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Assembleia aprova PL que derruba cota e libera o acesso de mulheres à PM por concurso público

Iracema Vale e Roberto Costa comemoram
aprovação do projeto que valoriza a mulher

A Assembleia Legislativa deu ontem mais um passo importante para se manter alinhada aos novos tempos, ao aprovar, por pela unanimidade dos presentes à sessão, o Projeto de Lei 704/2023, de autoria da presidente da Assembleia Legislativa, deputada Iracema Vale (PSB), e do deputado Roberto Costa (MDB), que torna livre o ingresso de mulheres nos quadros da Polícia Militar do Maranhão. O PL aprovado altera o Art. 3º da Lei 7.688/2001, que limitava a 10% a participação de mulheres quadros da instituição. Se o PL for sancionado pelo governador Carlos Brandão (PSB), o ingresso de mulheres nos quadros da PM, por concurso público, será livre. Com a mudança, o número de mulheres nos quadros da PM dependerá agora do desempenho delas e deles nos concursos públicos. A bola agora está com o governador Carlos Brandão (PSB), que poderá sancionar o PL, o que é esperado, ou veta-lo, se houver inconstitucionalidade.

A mudança da regra, que na prática extingue a chamada “cota de gênero” para ingresso por concurso na PM, tem uma forte expressão simbólica. Isso porque, mesmo em se tratando da normatização em uma só instituição, a nova regra tem uma importância excepcional. A começar pelo fato de que a Polícia Militar, pela natureza da sua razão de ser, é uma instituição conservadora, que resistiu muito a quebrar a exclusividade de homens nos seus quadros. Essa mudança veio em 2001, quando numa iniciativa modernizadora para a época flexibilizou o que era quase um monopólio masculino, para abrir 10% dos seus quadros para mulheres. Essa regra encontra-se vigente.

E foi em meio ao debate sobre as limitações relativas à participação das mulheres nos quadros do serviço público, que os deputados Iracema Vale e Roberto Costa resolveram unir as forças para dar o grande passo em relação à Polícia Militar. A instituição policial continuava como um bastião no qual a questão de gênero permanecia sob a tutela de líderes conservadores. Tanto que a cota de 10% sobreviveu por mais de duas décadas, resistindo às mudanças radicais ocorridas no Brasil no que diz respeito à participação do gênero feminino na vida produtiva do Brasil.

Ao propor a mudança, o deputado Roberto Costa argumentou que a cota de 10% não faz mais qualquer sentido, por ser uma norma fora da realidade, não condizente com os princípios fundamentais de igualdade. Ressaltou que, por conta da limitação, mulheres bem qualificadas, capacitadas perdem a oportunidade de ingressar na carreira policial- militar. “Não podemos admitir que, nos tempos de hoje, ainda possam existir leis que impeçam o ingresso das mulheres na função pública. Essa lei vem exatamente assegurar que, se ela fez o concurso, se ela passou pelo teste físico e foi aprovada, ela tem, sim, o direito à vaga conquistada, independente de cota, respeitando as vagas totais e a disputa entre homens e mulheres”, destacou Roberto Costa.

Coautora do PL, a presidente Iracema Vale assinalou que ao aprova-lo, o Parlamento Estadual está fazendo história na luta pela igualdade de gênero. “Pela primeira vez, em duzentos anos, tem uma mulher à frente desta Casa, além da maior bancada feminina já eleita. Isso fortalece o nosso compromisso em garantir que as mulheres ocupem espaços em suas áreas de atuação”, enfatizou a presidente da Assembleia Legislativa. “Hoje, as policiais militares atuam nas mais diversas funções, desempenhando atividades operacionais, especializadas e administrativas, assumindo funções de comando e gestão, mas ainda sofrem com essa limitação. Só queremos equidade”, concluiu.

Vale lembrar que Polícia Militar do Maranhão tem 187 anos e pela primeira vez na sua história passará a igualdade de direito entre homens e mulheres no preenchimento do quadro da corporação. Atualmente, a PMMA não tem nem 6% de mulheres nos seus quadros. Essa visível distorção será corrigida nova regra, que além de promover a igualdade de gênero, reconhece o papel fundamental que as mulheres podem desenvolver na segurança pública.

A bola está com o governador Carlos Brandão.

PONTO & CONTRAPONTO

Desembargador: TJ pode devolver hoje lista sêxtupla à OAB

Paulo Velten pode devolver à OAB lista
a ser entregue por Nelma Sarney

Tudo leva a crer que o imbróglio que envolve a escolha do desembarcador pelo Quinto Constitucional da OAB pode ter um desfecho hoje no Tribunal de Justiça, ou, pelo menos, ser objeto de um novo capítulo da novela que vem se desenrolando desde abril. A primeira eleição foi fraudada e anulada no final de abril. A segunda, realizada em maio, valeu e os 12 mais votados passaram pelo crivo do Conselho Seccional, que escolheu seis e os encaminhou ao Tribunal de Justiça, que deveria escolher três e mandar a lista tríplice ao governador do Estado. Ali, por conta do véu de suspeitas e de uma discussão sobre as regras para que o TJ transforme a lista sêxtupla em lista tríplice, o roteiro brecou e gerou um confronto legal que acabou no CNJ.

A situação do momento é a seguinte: depois de uma série de marchas e contramarchas desde que chegou ao Tribunal de Justiça, a lista sêxtupla, há algum tempo sob vistas da desembargadora Nelma Sarney, deverá ser devolvida hoje ao plenário. E independentemente de qual seja a conclusão e o voto da magistrada, a esmagadora maioria dos desembargadores seguiu o presidente Paulo Velten na decisão de devolver a lista à OAB, o que, na prática, remete o processo de escolha quase à estaca zero.

Enquanto o imbróglio não se resolve, os seis escolhidos – Lorena Soares, Josineile Pedroza, Ana Brandão, Flávio Costa, Hugo Passos e Gabriel Costa – permanecem mergulhados em tensa expectativa.

Vozes da direita radical na Câmara de São Luís e na Assembleia Legislativa festejam eleição de Milei

Marquinhos e Mical Damasceno:
discurso afinado

Está em curso um movimento parlamentar nas três esferas – federal, estadual e municipal – no qual a direita, por seu viés mais radical, notadamente os segmentos que seguem a orientação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tenta convencer os brasileiros de que a vitória do ultradireitista Javier Milei na Argentina foi uma vitória da extrema-direita bolsonarista e uma derrota do governo de centro-esquerda liderado pelo presidente Lula da Silva (PT). Na mesma linha, fazem uma defesa quase religiosa de Israel, quase satanizando quem demonstra alguma preocupação com os palestinos.

Na segunda-feira, o vereador Marquinhos (PSC) subiu à tribuna da Câmara Municipal de São Luís e fez um contundente discurso enfocando os dois temas. Primeiro festejou, quase que como um argentino da direita radical, a eleição de Javier Milei, apostando todas as suas fichas que ele vai tirar a Argentina do sufoco implodindo o Banco Central de lá. Em seguida defendeu, como que dominado por uma comoção, o direito de Israel se defender, sem dizer uma palavra em solidariedade aos palestinos vítimas numa guerra em que a proporção já é a de sete palestinos mortos para cada judeu morto. Para ele, Israel de agora é o mesmo Israel da Bíblia, protegido pelo Criador contra o resto do mundo.

Ontem, na Assembleia Legislativa, a deputada Mical Damasceno (PSD), que é evangélica roxa e integra a falange bolsonarista. Fez o mesmo discurso. Festejou a eleição de Javier Milei como se o episódio fosse uma vingança pela derrota do bolsonarismo, manifestando também convicção de que o novo presidente argentino vai salvar a Argentina e a América Latina. Mical Damasceno declarou estar convencida de que a vitória da direita radical na Argentina se repetirá em Portugal, com a possível eleição do direitista André Ventura, e nos Estados Unidos, com a pretensa volta de Donald Trump ao poder. A deputada já defendeu apaixonadamente o direito de Israel de se defender, não dando importância à morte de palestinos civis.

São Luís, 22 de Novembro de 2023.

Pesquisa reforça tendência de que disputa em São Luís será mesmo entre Braide e Duarte Jr.

Eduardo Braide e Duarte Jr. lideram corrida sem
chance para Edivaldo Jr., Neto Evangelista,
Yglésio Moises, Wellington do Curso,
Fábio Câmara e Diogo Gualhardo

A pouco mais de dez meses das eleições municipais, uma nova pesquisa sobre a corrida à Prefeitura de São Luís, feita pelo instituto Três Pesquisas para a TV Difusora e divulgada ontem, parece haver colocado as coisas nos seus lugares, depois de alguns levantamentos que não convenceram. Na nova pesquisa, o prefeito Eduardo Braide (PSD) lidera com 34,4% das intenções de voto, e o deputado federal Duarte Jr. (PSB) se mantém na segunda posição com 25%, construindo um cenário no qual a disputa se dará entre eles dois.

Essa tendência se dá porque os demais aspirantes aparecem assim: o ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr. (sem partido) com 6,5%, o deputado estadual Neto Evangelista (União) o segue com 4,1%, e é seguido pelo deputado estadual Yglésio Moises (ainda PSB) com 4,0% e do deputado estadual Wellington do Curso (PSC) com 3,6%. Fecham o bloco da rabeira o ex-vereador Fábio Câmara (PDT) com 2,9% e o empresário Diogo Gualhardo (Novo) com 0,4%. Além disso, 7,5% não souberam ou não quiseram responder, e 11,6% não querem conversa com nenhum deles e votarão nulo ou em branco.

A chamada pesquisa Difusora aponta três blocos muito claros. O primeiro é que tudo continua indicando que a disputa será entre o prefeito Eduardo Braide e o deputado federal Duarte Jr.. Eles caminham para repetir 2020 com a indicação de que podem ser mandados para um segundo turno em 2024, para uma espécie de tira-teima definitivo, quando essa guerra, que começou na campanha de 2020, será finalmente concluída. Os números falam alto, e mesmo que haja uma ou outra distorção, ou algum arremedo de surpresa, é quase certo que nada mudará esse desfecho anunciado com cara de revanche. A própria pesquisa fez essa indagação e a resposta foi a de que o eleitor acredita num segundo turno entre Eduardo Braide e Duarte Jr., apurando que o prefeito sairia das urnas com 43,1% e o deputado obteria 35,3%.

E a explicação para essa tendência está no que os eleitores ouvidos vêm sinalizando a respeito dos demais candidatos. Os ludovicenses estão dizendo que nada têm contra o ex-prefeito Edivaldo Jr., mas que o tempo dele já passou. Isso porque está demonstrado que, mesmo depois de oito anos no poder municipal, ele não deixou na população um sentimento de “quero mais”. O deputado Neto Evangelista não conseguiu seduzir a classe média ludovicense, mesmo sendo um produto político com alguns traços da cidade – tem forte base na Ilhinha, por exemplo, mas não chegou às avenidas Castelo Branco e Colares Moreira.

