Arquivos mensais: setembro 2017

Lula encerra caravana dizendo que se for candidato, será para ganhar, e agradece apoio enfático de Flávio Dino

 

Flávio Dino e Lula: aliança  firme para 2018
Flávio Dino e Lula: aliança firme para 2018 foi selada ontem à noite em São Luís

“Se eu for candidato, serei candidato para vencer. Se querem me derrotar, que venham para as ruas”. Desafio feito pelo o ex-presidente Lula da Silva (PT). “Eleição sem Lula não será eleição, será golpe”. Palavras do governador Flávio Dino (PCdoB).

As duas declarações foram feitas ontem à noite, na Praça Pedro II, pelos dois líderes, no ato de encerramento da peregrinação feita pelo primeiro na Região Nordeste em busca da reafirmação da sua estatura política e da mobilização do seu partido. Diante de cerca de quatro mil pessoas, a maioria militantes do PT, membros de centrais sindicais e dos mais diversos movimentos sociais do campo e da cidade, o ex-presidente esbanjou disposição política e confirmou o seu poder de sedução.  Foi saudado por líderes de organizações sociais, deputados estaduais, deputados federais e senadores, pelo governador do Piauí, o petista Wellington Dias, e foi elevado à condição de maior líder político do Brasil pelo anfitrião, o governador Flávio Dino, que classificou o ato como “o mais bonito da caravana de Lula”.

Mesmo com a voz limitada pela rouquidão, Lula encantou a massa que o aguardou em festa. Fez um discurso ao mesmo tempo emocionado e duro, chamando atenção para as realizações que contabilizou nos seus oito anos de presidência, bateu forte nos seus adversários, reclamou que está sendo vítima de uma perseguição sem precedentes na história política do País, invocou as conquistas da sua gestão nos campos econômico e social, destacou um vasto elenco de conquistas, enfatizou o combate à pobreza que comandou, atribuiu-se o mérito de haver transformado o País e apontou o governador Flávio Dino como um dos mais importantes líderes do Brasil na atualidade. Ao mesmo tempo, avaliou que o atual Governo está tentando controlar a crise com medidas que penalizam os mais pobres, e deixou no ar que se voltar a despachar no Palácio do Planalto vai dar uma guinada na orientação que esta sendo em curso no País.

– Estou cansado. Mas não é o cansaço da covardia, é o cansaço da alegria e da vitória – declarou, mas cuidou de esclarecer que o cansaço lhe dá forçar para continuar sua peregrinação para mostrar aos brasileiros que está sendo vítima de uma trama para tirá-lo da vida pública. “Se eles querem prender corrupto, eles sabem quem são. O Geddel está aí mesmo”, provocou, referindo-se ao caso da apreensão de malas e caixas num apartamento em Salvador contendo milhões de reais, que seria dinheiro de corrupção pertencente ao ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB). Mas avaliou que isso não acontece porque “juiz e promotor da Lava Jato são reféns da Rede Globo”. Mas disse acreditar que essa realidade está mudando, porque o povo brasileiro, principalmente os mais pobres, já sabe o que está acontecendo e vai reagir nas urnas.

A todo momento interrompido por aplausos da militância petista, Lula disse não ter dúvida de que a perseguição que enfrenta é consequência do fato de ter ele enfrentado as eleitores para combater a pobreza e diminuir a distância entre ricos e pobres, o que foi alcançado por meio de programas sociais como o Bolsa-Família, carro-chefe das ações para acabar as desigualdades da pirâmide social brasileira. Ele reafirmou que se o PT voltar ao poder os programas sociais, hoje sofrendo cortes de recursos, voltarão a todo vapor. E enfatizou que “querem transformar o PT numa organização criminosa, mas o nosso partido é limpo e vai continuar assim”.

O ex-presidente da República encerrou sua maratona pelo Nordeste em festivo clima de pré-campanha e saudado euforicamente pela militância petista.  E deixou no ar a impressão de que tem plena consciência do seu poder de fogo político e eleitoral e de que é favorito na corrida presidencial. E foi enfático quando disse que, “se deixarem”, irá para a guerra eleitoral de 2018 ao lado do governador Flávio Dino.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Em fala entusiasmada, Flávio Dino define Lula como “o maior líder politico do Brasil”

Com as fichas de filiação abonadas pelo ex-presidente Lula, o irmão do governador Flávio Dino, Sálvio Dino Júnior e o ex-delegado geral Lawrence Melo passaram a reforçar  quadros do PT do Maranhão.
O advogado Sálvio Dino Júnior e o delegado Lawrence Melo passaram a reforçar quadros do PT do Maranhão.

