Com agenda cheia, Brandão dedicará mais à montagem de estratégias para o PSB e aliados

Carlos Brandão, como “Cacique Canela” entre líderes indígenas e Felipe Camarão,
ouve explicações sobre artesanato na inauguração de escola em Fernando Falcão

Depois de uma das semanas mais intensas dos últimos meses, ao longo da qual cumpriu agenda que o levou a Brasília para reunião com a cúpula do PSB e lançamento do Programa Terra da Gente, e depois à Colômbia como o único dirigente estadual a integrar a comitiva do presidente Lula da Silva (PT) e, de volta, a Fernando Falcão, para a inauguração de uma escola indígena Krãkre Canela na Aldeia Escalvado, na comemoração do Dia dos Povos Indígenas, o governador Carlos Brandão (PSB) tem agenda intensa pela frente. Mas vai dedicar tempo à política, para ajustar as estratégias de apoio aos candidatos avalizados pelo Palácio dos Leões nas eleições municiais de outubro, a começar pela disputa em São Luís. O governador vai comunicar ao seu partido as decisões tomadas pela cúpula nacional do PSB no que respeita a coligações e candidaturas.

O ponto chave das recomendações da cúpula nacional do PSB às Executivas estaduais reza que as alianças devem ser preferencialmente com partidos e candidatos à esquerda ao centro-esquerda, e até com a direita civilizada. Mas proíbe qualquer relação com candidatos com discurso ou postura de extrema-direita. Avalizado inclusive pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, que tem origem no PSDB, mas está cada dia mais identificado com o PSB, o pacote de procedimentos de natureza política e ideológica em nada muda a estratégia do chefe do Executivo estadual, que preside o PSB no Maranhão e lidera uma aliança com partidos de esquerda, centro e direita, sem abrigar legendas da direita extremada, principalmente as dominadas por grupos bolsonaristas.

Em São Luís, por exemplo, o candidato do PSB, deputado federal Duarte Jr., tem o apoio do PL, que tem no Maranhão uma das mais fortes lideranças, o deputado federal Josimar de Maranhãozinho, que é direita assumida, mas não reza muito pela cartilha do bolsonarismo. É o principal adversário do prefeito Eduardo Braide (PSD). As vozes de extrema-direita estão cada vez mais distantes da base governista, e dificilmente participarão de alianças em torno de candidatos a prefeito apoiados pelo Palácio dos Leões nestas eleições.

O partido do governador Carlos Brandão e seus aliados terão candidatos a prefeito nos municípios de grande e médio porte, a maioria em condições de vencer a eleição. Em Imperatriz, por exemplo, o candidato do PP, o deputado Rildo Amaral, que integra a aliança governista, é o favorito, enfrentando direita bolsonarista representada pelo deputado federal Josivaldo JP (PSD). Em Caxias, o PSB vai de candidato próprio, Gentil Neto, apoiado pelos grupos Gentil e Coutinho, com boas chances de vencer a peleja num pleito disputado.  Em Codó, o PSB terá de se posicionar, entre o prefeito José Francisco (PSDB) e Chiquinho da FC (PT). E em Timon, terá também candidato próprio, o deputado estadual Rafael Brito (PSB).

O governador é um político experiente e tem o mapa político-partidário do Maranhão na cabeça. Chama todos os líderes pelo nome e conhece a posição de cada um deles. Isso lhe dá condições de administrar sem problemas a aliança partidária heterogênea, montada pelo então governador Flávio Dino, com seu intenso apoio, o que tornou possível a campanha que resultou na sua reeleição em turno único e na eleição de Flávio Dino como o senador mais votado da história do Maranhão. Logo, parece não haver problemas para que Carlos Brandão, como presidente do PSB no Maranhão, adote as medidas eleitorais orientadas pela cúpula partidária.

Isso mesmo com algumas pequenas fissuras na base partidária, mas nenhuma delas com poder para desestabilizar nem o partido nem a aliança partidária que está em pleno curso na direção das urnas.

PONTO & CONTRAPONTO

Velten se “humanizou mais” como governador interino, mas se recusou a falar sobre futuro e eleição

Paulo Velten: experiência humanizadora nos Leões

Na conversa com jornalistas, durante a qual fez um balanço da sua gestão à frente do Poder Judiciário, o desembargador Paulo Velten deixou no ar a impressão de que os 31 dias que passou como governador interino do Maranhão, cobrindo a licença do governador Carlos Brandão, mudaram sua visão sobre o Poder Executivo, e se essa mudança o fez pensar em ser político no futuro.

Indagado sobre quais impactos o alcançaram como Governador, ele respondeu que o maior deles foi uma forte mudança na visão que tinha sobre o Poder Executivo. “Aquilo me humanizou mais”, revelou. Isso porque, ao assumir o comando do Governo, percebeu que, ao contrário do que imaginava, o Executivo tem problemas, seu poder é gigantesco, mas é limitado e os problemas são muitos e chegam sem avisar.

Em relação à possibilidade de que a experiência lhe tenha despertado o interesse de, no futuro, vir a disputar um cargo eletivo, o presidente do TJ pensou, abriu um sorriso enigmático, e declarou: “Isso eu não vou responder”.

Flávia Alves quer fortalecer o Solidariedade e disputar vaga na Câmara da Capital

Flávia Alves

Não surpreendeu que a suplente de deputada federal Flávia Alves tenha trocado o PCdoB pelo Solidariedade e pedido exoneração do comando regional do Ibama.

Advogada de carreira, Flávia Alves, que é irmã do deputado estadual Othelino Neto (PCdoB), portanto cunhada da senadora Ana Paula Lobato (PSB), explicou que a troca de partido e a exoneração do Ibama estão no contexto de uma “nova e desafiadora jornada”.

Há quem diga que a tradução disso está em duas situações. Em relação à mudança de partido, a opção pelo Solidariedade seria uma espécie de garantia de opção partidária para a senadora Ana Paula Lobato, caso ela venha ter problemas no PSB, já que ela, como o marido, se posicionam como oposição ao governador Carlos Brandão, que comanda o partido no estado.

A outra parte da grande tarefa será disputar uma cadeira na Câmara Municipal de São Luís.

Faz todo sentido.

São Luís, 22 de Abril de 2024.

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