O deputado Yglésio Moises, inegavelmente um homem inteligente e preparado, encontra-se, no entanto, mergulhado numa transformação ideológica radical e num complexo xadrez partidário de desfecho imprevisível, que empanam o seu bom desempenho parlamentar e impede o seu credenciamento à luta pela Prefeitura. Por sua vez, o deputado Wellington do Curso, cuja atuação parlamentar em relação a São Luís equivale à de um vereador, uma vez que ele mira sempre no micro – o buraco, o lixo na esquina, a falta de energia na rua X, etc. – e não passa ao eleitorado o que de fato pretende fazer para melhorar a vida numa cidade que abriga hoje 1,2 milhão de pessoas e que é detentora do título de Cidade Patrimônio da Humanidade.

Os dois que se encontram na ponta de trás, Fábio Câmara e Diogo Gualhardo, estão destinados a ver o trem passar. Fábio Câmara já passou por esse teste representando o MDB, quando o emedebista Michel Temer presidia a República, e foi severamente reprovado. Sem qualquer traço de humildade, entra de novo no jogo, agora pelo PDT, correndo o risco de ser de novo reprovado e levando junto o partido criado por Jackson Lago, que deu as cartas na cidade por mais de duas décadas. E, finalmente, o empresário Diogo Gualhardo, uma novidade com um discurso de viés ideológico no qual se propõe a “unir a direita” em São Luís, mas cometendo o erro primário de não dizer quais pontas da direita pretende unir. Sim, porque são tantas as pontas, que talvez ele próprio não saiba identificar. Será, por exemplo, que está nos seus plenos atrair para essa tal união o prefeito Eduardo Braide, é um político de direita católica, mas com perfil democrático? Se pretende atrair a extrema-direita bolsonarista terá de se ver com o deputado Yglésio Moises, que não é fácil.

Os números são claros e indicam a confirmação de uma tendência, que só será mudada com um improvável evento excepcional.

Em Tempo: A pesquisa ouviu 800 eleitores entre os dias 10 e 12 de Novembro, nas zonas urbana e rural de São Luís. Tem margem de erro de 3,5 pontos percentuais para mais ou para menos, grau de confiança de 95% e está informada à Justiça Eleitoral.

PONTO & CONTRAPONTO

Ação de Roberto Costa em Bacabal explica sua liderança na corrida à Prefeitura

Abraçada a Roberto Costa, paciente comemora cirurgia
entre Iracema Vale, Antônio Pereira e Davi Brandão

Há alguns dias, numa roda de conversa sobre política, uma figura conhecida fez uma indagação curiosa: o que haveria por trás da liderança tão destacada do deputado estadual Roberto Costa (MDB) na corrida à Prefeitura de Bacabal, segundo todas as pesquisas feitas até aqui. Um dos políticos presentes, respondeu na bucha: “Trabalho”.

A palavra mágica usada pelo político ganhou a forma de ação no último fim de semana num mutirão que livrou nada menos que mil pessoas, a maioria idosos, de um mal angustiante: a catarata. Os beneficiados foram atendidos numa ação do programa “Amor no Olhar”, por meio do qual aquelas receberam o presente da visão. O mutirão de cirurgias de catarata e pterígio aconteceu na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Bacabal e foi viabilizada pelo trabalho político do deputado Roberto Costa (MDB), que destinou parte dos seus recursos de emendas aquela finalidade no município.

Para atender aos mil bacabalenses cadastrados, o mutirão reuniu 100 médicos e pessoal de apoio – enfermeiros e técnicos – e durou três dias. A ação foi um movimento liderado pelo deputado Roberto Costa, que contou com o apoio do governador Carlos Brandão (PSB). A ação de saúde foi quase transformada numa festa cívica, que levou a Bacabal a presidente da Assembleia Legislativa, deputada Iracema Vale (PSB), e o 1º secretário do parlamento, deputado Antônio Pereira (PSB, que acompanharam o deputado Roberto Costa, além do deputado Davi Brandão (PSB), que é bacabalense.

“Temos que agradecer a parceria do nosso governador e parabenizar a iniciativa do deputado Roberto Costa, que fez mais um gesto de declaração de amor por Bacabal, onde a gente é testemunha da sua dedicação, do seu empenho e compromisso com a população. Quando a gente vê um político assim atuante, com os olhos voltados principalmente para aqueles que mais precisam, a gente se sente feliz e com vontade de apoiar”, disse a presidente Iracema Vale.

Roberto Costa declarou: “Fico muito feliz de ver mais de mil pessoas tendo a sua dignidade resgatada, porque estamos conseguindo trazer de volta a alegria e o amor para os olhos desses bacabalenses. Agradeço muito o apoio do governador Carlos Brandão, que tem sido amigo da cidade de Bacabal e nos ajudado muito nessas ações, assim como a presidente da Assembleia, deputada Iracema Vale”, destacou Roberto Costa.

O episódio explica a liderança do parlamentar na corrida ainda não declarada à Prefeitura de Bacabal.

Vereadores aprovam mais sete projetos de lei para São Luís

O presidente Paulo Victor comandou a votação dos projetos

A Câmara de São Luís continua pródiga na normatização da vida em São Luís por meio da aprovação de leis. Ontem, por exemplo, os vereadores aprovaram sete projetos de lei, que entre outros temas, modificam o calendário da Capital e sobre a difusão de direitos.

A vereadora Karla Sarney (PSD), por exemplo, propõe, através do Projeto de Lei n° 161/23, a instituição da Semana Municipal do Empreendedorismo e da Inovação em São Luís. Já o Projeto de Lei n° 006/23, da vereadora Fátima Araújo (PCdoB), cria a campanha “Junho Violeta” em alusão ao Dia Mundial de Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa.

O Coletivo Nós (PT), teve aprovado o Projeto de Lei n° 194/23 que cria o Maio Furta-Cor, dedicado às ações de conscientização, incentivo ao cuidado e promoção da saúde mental materna. O vereador Gutemberg Araújo (PSC) viu aprovados os projetos de Lei n° 203/23 e 204/23 que criam, respectivamente, a “Semana Municipal de Conscientização e Prevenção do Uso do Cerol e Linhas Cortantes para a Prática de Soltar Pipa” e que institui no calendário municipal o dia de aniversário de fundação do Residencial Amendoeiras.

Por meio do Projeto de Lei n° 214/23, o vereador Domingos Paz (Podemos) propõe a instituição do Dia da Mulher Cristã Assembleiana em São Luís.

A Câmara Municipal aprovou o Projeto de Lei n° 180/23, proposto pelo vereador Ribeiro Neto (Cidadania), que estabelece a Campanha Permanente de Promoção e Difusão dos Direitos da Pessoa com Deficiência e Combate ao Capacitismo.

São Luís, 21 de Novembro de 2023.

ESPECIAL: Em “A Dança dos Contrários” Josias faz uma justa homenagem aos ritmos basilares da música popular do Maranhão

Josias Sobrinho e Zé Américo na capa virtual
do icônico “A Dança dos Contrários”

Terceiro volume do projeto “Canção em Canção”, “A Dança dos Contrários” é, antes de mais nada, o disco mais “raiz” dos que vieram à tona até agora na colossal obra de Josias Sobrinho. A começar pelo título, que elege os “contrários” – adversários no mundo do bumba-boi – como pesos e contrapesos da grande ópera popular que se desenrola nas dez faixas. O volume é um justo e vibrante tributo de Josias Sobrinho aos ritmos essenciais da cultura popular do Maranhão, como os quatro sotaques do bumba-boi – matraca/pandeirão, zabumba, orquestra e costa de mão, e o tambor de crioula, agregando também o baião, que por afinidade ganhou seu lugar na cultura musical maranhense. “A Dança dos Contrários” reúne dez poemas populares musicados, elaborados alguns solitariamente e outros em parcerias ricas com o compositor Túlio Borges, o cantor e compositor Zeca Baleiro, o poeta e compositor Salgado Maranhão, o radialista e compositor Gilberto Mineiro e o também compositor Samarone Jr.. Além da música e da poesia que encantam em cada faixa, “A Dança dos Contrários” poderia ser rigidamente classificado como um disco temático, dedicado à cultura popular. Mas vai muito, muito mesmo, além disso, e ganha qualidade e dimensão excepcionais, quase que se universalizando, na robusta e preciosa embalagem harmônica dada a cada faixa pelo genial Zé Américo, que com sua visão de maestro concebeu arranjos cheios, produziu uma magistral combinação de teclas (sanfona e piano), cordas (violão e viola) e sopros (metais e flauta), além, claro, de uma cuidadosa e eficiente percussão, dando personalidade forte a cada faixa. Nesse conjunto de elementos, Josias canta de maneira enfática, inclusive quando faz dueto com os músicos Cassiano e Lucas Sobrinho, seus filhos e talentosos herdeiros musicais, e Lobato, o consagrado amo e cantador do Boi de Morros, contando também com o discreto mas belo coro feito por Lenita Pinheiro e Kátia Espíndola.

“A Dança dos Contrários”, um baião que transmite força, exatamente por conta do nome, abre o disco, seguido pelo contagiante e intenso tambor (de crioula) “Eu vou viajar”. A terceira faixa é “Maracá de Ouro”, uma comovente homenagem aos amos de “batalhões pesados” da Ilha. Na sequência vem o tambor “Onde eu vou baiar baião”, que reverencia os tambozeiros ancestrais. “Mimo do Povo” é um tributo aos “batalhões” de sotaque de orquestra da região do Munim. “Primeiro Zabumba”, como outras, é uma bela e emocionante toada que se curva ao poderoso sotaque de zabumba de Guimarães. O baião “Remake” é um poema sobre um amor atrapalhado. “Boi da Imaginação” é uma referência ao auto do bumba-boi buscando na memória os mistérios de outros tempos. A toada de orquestra “Não há coração que aguente” é um poema forte sobre a crueza da realidade. E, finalmente, a toada “Oração”, um poema com preces a São Pedro e São João em favor de quem sofre. Um dos diferenciais desse disco é que Josias Sobrinho solta a voz como fez poucas vezes.

Joia de abertura e ponto alto do disco que leva o mesmo nome, “Dança dos Contrários” é um baião “pesado” sobre a tensão entre os contrários, como acontece no bumba-boi, com a provocação e a resposta, às vezes dura, às vezes debochada. “Vê se volta e se não volta/Se não se esquece de mim/Eu sou só um passageiro cujo boi não brinca aqui”. E segue a provocação: “Pelos quartos onde passo/Nasce nos cantos bolor/Mais um pobre caco velho/Na casa do teu avô”. E amarra: “Faz só para os teus/ Deixa os outros pra lá/Tu tens pena dele/ Mas fica no teu lugar”. Versos ricos interpretados com a ênfase devida por Josias e os filhos músicos Cassiano e Lucas Sobrinho. O arranjo de Zé Américo é arrebatador, cheio, com sanfona, viola e flauta adornando o poema e trilhando soltas, mas em perfeita harmonia, conduzidas por uma percussão equilibrada de Marquinhos Carcará. Ao abrir o disco, esse baião canta avisando o que vem pela frente.