Empenhado em dar a Lula da Silva uma recepção em grande estilo em termos políticos, o governador Flávio Dino fez um discurso marcadamente ideológico na saudação ao ex-presidente, acentuando a inclinação do seu Governo na trilha da esquerda.  O governador saudou o ex-presidente como “o maior líder do Brasil”, que infelizmente vem sofrendo as consequências de uma brutal perseguição política. Disse também, que o Maranhão tem muito a agradecer ao ex-presidente, destacando os programas sociais que mantêm e dá segurança a milhares de famílias em todo o estado, que espera reforçar e ampliar com a volta dele ao comando do País. E garantiu que a maioria dos maranhenses se mobilizará para respaldar politicamente a caminhada do ex-presidente de volta ao Palácio do Planalto. Para o governador, mais do que qualquer outro político, Lula é merece dor do apoio dos maranhenses: “Toda vez que que o senhor precisar, presidente, pode contar com o povo do Maranhão”.  Entusiasmado com a beleza de São Luís, e com a lua cheia, Flávio Dino fez um discurso forte exaltando a coincidência de aquele ato público “histórico” ser realizado às vésperas de a Capital completar 405 anos. “Para nós é uma honra recebê-lo aqui neste momento”, disse o governador, acrescentando: “Este é o ato mais bonito de toda a caravana de Lula”.

 

Áudios causam revolta pelo tom de deboche com que empresários armam delação

“A Odebrecht já moeu o Legislativo, agora eu vou moer o Executivo e você vai moer o Judiciário”. A frase, dita em tom de deboche, mas com peso de sentença, foi pronunciada por Joesley Batista, dono da JBS, numa conversa com seu empregado e diretor do Grupo Ricardo Saub, e encerra o segundo áudio liberado ontem pelo Supremo Tribunal Federal após a explosiva entrevista concedida na noite de segunda-0feira pelo procurador geral da República, Rodrigo Janot, para anunciar o que poderá ser a maior e mais devastadora reviravolta já sofrida pela Operação Lava Jato. Em quase uma hora de conversa, Joesley Batista e Ricardo Saub parecem tramar a delação, como se estivessem seguindo um roteiro traçado por assessores. São conversas marcadas pelo deboche e pela certeza de que fazendo a delação seguiriam em frente sem ser importunados, como de farto aconteceu. Os diálogos sugerem que eles já tinham garantido prêmio de não irem para a cadeia e poderiam continuar usufruindo da fortuna que acumularam erguendo empresas com dinheiro fácil do BNDES. Ouvir esses primeiros áudios – muitos outros devem ser liberados nos próximos dias – nauseia qualquer cidadão, porque eles são o retrato da sujeira que muitas vezes move as relações do poder econômico com as instituições que deveriam controlá-lo e mantê-lo nos eixos.

São Luís, 06 de Setembro de 2017.

 

 

 

Maior parte da base partidária que dá apoio a Flávio Dino é adversária do ex-presidente Lula

 

Flávio Dino recebe Lula da Silva no desembarque do ex-presidente em São Luís
Flávio Dino recebe Lula da Silva no desembarque do ex-presidente em São Luís, onde fará hoje um grande ato

A maior parte dos partidos que forma a base de sustentação do governador Flávio Dino (PCdoB) atua na contramão do Palácio dos Leões em relação ao ex-presidente Lula da Silva (PT). Enquanto PCdoB, PT, PDT e PSB representam, juntos, o pilar mais forte da aliança, PSDB, DEM, SD, PPS, PTB, PRB e PR, entre outros, estão firmemente posicionados na frente anti-Lula que se formou no Congresso Nacional e que tem reflexos muito nítidos nos estados, a começar pelo Maranhão. São situações políticas que a princípio não fazem muito sentido, mas que na prática têm explicações muito claras, sendo a principal delas o “instinto de sobrevivência”, que não é limitado por regras e dá pouca importância à coerência. É verdade que, reunida, a frente partidária de esquerda que forma a linha dianteira das forças lideradas pelo governador Flávio Dino tem um poder de fogo muito maior, mas o que chama atenção nesse cenário é que elas se mobilizam facilmente quando a situação exige e que só estão orbitando o Palácio dos Leões e incensando um Governo de esquerda pela vontade indômita de sobreviver. Isso significa dizer que , enquanto o grupo de partidos de esquerda permanecerá com governador Flávio Dino em qualquer circunstância, os representantes do Centrão no Maranhão se movimentarão de acordo com a maré, tendo ou não apoio ao governador atualmente no poder.

