Crise no PSB deve terminar após o desfecho do impeachment de Dilma com o fortalecimento ou a saída de Roberto Rocha

 

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Roberto Rocha, Flávio Dino, José Reinaldo e Bira do Pindaré : jogo nos bastidores do PSB por causa da corrida sucessória em São Luís pode causar mudança no partido

O que era apenas uma medição de forças no âmbito interno de um partido, com dois grupos tentando assumir o controle pleno da agremiação, o embate no braço maranhense do Partido Socialista Brasileiro (PSB) ganhou uma dimensão de guerra política, tendo de um lado o grupo comandado pelo atual presidente Luciano Leitoa, cuja maior estrela é o ex-governador e deputado federal José Reinaldo Tavares, e acorrente liderada pelo senador Roberto Rocha. São vários os itens que alimentam as divergências e aprofundam a divisão, mas o que está funcionando mesmo com o pomo da discórdia é a pré-candidatura do deputado estadual Bira do Pindaré à Prefeitura de São Luís, aceita pelo primeiro grupo e não engolida pelo segundo. O projeto de candidatura do parlamentar conta com o aval da direção regional e do deputado federal José Reinaldo Tavares, e com a anuência discreta e não declarada do Palácio dos Leões; mas enfrenta a não concordância do senador Roberto Rocha, que tem o controle do partido na Capital e quer definir outro rumo na corrida sucessória. A disputa no arraial socialista vem se tornando mais forte a cada dia, e poderá ter um desfecho tão logo o Senado da República bata martelo em relação ao impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). Entre as várias previsões que correm nos bastidores, corre a que aponta a possível saída do senador Roberto Rocha do partido, e a que o enxerga assumindo o controle total do partido no Maranhão.

A crise dentro do PSB do Maranhão não é fruto de uma divergência pontual, mas de uma série de conflitos que, somados, dão a ela uma dimensão anormal, sugerindo que a conciliação é o último dos cenários possíveis. Um dos pontos mais fortes são as diferenças que distanciam o senador Roberto Rocha do ex-governador e deputado federal José Reinaldo Tavares, causada pela até agora mal resolvida crise que os afastou na disputa senatorial de 2010, quando a falta de um entendimento entre os dois os levou a disputar a senatória com os hoje senadores Joao Alberto e Edison Lobão, que ganharam a eleição. José Reinaldo até hoje culpa Roberto Rocha por sua não eleição. O desfecho da peleja originou entre eles uma situação do tipo “o PSB é muito pequeno para nos dois”. Rocha e Tavares se esforçam para mostrar que convivem bem, mas nos bastidores sobram rasteiras, caneladas, dedo no olho, enfim, uma situação de total beligerância não declarada.

Quando, ainda no ano passado, começaram os movimentos da corrida sucessória em São Luís, Roberto Rocha sinalizou logo que não apoiaria a entrada do PSB na grande aliança em torno do prefeito Edivaldo Jr. (PDT), de quem foi vice. Para Rocha, o PSB deveria seguir seu próprio rumo, descolando-se da tutela política do Palácio dos Leões, podendo fazer uma aliança com a deputada Eliziane Gama (PPS), ou ele próprio sair candidato. Ato contínuo, José Reinaldo declarou apoio a uma aliança com Eliziane. Só que o então deputado licenciado e secretário de Estado de Ciência e Tecnologia Bira do Pindaré, incensado pelo “núcleo duro” do governador Flávio Dino (PCdoB), anunciou sua pré-candidatura pelo PSB. Roberto Rocha reagiu negativamente, o que levou José Reinaldo a abraçar o projeto de Pindaré, num confronto aberto com o senador.

