandeirão, parceria de Josias com Samarone Jr.. Na oração São João pediu para São Pedro “que fizesse findar nossa dor”. Fala de tempos difíceis, tempos de dor. São João pede a São Pedro uma celebração “para alegrar o povo que passa sua dor no sertão”. Pede também a graça de guarnecer a toada mais bonita. E avisa a Catirina que no próximo ano estará de volta. Sempre com maestria, Zé Américo repete a bem-sucedida fórmula de embalar toada com um jogo bem armado de cordas, teclas e sopro. E foi assim que, contando com Israel Dantas, Marquinhos Carcará e Bira do Trombone fechou “A Dança dos Contrários” com chave de ouro.

Mais que um disco, “Dança dos Contrários” é um registro magnífico do rico lastro musical do Maranhão. É um disco para se ouvir sempre, até para desvendar os mistérios guardados nas entranhas dos poemas que viraram canções.

Em Tempo: Com “A Dança dos Contrários”, Repórter Tempo encerra essa bendita trindade do cancioneiro maranhense, aplaudindo os artistas da música e os parceiros (Governo do Estado e Potiguar) envolvidos no ousado e necessário projeto Canção e Canção, concebido e liderado por Josias Sobrinho.

São Luís, 20 de Novembro de 2023.

ESPECIAL: Em “Eu tive um sonho”, Josias Sobrinho canta sonhos mágicos que fogem dos guetos e ganham a realidade

Capa de “Eu tive um Sonho”, parceria de Josias Sobrinho
com o músico e arranjador Israel Dantas

“Eu tive um sonho”, o 2º volume do colossal projeto “Canção em Canção” é o que se pode classificar como um disco definitivo e destinado a ser icônico pela qualidade superior das 10 músicas magistrais de Josias Sobrinho, algumas esculpidas com parceiro de alto quilate, e pela genial e competente embalagem de cordas – violão, viola, guitarra – de Israel Dantas, autor e executor dos arranjos, dos quais participam aqui e ali a sanfona irretocável de Rui Mário, o violoncelo de Jorlyelson e a percussão competente de Luiz Cláudio. Aberto por um baião, ritmo caro ao autor, o disco encanta já na primeira audição, virtude típica de uma obra apurada, daquelas que não exigem esforços para compreensão e que cativam ao primeiro toque. À medida que as faixas evoluem, o ouvinte vai criando intimidade com cada uma delas, e descobrindo um roteiro musical que prende pelo encantamento. Literalmente, porque parece uma versão musicada de um livro de contos surrealistas de Garcia Marques ambientados no Maranhão. Isso porque nas músicas está um Josias Sobrinho maduro e determinado a fugir das amarras dos guetos, para levar sua magia ao mundo pela via de uma música comovente, lastreada por uma  poesia refinada.

Perfeitamente casados, as letras, as melodias e os ritmos de “Ê, vem comigo”, “Vedete”, “Ave de agouro”, “A briga do cachorro com a onça”, “O Mágico do Mundo”, “Eu tive um sonho”, “Balada Morricone”, “Descascando Ovo”, “Boi de Quarentena” e “Um morto vivo” remetem o ouvinte a um mundo dominado pelo realismo fantástico, mas sem escapar da realidade, numa relação que só existe nas tramas da magia. Cada faixa guarda um recado lembrando o confronto entre a plenitude da vida e do amor, e com a crueza dos contrastes do claro/escuro, vida/morte/ ser/não ser/ vai/não vai. Tudo tornado mais contagiante pela beleza dos acordes e dos solos das cordas dos arranjos do mestre Israel Dantas. E, claro, pelo bom gosto das participações especiais de Zeca Baleiro, Aziz Júnior e Gaby Marques.

Tudo começa pelo baião “Ê, vem comigo”, cantado em dueto por Josias Sobrinho e Zeca Baleiro e que sugere um chamamento ao Maranhão, cantando e desviando do vazio, que a vida segue em paz. A embalagem de cordas feita por Israel Dantas é genial, em sintonia aguda com os rasgos da sanfona de Rui Mário e uma bem cadenciada percussão. Uma joia para ser eternizada.  

Em “Vedete”, que Josias Sobrinho interpreta com Aziz Júnior, o compositor fala do jogo do amor nos mais diferentes vieses, e alerta para as ciladas, o preço e as vantagens do amor, que no começo não tem preço, e é só pelo verso que se ama tão fácil, concluindo que “só no gozo o amor é gostoso”. O arranjo de Israel Dantas é arrojado, casando a viola refinada com a sanfona intensa de Rui Mário, ao que acrescenta intervenções bem dosadas de flauta.

