Arquivos mensais: julho 2016

Waldir leva a melhor sobre Cunha: continuará 1º vice da Câmara, e se não for cassado, será candidato à reeleição em 2018

 

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Waldir pode sobreviver, enquanto Cunha está em queda

O deputado Waldir Maranhão (PP-MA) iniciou ontem a contagem regressiva para deixar a presidência interina da Câmara Federal e, assim, sair do epicentro da mais longa crise vivida por aquela instituição nas últimas décadas. Mas o fará com o ânimo de quem levou a melhor numa guerra particular com o agora ex-presidente da Câmara Federal, o até pouco tempo todo-poderoso deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O empurrão foi a renúncia de Cunha ao comando, abrindo caminho para a eleição de um novo presidente. A eleição mandará  Waldir Maranhão de volta ao cargo de 1° vice-presidente da Mesa Diretora, para viver o papel secundário que sempre viveu como deputado federal. O retorno devolverá “vida normal” ao parlamentar maranhense, à medida que o afastará no protagonismo tosco e desastrado que ele encenou ao assumir interinamente a direção da Casa com o afastamento, por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), de Eduardo Cunha do cargo de presidente e do mandato parlamentar. Já apontado como o mais desastrado presidente que a Casa já teve, pois superou o pernambucano Severino Cavalcante, que acabou derrubado e cassado, Waldir Maranhão cumpriu ontem seu último ato importante como presidente interino: convocou a eleição do novo presidente para quinta-feira da próxima semana.

A eleição do novo presidente devolverá o atual presidente interino ao seu devido lugar, encerrando um período em que, por tomar decisões e atitudes absolutamente fora dos padrões e não conseguir sequer presidir sessões e se movimentar num vai-vem jamais visto no comando de uma casa parlamentar. Foi o que ontem, ao renunciar, Eduardo Cunha chamou de “gestão bizarra”, jogando no limbo aquele que o saudou como “meu eterno presidente” quando votou contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).

Waldir Maranhão e Eduardo Cunha foram amigos até algumas semanas atrás. Cultivaram uma amizade de interesse, baseada estritamente no jogo pelo poder, que começou a se desmanchar quando Cunha sentiu os primeiros sintomas de perda de poder e que se agravou quando o pemedebista foi afastado pelo STF e o pepista assumiu a presidência da Casa interinamente. Ali foi deflagrado efetivamente o conflito de interesses, pois as posições se inverteram, passando Maranhão a dar as cartas, o que deixou Cunha profundamente irritado. Diante das pancadas que levou em razão de decisões equivocadas e desastradas que tomou, Maranhão foi se afastando de Cunha a cada dia, passando a ser hostilizado por aliados do presidente afastado. Ainda com força, Cunha manobrou para que Maranhão fosse execrado dentro do PP, contribuindo fortemente para que a direção pepista lhe tirasse o comando do partido no estado para entregá-lo ao deputado federal André Fufuca, outro aliado de primeira hora  de Cunha e que saiu providencialmente de Brasília antes que a bomba estourasse.

Dois atos de Maranhão deixaram Cunha especialmente enraivecido com o agora ex-aliado linha de frente. O primeiro foi a Resolução anulando a sessão da Câmara que autorizou o Senado da República a abrir o processo de impeachment, que durou menos de 24 horas, mas causou um dos maiores rebuliços dos últimos tempos em Brasília nos últimos tempos, resultando num estrago dos diabos nas suas próprias costas. O outro foi a decisão que refez o andamento de uma consulta de Cunha à Comissão de Constituição e Justiça da Casa em relação ao processo de cassação do agora ex-presidente. Se a relação dos dois já estava se deteriorando, os atos serviram para afastá-los ainda mais, tanto e tão rapidamente que nos últimos tempos vinham trocando xingamentos.

O fato é que, ao renunciar a presidência da Câmara Federal, o deputado Eduardo Cunha perdeu o jogo para o deputado Waldir Maranhão, e a derrota será mais dura se o plenário da Casa confirmar a cassação do seu mandato, o que, tudo indica, vai acontecer, segundo oito entre oito analistas da cena política de Brasília. A se confirmar tal previsão coletiva, Cunha será mandato para casa sem nada, com as mãos abanando, e correndo todos os riscos de acabar dentro de uma cela de penitenciária. Maranhão, por sua vez, se também não renunciar ao cargo – certamente não o fará – continuará 1º vice-presidente da Câmara Federal até fevereiro do ano que vem. E se não for apanhado pela Operação Lava Jato – a denúncia que o alcançou até agora é inconsistente – e se não vier a ser condenado pela denúncia de que foi beneficiário direto de um esquema que desviou dinheiro de fundos previdenciários municipais – preservará seu mandato. E poderá surpreender o mundo concorrendo à reeleição em 2018.