Desde então, aliados de Roberto Rocha enxergam um movimento palaciano destinado a minar sua posição dentro e fora do PSB. A explicação para isso seria a ostensiva movimentação de independência de Roberto Rocha em relação ao comando político do governador Flávio Dino. O senador opera para ampliar seu espaço político, e para desagrado de alguns segmentos ligados ao governador, vem abrindo canais de conversa em várias frentes, inclusive com setores do Grupo Sarney. Rocha vem deixando muito claro que continua aliado de primeira hora do governador Flávio Dino, apoiando integralmente o seu governo, mas que também está construindo o seu próprio caminho, construindo uma plataforma que lhe dê o status de “terceira via”. Essa política de atitude, sem ataques ou quebra de acordo anunciada, tem sido alvo de uma densa e ativa rede de intrigas, que o senador socialista vem driblando com lances de raposa tarimbada.

A medição de forças tem travado o PSB na corrida sucessória de São Luís: Roberto Rocha não avança com o seu projeto de candidatura nem sinaliza com um “plano B”, que seria declarar apoio ao prefeito Edivaldo Jr. e indicar seu filho, o vereador Roberto Rocha Jr. para a vaga de vice; José Reinaldo Tavares não propõe uma proposta para unir o partido; e Bira do Pindaré não dá passos à frente, parecendo está refém dependente de uma solução negociada pelo Palácio dos Leões na cúpula nacional do partido. Nos bastidores, corre que o voto do deputado José Reinaldo pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff teria a ver também com uma equação ligada a essa crise no PSB.

Há quem preveja que esse nó só será desatado após o desfecho do processo de impeachment, e tudo indica que com uma atitude do senador Roberto Rocha.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Edivaldo Jr. reage com firmeza ao cartel dos transportes
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Edivaldo Jr.: enfrentando o cartel dos transporte

O prefeito Edivaldo Jr. está exibindo musculatura e habilidade de político determinado a fazer história ao enfrentar o cartel que domina há décadas o sistema de transporte coletivo de São Luís. Primeiro ao realizar, finalmente, a licitação para que a Capital possa contar com novos concessionários nessa área essencial, que garante a mobilidade de 600 mil pessoas por dia. E segundo por reagir com firmeza à velha e surrada estratégia das empresas que in Tegram o cartel de entrar na Justiça questionando um ou outro ponto da licitação para ganhar tempo ou inviabilizá-la de vez. O prefeito criticou as ações judiciais, vendo nelas manobras claras. O prefeito tem razão na sua avaliação, que está fundamentada no fato de que desde a década de 1980 do século passado que as atuais concessões estão em vigor. No início deste século, o prefeito Tadeu Palácio (PDT) tentou realizar uma licitação, mas, como agora, o processo foi bombardeado pelas empresas com recursos judiciais que acabaram por inviabilizar a modernização do serviço. Os tempos são outros, e o jogo de favorecimento às empresas, que dominava o tapetão da Justiça a favor parece ter acabado. É o que se verá nas próximas semanas.

 

Eduardo Braide e Rose Sales em campanha aberta
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Eduardo Braide e Rose Sales: campanha no horário dos partidos

O deputado Eduardo Braide (PMN) e a vereadora Rose Sales (PMB) estão em campanha aberta à Prefeitura de São Luís. Eles têm utilizado o tempo dos seus partidos na TV para reforçar os seus projetos de candidatura. Eduardo Braide usa a mídia televisiva para criticar com firmeza a situação do sistema de transporte coletivo de São Luís, fazendo uma dura crítica ao prefeito Edivaldo Jr. e afirmam do que “São Luís tem jeito”. Já a vereadora Rose Sales, que trocou o PV pelo novíssimo Partido das Mulheres do Brasil, faz uma campanha de mobilização para fortalecer o partido, e também dispara fortes críticas ao prefeito. Eduardo Braide é um politico muito articulado, quer não entraria numa disputa desse porte se não estivesse seguro de que chegará ao algum lugar. Rose Sales vive a mesma situação, agora com mais firmeza e segurança, já que vinha sofrendo fortes desgastes ao perambular por partidos que não a queriam como candidata, como foi caso do PCdoB e do PV.

 

São Luís, 07 de Maio de 2016.

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