“Ave de agouro”, parceria de Josias com Túlio Borges, é uma balada suave, mas de elevada qualidade. O compositor canta: “O vento frio veio me acordar/ Nem temporal passou, nem quer passar” e depois de longo relato, amarra: “Ouvi dizer que esse perrengue vai passar/ Seja do jeito que for/ Seja do jeito que há/ Seja do jeito que dá”. que ganha volume pela variada e consistente embalagem de cordas, como um diálogo de dois violões, conduzidos por Israel Dantas.

“A briga do cachorro com a onça” é uma mistura de lelê – um ritmo ancestral da Região do Munim – com cacuriá sobre uma espécie de desafio surreal, com tiradas geniais de parte a parte, ricamente interpretado por Josias e Zeca Baleiro. O cachorro ataca: “Tú és flor que não se cheira? És rainha da besteiras/ Tu não tem nada de gente”. E onça reage: “Tu não nasceu, foi vomitado/ Tu so tem é rebolado/ Teu negócio é pra esse chão”. Além da viola perfeita da sua lavra e da sanfona de Rui Mário, o arranjo de Israel Dantas inclui um poderoso e envolvente ritmo de caixas. 

Um dos pontos altos do disco, a canção maior “O Mágico do Mundo”, uma parceria superior com o celebrado e genial compositor Sérgio Habibe, em que pregam que “cada caminho é um céu”, e perguntam “Pra onde é que tu vais?”, reforçando a genialidade de Josias Sobrinho como letrista, principalmente quando o argumento é o realismo mágico. O arranjo de cordas de Israel Dantas é superior, iniciando com um toque que lembra uma guitarra flamenca, que logo casa com uma viola que sustenta o conjunto, tornando a música um item destacado desse volume.

É o caso também do xote “Eu tenho um sonho”, que dá nome ao disco, no qual Josias Sobrinho brinca com as palavras, rascunhando o verso e o reverso da realidade, dizendo que no sonho não se “via no espelho” e “não sabia acordar”, mais ainda: “andava sem passar”/ “parava sem ficar/ali ou em qualquer lugar”. O surrealismo na sua mais pura essência. Nesse arranjo, Israel Dantas mantém a base de cordas, mas abre grande espaço para a precisa sanfona de Rui Mário, que faz sua parte em casamento perfeito.

A sexta faixa, “Balada Morricone”, parceria com Túlio Borges, Josias surpreende ao sair dos xotes, baiões, toadas, baladas e, surpresa das surpresas, incursiona pela bossa nova. Canta “Alma de minhalma /É um ser paralelo/Que as águas negras/De onde eu trafego/ Não cabe ao nobre/Nem ao singelo/Ou tampouco ao belo/Ou parabelo”. É como estar assistindo a um pôr de sol no Caolho numa tarde de outubro. O arranjo de Israel Dantas casa sem angústia violão e piano, ambos sustentados por um poderoso violoncelo conduzido por Jorlyenson.  

Também desguiada do roteiro, a faixa “Descascando ovo” é um vigoroso ensaio jazístico sem letra elaborado por Josias e que coloca em situação de desafio harmônico a bela e disciplinada voz de Gaby Marques e o embalo rico e virtuoso da guitarra de Israel Dantas. É um diálogo tenso e desafiador entre voz e cordas, que culmina na construção de uma joia musical.

“Boi de Quarentena” é a única toada de “Eu tive um sonho”, fruto icônico de uma parceria de Josias com Joãozinho Ribeiro, Chico Saldanha e César Teixeira. E como não poderia deixar de ser, eles, com a autoridade de quem sabe o que faz, pedem a proteção de São João aos bois diversos, rogando para que o santo proteja e guarde a cultura popular. Entre outros apelos, pede: “Ó meu São João, proteja e guarde o novilho, de peste, tortura e relho”. Levada num sotaque leve de matracas, a toada é ricamente adornada por um suporte de cordas alinhavado por Israel Dantas e revestido pelos rasgos da sanfona de Rui Mário, sustentados por uma percussão sem alarde.

