Roseana Sarney começa a se mostrar como candidata “preparada para ganhar ou para perder”

 

Roseana Sarney: movimentos mais intensos, mas atenta ao futuro de Michel Temer
Roseana Sarney: agora se mostra como candidata  e diz que está pronta para ganhar ou para perder a disput

A ex-governadora Roseana Sarney (PMDB) resolveu sair da tenda da discrição para assumir aberta e verbalmente que vai mesmo tentar voltar ao Governo do Maranhão. Nas últimas semanas, a pemedebista assumiu a candidatura em entrevistas a canais da internet e em conversas diretas com grupos de eleitores e em reuniões com a cúpula do Grupo Sarney. Suas manifestações nesse sentido têm sido diretas, sem rodeios, deixando no ar a impressão de que a intenção é tornar o projeto irreversível. A ex-governadora tem feito declarações surpreendentes, do tipo “Sou corajosa”, “Vou ser candidata para ganhar ou para perder, mas eu quero ganhar” e “Vocês são como meus filhos, e uma mãe tem de cuidar dos seus filhos”. Evoca o que entende como legado construído nos quase 14 anos em que residiu no Palácio dos Leões, jura que “nunca persegui adversários” e diz que está pronta para continuar sua obra. A postura recém assumida vem animando aliados periférico, e caminha com o objetivo de atrair aliados que fazem a diferença em matéria de peso político.

Dona de brilho próprio, mas forjada na cultura de fazer política utilizando os instrumentos de poder, a ex-governadora entra na corrida sucessória consciente de que não terá a seu favor a força da máquina pública estadual. Deve, portanto, ter clareza de que a situação para ela é adversa, a começar pelo fato de que medirá força com o governador Flávio Dino (PCdoB), um político jovem, forjado nas dificuldades do movimento estudantil e nas fileiras da Oposição, e que está no comando de um Governo bem avaliado. Mesmo levando em conta o seu denso lastro político e eleitoral, aliados dela ainda não contagiados pelo entusiasmo inicial avaliam que tal cacife não será suficiente para quebrar o poder de fogo da candidatura do governador à reeleição.

Na cúpula do Grupo Sarney, a candidatura da ex-governadora é fato consumado, pelo simples fato de que somente ela dispõe de suporte político e eleitoral para entrar na briga. As demais expressões do sarneysismo, como os senadores pemedebistas Edison Lobão e João Alberto, por exemplo, não têm interesse de tentar voltar ao Palácio dos Leões. Na banda mais jovem não há ninguém com estatura para assumir o fardo de enfrentar o governador Flávio Dino nas urnas. No campo aliado, o ex-deputado Ricardo Murad (PRP) se apresentou como candidato, mas ninguém dentro e fora do sarneysismo aposta que ela seguirá em frente com alguma chance de dar certo.

Sem a máquina estadual para produzir dividendos eleitorais, Roseana Sarney conta com o aval da cúpula nacional do PMDB e do Palácio do Planalto. Ela sabe, no entanto, que poderá cometer “suicídio” eleitoral se sair Maranhão afora se apresentando como candidata do presidente Michel Temer (PMDB). E a situação fica mais complicada quando se avalia que até aqui não existe a perspectiva de o PMDB lançar um candidato viável a presidente da República. Pior ainda é a possibilidade, remota, mas possível, de o PMDB firmar uma aliança com o PSDB em torno de Geraldo Alckmin, obrigando Roseana Sarney dividir a candidatura do tucano, situação que pode levar o projeto da ex-governadora tiver de dividir a candidatura do governador paulista com o candidato do PSDB a governador, senador Roberto Rocha.

Com a coragem que diz ter adquirido em 23 cirurgias e em diversas eleições – incluindo a que perdeu para o governador Jackson Lago (PDT) por pouco mais de dois pontos percentuais -, Roseana Sarney começa a se apresentar como candidata para valer, apostando que pode sair-se bem ao comparar sua obra de quase 14 anos de Governo com a de um governante que está há apenas três anos no comando do Estado. Pode ser que dê certo, mas tem muito para dar errado. Mas, independentemente do desfecho, sua candidatura terá importância capital na corrida eleitoral que já está em curso, pois servirá para testar o até aqui bem avaliado e  politicamente correto projeto de poder do governador Flávio Dino.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Ricardo Duailibe e Cleones Cunha vão comandar a Justiça Eleitoral nas eleições de 2018

Ricardo Duailibe e Cleones Cunha vão comandar do processo eleitoral em 2018
Ricardo Duailibe e Cleones Cunha vão comandar do processo eleitoral em 2018

O desembargador Ricardo Duailibe vai comandar as eleições do ano que vem no Maranhão. Ele foi eleito ontem, por aclamação, presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE/MA), tendo o desembargador Cleones Cunha como vice-presidente e corregedor geral eleitoral. Ricardo Duailibe sucede o desembargador Raimundo Barros, que presidiu até ontem a Corte Eleitoral. O novo comando da Justiça Eleitoral no Maranhão vai cuidar da montagem da gigantesca estrutura para assegurar que 4,5 milhões de maranhenses exerçam a obrigação constitucional de escolher, pelo voto direto, secreto, universal e, pelas leis do Brasil, obrigatório, o presidente da República, o governador do Estado, dois senadores, 18 deputados federais e 42 deputados estaduais no dia 7 de outubro do ano que vem. Também foi empossado como membro da Corte Eleitoral o juiz Júlio Prazeres.