“Eu vou viajar” é um tambor de crioula conhecido, mas que nesse disco ganha um espaço e um peso bem maiores. “Eu vou viajar/Vou tocar tambor no mar”. E continua avisando que a coreira está chamando porque o “tambor não pode esperar”. E depois de afirmar que no balanço do mar é pior que guariba, “Se pega, não quer largar”, o cantador dá um fecho preciso: “Eu hoje tô no sufoco/ Querendo ver para crer/ Quem tá comigo não abera/Se aberar vai sofrer”. Normalmente suave, Josias puxa pela voz nesse tambor, embalado pelo coro formado por Lenita Pinheiro e Kátia Spíndola, e pela percussão adequada de Marquinhos Carcará. O tambor se eleva com o belo arranjo de Zé Américo, que inclui uma forte participação de sopro competente de Bira do Trambone, pouco comum ao ritmo, e pelo suporte do violão simples, mas firme, de Israel Dantas.

“Maracá de Ouro”, toada com sotaque de matraca e pandeirão é uma ode aos amos dos “batalhões” da Ilha, citando Apicum, Iguaíba, Maioba, Ribamar e Maracanã. O poema é forte, e puxado pelas matracas e pelos pandeirões, produz uma festa que faz o chão tremer. “Maracanã, balançou terreiro novo/ Canta a Ilha de novo/ Pro povão se alegrar”, no embalo de um cordão protegido na roda aberta pela burrinha. A toada cresce dentro do arranjo cheio concebido pelo gênio de Zé Américo. Nele, a viola de Israel Dantas e a irretocável e ousada sanfona do maestro mantêm um diálogo perfeito, adornado pelos rasgos de flautas e pela força de uma percussão em que Marquinhos Carcará dá dignidade ao canto.

Um dos pontos altos do disco, “Onde vou baiar baião”, um tambor  forte, é uma clara reverência ao ritmo intenso e contagiante do folguedo. A toada é uma síntese magnífica do tambor de crioula. Na conversa entre coreiro e tambozeiro, o verso que traz a origem da dança: o Maranhão, onde o negro fez batuque nas horas de diversão, ou na festa de promessa, dia da libertação.  E dá a receita do batuque: “Tu toca no tambor grande/E eu seguro do meião/ Ele firma o crivador/ E a coreira sai do chão”. E dá o fecho maior: “É aí que o coro apanha/ E o refrão fica bonito”. O arranjo de Zé Américo quebra a regra e adorna a toada com uma sanfona atrevida e uma base suave de cordas. Mas o adorno incomum segue inteiramente subordinado ao batuque soberano do “tambor grande”, do “meião” e do “crivador”, no caso conduzido por Marquinhos Carcará.

A toada “Mimo do Povo”, é um belo e justo tributo aos batalhões com sotaque de orquestra que saem da região do Munim para encantar a Ilha. Josias faz dueto com Lobato, o respeitado amo e cantador do Boi de Morros. A toada anuncia a chegada da festa de São João, tempo em que os cordões já estão preparados. “Se tudo der certo este ano/ O nosso novilho é de novo/A prenda mais preciosa, mais querida e formosa/ Solta o Mimo do Povo”. Esse Mino não nasceu na Ilha nem na Baixada, mas sabe bem trupiar. “Não tem sotaque zabumba/ Tampouco costa de mão/ Quando chega vem dizendo/ Eu sou do Munim, sou do Maranhão”. O arranjo de Zé Américo é o da visão de um maestro, que encaixa com perfeição o trombone como voz dominante, garantido pelo toque da viola e por um discreto piano, que além de valorizar o metal, abre caminho para a surpreendente e comovente entrada de violinos. Nada parecido até então em arranjos de toadas.

“Primeiro Zabumba” é uma toada em zabumba e conta que esse sotaque ganhou presença na Ilha pela iniciativa de “Seu Bizico”, que resolveu fazer um boi “como tinha em Guimarães”. “No sotaque de zabumba esse boi foi o primeiro/Conhecido em São Luís/ Mas nem por isso o derradeiro”. E continua contando: “A zabumba tá no julgado/ Com rigor e harmonia/ Pandeirinho penicado/ Traça a bola e ritmia/ Amo toca o maracá/Com toda sua fidalguia”. Na mesma linha, Zé Américo produziu um arranjo maior, usando a força da viola de Israel Dantas, somada às entradas da sanfona do maestro, dando vez a sons de teclados. Tudo com o suporte soberano do zabumba e do pandeirinho penicado bem cuidados por Marquinhos Carcará que dão o diferencial do sotaque de Guimarães que para o bem da Ilha encantou “Seu Bizico”.

Fruto maduro de uma parceria de Josias com Zeca Baleiro, “Remake” é um baião que faz a crônica de uma relação tumultuada entre um canastrão e uma fugitiva. É um jogo de sedução com encontros e partidas. “Vamos deixar de onda/ E de fazer de conta/Que o baião mudou” E por aí vai, até chegar ao apelo final: “Vamos deixar de briga/ Melhor sem intriga/ Sem o seu rancor/ Nesse dramalhão/ Posso ser canastrão/Mas quero o seu amor”. Zé Américo dá a roupagem adequada ao baião, com intervenções fortes e intensas da sua prodigiosa sanfona e da viola de Israel Dantas, que parecem dialogar. Isso com o suporte de uma percussão correta.

A toada “Boi da Imaginação” é um poema musicado no sotaque de matraca e pandeirão, resultado de uma parceria de Josias com o consagrado poeta Salgado Maranhão. A música canta a beleza dos adornos do boi, que tem língua de ouro e coro de estrelas, que tiram o sono de Catirina, que tem desejos, mas sabe que o “marruá” tem dono. Depois de uma trama, o poema musicado continua: “Ê boi dos chifres de fogo/ Ê boi dos dias que vão/ A vida é mais que um jogo/ Tua dança peregrina/ Teu encantado mistério/ É o sonho de Catirina”. Zé Américo concebeu um arranjo apurado para essa toada à base de viola que, juntamente com a percussão, que manteve a integridade do sotaque, dá todo o suporte para os belos versos de Josias e Salgado Maranhão.

“Não há coração que aguente”, toada de Josias em parceria com o radialista e compositor Gilberto Mineiro, fala de descompassos culturais e sociais, de dúvidas, incertezas e identidades, de uma cidade em crise, da “geografia da massa” que entra em fria, de uma toada que causa temor e fascínio, até desembocar no cruel refrão: “Não há coração que aguente/ Água quente/ Pelando o coro de tanta gente”.  A toada foi embalada por Zé Américo num arranjo que reúne cordas, sopro e sanfona bem articulados, mantidos sem surpresas durante toda a longa letra e com a repetição do refrão. É arranjo cheio, com a visão ampla do maestro.

“A Dança dos Contrários” é bela e coerentemente arrematado com a toada “Oração”, sotaque de matraca e pandeirão, parceria de Josias com Samarone Jr.. Na oração São João pediu para São Pedro “que fizesse findar nossa dor”. Fala de tempos difíceis, tempos de dor. São João pede a São Pedro uma celebração “para alegrar o povo que passa sua dor no sertão”. Pede também a graça de guarnecer a toada mais bonita. E avisa a Catirina que no próximo ano estará de volta. Sempre com maestria, Zé Américo repete a bem-sucedida fórmula de embalar toada com um jogo bem armado de cordas, teclas e sopro. E foi assim que, contando com Israel Dantas, Marquinhos Carcará e Bira do Trombone fechou “A Dança dos Contrários” com chave de ouro.

Mais que um disco, “Dança dos Contrários” é um registro magnífico do rico lastro musical do Maranhão. É um disco para se ouvir sempre, até para desvendar os mistérios guardados nas entranhas dos poemas que viraram canções.

Em Tempo: Com “A Dança dos Contrários”, Repórter Tempo encerra essa bendita trindade do cancioneiro maranhense, aplaudindo os artistas da música e os parceiros (Governo do Estado e Potiguar) envolvidos no ousado e necessário projeto Canção e Canção, concebido e liderado por Josias Sobrinho.

São Luís, 20 de Novembro de 2023.

ESPECIAL: Em “Eu tive um sonho”, Josias Sobrinho canta sonhos mágicos que fogem dos guetos e ganham a realidade

Capa de “Eu tive um Sonho”, parceria de Josias Sobrinho
com o músico e arranjador Israel Dantas

“Eu tive um sonho”, o 2º volume do colossal projeto “Canção em Canção” é o que se pode classificar como um disco definitivo e destinado a ser icônico pela qualidade superior das 10 músicas magistrais de Josias Sobrinho, algumas esculpidas com parceiro de alto quilate, e pela genial e competente embalagem de cordas – violão, viola, guitarra – de Israel Dantas, autor e executor dos arranjos, dos quais participam aqui e ali a sanfona irretocável de Rui Mário, o violoncelo de Jorlyelson e a percussão competente de Luiz Cláudio. Aberto por um baião, ritmo caro ao autor, o disco encanta já na primeira audição, virtude típica de uma obra apurada, daquelas que não exigem esforços para compreensão e que cativam ao primeiro toque. À medida que as faixas evoluem, o ouvinte vai criando intimidade com cada uma delas, e descobrindo um roteiro musical que prende pelo encantamento. Literalmente, porque parece uma versão musicada de um livro de contos surrealistas de Garcia Marques ambientados no Maranhão. Isso porque nas músicas está um Josias Sobrinho maduro e determinado a fugir das amarras dos guetos, para levar sua magia ao mundo pela via de uma música comovente, lastreada por uma  poesia refinada.

Perfeitamente casados, as letras, as melodias e os ritmos de “Ê, vem comigo”, “Vedete”, “Ave de agouro”, “A briga do cachorro com a onça”, “O Mágico do Mundo”, “Eu tive um sonho”, “Balada Morricone”, “Descascando Ovo”, “Boi de Quarentena” e “Um morto vivo” remetem o ouvinte a um mundo dominado pelo realismo fantástico, mas sem escapar da realidade, numa relação que só existe nas tramas da magia. Cada faixa guarda um recado lembrando o confronto entre a plenitude da vida e do amor, e com a crueza dos contrastes do claro/escuro, vida/morte/ ser/não ser/ vai/não vai. Tudo tornado mais contagiante pela beleza dos acordes e dos solos das cordas dos arranjos do mestre Israel Dantas. E, claro, pelo bom gosto das participações especiais de Zeca Baleiro, Aziz Júnior e Gaby Marques.

Tudo começa pelo baião “Ê, vem comigo”, cantado em dueto por Josias Sobrinho e Zeca Baleiro e que sugere um chamamento ao Maranhão, cantando e desviando do vazio, que a vida segue em paz. A embalagem de cordas feita por Israel Dantas é genial, em sintonia aguda com os rasgos da sanfona de Rui Mário e uma bem cadenciada percussão. Uma joia para ser eternizada.  

Em “Vedete”, que Josias Sobrinho interpreta com Aziz Júnior, o compositor fala do jogo do amor nos mais diferentes vieses, e alerta para as ciladas, o preço e as vantagens do amor, que no começo não tem preço, e é só pelo verso que se ama tão fácil, concluindo que “só no gozo o amor é gostoso”. O arranjo de Israel Dantas é arrojado, casando a viola refinada com a sanfona intensa de Rui Mário, ao que acrescenta intervenções bem dosadas de flauta.