Josias Sobrinho fecha “Eu tive um sonho” com a canção “Um morto vivo”, rebento de parceria com o jornalista Sérgio Catelani, que relata uma desventura amorosa na qual o sujeito banido se compara a cachorro sem latido e a resto de comida. O arranjo de Israel Dantas repete a fórmula perfeita de harmonizar o rico trinado das suas cordas com a beleza saída dos teclados da sanfona de Rui Mário.

É um disco contagiado pela magia, literalmente, e para ser eternizado no reino do encantamento. Sem nenhum favor.

Em Tempo: Na edição desta segunda-feira (20/11), a Coluna encerra a trilogia com o monumental “A Dança dos Contrários”, parceria de Josias com Zé Américo.

São Luís, 19 de Novembro de 2023.

ESPECIAL: As três joias primas do ousado e magnífico “Canção em Canção” de Josias Sobrinho

Josias Sobrinho: tesouro resgatado do seu baú

Cerca de um ano e meio atrás Josias Sobrinho contou, numa conversa com ares de segredo, que estava mergulhado no ambicioso projeto de tirar do baú uma centena de músicas compostas ao longo do seu meio século de criação, com a desafiadora tarefa de perpetua-las em uma dezena de discos, no roteiro de um projeto gigante batizado Canção em Canção, que se somariam à sua vasta e consagrada obra conhecida. Quem o conhece foi contagiado por uma tensa expectativa, e quem não o conhece, duvidou. Surgiram fatalmente duas indagações. Tal projeto, delineado na parceria arte-empresa (Potiguar), costurada nas regras da Lei de Incentivo à Cultura, seria viável? E o que sairia do tal baú? Ninguém perdeu por esperar. Menos de um ano depois, nada menos que seis volumes, ou seja, seis dezenas de músicas, já chegaram às plataformas sonoras da internet, mais duas devem desembarcar até o Natal, e duas ficarão para um pouco depois – que Josias Sobrinho é de boa cepa, mas não é de ferro.

Os três primeiros volumes – “Vida Bagaço”, “Eu tive um Sonho” e “A Dança dos Contrários” – compensaram plenamente a espera. Neles Josias Sobrinho se mostrou o mesmo gênio de sempre, só que agora muito mais consolidado como um compositor de talento sem medida, capaz de produzir uma obra monumental sem fugir do seu lastro que são as raízes culturais da Música Popular Maranhense, mas sem se repetir, tornando cada música um traço marcante. As 10 faixas de cada um desses volumes são ímpares, casamentos plenos entre letras e música, e também pelos arranjos que as embalaram. “Vida Bagaço” é uma parceria com o talento desmedido do sanfoneiro Rui Mário, arranjador certeiro como as notas do seu fole. “Eu tive um Sonho” é o resultado de mágica poesia musicada com o gênio superior do craque das cordas Israel Dantas, arranjador sem amarras, que não teme arriscar. E “A Dança dos Contrários” é uma sequência de toadas que vieram ao mundo na embalagem harmônica exuberante que nasceu de uma aliança de Josias Sobrinho com a experiência, a sensibilidade e a maestria do mestre José Américo, o grande gênio musical maranhense no plano dos arranjos. São três obras-primas aparentemente distantes, mas que se completam quase que como um roteiro de vida do compositor. São obras irretocáveis.

Nesta edição especial, a Coluna o primeiro rebento genial. Na edição de amanhã, domingo (19/11), a Coluna publicará “Eu tive um Sonho”, e na de segunda-feira (20/11), “A Dança dos Contrários”.

“Vida Bagaço”: um tributo de Josias ao conjunto Rabo de Vaca e o resgate de um tempo que não volta

Capa do primeiro volume do projeto “Canção em Canção”

“Vida Bagaço”, uma homenagem de Josias Sobrinho ao conjunto “Rabo de Vaca”, motor inicial da sua carreira nos anos de 1970, quando ele e outros gênios atrevidos deram forma e conteúdo à essência musical do Maranhão. É um disco solo, que Josias gravou sem parceiro de composição nem de interpretação. O volume reúne composições nas quais Josias Sobrinho busca reminiscência da sua infância na acolhedora Cajari. O abre é “Boi de Pireli”, uma crônica em verso sobre um boi louco. Ao que segue o baião “Naszora” cuja letra tem é um protesto da sobrevida pela “graça de Deus”. Então surge o baião “Bote terra”, uma metralha na dureza da vida real na busca do “pão de cada dia”. “O dia da Caça” relata outra situação dramática e metafórica que é a noite em que onça invade curral. O galope “Vida Bagaço” – não inédita – é o ponto alto do disco, a grande homenagem ao conjunto Rabo de Vaca, no qual iniciou sua trajetória musical. Na sequência vem o baião “Noves Fora”, também uma crônica de reminiscências de rua com um cego inteligente. “O Sonho” é uma emblemática metáfora no ritmo de samba-choro. “Doutor Pai Francisco” é uma toada genial, fruto de uma grande parceria. “Lancha Nova” é um forte poema musicado sobre o sonho de partida. E “Estrupício” é o retrato do que toda criança foi ou gostaria de ser. As dez faixas são ricamente adornadas pelos arranjos precisos e tocantes de Rui Mário, com a presença dominante da sanfona, e tendo como suporte as cordas envolventes de Israel Dantas.