A eleição do presidente e do vice-presidente e corregedor geral da Justiça Eleitoral seguiu a praxe segundo a qual o corregedor em exercício ascende à presidência da Corte, substituindo o presidente cujo mandato expirou – no caso, o desembargador Raimundo Barros, que comandou as eleições municipais de 2016. E o desembargador que o sucedeu ao Tribunal, no caso Cleones Cunha, foi eleito ontem para os cargos de vice-presidente e corregedor geral eleitoral. (Em Tempo: A Corte eleitoral é formada por dois desembargadores, juízes federais e advogados, com o detalhe de que só desembargadores podem exercer a presidência, a vice-presidência e a Corregedoria Eleitoral).

Antes da eleição do presidente e do vice-presidente e corregedor geral eleitoral, o desembargador Cleones Cunha pediu a palavra e abriu mão de ser candidato a presidente, enfatizando que a cadeira presidencial deveria ser ocupada pelo desembargador Ricardo Duailibe. Presidida provisoriamente pelo juiz federal Eduardo Moreira, a Corte atendeu e aclamou Ricardo Duailibe presidente e Cleones Cunha vice-presidente e corregedor geral.

O desembargador Cleones Cunha, que já exerceu as funções de corregedor geral eleitoral (1993/1997), volta à Justiça Eleitoral depois de presidir o Tribunal de Justiça do Maranhão durante dois anos. Dono de uma experiência ampla e sólida como magistrado, será o operador do processo eleitoral, devendo funcionar ainda como conselheiro do presidente Ricardo Duailibe. “É com imensa satisfação e alegria que retorno a este Egrégio Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão, agora exercendo as funções cumulativas de vice-presidente e corregedor regional eleitoral. O faço com o propósito único de garantir a legitimidade do processo e consolidar, junto com o desembargador Ricardo Duailibe, os demais membros desta Corte e os juízes eleitorais, a já adquirida credibilidade da justiça eleitoral, máxime quanto à efetividade, à eficácia, à transparência e à segurança”.

 

PSOL entra na corrida sucessória com candidatos a governador e a senador

Odívio  será candidato a governador, e Luiz Noleto, a senador
Odívio Neto será candidato a governador, e Luiz Noleto, a senador

A disputa pelo Governo do Maranhão, que já reúne pesos pesados como o governador Flávio Dino (PCdoB), que concorre à reeleição, a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB), que tenta voltar ao poder, e o senador Roberto Rocha (PSDB), que se coloca como “terceira via”, ganha agora mais um postulante: Odivio Neto, professor universitário, que defenderá as bandeiras do PSOL, a agremiação partidária melhor situada na chamada esquerda radical. o lançamento da candidatura ocorreu no final da semana passada, em congresso do partido. O PSOL lançou também a candidatura do sindicalista Luiz Noleto para o Senado.

Cumprindo à risca as regras por meio das quais toma decisões eleitorais, o braço maranhense do PSOL lançou um manifesto no qual critica duramente os grupos que estão no poder e reafirma seu posicionamento em defesa de um governo de esquerda, que mantenha os postulados do partido e disparando petardos contra o Governo do PCdoB no Maranhão e o do PMDB no plano nacional: “Esta pré-candidatura reveste-se claramente de uma perspectiva de classe, democrática, popular e coerente com sua trajetória recente de combate, em primeira linha, ao governo de conciliação de interesses de Flávio Dino (PCdoB) e do governo golpista de Temer (PMDB)”.

O PSOL entra na corrida pelo poder no Maranhão ciente de que as chances dos seus candidatos são mínimas. Mas para essa corrente política, que se sustenta em postulados ideológicos bem definidos, o importante é garantir sua participação no processo e aproveitar a visibilidade da campanha para apontar os males das desigualdades e denunciar a ação dos grupos conservadores para manter-se no poder. E isso fica claro no manifesto: “Nessa perspectiva, a pré-candidatura insere-se na luta contra toda forma de exploração e opressão do nosso povo, como sua própria história militante comprova”.

O PSOL se manteve como crítico duro dos Governos Lula da Silva e Dilma Rousseff, posicionando-se como adversário do PT, com o qual só compôs para defender a presidente Dilma Rousseff na guerra do impeachment. No momento, mantém aliança informal na oposição do Governo Michel temer (PMDB). No Maranhão, PSOL alimenta postura de oposição do Governo Flávio Dino, que deverá ser mantida durante a campanha. Nessa linha, o PSOL pretende ser o contraponto mais ativo na corrida sucessória.

São Luís, 19 de Dezembro de 2017.

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