“Ave de agouro”, parceria de Josias com Túlio Borges, é uma balada suave, mas de elevada qualidade. O compositor canta: “O vento frio veio me acordar/ Nem temporal passou, nem quer passar” e depois de longo relato, amarra: “Ouvi dizer que esse perrengue vai passar/ Seja do jeito que for/ Seja do jeito que há/ Seja do jeito que dá”. que ganha volume pela variada e consistente embalagem de cordas, como um diálogo de dois violões, conduzidos por Israel Dantas.

“A briga do cachorro com a onça” é uma mistura de lelê – um ritmo ancestral da Região do Munim – com cacuriá sobre uma espécie de desafio surreal, com tiradas geniais de parte a parte, ricamente interpretado por Josias e Zeca Baleiro. O cachorro ataca: “Tú és flor que não se cheira? És rainha da besteiras/ Tu não tem nada de gente”. E onça reage: “Tu não nasceu, foi vomitado/ Tu so tem é rebolado/ Teu negócio é pra esse chão”. Além da viola perfeita da sua lavra e da sanfona de Rui Mário, o arranjo de Israel Dantas inclui um poderoso e envolvente ritmo de caixas. 

Um dos pontos altos do disco, a canção maior “O Mágico do Mundo”, uma parceria superior com o celebrado e genial compositor Sérgio Habibe, em que pregam que “cada caminho é um céu”, e perguntam “Pra onde é que tu vais?”, reforçando a genialidade de Josias Sobrinho como letrista, principalmente quando o argumento é o realismo mágico. O arranjo de cordas de Israel Dantas é superior, iniciando com um toque que lembra uma guitarra flamenca, que logo casa com uma viola que sustenta o conjunto, tornando a música um item destacado desse volume.

É o caso também do xote “Eu tenho um sonho”, que dá nome ao disco, no qual Josias Sobrinho brinca com as palavras, rascunhando o verso e o reverso da realidade, dizendo que no sonho não se “via no espelho” e “não sabia acordar”, mais ainda: “andava sem passar”/ “parava sem ficar/ali ou em qualquer lugar”. O surrealismo na sua mais pura essência. Nesse arranjo, Israel Dantas mantém a base de cordas, mas abre grande espaço para a precisa sanfona de Rui Mário, que faz sua parte em casamento perfeito.

A sexta faixa, “Balada Morricone”, parceria com Túlio Borges, Josias surpreende ao sair dos xotes, baiões, toadas, baladas e, surpresa das surpresas, incursiona pela bossa nova. Canta “Alma de minhalma /É um ser paralelo/Que as águas negras/De onde eu trafego/ Não cabe ao nobre/Nem ao singelo/Ou tampouco ao belo/Ou parabelo”. É como estar assistindo a um pôr de sol no Caolho numa tarde de outubro. O arranjo de Israel Dantas casa sem angústia violão e piano, ambos sustentados por um poderoso violoncelo conduzido por Jorlyenson.  

Também desguiada do roteiro, a faixa “Descascando ovo” é um vigoroso ensaio jazístico sem letra elaborado por Josias e que coloca em situação de desafio harmônico a bela e disciplinada voz de Gaby Marques e o embalo rico e virtuoso da guitarra de Israel Dantas. É um diálogo tenso e desafiador entre voz e cordas, que culmina na construção de uma joia musical.

“Boi de Quarentena” é a única toada de “Eu tive um sonho”, fruto icônico de uma parceria de Josias com Joãozinho Ribeiro, Chico Saldanha e César Teixeira. E como não poderia deixar de ser, eles, com a autoridade de quem sabe o que faz, pedem a proteção de São João aos bois diversos, rogando para que o santo proteja e guarde a cultura popular. Entre outros apelos, pede: “Ó meu São João, proteja e guarde o novilho, de peste, tortura e relho”. Levada num sotaque leve de matracas, a toada é ricamente adornada por um suporte de cordas alinhavado por Israel Dantas e revestido pelos rasgos da sanfona de Rui Mário, sustentados por uma percussão sem alarde.

Josias Sobrinho fecha “Eu tive um sonho” com a canção “Um morto vivo”, rebento de parceria com o jornalista Sérgio Catelani, que relata uma desventura amorosa na qual o sujeito banido se compara a cachorro sem latido e a resto de comida. O arranjo de Israel Dantas repete a fórmula perfeita de harmonizar o rico trinado das suas cordas com a beleza saída dos teclados da sanfona de Rui Mário.

É um disco contagiado pela magia, literalmente, e para ser eternizado no reino do encantamento. Sem nenhum favor.

Em Tempo: Na edição desta segunda-feira (20/11), a Coluna encerra a trilogia com o monumental “A Dança dos Contrários”, parceria de Josias com Zé Américo.

São Luís, 19 de Novembro de 2023.

ESPECIAL: As três joias primas do ousado e magnífico “Canção em Canção” de Josias Sobrinho

Josias Sobrinho: tesouro resgatado do seu baú

Cerca de um ano e meio atrás Josias Sobrinho contou, numa conversa com ares de segredo, que estava mergulhado no ambicioso projeto de tirar do baú uma centena de músicas compostas ao longo do seu meio século de criação, com a desafiadora tarefa de perpetua-las em uma dezena de discos, no roteiro de um projeto gigante batizado Canção em Canção, que se somariam à sua vasta e consagrada obra conhecida. Quem o conhece foi contagiado por uma tensa expectativa, e quem não o conhece, duvidou. Surgiram fatalmente duas indagações. Tal projeto, delineado na parceria arte-empresa (Potiguar), costurada nas regras da Lei de Incentivo à Cultura, seria viável? E o que sairia do tal baú? Ninguém perdeu por esperar. Menos de um ano depois, nada menos que seis volumes, ou seja, seis dezenas de músicas, já chegaram às plataformas sonoras da internet, mais duas devem desembarcar até o Natal, e duas ficarão para um pouco depois – que Josias Sobrinho é de boa cepa, mas não é de ferro.

Os três primeiros volumes – “Vida Bagaço”, “Eu tive um Sonho” e “A Dança dos Contrários” – compensaram plenamente a espera. Neles Josias Sobrinho se mostrou o mesmo gênio de sempre, só que agora muito mais consolidado como um compositor de talento sem medida, capaz de produzir uma obra monumental sem fugir do seu lastro que são as raízes culturais da Música Popular Maranhense, mas sem se repetir, tornando cada música um traço marcante. As 10 faixas de cada um desses volumes são ímpares, casamentos plenos entre letras e música, e também pelos arranjos que as embalaram. “Vida Bagaço” é uma parceria com o talento desmedido do sanfoneiro Rui Mário, arranjador certeiro como as notas do seu fole. “Eu tive um Sonho” é o resultado de mágica poesia musicada com o gênio superior do craque das cordas Israel Dantas, arranjador sem amarras, que não teme arriscar. E “A Dança dos Contrários” é uma sequência de toadas que vieram ao mundo na embalagem harmônica exuberante que nasceu de uma aliança de Josias Sobrinho com a experiência, a sensibilidade e a maestria do mestre José Américo, o grande gênio musical maranhense no plano dos arranjos. São três obras-primas aparentemente distantes, mas que se completam quase que como um roteiro de vida do compositor. São obras irretocáveis.

Nesta edição especial, a Coluna o primeiro rebento genial. Na edição de amanhã, domingo (19/11), a Coluna publicará “Eu tive um Sonho”, e na de segunda-feira (20/11), “A Dança dos Contrários”.

“Vida Bagaço”: um tributo de Josias ao conjunto Rabo de Vaca e o resgate de um tempo que não volta

Capa do primeiro volume do projeto “Canção em Canção”

“Vida Bagaço”, uma homenagem de Josias Sobrinho ao conjunto “Rabo de Vaca”, motor inicial da sua carreira nos anos de 1970, quando ele e outros gênios atrevidos deram forma e conteúdo à essência musical do Maranhão. É um disco solo, que Josias gravou sem parceiro de composição nem de interpretação. O volume reúne composições nas quais Josias Sobrinho busca reminiscência da sua infância na acolhedora Cajari. O abre é “Boi de Pireli”, uma crônica em verso sobre um boi louco. Ao que segue o baião “Naszora” cuja letra tem é um protesto da sobrevida pela “graça de Deus”. Então surge o baião “Bote terra”, uma metralha na dureza da vida real na busca do “pão de cada dia”. “O dia da Caça” relata outra situação dramática e metafórica que é a noite em que onça invade curral. O galope “Vida Bagaço” – não inédita – é o ponto alto do disco, a grande homenagem ao conjunto Rabo de Vaca, no qual iniciou sua trajetória musical. Na sequência vem o baião “Noves Fora”, também uma crônica de reminiscências de rua com um cego inteligente. “O Sonho” é uma emblemática metáfora no ritmo de samba-choro. “Doutor Pai Francisco” é uma toada genial, fruto de uma grande parceria. “Lancha Nova” é um forte poema musicado sobre o sonho de partida. E “Estrupício” é o retrato do que toda criança foi ou gostaria de ser. As dez faixas são ricamente adornadas pelos arranjos precisos e tocantes de Rui Mário, com a presença dominante da sanfona, e tendo como suporte as cordas envolventes de Israel Dantas.

O disco abre com a toada de matraca “Boi de Pireli”, a crônica de um boi louco, que “matou muito vaqueiro”. A loucura do boi vira notícia, mas no final vem o apelo dramático para poupa-lo, com a alegação de que “ele é cria de Maria e Santo Antônio lhe benzeu”. A interpretação de Josias Sobrinho, com sua voz atípica, única, e que dá a dimensão exata de cada verso. O arranjo de Rui Mário casa sua sanfona com o violão de Israel Dantas e a percussão de Luiz Cláudio. Chama a atenção a bela e desconcertante introdução em violão dissonante, que logo se casa com a sanfona e um piano numa toada lenta, mas com intensa força dramática.

“Naszora” é uma espécie de ladainha em forma de baião em que o cristão ao mesmo tempo resignado e inconformado segue em frente “com a graça de Deus” “mendigando piedade”, “revidando amizade” e “rebuscando piedade”, “nas horas de eternidade e eterna idade; de falsidade e da falsa idade, e da infinidade e da finda idade”. A letra com seus refrãos segue com um bem armado trocadilho, como em toda ladainha que se preza. O arranjo de Rui Mário começa com um arrebatador solo de viola de Israel Dantas, que casa na sequência com a sanfona do arranjador, com o embalo preciso de percussão eficiente.

“Bote terra” é uma espécie de baião compassado em que o compositor faz dura crítica às dificuldades da vida cotidiana de um brasileiro comum e indignado, levando a reclamar do preço do arroz, do desgosto do pão e a estimular seu compadre a botar terra e rejeitar esse quilo de feijão. Isso num “paraíso, doutor, com um pé no caixão”, no qual a liberdade pouco vale numa situação de servidão”. Rui Mário abre o arranjo com um piano grave, salpicado por notas agudas de sanfona e com o adereço de uma viola discreta, mas forte, de Israel Dantas. O tom de protesto fica mais forte com a brusca interrupção.