O disco abre com a toada de matraca “Boi de Pireli”, a crônica de um boi louco, que “matou muito vaqueiro”. A loucura do boi vira notícia, mas no final vem o apelo dramático para poupa-lo, com a alegação de que “ele é cria de Maria e Santo Antônio lhe benzeu”. A interpretação de Josias Sobrinho, com sua voz atípica, única, e que dá a dimensão exata de cada verso. O arranjo de Rui Mário casa sua sanfona com o violão de Israel Dantas e a percussão de Luiz Cláudio. Chama a atenção a bela e desconcertante introdução em violão dissonante, que logo se casa com a sanfona e um piano numa toada lenta, mas com intensa força dramática.

“Naszora” é uma espécie de ladainha em forma de baião em que o cristão ao mesmo tempo resignado e inconformado segue em frente “com a graça de Deus” “mendigando piedade”, “revidando amizade” e “rebuscando piedade”, “nas horas de eternidade e eterna idade; de falsidade e da falsa idade, e da infinidade e da finda idade”. A letra com seus refrãos segue com um bem armado trocadilho, como em toda ladainha que se preza. O arranjo de Rui Mário começa com um arrebatador solo de viola de Israel Dantas, que casa na sequência com a sanfona do arranjador, com o embalo preciso de percussão eficiente.

“Bote terra” é uma espécie de baião compassado em que o compositor faz dura crítica às dificuldades da vida cotidiana de um brasileiro comum e indignado, levando a reclamar do preço do arroz, do desgosto do pão e a estimular seu compadre a botar terra e rejeitar esse quilo de feijão. Isso num “paraíso, doutor, com um pé no caixão”, no qual a liberdade pouco vale numa situação de servidão”. Rui Mário abre o arranjo com um piano grave, salpicado por notas agudas de sanfona e com o adereço de uma viola discreta, mas forte, de Israel Dantas. O tom de protesto fica mais forte com a brusca interrupção.

“O Dia da Caça” é um xote no qual Josias recorda o drama que contagiava a todos quando onça invadia currais para matar a fome. Quando a onça invade o curral, “o sangue escorre no quintal”. “A onça esturra, o gado berra, e o temor revira a terra, a noite inteira no curral”. E a reação vem com “baladeira, faca, foice, canivete e a ponta do meu punhal”. O belo arranjo de Rui Mário é um casamento das cordas de Israel Dantas e a sua sanfona, que dão alegria ao xote, que é bem ritmado pela percussão competente.

“Vida Bagaço”, que é o grande tributo ao Rabo de Vaca, não é inédita, mas a sua importância torna esse galope o ponto alto do disco pela força da sua poesia. A letra é um jogo de frases com amor e desamor, espera, tristeza e a expectativa “De que chegue o fim dessa noite, que a partir de hoje se possa cantar”. E “Quando acabar quarentena, virá uma novena, meu Deus, que será?”, numa clara referência à ditadura repressora dos anos 70. E garante que cantando faz “o hotel da tristeza fechar”. Um galope clássico embalado por um arranjo absolutamente coerente de Rui Mário, à base de sanfona incrivelmente variada, um suporte de violão fazendo o bordão, rasgos de flauta e uma zabumba segura. Uma embalagem perfeita para uma faixa icônica.

Em “Noves fora” Josias compôs um baião da gema, que ritima uma crônica de um cego de rua que parece enxergar mais que todos os presentes. “Disse o cego isso é besteira, meu menino conte outra, vamos prestar atenção”, faz desafios e diz que “Toda questão minha se resolve nove mais nove, noves fora nada é”. O arranjo de Rui Mário é preciso. Começa com um toque de viola nordestina de Israel Dantas que logo é acompanhado do tremulado da sanfona numa sequência comovente. É um casamento perfeito para um baião que conta história de cego que teve um grande amor.

