Janela: PSB de Duarte Jr. tem 11 vereadores e PSD de Braide, quatro; PDT é quase varrido

Duarte Júnior leva a melhor sobre Eduardo
Braide na recomposição da Câmara Municipal

O PSB, que tem como candidato o deputado federal Duarte Júnior à Prefeitura de São Luís, foi o grande beneficiado com a migração proporcionada pela janela partidária na Câmara Municipal da Capital. Dos 31 vereadores ludovicenses, nada menos que 10, liderados pelo vereador-presidente Paulo Victor, migraram para a agremiação socialista, que já tinha um e formou uma bancada de 11 membros, o equivalente a mais de 30% do plenário da Casa. No contrapeso, o PSD, partido do prefeito Eduardo Braide, atraiu apenas três novos vereadores, formando uma bancada de quatro. E no campo dos perdedores, a reviravolta praticamente varreu o PDT do parlamento de São Luís, pois dos três vereadores que mantinha, dois migraram, ironicamente, para o PSB, sobrando apenas um titular solitário.

A janela partidária proporcionou uma mudança sem precedente na Câmara Municipal de São Luís. Dos 31 titulares, apenas nove se mantiveram firmes nas legendas pelas quais se elegeram em 2020: Aldir Júnior (PL), Fátima Araújo (PCdoB), Astro de Ogum (PCdoB), Karla Sarney (PSD), Raimundo Penha (PDT), Rosana (Republicanos), Zeca Medeiros (PRD), Coletivo Nós (PT)
Marlon Botão (PSB). Nesse contexto, chama a atenção o fato de que o PCdoB, que muitos enxergavam sob risco de desaparecer, perdeu apenas um vereador (Concita Pinto) dos seus três vereadores. Chamou a atenção o fato de o PP, que nada tinha na Casa, haver saído com dois vereadores, enquanto os outros seis (PRD, Republicanos, União Brasil, PV, Avante, PSDB e DC) marcarão presença na Casa cada um com um voto no plenário.

De algumas semanas para cá, até as pedras de cantaria da Praia Grande sabiam que o PSB, que só tinha um vereador (Marlon Botão), atrairia uma bancada forte depois que o presidente da Casa, Paulo Victor, confirmasse o seu ingresso no partido, depois de deixar o PCdoB e engatar um noivado efêmero com o PSDB. Não deu outra, o presidente Paulo Victor mostrou capacidade de articulação e ajudou a criar ambiente para que nove vereadores o seguissem na migração para o partido siderado no Maranhão pelo governador Carlos Brandão, de quem é aliado fiel e braço político na Capital. Paulo Victor, que tentou sem sucesso ser candidato a prefeito, terá papel importante – muitos acham que decisivo -, na campanha do candidato socialista Duarte Júnior.

Não será surpresa se o PSB fizer oposição dura ao prefeito Eduardo Braide, que conta com quatro vereadores do seu partido, o PSD, cujo crescimento na janela partidária foi abaixo do que alguns observadores esperavam.

Mas no campo das perdas irreparáveis causadas pela janela partidária, o grande perdedor foi o PDT, por pouco não varrido inteiramente da Câmara Municipal, onde já foi soberano na “era de ouro” do prefeito Jackson Lago, seu grande líder. Dos três vereadores que emplacou que mantinha – Raimundo Penha, Nato Júnior e Pavão Filho (suplente que assumiu na vaga do titular Osmar Filho, eleito deputado estadual em 2022) -, apenas Raimundo Penha se manteve firme no partido. Já Nato Júnior e Pavão Filho migraram, ironicamente, para o PSB, uma pancada na liderança do senador Weverton Rocha, atual chefe maior do partido.

Na disputa que se aproxima pela Prefeitura de São Luís, o candidato do PSB, Duarte Júnior, entra na pré-campanha com a vantagem de contar com a maioria dos vereadores – somente a soma dos 11 do PSB, com os dois do PCdoB, os dois do PP, o do PSDB e o do PV, totaliza 17 apoiadores – já lhe dá vantagem nítida. Por seu turno, o prefeito Eduardo Braide, além dos quatro do PSD, conta com o apoio decidido de pelo menos mais quatro vereadores, a começar por Gutemberg Araújo do Republicanos e Marquinhos, do União Brasil.

No mais, se vier a ser candidato, o deputado Neto Evangelista contará apenas com um vereador, enquanto que outros dois pré-candidatos, os deputados estaduais Wellington do Curso e Yglésio

Moyses, não contarão com apoio de vereadores, já que seus partidos, o Novo e o PRTB, não existem na Câmara Municipal de São Luís.

PONTO & CONTRAPONTO

Diferenças não afastaram deputados do PSB e PCdoB da base de apoio governista

Do centro para a direita: Rodrigo Lago, André Fufuca, Carlos Brandão,
Kléber Tratorzão, Felipe Camarão e Neto Evangelista: descontração total

Pode perder feio quem estiver apostando num rompimento traumático e irreversível de deputados do PSB e do PCdoB com o governador Carlos Brandão (PSB). Principalmente se aposta mirar o deputado Rodrigo Lago (PCdoB), 1º vice-presidente da Assembleia Legislativa, e um dos mais destacados integrantes da chamada “bancada dinista”.

Independentemente de um e outro mal-entendido no plenário do parlamento estadual, quando forças da base governista se estranham, os parlamentares desse grupo sempre aprovam sem reservas as matérias propostas pelo Palácio dos Leões e reafirmam seu apoio ao Governo do PSB.

Um exemplo dessa relação aconteceu no final da semana, quando o deputado Rodrigo Lago integrou a comitiva do governador Carlos Brandão numa série de inaugurações em São Domingos. Em clima de total sintonia, o governador e seus aliados entregaram uma Areninha Esportiva, um espaço do Viva/Procon e uma unidade do Instituto Estadual de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (Iema).

Da festa participaram também o vice-governador e secretário de Educação Felipe Camarão (PT) e o líder do Governo na Assembleia Legislativa, deputado Neto Evangelista (União Brasil). E quem presenciou tudo não identificou a mais leve expressão de mal-estar na comitiva, muito ao contrário.

PSB vai à Justiça contra Yglésio, pedindo a cassação do seu mandato

Yglésio Moyses: cartada final
no embate com o PSB

É em clima de expectativa que a classe política aguarda o desfecho da refrega entre o PSB e o deputado estadual Yglésio Moyses, que se desfiliou do partido e se filiou ao PRTB para disputar a Prefeitura de São Luís.

Não é simples nem confortável a situação do parlamentar, que pode consumar a migração com aval da Justiça Eleitoral, mas pode também perder o mandato de deputado estadual por haver deixado o partido sem a chamada justa causa.

A situação vem se arrastando desde 2023, depois que, eleito pelo PSB, o deputado Yglésio Moyses arrancou do centro-esquerda e deu uma guinada para a direita bolsonarista. A mudança de linha do deputado começou ainda na campanha eleitoral, quando ele começou a sinalizar apoio à candidatura do presidente Jair Bolsonaro (PL), quando seu partido apoiava a candidatura do ex-presidente Lula da Silva (PT).

O deputado recorreu à Justiça Eleitoral e ganhou, mas o PSB recorreu ao TSE e pode derrubar a decisão do TRE, com base numa série de argumentos.

O PSB argumenta que se a Justiça Eleitoral der ganho de causa a Yglésio Moyses, a decisão configurará um caso clássico em que o crime de infidelidade partidária perderá sentido no Brasil.

São Luís, 09 de Abril de 2024.

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