PONTO & CONTRAPONTO

Edilázio Jr. ataca governador; Othelino Neto contra-ataca
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Edilázio Jr. bateu forte no governador Flávio Dino; Othelino Neto  fez a defesa do governador

A oposição está aproveitando a “crise” das emendas para intensificar ataques ao Governo. A metralhadora verbal da vez é o deputado Edilázio Jr. (PV), que em dois dias seguidos disparou chumbo grosso contra o governador Flávio Dino (PCdoB). O deputado verde fez dois discursos contundentes nos quais atacou o governador em todos os vieses, chamando-o de “incompetente” no plano administrativo e de “despreparado” no campo político. No primeiro discurso, mais longo e mais agressivo, feito na quarta-feira, focou a corrida sucessória de São Luís, criticando o governador por dar apoiar o projeto de reeleição do prefeito Edivaldo Jr., sem dar atenção aos demais aliados que também disputam a Prefeitura, no caso a deputada federal Eliziane Gama (PPS) e dos deputados estaduais Wellington do Curso (PP), Eduardo Braide (PMN) e Bira do Pindaré (PSB). Com habilidade, o deputado do PV tentou construir a ideia de que o governador está usando seus aliados como peões no jogo eleitoral de São Luís com o objetivo de ajudar na reeleição do prefeito.

A pancadaria verbal incomodou primeiro o deputado Bira do Pindaré, que defendeu o governador com um discurso ameno, apenas apontando o que seriam equívocos do deputado Edilázio Jr.. Reação mais dura teve o deputado Othelino Neto (PCdoB), que de maneira contundente, mas sem alteração de voz, rebateu o discurso de Edilázio Jr. com uma indagação e em seguida com uma afirmação que desarmou o oposicionista. A indagação: por que Edilázio Jr. demonstrava tanta preocupação com os aliados do governador Flávio Dino que disputam a Prefeitura de São Luis? E ele mesmo respondeu: “É porque o Grupo Sarney está tão perdido que não consegue sequer encontrar um candidato a prefeito”. Referia-se à frágil pré-candidatura do vereador Fábio Câmara (PMDB).

 

PT vai definir seu futuro nas eleições em São Luís
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Zé Inácio, Zé Carlos e Mário macieira na disputa

O PT vai decidir neste domingo se lança candidato à Prefeitura de São Luís ou participará da corrida eleitoral na Capital agregado a uma coligação liderada por um candidato ligado ao campo político liderado pelo governador Flávio Dino. Se optar pela candidatura própria, o partido deverá optar entre o deputado estadual Zé Inácio, o deputado federal José Carlos e o advogado e professor Mário Macieira. A cúpula petista do Maranhão sabe que o partido não tem a menor chance numa disputa em São Luís, principalmente se a presidente Dilma Rousseff for defenestrada definitivamente do poder. Mas justificam o esforço em relação às eleições em São Luís dizendo que seu maior objetivo é reunificar o partido, que vem sendo minado há mais de uma década por uma divisão corrosiva n o Maranhão.

 

São Luís, 07 de Julho de 2016.

Governador não libera emendas e deputados demonstram insatisfação e ensaiam crise na base governista

 

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Flávio Dino segura emendas parlamentares e causa insatisfação em deputados aliados e oposicionistas

Já foi produto de especulações soltas, depois ganhou forma de rumor nos bastidores, avançou para a condição de focos isolados de insatisfação, para finalmente ganhar a cara indisfarçável de mal-estar real o clima que vem marcando as relações dos deputados estaduais, aí incluídos oposicionistas e governistas, com o governador Flávio Dino (PCdoB) por causa da não liberação das emendas parlamentares. Não existe até aqui um movimento formal, uma manifestação coletiva ou um posicionamento de uma ou outra bancada, mas o fato é que a grande maioria dos 42 integrantes da Assembleia Legislativa está emitindo fortes sinais de fumaça indicando que se encontra em vias de entrar em pé de guerra com o Governo. Gerenciando a crise, que se mantém inclemente, o governador não parece disposto a ceder, argumentando que os parcos recursos do Governo estão sendo canalizados para ações destinadas a favorecer os desfavorecidos maranhenses.

Há pelo menos duas semanas, o plenário da Assembleia Legislativa tem sido palco de algumas escaramuças. Uma delas foi um movimento articulado para que não houvesse quórum para a votação de projetos importantes propostos pelo Palácio dos Leões, como a autorização para que o governador renegocie as bases da dívida do Estado, fato que apanhou de surpresa Palácio dos Leões e deixou desarmados os lideres governistas na Casa. A manobra se repetiu na segunda-feira. Na terça-feira, porém, uma ação coordenada pelo presidente do Legislativo, deputado Humberto Coutinho (PDT), o principal pilar governista naquele Poder, funcionou e o plenário votou várias matérias de interesses do Governo.