“O Sonho” é um samba-choro clássico, com a magistral sequência do gênero, no qual Josias ironiza uma prisão política na qual tem um cão como carcereiro. Só que nela ele pode ir à praia, com calção furado, vigiado pelo cão, mas não encontra ninguém   e outras coisas mais. O samba-choro é belamente embalado pela base da sanfona de Rui Mário, com a baixaria precisa do violão de seis cordas de Israel Dantas, que nada deixa a dever a um sete cordas.

“Doutor Pai Francisco” é toada de matracas na qual Josias traça com perfeição a personalidade tortuosa de Pai Francisco, o personagem central do bumba-meu-boi maranhense. Na toada, é dito a um doente com “ a faca na goela, um ardor na titela, de doer, de matar” que se Pai Francisco conhecesse a medicina, receitava na surdinha gasolina e melhoral…, vaselina e carnaval”. O arranjo bem montado mais à base do ritmo do que de harmonia, é garantido pala sanfona de Rui Mário, traços de violão, rasgos de flauta e uma boa percussão numa toada de matraca.

“Lancha nova” é uma canção em ritmo de coco na qual Josias lembra o sonho de infância de sair do torrão – no caso Cajari -, e ganhar o mundo. A lancha era a porta de entrada para a vida além do ninho. Embarcar na lancha o levaria a “cantar esse meu canto pras bandas que eu chegar. Vou dizer em outras terras, como é o lado de cá”. O próprio disco “Vida Bagaço” é um relato desse mundo que ficou, mas que nunca foi esquecido. O competente arranjo de Rui Mário começa com uma bela base de cordas saída do violão de Israel Dantas. É um dos pontos altos do disco, principalmente pela força simbólica da lancha, que durante muito tempo foi a ponte flutuante entre a Baixada e o Litoral Norte do Maranhão com o resto do mundo.

“Estrupício” é um reggae adornado por sanfona, piano, violão capitaneados por contrabaixo padrão do ritmo jamaicano. É uma sátira sobre um rebento que não se emenda. “Nasceu fruto da tua carne, bafo da tua espécie”, “querendo briga, não se cura nem com prece”. Encerra com um interessante mix de ritmos, mas sem manchar o lastro do reggae. Bom arranjo de Rui Mário.

Primeiro rebento do ousado projeto de Josias Sobrinho, “Vida Bagaço” é um disco para se ouvir e mergulhar na memória.

São Luís, 18 de Novembro de 2023.

Brandão atua para transformar a Baixada em grande polo de desenvolvimento econômico

Foto 1 – Carlos Brandão e Aparício Bandeira (boné) e
políticos da região exibem a autorização para a
construção da barragem Maria Rita.
Foto 2 – Carlos Brandão, Iracema Vale entre
Cláudio Santos, Zé Inácio e Roberto Costa
no ato de autorização do acesso a Araoca

No domingo que passou, há exatos cinco dias, num ponto entre Bequimão e Central do Maranhão, o governador Carlos Brandão (PSB), acompanhado de prefeitos, deputados estaduais, secretários de Estado e empresários, assinou ato autorizando a construção da Barragem Maria Rita, que terá 16 quilômetros de extensão e beneficiará diretamente Bequimão, Alcântara, São Bento, Peri-Mirim, Bacurituba e Palmeirândia, situados na Baixada Maranhense, mais precisamente na Região dos Lagos. No momento em que o ato era assinado, outra obra do atual Governo, não muito distante dali, vivia um problema inusitado: o braço rodoviário de 19 quilômetros ligando a MA-211 à Praia de Araoca, estava praticamente congestionado por um “comboio” de nada menos que 58 ônibus de turistas que foram conhecer a Praia de Araoca, a nova sensação turística do litoral do Maranhão.