A situação mais delicada e difícil de entender é a do PSDB, o mais duro, atuante e intransigente adversário do PT e, por via de desdobramento, o mais duro crítico do ex-presidente Lula. No Maranhão, o PSDB está sob o comando de ninguém menos que o vice-governador Carlos Brandão que, ate onde é sabido, cultiva boas relações com a mais destacada – e agora controvertida – figura do senador mineiro Aécio Neves, que como o – ex-presidente petista caiu nas malhas da Operação Lava Jato. Brandão tem feito um esforço gigantesco para se equilibrar nessa gangorra, mesmo sabendo que o rompimento do PSDB com o PCdoB no Maranhão é apenas uma questão de tempo. Por providencial coincidência, o vice-governador maranhense encontra-se na China prospectando investimentos para a implantação de uma refinaria, a fim de ocupar o frustrante vazio causado pelo PT na sua aliança com o PMDB, mantida por mais de uma década.

Partidos como o DEM, por exemplo, apoia o Governo de esquerda no Maranhão, mas no plano nacional é peça-chave na aliança de centro-direita que dá sustentação ao frágil Governo do presidente Michel Temer (PMDB), não deixando qualquer dúvida de que, dependendo do traçado final do cenário em construção para as eleições de 2018, poderá permanecer na base d governador Flávio Dino ou migrar para outro, desde que ele seja mais seguro e garanta a sua sobrevivência de raposas como o deputado estadual Stênio Rezende, por exemplo. Na mesma linha se movimentam o Solidariedade e outros partidos menores, como PRB e PR, representados no estado pelos deputados Júnior Verde e Josimar de Maranhãozinho, mas que no plano nacional estão fechados com o Governo do PMDB.

Duas situações se destacam nesse contexto, a do PTB e a do PPS. Partido trabalhista que poderia estar na esquerda, mas que prefere navegar pelo centro e se adaptar às circunstâncias, o PTB foi linha de frente do Governo do presidente Lula até que teve seus interesses foram contrariados e levaram o seu presidente, Jefferson, a conceder a explosiva entrevista que deu origem ao “Mensalão”, que mandou para o limbo as mais ilustres e promissoras figuras do PT, a começar por José Dirceu, o ex-guerrilheiro que comandava o partido e dava as cartas como número dois do Governo petista e que era apontado como o sucessor do presidente Lula no Palácio do Planalto. Atualmente, o PTB, que já fez parte do chamado Grupo Sarney, alimenta uma tênue aliança com o Governo do PCdoB no estado, mas é linha de frente na base de sustentação de Michel Temer em Brasília. A situação do PPS é um pouco diferente: representado no Maranhão pela deputada Eliziane Gama, o partido formou com o PSDB e o DEM uma trica poderosa na grade de oposição aos Governos Lula e Dilma Rousseff, contribuiu para a derrubada do segundo e a ascensão do vice Michel Temer, de quem já está se afastando, mas que no Maranhão está posicionado ao lado do governador Flávio Dino.

