Em corrida ao Senado, José Reinaldo deixa o PSB, mas pode enfrentar problemas se ingressar no PSDB ou no DEM

 

José Reinaldo pode ter problemas no PSDB ou no DEM
José Reinaldo pode ter problemas no PSDB ou no DEM

O ex-governador e atual deputado federal José Reinaldo Tavares confirmou a pedra cantada há tempos: saiu do PSB. Especula-se que no momento ele trabalha com duas opções: PSDB ou DEM. Estranho que um político do quilate e da experiência de José Reinaldo tenha se encalacrado tanto na sua vida partidária e que agora, num momento decisivo do seu projeto de encerrar a rica e atribulada carreira como senador, vê-se novamente ameaçado de novo pela possibilidade de dar mais um passo em falso na seara partidária. Qualquer avaliação mais cuidadosa conclui, sem erro, que nem o PSDB nem o DEM são partidos viáveis para o projeto do ex-governador de chegar à Câmara Alta na arca partidária liderada pelo governador Flávio Dino (PCdoB), já que no pleno nacional esses partidos integram as forças que se mobilizam para combater exatamente o projeto da esquerda à qual pertence o governador. Os fatos estão mais que claro, e por esse cenário, se pretende mesmo marchar como um general de proa ao lado o governador, terá de procurar alternativa.

O fato de ter boa relação com a cúpula do PSDB, evidenciada pela reunião da semana passada com o governador paulista Geraldo Alckmin, um dos mais destacados líderes do tucanato, não assegura ao ex-governador maranhense o comando do ninho dos tucanos, mesmo estando o partido atualmente nas mãos de um liderado seu, o vice-governador Carlos Brandão. A explicação é simples: o PSDB se mantém como o mais ostensivo e ativo inimigo do ex-presidente Lula da Silva (PT), que tem como aliado de primeira linha o governador Flávio Dino. Partidário declarado do projeto de reeleição do governador – com quem, garante, jamais romperá -, José Reinaldo certamente tentará levar pelar o PSDB para o grupo que apoiará Lula no Maranhão, o que parece um projeto inviável em todos os seus aspectos.

Num outro viés de dificuldade à conversão de José Reinaldo ao liberalismo do PSDB está a guerra aberta entre as forçar que controlam o partido. De um lado está o vice-governador Carlos Brandão e alguns prefeitos e líderes de menor peso, enquanto do outro se articulam o ex-deputado federal e ex-prefeito de Imperatriz Sebastião Madeira e o grupo ligado ao recém-falecido ex-governador João Castelo, hoje representado pela ex-prefeita Gardênia Gonçalves. Finalmente, item mais importante das dificuldades: o crescente poder de fogo do prefeito de São José Ribamar, Luis Fernando Silva, que em pouco tempo convertido ao tucanismo, já é considerado o quadro mais promissor do partido, cotado para ser candidato a governador ou a senador.

Conclusão: mesmo tendo boas relações com o Grupo Castelo e com Luis Fernando Silva, dificilmente José Reinaldo conseguirá o aval da cúpula nacional para costurar internamente uma situação que leve o PSDB do Maranhão a afastar-se da aliança que mantém com o PMDB no comando do País.  Sem essa construção, o PSDB se torna inócuo para o ex-governador.

Em relação do DEM, que no Maranhão está sob o controle do deputado federal Juscelino Filho e do deputado estadual Stênio Resende, a situação pode até ser menos complicada, mas certamente será problemática. Como o PSDB e o PPS, o DEM é parte do “núcleo duro” da base de sustentação do Governo do PMDB. Mantém um casamento furta-cor com o PCdoB no Maranhão, mas tudo indica que na corrida presidencial não apoiará Lula da Silva, e seus eleitores certamente se dividirão entre Flávio Dino e Roseana Sarney (PMDB), caso ela venha ser candidata ao Governo. Mesmo tendo no partido aliados do porte do deputado Antônio Pereira,  José Reinaldo dificilmente desembarcará no DEM com poder de fogo suficiente para atrelar efetivamente o partido ao projeto Flávio Dino-Lula da Silva, como é seu projeto. Para tanto, primeiro terá de travar e vencer uma guerra com contra os Resende, e depois convencer a cúpula nacional do DEM, aliado histórico do Grupo Sarney, de que no Maranhão Flávio Dino é o melhor caminho.