Os dois eventos são parte de um arrojado programa do Governo do Estado para desenvolver a região da Baixada Ocidental do Maranhão, que começou com a construção da ponte sobre um braço de mar para ligar Bequimão a Central do Maranhão. A ponte foi inaugurada em maio de 2022, tendo o governador Carlos Brandão completado a obra com a pavimentação de 38 quilômetros da rodovia MA-211, formando o Complexo Rodoviário MA-211

A construção da Barragem Maria Rita torna realidade um sonho regional de meio século, uma vez que sua concepção se deu no Governo Antônio Dino, no final dos anos 60, como uma ideia para turbinar o desenvolvimento da Baixada Ocidental, onde estão a Região dos Lagos e a chamada Floresta dos Guarás, itens com enorme potencial econômico, a começar pelo turismo. Será um importante corredor para escoamento de riquezas produzidas na região. Com 16 quilômetros de extensão, a Barragem Maria Rita evitará a salinização das áreas inundadas da região e garantirá a reserva de água doce, garantindo a pesca, agricultura e pecuária, beneficiando, diretamente, os municípios de Bequimão, Alcântara, São Bento, Peri-Mirim, Bacurituba e Palmeirândia, situados na Região dos Lagos na Baixada Maranhense. A barragem será transformada em rodovia possibilitando a ligação de São Bento, que fica às margens da MA-014, com a MA-106.

Já a Praia de Araoca, localizada em Central do Maranhão, é uma espécie de paraíso litorâneo de grande extensão, que já era destino do turismo de aventura dadas as dificuldades de acesso à área. Essa situação mudou radicalmente nos últimos meses com a pavimentação da Rodovia MA–211, que dá acesso à ponte Central-Bequimão, inaugurada em maio de 2022. São 38 quilômetros de extensão da estrada que interliga 10 municípios: Bequimão, Central do Maranhão, Mirinzal, Guimarães, Cedral, Cururupu, Porto Rico, Serrano do Maranhão, Bacuri e Apicum-Açu. A grande quantidade de ônibus que “invadiram” Araoca no fim da semana passada, levando quase dois mil turistas, deu bem a medida do que poderá vir a ser o movimento turístico naquela região próxima à Floresta dos Guarás, atraindo principalmente turistas do Pará. A preocupação agora é preparar mão-de-obra para atuar no setor de serviços, como bares, restaurantes, pousadas e hotéis propriamente ditos.

Uma série de projetos complementares estão em andamento. Um deles é a instalação de pequenos portos para as atividades de pesca, entre eles o de Apicum Açú, onde já estão registrados nada menos que 120 barcos, o de Porto Rico e o de Atins, assim como portos menores, formando uma rede fomentadora da indústria da pesca. Esses investimentos foram negociados com o Ministério de Portos e Aeroportos.

Com senso de oportunidade e se comprometendo com o que é factível, o governador Carlos Brandão tem evitado as obras faraônicas e investido o que possível em iniciativas que podem dar respostas rápidas, como foi a transformação da Praia de Araoca num destino turístico, e a futura Barragem Maria Rita, que produzirá um dos maiores lagos da região, também com grande polo econômico, tendo o turismo e a pesca. A região inteira está vivendo um momento de entusiasmo com a chegada desses empreendimentos.

PONTO & CONTRAPONTO

Revelações da PF comprometem mais ainda o ministro das Comunicações

Juscelino Filho ainda conta com o apoio
do presidente Lula da Silva

Cada revelação feita pela Polícia Federal nas investigações para colocar em pratos limpos suspeitas de desvios de recursos federais na forma de emendas parlamentares liberadas pelo deputado federal Juscelino Filho (União) encalacram ainda mais a vida do ministro das Comunicações Juscelino Filho.

Agora veio à tona a informação segundo a qual o empresário Eduardo José Barros Costa, o Eduardo DP, guardaria na sua pasta carimbos e cartões de diversas empresas, uma delas a Construservice, que tem contratos com a Prefeitura de Vitorino Freira para construir estradas municipais sob as ordens da prefeita Luanna Rezende (União), irmã do ministro, que foi afastada do cargo por decisão judicial. A revelação aproxima ainda mais a PF do que seus investigadores acreditam ser uma teia de corrupção envolvendo o jovem ministro.

Juscelino Filho caiu nas graças do presidente Lula da Silva (PT), que vem esticando sua permanência na Esplanada dos Ministérios, de onde já deveria ter saído, segundo fontes graúdas do PT. As investigações da PF tendem a complicar ainda mais a situação do ministro, não se sabendo até quando ele terá a proteção do presidente da República e o suporte do seu partido, o União Brasil.