Em resumo: o ex-presidente Lula da Silva deve ter claro que o seu futuro político está na busca do apoio das massas, porque se vier a depender de suporte partidário para voltar ao poder, só contará mesmo com PT, PCdoB, PDT e PSB.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Reviravolta na Lava Jato alcança Lula em São Luís, onde tudo começou com a prisão de Alberto Youssef.

documento será apresentado pelo presidente do Conselho, Rodrigo Janot, na sede do CNMP, em Brasilia.  FOTO: ANDRE DUSEK/ESTADAO
Rodrigo Janot: saia justa ao anunciar reviravolta na Operação  Lava Jato

Por uma dessas peças que o destino costuma pregar para alterar a rotação da ciranda que move a política, a chegada do ex-presidente Lula da Silva a São Luís, onde a Operação Lava Jato apanhou o seu primeiro peixe-grande – o doleiro Alberto Youssef -, coincidiu com a bombástica entrevista na qual o procurador geral da República, Rodrigo Janot, revelou a existência de uma armação criminosa entre delatores e procuradores e que pode desmanchar muito foi feito até agora, a começar pelo perdão concedido aos irmãos Batista, que podem perder os benefícios e acabar na cadeia, onde deveriam estar. Se a história apontar se confirmar como o procurador geral da República a anunciou, a Operação Lava Jato passará pelo seu maior testes desde que foi deflagrada. A confirmação de relações subterrâneas espúrias e criminosas entre procuradores e delatores, que já vinha sendo objeto de fartas suspeitas levantadas por delatados e denunciados, produzirá uma avalanche de contestações sobre a lisura das ações realizadas até aqui. Será uma reviravolta monumental. E não há dúvida de que o ex-presidente Lula da Silva será um dos primeiros a se posicionar, já que nenhuma das acusações que lhe foram está forrada provas concretas, robustas e irrefutáveis. É quase certo de que a entrevista bombástica do procurador geral Rodrigo Janot será um dos temas do discurso que o ex-presidente fará no final da tarde na Praça Pedro II, na Capital do Maranhão.

 

Assembleia Legislativa adia votações mais uma vez por falta de quórum

Othelino Neto: defesa de Dino e provocação à Oposição
Othelino Neto: faz verificação de quórum para votações

A Assembleia Legislativa adiou mais uma vez a pauta de votação. Na sessão de ontem, de novo não reuniu quórum suficiente para submeter ao crivo do plenário uma série de Medidas Provisórias editadas pelo governador Flávio Dino, entre elas uma que autoriza o Governo a definir uma política de benefícios fiscais para o projeto de refinaria que está sendo prospectado pelo Governo do Estado. No comando da sessão, o deputado Othelino Neto (PCdoB), cuidou de atender à solicitação de verificação de quórum. Líderes explicam a ausência de parlamentares com o fato de, além do fato de que a corrida eleitoral para eles já está começando para valer, a ausência de ontem foi ampliada pela chegada do ex-presidente Lula a São Luís no meio da tarde. Depois do feriadão da Semana da Pátria, está previsto que as lideranças farão esforços para normalizar o processo de votações, já que há matérias importantes para serem decididas pelo plenário do Poder Legislativo.

 

São Luís, 04 de Setembro de 2017.

Visita de Lula ao Maranhão vai liquidar vestígios da aliança com Sarney e consolidar união com Flávio Dino

 

Lula da Silva e Flávio Dino consolidando aliança
Lula da Silva e Flávio Dino consolidando aliança para 2018

São Luís será palco, nas próximas 72 horas, de uma série de eventos que poderão ter influência decisiva no desenho político-partidário para a corrida eleitoral do ano que vem. Trata-se da etapa maranhense da peregrinação que o ex-presidente Lula da Silva (PT) faz pelo Nordeste, na qual terá o governador Flávio Dino (PCdoB), seu aliado declarado, como anfitrião, e o ex-presidente José Sarney (PMDB), também aliado e guru durante seu governo, agora como adversário.  Dois itens da programação marcarão a visita: a recepção do ex-presidente pelo governador no Palácio dos Leões e o ato público no qual o PT espera reunir uma multidão para ouvir e aplaudir seu maior líder. Lula tem dois objetivos claros: consolidar-se como vítima do que ele chama de armação político-judicial destinada a sufocar sua trajetória e tirá-lo da vida pública, e pavimentar a estrada para disputar estrada para tentar voltar ao Palácio do Planalto se puder ser candidato. Nesse contexto, além de anfitrião, o governador Flávio Dino reafirmará sua posição de referência destacada da esquerda moderada no País e de apoiador linha de frente da (im)provável candidatura do líder petista.