“O Dia da Caça” é um xote no qual Josias recorda o drama que contagiava a todos quando onça invadia currais para matar a fome. Quando a onça invade o curral, “o sangue escorre no quintal”. “A onça esturra, o gado berra, e o temor revira a terra, a noite inteira no curral”. E a reação vem com “baladeira, faca, foice, canivete e a ponta do meu punhal”. O belo arranjo de Rui Mário é um casamento das cordas de Israel Dantas e a sua sanfona, que dão alegria ao xote, que é bem ritmado pela percussão competente.

“Vida Bagaço”, que é o grande tributo ao Rabo de Vaca, não é inédita, mas a sua importância torna esse galope o ponto alto do disco pela força da sua poesia. A letra é um jogo de frases com amor e desamor, espera, tristeza e a expectativa “De que chegue o fim dessa noite, que a partir de hoje se possa cantar”. E “Quando acabar quarentena, virá uma novena, meu Deus, que será?”, numa clara referência à ditadura repressora dos anos 70. E garante que cantando faz “o hotel da tristeza fechar”. Um galope clássico embalado por um arranjo absolutamente coerente de Rui Mário, à base de sanfona incrivelmente variada, um suporte de violão fazendo o bordão, rasgos de flauta e uma zabumba segura. Uma embalagem perfeita para uma faixa icônica.

Em “Noves fora” Josias compôs um baião da gema, que ritima uma crônica de um cego de rua que parece enxergar mais que todos os presentes. “Disse o cego isso é besteira, meu menino conte outra, vamos prestar atenção”, faz desafios e diz que “Toda questão minha se resolve nove mais nove, noves fora nada é”. O arranjo de Rui Mário é preciso. Começa com um toque de viola nordestina de Israel Dantas que logo é acompanhado do tremulado da sanfona numa sequência comovente. É um casamento perfeito para um baião que conta história de cego que teve um grande amor.

“O Sonho” é um samba-choro clássico, com a magistral sequência do gênero, no qual Josias ironiza uma prisão política na qual tem um cão como carcereiro. Só que nela ele pode ir à praia, com calção furado, vigiado pelo cão, mas não encontra ninguém   e outras coisas mais. O samba-choro é belamente embalado pela base da sanfona de Rui Mário, com a baixaria precisa do violão de seis cordas de Israel Dantas, que nada deixa a dever a um sete cordas.

“Doutor Pai Francisco” é toada de matracas na qual Josias traça com perfeição a personalidade tortuosa de Pai Francisco, o personagem central do bumba-meu-boi maranhense. Na toada, é dito a um doente com “ a faca na goela, um ardor na titela, de doer, de matar” que se Pai Francisco conhecesse a medicina, receitava na surdinha gasolina e melhoral…, vaselina e carnaval”. O arranjo bem montado mais à base do ritmo do que de harmonia, é garantido pala sanfona de Rui Mário, traços de violão, rasgos de flauta e uma boa percussão numa toada de matraca.

“Lancha nova” é uma canção em ritmo de coco na qual Josias lembra o sonho de infância de sair do torrão – no caso Cajari -, e ganhar o mundo. A lancha era a porta de entrada para a vida além do ninho. Embarcar na lancha o levaria a “cantar esse meu canto pras bandas que eu chegar. Vou dizer em outras terras, como é o lado de cá”. O próprio disco “Vida Bagaço” é um relato desse mundo que ficou, mas que nunca foi esquecido. O competente arranjo de Rui Mário começa com uma bela base de cordas saída do violão de Israel Dantas. É um dos pontos altos do disco, principalmente pela força simbólica da lancha, que durante muito tempo foi a ponte flutuante entre a Baixada e o Litoral Norte do Maranhão com o resto do mundo.

“Estrupício” é um reggae adornado por sanfona, piano, violão capitaneados por contrabaixo padrão do ritmo jamaicano. É uma sátira sobre um rebento que não se emenda. “Nasceu fruto da tua carne, bafo da tua espécie”, “querendo briga, não se cura nem com prece”. Encerra com um interessante mix de ritmos, mas sem manchar o lastro do reggae. Bom arranjo de Rui Mário.

Primeiro rebento do ousado projeto de Josias Sobrinho, “Vida Bagaço” é um disco para se ouvir e mergulhar na memória.

São Luís, 18 de Novembro de 2023.

Brandão atua para transformar a Baixada em grande polo de desenvolvimento econômico

Foto 1 – Carlos Brandão e Aparício Bandeira (boné) e
políticos da região exibem a autorização para a
construção da barragem Maria Rita.
Foto 2 – Carlos Brandão, Iracema Vale entre
Cláudio Santos, Zé Inácio e Roberto Costa
no ato de autorização do acesso a Araoca

No domingo que passou, há exatos cinco dias, num ponto entre Bequimão e Central do Maranhão, o governador Carlos Brandão (PSB), acompanhado de prefeitos, deputados estaduais, secretários de Estado e empresários, assinou ato autorizando a construção da Barragem Maria Rita, que terá 16 quilômetros de extensão e beneficiará diretamente Bequimão, Alcântara, São Bento, Peri-Mirim, Bacurituba e Palmeirândia, situados na Baixada Maranhense, mais precisamente na Região dos Lagos. No momento em que o ato era assinado, outra obra do atual Governo, não muito distante dali, vivia um problema inusitado: o braço rodoviário de 19 quilômetros ligando a MA-211 à Praia de Araoca, estava praticamente congestionado por um “comboio” de nada menos que 58 ônibus de turistas que foram conhecer a Praia de Araoca, a nova sensação turística do litoral do Maranhão.

Os dois eventos são parte de um arrojado programa do Governo do Estado para desenvolver a região da Baixada Ocidental do Maranhão, que começou com a construção da ponte sobre um braço de mar para ligar Bequimão a Central do Maranhão. A ponte foi inaugurada em maio de 2022, tendo o governador Carlos Brandão completado a obra com a pavimentação de 38 quilômetros da rodovia MA-211, formando o Complexo Rodoviário MA-211

A construção da Barragem Maria Rita torna realidade um sonho regional de meio século, uma vez que sua concepção se deu no Governo Antônio Dino, no final dos anos 60, como uma ideia para turbinar o desenvolvimento da Baixada Ocidental, onde estão a Região dos Lagos e a chamada Floresta dos Guarás, itens com enorme potencial econômico, a começar pelo turismo. Será um importante corredor para escoamento de riquezas produzidas na região. Com 16 quilômetros de extensão, a Barragem Maria Rita evitará a salinização das áreas inundadas da região e garantirá a reserva de água doce, garantindo a pesca, agricultura e pecuária, beneficiando, diretamente, os municípios de Bequimão, Alcântara, São Bento, Peri-Mirim, Bacurituba e Palmeirândia, situados na Região dos Lagos na Baixada Maranhense. A barragem será transformada em rodovia possibilitando a ligação de São Bento, que fica às margens da MA-014, com a MA-106.

Já a Praia de Araoca, localizada em Central do Maranhão, é uma espécie de paraíso litorâneo de grande extensão, que já era destino do turismo de aventura dadas as dificuldades de acesso à área. Essa situação mudou radicalmente nos últimos meses com a pavimentação da Rodovia MA–211, que dá acesso à ponte Central-Bequimão, inaugurada em maio de 2022. São 38 quilômetros de extensão da estrada que interliga 10 municípios: Bequimão, Central do Maranhão, Mirinzal, Guimarães, Cedral, Cururupu, Porto Rico, Serrano do Maranhão, Bacuri e Apicum-Açu. A grande quantidade de ônibus que “invadiram” Araoca no fim da semana passada, levando quase dois mil turistas, deu bem a medida do que poderá vir a ser o movimento turístico naquela região próxima à Floresta dos Guarás, atraindo principalmente turistas do Pará. A preocupação agora é preparar mão-de-obra para atuar no setor de serviços, como bares, restaurantes, pousadas e hotéis propriamente ditos.

Uma série de projetos complementares estão em andamento. Um deles é a instalação de pequenos portos para as atividades de pesca, entre eles o de Apicum Açú, onde já estão registrados nada menos que 120 barcos, o de Porto Rico e o de Atins, assim como portos menores, formando uma rede fomentadora da indústria da pesca. Esses investimentos foram negociados com o Ministério de Portos e Aeroportos.

Com senso de oportunidade e se comprometendo com o que é factível, o governador Carlos Brandão tem evitado as obras faraônicas e investido o que possível em iniciativas que podem dar respostas rápidas, como foi a transformação da Praia de Araoca num destino turístico, e a futura Barragem Maria Rita, que produzirá um dos maiores lagos da região, também com grande polo econômico, tendo o turismo e a pesca. A região inteira está vivendo um momento de entusiasmo com a chegada desses empreendimentos.

PONTO & CONTRAPONTO

Revelações da PF comprometem mais ainda o ministro das Comunicações

Juscelino Filho ainda conta com o apoio
do presidente Lula da Silva

Cada revelação feita pela Polícia Federal nas investigações para colocar em pratos limpos suspeitas de desvios de recursos federais na forma de emendas parlamentares liberadas pelo deputado federal Juscelino Filho (União) encalacram ainda mais a vida do ministro das Comunicações Juscelino Filho.

Agora veio à tona a informação segundo a qual o empresário Eduardo José Barros Costa, o Eduardo DP, guardaria na sua pasta carimbos e cartões de diversas empresas, uma delas a Construservice, que tem contratos com a Prefeitura de Vitorino Freira para construir estradas municipais sob as ordens da prefeita Luanna Rezende (União), irmã do ministro, que foi afastada do cargo por decisão judicial. A revelação aproxima ainda mais a PF do que seus investigadores acreditam ser uma teia de corrupção envolvendo o jovem ministro.

Juscelino Filho caiu nas graças do presidente Lula da Silva (PT), que vem esticando sua permanência na Esplanada dos Ministérios, de onde já deveria ter saído, segundo fontes graúdas do PT. As investigações da PF tendem a complicar ainda mais a situação do ministro, não se sabendo até quando ele terá a proteção do presidente da República e o suporte do seu partido, o União Brasil.

Gutemberg faz reflexão democracia na Câmara Municipal

Gutemberg Araújo defende a
democracia e diz que a Câmara
é uma instituição democrática

Em discurso recente na Câmara Municipal, o vereador Gutemberg Araújo (PSC), fez uma série de reflexões sobre a instituição a que pertence e o sentido da democracia. Algumas das declarações do vereador, que é um dos mais experientes da Casa:

Sobre ser vereador de São Luís, cidade com mais de 1 milhão de habitantes: “Isso é um privilégio de poucos. Na eleição passada tinham mais de mil candidatos, apenas 31 se habilitaram. Nós temos que agradecer e reverenciar todos os dias a população de São Luís”.