Gutemberg faz reflexão democracia na Câmara Municipal

Gutemberg Araújo defende a
democracia e diz que a Câmara
é uma instituição democrática

Em discurso recente na Câmara Municipal, o vereador Gutemberg Araújo (PSC), fez uma série de reflexões sobre a instituição a que pertence e o sentido da democracia. Algumas das declarações do vereador, que é um dos mais experientes da Casa:

Sobre ser vereador de São Luís, cidade com mais de 1 milhão de habitantes: “Isso é um privilégio de poucos. Na eleição passada tinham mais de mil candidatos, apenas 31 se habilitaram. Nós temos que agradecer e reverenciar todos os dias a população de São Luís”.

 Sobre a democracia exercida no Legislativo de São Luís: “É uma Casa estritamente democrática. Todos nós vereadores fomos eleitos de forma democrática, todos temos autoridade aqui, todos nós somos presentes aqui. O que impera nesta Casa é a lei da maioria”.

Sobre a regra parlamentar segundo a qual o que imperas é o coletivo e não o individual:  “Essa democracia, na minha análise, tem que ser uma democracia que a gente discuta o coletivo, ele tem sempre que superar o individual. As questões sociais e institucionais têm sempre que superar as questões pessoais”.

Sobre a Câmara Municipal como instituição política: “A câmara é uma Casa de discussão e de conflitos, ninguém tenha dúvida, mas é um conflito de ideias”. Qual é a minha reflexão? Que todos os lados, quaisquer que sejam eles, explorem questões que nos unam, invés de buscar temas que nos dividam. Eu tenho muita esperança que todos nós juntos, cada qual com sua postura, cada qual com suas ideias, cada qual com seu perfil político, possamos discutir cada vez mais os grandes temas da nossa sociedade”.

É isso aí.

São Luís, 17 de Novembro de 2023.

MDB prepara convenção na qual São Luís e Bacabal serão destaques na pauta de discussões

Roberto Costa, Roseana Sarney, Marcus Brandão e Baleia Rossi
comandarão a convenção do MDB marcada para 1º de dezembro

O MDB, que agrega o que sobrou do grupo sarneysista, começa a se mobilizar para a convenção estadual a ser realizada no dia 1º de dezembro, quando o empresário Marcus Brandão será oficialmente confirmado na presidência do partido no Maranhão, sucedendo a deputada federal Roseana Sarney, e tendo como vice-presidente o deputado estadual Roberto Costa, hoje o principal articulador do partido. Na convenção, que será prestigiada pelo presidente nacional, o deputado federal Baleia Rossi (SP), o novo comando emedebista deve confirmar a posição de aliado na base de apoio do governador Carlos Brandão (PSB), e esboçar um roteiro para a participação do partido nas eleições municipais, especialmente em São Luís e Bacabal. Nos dois municípios a legenda está sob pressão, por diferentes motivos.

No caso de São Luís, o MDB não tem condições de lançar candidato próprio à sucessão na Prefeitura, mas quer ter uma participação forte na disputa. O presidente municipal do partido, deputado Cléber Verde, defende uma aliança com o prefeito Eduardo Braide. Outra parte da cúpula, a começar pelo vice-presidente Roberto Costa, advoga o lançamento de duas candidaturas da base governista, sendo a segunda a do deputado estadual Neto Evangelista, resultado de uma aliança do MDB com o União Brasil, comandado no estado pelo deputado federal Pedro Lucas Fernandes. Se essa aliança não for possível, o MDB vai definir sua posição com o governador Carlos Brandão, que pode resultar no apoio do MDB ao candidato do PSB, que tende a ser o deputado federal Duarte Jr..

O caso de Bacabal é exatamente inverso. Ali, o deputado estadual Roberto Costa, que disputou a Prefeitura em 2016 com o Zé Vieira, é hoje líder disparado na preferência. As sete pesquisas realizadas até agora para medir as preferências do eleitorado bacabalense o apontaram como favorito com larga vantagem, sem qualquer adversário que o ameace. Mais do que isso, as mesmas pesquisas o apontam praticamente sem rejeição, desenhando um fenômeno pouco comum nessas medições. Além disso, o prefeito Edvan Brandão (PDT), que tem elevado índice de aprovação, é seu aliado. E pelo menos até o momento, não apareceu no cenário político de Bacabal um nome com força para disputar.

Um dos quadros mais ativos da nova geração, acumulando larga experiência no jogo político e eleitoral, Roberto Costa avalia com cuidado os movimentos nesse tabuleiro. Vice-presidente estadual do MDB, com livre trânsito na cúpula nacional do partido, e segundo secretário da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa, onde é referência como articulador das relações entre o parlamento e o Palácio dos Leões, Roberto Costa vive uma espécie de dilema sobre ser ou não ser candidato à Prefeitura de Bacabal.