Nas avaliações feitas por entusiasmados militantes petistas, de certa maneira corroboradas por analistas ligados ao Palácio dos Leões, Lula aposta alto que, se candidato, arrebanhará entre 70% e 80% dos mais de quatro milhões de votos maranhenses. Tal perspectiva se baseia no histórico do seu vitorioso desempenho eleitoral no Maranhão. E nesse contexto, nada mais natural e promissor do que uma dobradinha com o governador Flávio Dino, que caminha para consolidar a tendência de favoritismo na corrida ao voto. Mesmo os observadores mais cautelosos e nada simpáticos ao ex-presidente petista, a expectativa é que, em sendo candidato, Lula não terá menos que 50% dos votos no Maranhão, sejam quais forem seus concorrentes.

Durante sua passagem por São Luís, onde desembarcará amanhã (4) à tarde e seguirá em frente na manhã de quarta-feira (6), Lula deverá colocar pingos nos is e até mesmo ponto final nas dúvidas que ainda restam a respeito do seu relacionamento com o ex-presidente José Sarney e em relação à solidez da sua amizade política com o governador Flávio Dino. Isso porque sua aliança pessoal e política com o ex-presidente foi tão forte que em 2006, quando Lula deu as costas para seus antigos aliados no Maranhão e obrigou o PT a romper com Dino e Jackson Lago (PDT) para apoiar a candidatura de Roseana Sarney (PMDB), chegando ao ponto de, às vésperas da eleição, num discurso emocionado em Timon, pedir “pelo amor de Deus” que os maranhenses elegessem Roseana, que àquela altura já estava irreversivelmente derrotada. A aliança Lula-Sarney se manteve firme em 2010 em torno das candidaturas de Dilma Rousseff (PT) para presidente e Roseana Sarney para o Governo, tendo inviabilizado as candidaturas de Flávio Dino e Jackson Lago. Em 2014, Lula e Dilma de novo ficaram com o Grupo Sarney, desta vez apoiando o empresário e suplente de senador Lobão Filho (PMDB) contra Flávio Dino. Naquela disputa, porém, pressionado pela banda rebelada do PT, que o apoiava aberta e ostensivamente, Flávio Dino fez uma campanha pedindo votos para Dilma contra José Serra (PSDB), mesmo com a petista mantendo indiferença ao candidato pemedebista.

Os laços de Lula e do comando nacional do PT com Flávio Dino só se estreitaram na crise do impeachment, quando Dilma Rousseff foi abandonada pelo PMDB, que arrastou o Centrão para a campanha do “Fora Dilma!” tendo o Grupo Sarney na linha de frente. Dino assumiu a defesa da então presidente, entrando em choque aberto com os caciques do Congresso Nacional, acusando-os de tramar um golpe de estado contra a presidente, e até mesmo com os chefes da Operação Lava Jato, questionando decisões do juiz Sérgio Moro em relação ao ex-presidente Lula.  Nos momentos mais decisivos da crise, Dino colocou em risco o seu cacife político e seu prestígio pessoal e se expôs na defesa de Dilma e Lula. A tomada de posição do governador resultou na reunificação do PT no Maranhão, que agora está inteiramente integrado à aliança partidária comandada pelo governador.

A visita de Lula servirá para colocar uma pá de cal nas dúvidas e incertezas do passado recente e consolidar definitivamente uma relação política sólida que abra um horizonte largo no grande confronto eleitoral que está a caminho.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Lula e Dino devem conversar sobre aspirações do PT em relação à vice e ao Senado

Waldir maranhãom entra no PTdoB para ser candidato a senador
Waldir Maranhão entra no PTdoB e pode ser  candidato a senador apoiado por Lula