 Sobre a democracia exercida no Legislativo de São Luís: “É uma Casa estritamente democrática. Todos nós vereadores fomos eleitos de forma democrática, todos temos autoridade aqui, todos nós somos presentes aqui. O que impera nesta Casa é a lei da maioria”.

Sobre a regra parlamentar segundo a qual o que imperas é o coletivo e não o individual:  “Essa democracia, na minha análise, tem que ser uma democracia que a gente discuta o coletivo, ele tem sempre que superar o individual. As questões sociais e institucionais têm sempre que superar as questões pessoais”.

Sobre a Câmara Municipal como instituição política: “A câmara é uma Casa de discussão e de conflitos, ninguém tenha dúvida, mas é um conflito de ideias”. Qual é a minha reflexão? Que todos os lados, quaisquer que sejam eles, explorem questões que nos unam, invés de buscar temas que nos dividam. Eu tenho muita esperança que todos nós juntos, cada qual com sua postura, cada qual com suas ideias, cada qual com seu perfil político, possamos discutir cada vez mais os grandes temas da nossa sociedade”.

É isso aí.

São Luís, 17 de Novembro de 2023.

MDB prepara convenção na qual São Luís e Bacabal serão destaques na pauta de discussões

Roberto Costa, Roseana Sarney, Marcus Brandão e Baleia Rossi
comandarão a convenção do MDB marcada para 1º de dezembro

O MDB, que agrega o que sobrou do grupo sarneysista, começa a se mobilizar para a convenção estadual a ser realizada no dia 1º de dezembro, quando o empresário Marcus Brandão será oficialmente confirmado na presidência do partido no Maranhão, sucedendo a deputada federal Roseana Sarney, e tendo como vice-presidente o deputado estadual Roberto Costa, hoje o principal articulador do partido. Na convenção, que será prestigiada pelo presidente nacional, o deputado federal Baleia Rossi (SP), o novo comando emedebista deve confirmar a posição de aliado na base de apoio do governador Carlos Brandão (PSB), e esboçar um roteiro para a participação do partido nas eleições municipais, especialmente em São Luís e Bacabal. Nos dois municípios a legenda está sob pressão, por diferentes motivos.

No caso de São Luís, o MDB não tem condições de lançar candidato próprio à sucessão na Prefeitura, mas quer ter uma participação forte na disputa. O presidente municipal do partido, deputado Cléber Verde, defende uma aliança com o prefeito Eduardo Braide. Outra parte da cúpula, a começar pelo vice-presidente Roberto Costa, advoga o lançamento de duas candidaturas da base governista, sendo a segunda a do deputado estadual Neto Evangelista, resultado de uma aliança do MDB com o União Brasil, comandado no estado pelo deputado federal Pedro Lucas Fernandes. Se essa aliança não for possível, o MDB vai definir sua posição com o governador Carlos Brandão, que pode resultar no apoio do MDB ao candidato do PSB, que tende a ser o deputado federal Duarte Jr..

O caso de Bacabal é exatamente inverso. Ali, o deputado estadual Roberto Costa, que disputou a Prefeitura em 2016 com o Zé Vieira, é hoje líder disparado na preferência. As sete pesquisas realizadas até agora para medir as preferências do eleitorado bacabalense o apontaram como favorito com larga vantagem, sem qualquer adversário que o ameace. Mais do que isso, as mesmas pesquisas o apontam praticamente sem rejeição, desenhando um fenômeno pouco comum nessas medições. Além disso, o prefeito Edvan Brandão (PDT), que tem elevado índice de aprovação, é seu aliado. E pelo menos até o momento, não apareceu no cenário político de Bacabal um nome com força para disputar.

Um dos quadros mais ativos da nova geração, acumulando larga experiência no jogo político e eleitoral, Roberto Costa avalia com cuidado os movimentos nesse tabuleiro. Vice-presidente estadual do MDB, com livre trânsito na cúpula nacional do partido, e segundo secretário da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa, onde é referência como articulador das relações entre o parlamento e o Palácio dos Leões, Roberto Costa vive uma espécie de dilema sobre ser ou não ser candidato à Prefeitura de Bacabal.

Em conversas reservadas, ele mostra entusiasmo com a possibilidade de poder comandar um dos dez maiores municípios do Maranhão, epicentro e polo maior da grande e rica região do Médio Mearim. Conhecedor profundo do município, ele vem há tempos maturando um projeto administrativo, mostrando que sabe exatamente o que fará se vier a se tornar prefeito de Bacabal. Ao mesmo tempo, não esconde o fato de que vive um momento especial como deputado estadual e como dirigente partidário, atuando como interlocutor dentro da Assembleia Legislativa, onde se movimenta em total alinhamento com a presidente Iracema Vale (PSB).

Diante desse cenário em que as duas situações têm grande peso, o deputado Roberto Costa quer ouvir o seu partido, vendo na convenção estadual a ser realizada no início de dezembro um momento oportuno para fazer essa avaliação. Não como uma decisão do tipo “vai ou não vai”, mas para a definição de uma diretriz que leve em conta a sua posição e os interesses do partido.

Esses dois itens e outros que entrarão na pauta das discussões que ocorrerão na convenção do MDB serão testes importantes para o novo comando do partido, especialmente para o presidente Marcus Brandão. Como irmão do governador Carlos Brandão, ele conhece os meandros da política maranhense, com a diferença de que agora terá de tomar decisões em nome de um grupo cuja maioria tem origem no sarneysismo.

PONTO & CONTRAPONTO

Dino vai jogar pesado contra a turma que divulga mentiras a seu respeito

Flávio Dino, jogo pesado contra autores de mentiras

O ministro Flávio Dino (Justiça e Segurança Pública) decidiu jogar pesado contra os disseminadores de informações falsas a seu respeito nas redes sociais. Ele vinha tratando o assunto com alguma tolerância, mas no caso da “Dama do Tráfico”, os criminosos das redes vêm extrapolando todos os limites, armando e divulgando situações absolutamente absurdas, que levaram até o presidente Lula da Silva (PT) a se manifestar em defesa do ministro.

Flávio Dino anunciou que baterá às portas da Justiça para processar os mentirosos. E pelo tom das suas declarações, ele parece saber onde estão os focos e os responsáveis pelas malandragens. Essa turma tenta criminosamente minar seu prestígio e evitar que o ministro seja indicado pelo presidente da República para a vaga aberta no Supremo Tribunal Federal. Eles querem também esquartejar o Ministério da Justiça e Segurança Pública para criar o Ministério da Segurança Pública.

O que essa turma parece não ter entendido ainda é que o ministro da Justiça, que é senador da República licenciado, é bom de briga. Ele sabe exatamente com quem está lidando e tem a certeza de que no jogo aberto, cara a cara, seus adversários mais ativos não são páreo para um embate sobre qualquer tema. Isso ficou claro nas diversas vezes em que se encontraram na Câmara Federal e no Senado.

Pelo que foi divulgado, os processos serão pesados, porque o material é farto e o ministro conhece o caminho das pedras.

Cúpula nacional pode tentar unir o PSD no Maranhão

Eduardo Braide e Josivaldo JP:
candidatos fortes sem força partidária

Não será surpresa se até o final do ano o PSD do Maranhão vier a se reunir informalmente para tomar uma série de decisões relacionadas com as eleições municipais. É que chegou na cúpula nacional do partido, comandada pelo ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, que apesar dos quadros que reúne, o partido estaria sem norte no Maranhão.

O fato é que o PSD tem duas situações favoráveis no cenário maranhense, mas suas forças estão espalhadas em diferentes frentes. O prefeito de São Luís, Eduardo Braide, aparece como favorito à reeleição, mas não conta, por exemplo, com o apoio da senadora Eliziane Gama, que é do partido, mas tem como caminho natural apoiar o candidato que vier a ter o aval do Palácio dos Leões, provavelmente o deputado Duarte Jr. (PSB).

Em Imperatriz, o pré-candidato do PSD, deputado federal Josivaldo JP saiu do nada para se tornar o segundo colocado na corrida à Prefeitura, com clara indicação de que será o grande adversário do candidato do PP, deputado estadual Rildo Amaral, líder disparado nas pesquisas. JP vem atuando como um sem-partido.

Somente esses dois casos já são motivo de sobra para que a cúpula nacional do PSD se mexa e tente unificar o partido no Maranhão.

São Luís, 16 de Novembro de 2023.

Dino enfrenta grupos que não o querem no STF nem no ministério, mas segue com apoio de Lula

Flávio Dino: guerra cerrada contra adversários agressivos que o querem longe do poder

O senador Flávio Dino (PSB) está sob pressão cerrada, que só tende a aumentar à medida que o presidente Lula da Silva (PT) sinaliza que está em contagem regressiva para indicar o novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Feita a partir de três pontos – a falange bolsonarista no Congresso Nacional, segmentos ligados a interessados na vaga na Suprema Corte e segmentos do PT que, além de não o querer na vaga aberta pela ministra Rosa Weber, pretendem também tirá-lo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, ou pelo menos tomar-lhe a área de Segurança Pública, para torna-lo uma pasta prestigiada, mas sem poder algum. Os bolsonaristas não engolem a participação importante de Flávio Dino na campanha de Lula da Silva, os interessados na cadeira do STF o querem longe dela, e os petistas insatisfeitos, além de não o quererem sucessor de Rosa Weber e de brigarem pela metade do Ministério, tentam ofusca-lo temendo que ele cresça e ganhe peso na corrida presidencial de 2026.

O aríete do momento contra o ministro Flávio Dino é o fato de uma criminosa, mulher de um chefão do crime no Amazonas, que comanda uma ONG que briga por melhores condições nos presídios, esteve duas vezes no Ministério da Justiça, onde, uma vez em grupo e outra sozinha, esteve com secretários da pasta. O registro dessas presenças foi divulgado pelo jornal O Estado de S. Paulo e caiu como um filé no prato da falange bolsonarista, que de imediato acusou o ministro, que não tinha conhecimento de tais audiências, de ter ligações com o “Comando Vermelho”. E o que é pior, a banda fuxiqueira do PT entrou na onda e estimulou a metralha contra o ministro da Justiça. Ontem, o mesmo jornal publicou que a fulana com centenas de pessoas participou de dois atos no Ministério dos Direitos Humanos, nos quais, por coincidência, o ministro da Justiça estava presente – os dois sequer se cruzaram, segundo a própria criminosa.

Flávio Dino encontra-se, portanto, travando uma guerra contra a má fé, um jogo de poder quase irracional e a “fúria” malandra da falange bolsonarista, que sabe tudo a respeito de relacionamento com o crime organizado, milícia, etc… O mais fulcral dessa opereta é que parte de setores graúdos do PT está metida até o pescoço na operação casada com a falange bolsonarista, que resolveu acionar suas pontas de lança nos estados para fazer o maior barulho possível.