Em conversas reservadas, ele mostra entusiasmo com a possibilidade de poder comandar um dos dez maiores municípios do Maranhão, epicentro e polo maior da grande e rica região do Médio Mearim. Conhecedor profundo do município, ele vem há tempos maturando um projeto administrativo, mostrando que sabe exatamente o que fará se vier a se tornar prefeito de Bacabal. Ao mesmo tempo, não esconde o fato de que vive um momento especial como deputado estadual e como dirigente partidário, atuando como interlocutor dentro da Assembleia Legislativa, onde se movimenta em total alinhamento com a presidente Iracema Vale (PSB).

Diante desse cenário em que as duas situações têm grande peso, o deputado Roberto Costa quer ouvir o seu partido, vendo na convenção estadual a ser realizada no início de dezembro um momento oportuno para fazer essa avaliação. Não como uma decisão do tipo “vai ou não vai”, mas para a definição de uma diretriz que leve em conta a sua posição e os interesses do partido.

Esses dois itens e outros que entrarão na pauta das discussões que ocorrerão na convenção do MDB serão testes importantes para o novo comando do partido, especialmente para o presidente Marcus Brandão. Como irmão do governador Carlos Brandão, ele conhece os meandros da política maranhense, com a diferença de que agora terá de tomar decisões em nome de um grupo cuja maioria tem origem no sarneysismo.

PONTO & CONTRAPONTO

Dino vai jogar pesado contra a turma que divulga mentiras a seu respeito

Flávio Dino, jogo pesado contra autores de mentiras

O ministro Flávio Dino (Justiça e Segurança Pública) decidiu jogar pesado contra os disseminadores de informações falsas a seu respeito nas redes sociais. Ele vinha tratando o assunto com alguma tolerância, mas no caso da “Dama do Tráfico”, os criminosos das redes vêm extrapolando todos os limites, armando e divulgando situações absolutamente absurdas, que levaram até o presidente Lula da Silva (PT) a se manifestar em defesa do ministro.

Flávio Dino anunciou que baterá às portas da Justiça para processar os mentirosos. E pelo tom das suas declarações, ele parece saber onde estão os focos e os responsáveis pelas malandragens. Essa turma tenta criminosamente minar seu prestígio e evitar que o ministro seja indicado pelo presidente da República para a vaga aberta no Supremo Tribunal Federal. Eles querem também esquartejar o Ministério da Justiça e Segurança Pública para criar o Ministério da Segurança Pública.

O que essa turma parece não ter entendido ainda é que o ministro da Justiça, que é senador da República licenciado, é bom de briga. Ele sabe exatamente com quem está lidando e tem a certeza de que no jogo aberto, cara a cara, seus adversários mais ativos não são páreo para um embate sobre qualquer tema. Isso ficou claro nas diversas vezes em que se encontraram na Câmara Federal e no Senado.

Pelo que foi divulgado, os processos serão pesados, porque o material é farto e o ministro conhece o caminho das pedras.

Cúpula nacional pode tentar unir o PSD no Maranhão

Eduardo Braide e Josivaldo JP:
candidatos fortes sem força partidária

Não será surpresa se até o final do ano o PSD do Maranhão vier a se reunir informalmente para tomar uma série de decisões relacionadas com as eleições municipais. É que chegou na cúpula nacional do partido, comandada pelo ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, que apesar dos quadros que reúne, o partido estaria sem norte no Maranhão.

O fato é que o PSD tem duas situações favoráveis no cenário maranhense, mas suas forças estão espalhadas em diferentes frentes. O prefeito de São Luís, Eduardo Braide, aparece como favorito à reeleição, mas não conta, por exemplo, com o apoio da senadora Eliziane Gama, que é do partido, mas tem como caminho natural apoiar o candidato que vier a ter o aval do Palácio dos Leões, provavelmente o deputado Duarte Jr. (PSB).

Em Imperatriz, o pré-candidato do PSD, deputado federal Josivaldo JP saiu do nada para se tornar o segundo colocado na corrida à Prefeitura, com clara indicação de que será o grande adversário do candidato do PP, deputado estadual Rildo Amaral, líder disparado nas pesquisas. JP vem atuando como um sem-partido.

Somente esses dois casos já são motivo de sobra para que a cúpula nacional do PSD se mexa e tente unificar o partido no Maranhão.

São Luís, 16 de Novembro de 2023.