O governador Flávio Dino e o ex-presidente Lula da Silva deverão se reunir a portas fechadas para colocar sobre a mesa alguns pontos que precisam ser ajustados na relação do PCdoB com o PT no Maranhão. Mesmo com cacife eleitoral não muito atraente – tem um deputado federal (José Carlos), um estadual (Zé Inácio) e uma penca modesta de sete prefeitos e algumas dezenas de vereadores –, a cúpula do PT quer emplacar o candidato a vice-governador na chapa que será liderada por Flávio Dino, ou um nome do partido ou o deputado federal Waldir Maranhão (PTdoB), que teria o aval de Lula, compor com o deputado federal Weverton Rocha (PDT) a chapa de candidatos ao Senado. No caso da candidatura à vice, o PT, além de não ter nome para propor, terá de brecar os movimentos do vice-governador Carlos Brandão para permanecer no PSDB e convencer o tucanato de que o partido deve mantar a aliança com o PCdoB no Maranhão. Além disso, está em andamento um movimento destinado a viabilizar a candidatura de Cleomar Tema Cunha, atual prefeito de Tuntum e presidente da Famem, à vice-governador.  No núcleo que cerca o governador há quem garanta que esses assuntos não serão tratados agora, mas garantem que é apenas uma questão de tempo, de escolher o momento mais adequado, que deve surgir provavelmente até o final deste mês de setembro. Mas há também que ache que o PT entrar na aliança e apoiar o projeto de reeleição de Flávio Dino só com seus candidatos a deputado federal e deputado estadual, por considerar que o importante agora e alimentar o poder eleitoral de Lula da Silva no Maranhão e torcer para que ele seja candidato a presidente.

 

“Fake news” tentou encurtar a interinidade de Fufuca no comado da Câmara Federal

André Fufuca: exercício da presidência sem cometer erros
André Fufuca: presidente interino da Câmara

Tentaram diminuir em um dia – de quarta-feira (6) para terça-feira (5) – a interinidade do deputado maranhense André Fufuca (PP) na presidência da Câmara Federal. O jornalismo sôfrego que vem sendo feito pela Globo News, que se preocupa em investigar quem entra e quem sai do Palácio do Jaburu, produziu uma imensa barriga na sexta-feira, quando a bela repórter Andrea Sadi, ouvindo sabe-se lá que fonte – ministro, assessor, porteiro, motorista ou jardineiro? –, “descobriu” que, por causa de provável nova denúncia do empresário-bandido Joesly Batista, o presidente Michel Temer anteciparia em um dia o seu retorno da bem sucedida viagem à China. Era uma “fake news” (notícia falsa) grosseira, desmentida pelo próprio presidente da República, que exibiu um indisfarçável ar de ironia. André Fufuca, que passa o fim de semana no estado, nem se tocou para o imbróglio que a turma da Globo News se desdobrou para desmanchar, tarefa que foi entregue ao Jornal Nacional.

 

São Luís, 02 de Setembro de 2017.

 

Extinção de reserva ambiental por Temer causa protestos e cria embaraço para Sarney Filho

 

Sarney Filho: ônus de explicar extinção de reserva ambiental
Sarney Filho: ônus de explicar extinção de reserva ambiental

A decisão do presidente Michel Temer  (PMDB) de extinguir, via decreto, a Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca) – uma área de preservação de 47 mil quilômetros quadrados incrustada entre o Pará e o Amapá, rica em cobre, ouro, ferro, manganês e outros minerais nobres, mas que também abriga reservas, parques e terras indígenas – abriu uma grande janela para o incremento da indústria da mineração, mas também formou uma onda de protestos de ambientalistas do Brasil e do mundo inteiro. A reação contrária foi tão forte que o presidente voltou atrás, desfez o primeiro decreto e editou outro na perspectiva de tornar mais claros os objetivos da decisão inicial, corroborada pelo Ministério de Minas e Energia. Só que a bomba estourou no birô do ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, que nada teve a ver com o decreto presidencial, mas acabou pressionado pelos desdobramentos e tendo de assumir a espinhosa tarefa de destacar as vantagens e as virtudes e de explicar as marchas e contramarchas da decisão, funcionando como anteparo das críticas dirigidas ao presidente Michel Temer. O ministro corre o risco de enfrentar os respingos dessa reação no seu projeto de chegar ao Senado no ano que vem.

Posicionado no centro do fogo cruzado da imprensa e das organizações ambientalistas que querem preservar a Renca tal como ela foi criada, há 43 anos, pelo general João Figueiredo, o último presidente da Ditadura Militar, Sarney Filho, vem fazendo as vezes de porta-voz do Governo, já que o ministro de Minas e Energia, Marcelo Coelho Filho, mais diretamente envolvido no assunto, não vinha dando conta de colocar a coisa no seu devido lugar com explicações técnica e politicamente convincentes. Sarney Filho informou que o novo decreto mantém a extinção da Renca, mas institui regras duras e muito claras sobre a pesquisa ou lavra nas áreas de preservação. Mesmo mais claro e mais leve em relação à abertura da área para pesquisas e explorações minerais, o novo decreto do presidente da República acalmou os ânimos e amenizou as críticas à iniciativa.