Na Assembleia Legislativa do Maranhão, o discurso antiDino está sendo feito pelos deputados Mical Damasceno (PSD), bolsonarista roxa e evangélica ultraconservadora, e Yglésio Moises (em processo de saída do PSB), ex-centro-esquerda que vive um espantoso processo de migração para a extrema-direita, adotando um discurso ultraconservador, em que pese o seu elevadíssimo nível cultural. Os dois têm usado parte da sua ação parlamentar numa espécie de “cruzada” sem cruz, destinada a minar o prestígio do ministro da Justiça e, se possível, tira-lo da vida pública. O problema é que seus discursos não fecham: ela se limita a agredir o ministro com violência às vezes surpreendente, e ele, mesmo com um discurso sempre inteligente e bem armado, não consegue convencer. Os dois falam para as bolhas conservadoras, que é a estratégia-mestra do bolsonarismo. Na catilinária de ontem, foram rebatidos na medida pelos deputados Carlos Lula (PSB), Rodrigo Lago (PCdoB), Roberto Costa (MDB) e Zé Inácio (PT).

Forjado nas lutas políticas, que começaram no Movimento Estudantil (secundarista e universitário), com mestrado e doutorado na política partidária – isso depois de uma década de magistratura federal, tempo em que presidiu a associação da classe, um período como assessor do CNJ e do próprio Supremo, um mandato de deputado federal muito bem exercido e dois mandatos de governador do Maranhão igualmente bem sucedidos, e que chegou ao Senado neste ano na esteira de mais de dois milhões de votos, Flávio Dino conhece o jogo e sabe jogá-lo. Tanto que não deixa ataque sem contra-ataque, como aconteceu nas várias vezes em que foi ao Congresso Nacional por provocação de bolsonaristas, alguns dos quais se arrependeram da graça.

Se a aposta dos antiDino da oposição e do PT é fragiliza-lo a ponto de pedir para sair, estão perdendo tempo. Só o presidente Lula da Silva e o próprio ministro têm hoje poder para definir o futuro imediato do senador Flávio Dino.     

PONTO & CONTRAPONTO

Sem conhecê-lo, Wellington do Curso fez defesa contundente do desembargador Bayma Araújo

Wellington do Curso fez defesa
enfática de Bayma Araújo

O deputado Wellington do Curso (PSC) intrigou seus colegas e jornalistas ao dedicar a maioria parte do seu discurso diário a uma ardorosa defesa do desembargador Bayma Araújo, decano do Tribunal de Justiça e afastado das suas funções pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) sob a suspeita de haver sido beneficiado na doação do terreno em que está ainda de pé o escandaloso esqueleto do Fórum de Imperatriz, que causou também o afastamento do desembargador Guerreiro Jr., por um rosário de supostos desvios.

Fazendo questão de esclarecer que não conhece o desembargador Bayma Araújo, mas que é ciente de que o magistrado tem trajetória ilibada, sem qualquer mancha, o deputado Wellington do Curso fez uma defesa contundente do decano do Tribunal de Justiça. Para ele, o desembargador Bayma Araújo está sendo injustiçado pelo CNJ, tendo ele convicção de que o ex-presidente do Poder Judiciário não cometeu nenhum deslize, prevendo que isso ficará demonstrado ao final do processo.

Nada contra um deputado sair em defesa de um magistrado. Mas o que soou fora do tom foi o fato de um deputado estadual que não tem proximidade com o Poder Judiciário, sair em defesa a de um desembargador sem conhece-lo e contrariando frontalmente uma decisão colegiada do CNJ, baseada num denso relatório mostrando todos os passos de uma obra orçada em R$ 70 milhões, consumiu R$ 130 milhões e ainda será necessária a bolada de R$ 160 milhões para concluí-la.

A defesa contundente que o deputado Wellington do Curso fez do desembargador Bayma Araújo sem nunca haver trocado duas palavras com o magistrado, surpreendeu o plenário da Assembleia Legislativa na manhã de ontem. 

Prefeito de Formosa da Serra Negra esnoba salário dizendo que tem nove fazendas

Cirineu Costa fantasiado
de fazendeiro

O Maranhão político foi surpreendido por um vídeo em que, numa espécie de comício, o prefeito de Formosa da Serra Negra, Cirineu Costa (PL), impacta o público ao afirmar que não tem preocupação com salário de prefeito porque é dono de nove fazendas e 1.500 cabeças de gado.

Município com 18 mil habitantes, segundo o Censo de 2022, e encravado entre Fortaleza dos Nogueiras, Sítio Novo e Grajaú, a 676 quilômetros de São Luís, Formosa da Serra Negra foi palco de uma das disputas mais acirradas das eleições municipais de 2020 em todo o Maranhão, tendo o resultado sido quase um empate.

Ali, Cirineu Costa, com o apoio da máquina montada pelo deputado federal Josimar de Maranhãozinho (PL), venceu por uma margem mínima, com 5.228 votos (50,08%), enquanto seu adversário, Janes Clei da Silva (PDT), que foi apoiado ostensivamente pela máquina do senador Weverton Rocha (PDT), obteve 5.212 votos (49,92%), uma diferença pífia de 16 votos.

Diante de uma declaração desse quilate, feita num ato público, o Ministério Público poderia perguntar ao prefeito quantas fazenda ele tinha no dia 1º de janeiro de 2021, quando assumiu o comando da Prefeitura de Formosa da Serra Negra. Sua resposta eli9minaria todas as dúvidas criadas com a declaração.

São Luís, 15 de Novembro de 2023.

São Luís caminha para ter sete candidatos brigando pela Prefeitura

Eduardo Braide enfrentará Duarte Jr., Neto Evangelista
e Yglésio Moises (acima) e Wellington do Curso e, possivelmente, Franklin Douglas e Hertz Dias

Ainda é cedo para se montar o quadro definitivo de candidatos à Prefeitura de São Luís, mas pelo andar da carruagem eleitoral na direção de 2024, é possível especular que os mais de 600 mil eleitores da Capital terão pelo menos sete opções: o prefeito Eduardo Braide (PSD), candidatos à reeleição, o deputado federal Duarte Jr. (PSB), apoiado pelo Palácio dos Leões, o deputado estadual Yglésio Moises (ainda no PSB, mas em processo de migração não se sabe para onde), o deputado estadual Neto Evangelista (União), o deputado estadual Wellington do Curso (PSC), e provavelmente candidatos do PSOL, que pode ser de novo o professor Franklin Douglas, e do PSTU, que tende a ser de novo o professor Hertz Dias. Dificilmente o quadro de candidatos a prefeito será diferente dessa simulação, uma vez que é quase certo que o ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr. está fora do páreo.

A candidatura do prefeito Eduardo Braide tem tudo para ser irreversível. Ele dispõe de um partido sob seu controle na Capital, tem vários partidos acenando para formar uma aliança no espectro da direita, está no comando de uma máquina administrativa azeitada e eficiente, e tem boa avaliação, confirmada pela posição de favorito que lhe dão as pesquisas. Sua condição de líder vem atraído adversários poderosos, como o presidente da Câmara Municipal, vereador Paulo Victor (PSDB), que abriu mão de ser candidato a prefeito e decidiu se tornar uma voz influente de oposição ao prefeito, disparando denúncias fortes contra ele e sua gestão.   

Seu adversário mais forte na disputa propriamente dita, o deputado federal Duarte Jr., segundo colocado nas pesquisas, está praticamente consolidado como candidato governista. Já não enfrenta reservas dentro do seu partido e caminha para receber o apoio efetivo das agremiações da aliança liderada pela sua, o PSD, e formada por PT, PCdoB, PP, PSDB e PRD. Duarte Jr. já conquistou o aval da cúpula nacional do PSB e a simpatia de quem decide no PT, o presidente Lula da Silva. A montagem da base da sua candidatura será feita pelo governador Carlos Brandão (PSB).

O terceiro possível candidato é o deputado Neto Evangelista (União). Ele está firme no propósito de disputar a Prefeitura, e pode vir a ter o PDT como aliado, como em 2020. O problema desse projeto de candidatura é uma encrenca que o União tem com a Justiça Eleitoral por conta de suposta fraude na cota de gênero na eleição proporcional de 2022. Se a situação não for revertida, os votos do União serão anulados e Neto Evangelista, que nada teria a ver com a tramoia, poderá perder o mandato. O quarto nome é o deputado estadual Yglésio Moises. O problema desse projeto de candidatura é o partido. Filiado ao PSB, pelo qual se reelegeu, ele tenta deixar o partido sem perder o mandato. No processo ele se diz vítima de perseguição, depois que, ainda na campanha, declarou apoio à candidatura do então presidente Jair Bolsonaro (PL) à reeleição, contrariando o apoio do PSB ao ex-presidente Lula da Silva (PT). Se ganhar na Justiça, deixa o PSB e se filia a outro partido, podendo ser candidato a prefeito. Se perder, perderá o mandato.

O deputado estadual Wellington do Curso (PSC) é candidato assumido, mas também o seu partido enfrenta problemas com a Justiça Eleitoral por causa da cota de gênero. A situação de Wellington do Curso é idêntica à de Neto Evangelista: se ganhar, leva tudo; se perder, perde tudo, incluindo o mandato. No mais, resta saber se PSOL vai apostar de novo no projeto de candidatura do o professor Franklin Douglas, que foi um candidato combativo em 2020, e o PSTU tentará outra vez com o professor Hertz Dias, que continua pregando a revolução do proletariado e o fim da propriedade privada.

Se não houver mudanças, serão sete candidatos ao Palácio de la Ravardière, mas apenas dois com chances reais de eleição.

PONTO & CONTRAPONTO

Nomeação do bolsonarista Gil Cutrim para a Codevasf causou surpresa no meio político

Gil Cutrim: bolsonarista
no Governo do PT

Causou surpresa no meio político maranhense a nomeação do ex-deputado federal Gil Cutrim (Republicanos) para o cargo de diretor de Estratégias e Finanças da Companhia do Vale do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). A reação não se deu por dúvidas quanto ao seu preparo para exercer o cargo, mas pela sua posição ostensivamente contrária à eleição do presidente Lula da Silva (PT) durante a campanha eleitoral, quando se posicionou declarada e abertamente a favor da reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Advogado com militância na defesa de prefeitos encrencados, Gil Cutrim foi vice-prefeito e prefeito de São José de Ribamar, período em que foi presidente da Famem, elegendo-se deputado federal em 2018 pelo PDT, ficando na primeira suplência em 2022.

Durante seu mandato na Câmara Federal, Gil Cutrim contrariou frontalmente orientações do PDT, de oposição, para votar de acordo com as lideranças governistas, passando a militar como membro da bancada fiel ao presidente Jair Bolsonaro. Por isso foi expulso do PDT e se filiou ao Republicanos, pelo qual tentou a reeleição e ficou na primeira suplência.

De acordo informações distribuídas por fontes do próprio Governo, sua nomeação para a diretoria da Codevasf se deu por indicação do ministro de Portos e Aeroportos Silvio Costa Filho, deputado federal por Pernambuco com quem teria fortes laços de amizades. Teria sido o ministro o facilitador do seu ingresso no Republicanos, após ser expulso do PDT. Agora é aguardar o seu desempenho como diretor de Estratégias e Finanças da Codevasf, por muitos apontada como uma seara contaminada pela corrupção.