Todos os cenários indicam que o melhor caminho para José Reinaldo será buscar um partido de menor porte e sobre o qual venha ter controle e possa conduzir para a direção que indicar o seu projeto político e eleitoral. E tem de agir rápido, pois as opções estão se reduzindo a cada dia e o tempo de filiação necessário para disputar votos é de um ano, restando-lhe cinco meses para resolver essa confusão partidária.

 

PONTO & CONTRAPONTO

Ex-governador mantém lançamento de candidatura, dia 6, em Tuntum, com apoio de Tema Cunha

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Tema Cunha e José Reinaldo: amizade e aliança política sólidas

Ainda que não tenha definido o partido que o embalará, o ex-governador José Reinaldo Tavares tem data marcada para alçar voo em direção ao Senado da República: será no próximo sábado, em Tuntum, num grande ato político de repercussão estadual a ser organizada pelo prefeito e presidente da Famem, Cleomar Tema Cunha, que muito provavelmente também poderá se desfiliar ao PSB.

Setentão em plena forma e caminhando para 80, José Reinaldo sabe que esta será sua última chance de realizar o sonho de chegar ao Senado, completando uma carreira com dois mandatos de deputado federal, meio mandato de vice-governador e um mandato e meio de governador, além de uma rica trajetória no serviço público: secretário de Estado várias vezes, diretor geral do DNOCS, presidente da Novacap, superintendente da Sudene e ministro dos Transportes. Além disso, ampliou seu lugar na História como o grande articulador e avalista do movimento que levou Jackson Lago ao Governo do Estado em 2006, na primeira grande derrota eleitoral e política do Grupo Sarney.

O ato de lançamento em Tuntum tem dois sentidos. O primeiro é a reafirmação da sua candidatura, numa demonstração de que ter um partido forte é muito importante, mas também pode-se se afirmar que um candidato com a estatura os pilares políticos que dispõe torna seu nome muito maior do que muitos partidos nas circunstâncias atuais. O segundo viés é o apoio do prefeito de Tuntum pela quinta vez e presidente da Famem pela terceira. Político hábil e experiente, Tema Cunha é hoje uma das principais lideranças políticas do Maranhão, o que o torna a liderança mais autorizada dar ao ex-governador o suporte necessários para ele dar a largada em grande estilo na corrida senatorial de 2018.

Com saída de José Reinaldo, Roberto Rocha fica livre para comandar o PSB e se lançar ao Governo

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Roberto Rocha fica com caminho livre no PSB

A saída do ex-governador José Reinaldo Tavares do PSB, rompendo com a legenda recriada pelo célebre governador pernambucano e ícone da esquerda Miguel Arraes, o livra de uma situação incômoda e abre caminho para o senador Roberto Rocha arquivar o projeto de se reconverter ao tucanismo, ganhar de vez o comando do partido e se lançar candidato a governador sem um contrapeso importante para contrariar o seu projeto. Assim, José Reinaldo procura outra seara para disputar uma cadeira de senador e Roberto Rocha vai tentar viabilizar seu sonho político de morar quatro anos no Palácio dos Leões, interrompendo assim, para o bem dos dois, mais de uma década de incômodas e traumáticas interferências um na vida política do outro.

Se não entrar em conflito com a cúpula do PSB, o senador Roberto Rocha terá caminho livre para assumir, finalmente, o comando do partido no Maranhão sem ter de dividi-lo com ninguém, evitando assim embaraços que possam criar problemas ao seu projeto. Desde que desembarcaram no PSB – José Reinaldo saindo do PTB e Roberto Rocha rompido com o PSDB -, os dois nunca se entenderam. Foram anos de escaramuças, conflitos, dribles e mal-estar, com José Reinaldo controlando o Diretório estadual e Roberto Rocha comandando o Diretório de São Luís. Agora, o permanente “estado de impasse” dentro do PSB chega ao fim, podendo o partido, mesmo desfalcado de um quadro muito importante, definir um projeto claro, com Roberto Rocha candidato a governador, podendo ainda lançar até dois candidatos a senador.

Em tempo: se o PSB ficar inteiramente sob o controle do senador Roberto Rocha, é quase certo que perderá seus três deputados estaduais: Bira do Pindaré, Rogério Cafeteira e Edson Araújo. Deve perder também políticos importantes, como o secretário chefe da Casa Civil, Marcelo Tavares.  A deputada federal Luana Alves provavelmente permanecerá no partido como aliada de Roberto Rocha. A conferir.

São Luís, 02 de Maio de 2017.

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