Experimentado na convivência com organizações ambientalistas que vivem medindo força com o Governo, Sarney Filho deu a garantia de que o seu Ministério dispõe de recursos suplementares para bancar fiscalização “rigorosa contra garimpos ilegais”. “Achamos que precisava ficar mais clara nossa preocupação ambiental”, destacou. Segundo ele, o decreto deixa claro que não pode haver exploração mineral em unidade de conservação. “O decreto cria comitê de acompanhamento das áreas ambientais da extinta Renca”, explicou. Para o ministro do Meio Ambiente, o decreto ajuda a ordenar o desenvolvimento na Amazônia.

Ao entrar de cabeça nessa bola dividida, Sarney Filho corre o risco de ter seu projeto senatorial arranhado pelo imbróglio. Vivenciado nesse jogo, o ministro sabe exatamente com quem está lidando e por isso tem consciência de que pode sair politicamente arranhado do episódio. Quando se apresentou numa entrevista coletiva sobre o assunto, Sarney Filho parecia fortemente incomodado com a situação, sinalizando involuntariamente que, politicamente, a extinção da Renca pode lhe causar algum dano.

Em Tempo: Na área da Renca extinta pelo decreto presidencial estão sete unidades de conservação, sendo três de proteção integral (Estação Ecológica do Jari, Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque e Reserva Biológica de Maicuru); quatro de uso sustentável (Reserva Extrativista Rio Cajari, Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Iratapuru, Floresta Estadual do Amapá e Floresta Estadual do Paru) e duas terras indígenas (Rio Paru d’Este e Waiãpi).

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Othelino Neto destaca arquivamento de denúncia contra Dino e provoca Oposição

Othelino Neto: defesa de Dino e provocação à Oposição
Othelino Neto: defesa de Dino e provocação à Oposição

O deputado Othelino Neto (PCdoB), vice-presidente da Assembleia Legislativa foi o único integrante da base do Governo a ocupar a tribuna  para registrar, com entusiasmo, o arquivamento, pelo STJ, do pedido de investigação baseado na delação fajuta do executivo da Odebrecht José de Carvalho Filho, que disse em depoimento que o governador Flávio Dino teria recebido R$ 200 mil de “caixa dois” para sua campanha em 2010. O parlamentar comunista foi duro com a Oposição, dizendo que os adversários do governador Flávio Dino deveriam pedir-lhe desculpas pelo fato de o terem atacado duramente enquanto a suspeita, ainda que inconsistente, se manteve de pé. Othelino Neto lembrou do entusiasmo que dominou políticos do campo adversário com a tentativa de emplacar  Flávio Dino como investigado da Operação Lava Jato.  “Eu gostaria de ver a oposição saudosista informando o arquivamento do processo com a mesma veemência, com a mesma alegria, com o mesmo espetáculo, com o mesmo entusiasmo que comemorou quando houve a frágil citação de Flávio Dino na delação da Odebrecht”, provocou.

 

André Fufuca supera primeiros obstáculos e tensões na presidência da Câmara Federal

André Fufuca: exercício da presidência sem cometer erros
André Fufuca: exercício da presidência sem cometer erros

O deputado federal André Fufuca (PP) fechou as primeiras complicadas e tensas 48 horas como presidente interino da Câmara Federal sem cometer um escorregão, o que reforçou sua posição que inicialmente parecia extremamente frágil, segundo as avaliações apressadas da turma de comentaristas da Globo News e da equipe do Bom Dia Brasil, da Rede Globo. Numa entrevista que concedeu ainda na quarta-feira, André Fufuca colocou pingos nos is em relação à Reforma Política, admitindo que a falta de consenso poderá inviabilizar a votação das mudanças para as eleições do ano que vem. Disse que se houver um esforço das lideranças partidárias, a situação poderá ser resolvida na próxima semana. E num rasgo de autonomia, avisou que se a nova denúncia contra o presidente Michel Temer chegar à Câmara Federal durante a sua presidência, ele dará prosseguimento ao processo, encaminhando à Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, de acordo com o que reza o regimento da Casa.

São Luís, 31 de Agosto de 2017.