Tucanos se movimentam para resgatar e fortalecer o PSDB

Sebastião Madeira: campanha
para resgatar PSDB

Anos depois de haver mergulhado numa crise que o levou quase à extinção no Maranhão, fruto em parte dos descaminhos no plano nacional, o PSDB do Maranhão ganha novo ânimo sob o comando do ex-deputado federal, ex-prefeito de Imperatriz e atual chefe da Casa Civil do Governo do Estado, Sebastião Madeira.

O dirigente tucano protagoniza no momento uma campanha no rádio e na TV, na qual anuncia a reviravolta positiva na trajetória do partido, que chegou perto do limbo sob a direção do senador Roberto Rocha. Sebastião Madeira conclama tucanos a voltarem ao partido e convida apartidários a se converteram ao tucanismo.

Desde que retomou o comando, o líder tucano deu novo norte para o PSDB, reorganizando-o nos municípios e atraindo para seus quadros, como foi o caso do presidente da Câmara Municipal de São Luís, vereador Paulo Victor, o ex-vereador Fred Campos, forte candidato à Prefeitura de Paço do Lumiar, e Ocileia Fernandes, pré-candidata à Prefeitura de Raposa. Outros nomes expressivos estão se filiando ao partido, que tem como meta eleger grandes bancadas de vereador em São Luís e Imperatriz, para citar exemplos.

Abalado por uma longa luta interna, o PSDB nacional parece disposto a colocar ponto final no racha e voltar a ser um grande partido. E tudo indica que essa tarefa cairá nas mãos do ex-senador Tasso Jereissati.

– Vamos voltar a ser um grande partido – prevê o tucano-mor do Maranhão Sebastião Madeira.

São Luís, 14 de Novembro de 2023.

Brandão vai comandar as forças governistas na corrida por prefeituras

Carlos Brandão vai comandar as forças
governistas na corrida às prefeituras

O governador Carlos Brandão (PSB) se prepara para comandar a participação do seu partido e dos aliados do Governo nas eleições municipais. Os movimentos diretos do chefe do Executivo e do “núcleo duro” que o assessora devem ser iniciados a partir de meados de janeiro, quando decisões sobre candidaturas a prefeito, vice-prefeito e vereador, inclusive em São Luís, começarão a ser tomadas. Não existe um cronograma definido nesse sentido nem a escolha de candidatos será feita às pressas. O governador Carlos Brandão tem por meta avalizar candidaturas de consenso e com potencial para vencer a eleição no maior número possível de municípios. Já existem algumas situações em que as candidaturas já estão praticamente definidas, mas mesmo assim o governador, com a experiência que acumulou na disputa por prefeituras, só pretende bater o martelo para casos em que não haja dúvida quanto ao potencial.

O comando político da aliança governista foi transferido para o governador Carlos Brandão em abril de 2022, quando o então governador Flávio Dino (PSB) renunciou para disputar uma cadeira no Senado. Os dois trabalharam em conjunto durante a campanha, mas depois que Flávio Dino assumiu o mandato senatorial e foi para o Ministério da Justiça, se afastou das articulações políticas do grupo, que foram inteiramente assumidas pelo governador Carlos Brandão. Meses atrás, em meio a rumores de que a relação entre o governador e o ministro enfrentava dificuldades, os dois conversaram sobre como conduzir o processo político e eleitoral e definiram com clareza o papel de cada um. O comando político da aliança governista é do governador Carlos Brandão, cabendo ao senador/ministro Flávio Dino auxiliá-lo no que for possível.

O governador Carlos Brandão conhece como poucos o mapa político e eleitoral do Maranhão, sabe quem é quem na seara dos municípios, e tem um painel sobre as dificuldades nas mais diferentes regiões. Um exemplo do seu faro nessa área foram as eleições municipais de 2016, quando ele, então vice-governador e no comando do PSDB, teve papel decisivo na eleição de quase três dezenas de prefeitos. Foi assim também em 2020, então como membro do Republicanos, de onde migrou para o PSB. Agora, no comando efetivo das forças políticas alinhadas ao Governo, a expectativa dos seus aliados é a de que os partidos da aliança governista saiam das urnas com um lastro majoritário. Na avaliação de alguns, as eleições municipais serão uma espécie de “tira-teima” na disputa com o PDT, comandado pelo senador Weverton Rocha, para quem as eleições serão decisivas para seu futuro, e o PL do deputado federal Josimar de Maranhãozinho, que corre sério risco de perder espaços em meio ao novo cenário político nacional.

O “núcleo duro” do Palácio dos Leões aposta que aliados governistas podem vencer nos grandes e nos pequenos municípios. É o caso de Imperatriz, com Rildo Amaral (PP), São José de Ribamar, com a reeleição de Júlio Matos (Podemos), Caxias, com o candidato que sair da junção dos grupos Gentil e Coutinho, Paço do Lumiar, com Fred Campos (PSDB) ou o candidato do PCdoB, ainda por ser definido. Nos pequenos municípios, onde as disputas são acirradas, o governador Carlos Brandão aposta na vitória dos candidatos aliados do Governo.

Em São Luís, mesmo não havendo ainda martelo batido com ponta de prego virada, todos os indicativos são no sentido de que o governador Carlos Brandão avalizará a pré-candidatura do deputado federal Duarte Jr. (PSB), que é o nome mais viável das fileiras governistas, aparecendo nas pesquisas como o adversário mais forte do prefeito Eduardo Braide (PSD), que lidera a corrida. Pelo menos até aqui, não há qualquer sinal de que esse cenário possa mudar.

Dentro da aliança governista, o que há de certeza é que o governador Carlos Brandão terá o comando das forças aliadas na corrida pelas 217 prefeituras maranhenses, a começar pela mais importante delas, a de São Luís, cujo desafio é cuidar bem de 1,2 milhão de habitantes.

PONTO & CONTRAPONTO

Reitor das UFMA é nomeado após “guerra” nos bastidores

Natalino Salgado e novo reitor Fernando
Carvalho, eleito com seu apoio

Depois de meses de espera, tempo em que aconteceu uma “guerra” silenciosa nos bastidores da instituição cujos ecos chegaram à Esplanada dos Ministérios, o presidente Lula da Silva (PT) acatou indicação do ministro da Educação e nomeou o professor Fernando Carvalho reitor da Universidade Federal do Maranhão, sucedendo ao reitor Natalino Salgado.

Apoiado pelo reitor Natalino Salgado, Fernando Carvalho venceu a eleição realizada em julho com 43,5% dos votos. O segundo colocado, professor Luciano Façanha, que teve o apoio do grupo que controla a Apruma, saiu das urnas com 36,38% dos votos. Em terceiro lugar ficou a professora Isabel Ibarra, com 15,78% dos votos, e em quarto lugar ficou o professor Wener Miranda, com 3,59% dos votos. Os três primeiros formaram a lista tríplice que foi encaminhada para a escolha do presidente Lula da Silva.

Desde que a lista tríplice foi enviada ao ministro da Educação, Camilo Santana, que é do PT, um forte jogo de pressão foi desencadeado em Brasília. É que o grupo apoiador do candidato Luciano Façanha, que forma a grande base da esquerda na UFMA, fez diversos movimentos com o objetivo de “queimar” Fernando Carvalho. O primeiro deles foi questionar, em vão, o sistema de votação. Depois, bradou que foi o mais votado, mostrando uma conta que não fecha, uma vez que pela regra, os votos têm peso diferenciado, dependendo da categoria. A estratégia não funcionou.

Depois de se informar cuidadosamente sobre o processo de escolha e de consultar diversas fontes, inclusive na bancada federal, o ministro Camilo Santana indicou Fernando Carvalho, indicação que foi acatada pelo presidente Lula da Silva, que também fez consultas e consolidou a eleição. O ato de nomeação foi publicano no Diário Oficial da União, encerrando de vez o processo de escolha para a Reitoria da Universidade Federal, a maior e mais importante instituição de ensino superior do estado.

Vale registrar que no plano político, o reitor Natalino Salgado sai do processo como o grande vitorioso, tendo levado a melhor, direta ou indiretamente, nas oito eleições das quais participou, sendo quatro como candidato e as demais como apoiador de candidatos.

Revigorada, máquina de comunicação da Assembleia Legislativa se expande

Entre Glaucione Pedrozo e Ellen Serra, Jaqueline Heluy
fala sobre a nova política de comunicação da AL

Instituição essencialmente política, cujos integrantes dependem fundamentalmente de uma boa relação com o cidadão e com a coletividade, a Assembleia Legislativa aprimora e amplia a sua política de comunicação de massa, dinamizando todos os seus canais de informação. Nos nove meses da nova gestão, comandada pela jornalista Jaqueline Heluy, a Diretoria de Comunicação alcançou resultados expressivos, depois de promover uma completa reestruturação na TV Assembleia e na Rádio Assembleia, na Agência de Notícias e nas redes sociais, em especial o Facebook e o Instagram. O resultado dessas mudanças foi apresentado na semana que passou aos colaboradores, e os números falaram por si.

Dois exemplos de expansão. O Facebook da Assembleia cresceu 7,3% (849.261) no alcance, registrando também aumento de 63,86% (104.043) no número de usuários engajados. O Instagram registrou aumento de 70,87% no alcance (3.462.748), e de 183,23% (75.452) no número de engajamentos. No mesmo período, o Portal de Notícias do Poder Legislativo publicou 2.825 matérias e registrou mais de 1,3 milhão de acessos ao seu conteúdo.

Nesse período, a TV Assembleia realizou, em 12 anos de existência, a primeira transmissão fora de São Luís: a sessão plenária da Assembleia Itinerante em Imperatriz, pelo canal aberto 9.2, 17 Maxx e 309.2 Sky, ocorrendo o mesmo em Caxias. 

A TV e Rádio Assembleia ganharam ainda uma nova identidade visual, cujos elementos reforçam o compromisso com uma programação 100% regional. Já a Rádio Assembleia passou de apenas um para oito programas em sua grade, com transmissão tanto pela frequência 96,9 FM quanto pelo Youtube, registrando ainda uma produção de 3.445 áudios editados nos últimos dez meses.

A diretora de Comunicação da Alema, Jacqueline Heluy, parabenizou toda a equipe:  

“É engrandecedor ver o trabalho que foi realizado e o quanto nós progredimos em todas as mídias. A TV Assembleia possui, hoje, 17 programas na grade, além de outros que vão estrear. Também registramos o aumento no número de acessos ao site, o crescimento das redes sociais e dos inscritos nos nossos canais no Youtube. Então, é um momento de confraternização e de agradecermos todo o empenho e o apoio que a presidente Iracema Vale está dando à Comunicação da Casa”, assinalou Jacqueline Heluy.

O balanço foi apresentado pela coordenadora do Núcleo do Portal e Mídias Integradas, Ellen Serra, e pelo subdiretor de TV e Rádio Parlamentar, Juraci Filho. Também participaram a diretora-adjunta de Comunicação Glaucione Pedrozo, a coordenadora de Mídias Digitais Annyere Pereira e o diretor técnico Fernando César.

São Luís, 12 de Novembro de 2023.