O movimento envolve os vários blocos e bancadas soltas, onde estão distribuídos os 42 deputados estaduais. O maior de todos os blocos é o governista Bloco Unidos pelo Maranhão, que reúne nada menos que 24 da base governista, liderado pelo deputado Levi Pontes (PCdoB). O segundo é o Bloco União Parlamentar, com oito deputados e liderado pelo deputado Josemar de Maranhãozinho (PR), seguido do “Bloco de Oposição”, que tem quatro deputados e do PV, que também tem quatro integrantes, além de dois deputados solitários, Max Barros (PRP) e César Pires (PEN). Esse segundo grupo forma um contingente parlamentar com força para, se não para ditar as regras, jogar pesado para criar embaraços de toda natureza em relação às votações essenciais.

O foco maior de insatisfação está no Bloco de União Parlamentar, cujos oito deputados apoiam o governo, mas não aceitam o tratamento que vêm recebendo do Palácio dos Leões em relação às emendas parlamentares. Ali, o deputado Josemar de Maranhãozinho é o principal articulador e, ajudado por parlamentares experientes, tem revelado habilidade até para segurar votação. O problema maior é que existem focos de insatisfação dentro do grande bloco governista, o que tem deixado desnorteados o seu líder, deputado Levi Pontes (PCdoB), e o líder do Governo, deputado Rogério Cafeteira (PSB).

De acordo com o que foi negociado com o Governo e legalmente emendado ao Orçamento para 2016, que prevê gastos de R$ 14 bilhões, cada deputado tem direito a R$ 3,5 milhões em emendas, por meio das quais eles viabilizam projetos – sistemas de abastecimento de água, casas de farinha, estradas vicinais, centros comunitários, entre outros equipamentos. Mesmo tendo sido deputado federal e viabilizados emendas parlamentares, o governador Flávio Dino não é partidário desse sistema, por suspeitar que ele estaria contaminado por velhas práticas, e que é necessidade de mudá-las, de preferência agora. Os articuladores do movimento reagem afirmando que o que está acontecendo é uma quebra de acordo e o não cumprimento do que está previsto no Orçamento.

É verdade que esses movimentos pró-emendas não alcançou ainda ao ponto de gerar desgastes que caracterizem uma crise de verdade entre o Poder Legislativo e o Poder Executivo. Mas é verdade também que esse estado de tensão só não se transformou numa crise forte porque o presidente Humberto Coutinho tem feito um trabalho político de peso para controlar os ânimos na Casa e, assim, evitar que a “bomba orçamentária” estoure e arrebente a ponte que liga o Palácio Manoel Bequimão ao Palácio dos Leões.

PONTO & CONTRAPONTO

Roberto Costa homenageia com título de cidadania desembargadora do Trabalho e a empresário
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Roberto Costa, Márcia Andrea, Humberto Coutinho, Francisco Soares ( e esposa) e André Fufuca na entrega dos títulos de cidadania  na sessão solene

A Assembleia Legislativa entregou ontem título de Cidadão Maranhense à desembargadora do Trabalho Márcia Andrea Farias da Silva e ao empresário Francisco Santos Soares, em sessão solene. Os títulos foram propostos pelo deputado Roberto Costa (PMDB), que vê na trajetória dos dois homenageados méritos suficientes para considerá-los cidadãos maranhenses. A entrega da honraria foi conduzida pelo presidente Humberto Coutinho (PDT) e contou com a presença do deputado federal André Fufuca (PP) e dos deputados estaduais Wellington do curso (PP), Valéria Macedo (PMDB), e Andrea Murad (PMDB), além do presidente em exercício do PMDB, Remi Ribeiro, do superintendente da Funasa, André Campos, do superintendente da EBC, Assis Filho, e de outras autoridades e familiares dos homenageados. Roberto Costa justificou a iniciativa lembrando que Márcia Andrea Faria da Silva nasceu em Niterói (RJ), graduou–se em Direito na Universidade Federal do Maranhão e sempre teve atuação acadêmica e profissional na esfera trabalhista. Como membro do Ministério Público do Trabalho, foi coordenadora da Coordenação Nacional de Combate ao Trabalho Escravo e do Núcleo de Trabalho Portuário. Foi, ainda, grande articuladora para a fundação do Fórum Estadual de Proteção e Defesa ao Meio Ambiente do Trabalho no Maranhão; ocupou a vice-presidência e a presidência do TRT nos biênios 2007-2009 e 2009-2011, respectivamente, tendo ainda desenvolvido trabalho importante como corregedora regional da Justiça do Trabalho.

Já a concessão do título a Francisco Santos Soares, que é empresário e político muito conhecido como Franciscano, Roberto Costa justificou que ele é natural de Cana Brava (PI), tornou-se homem público e reconhecido não só pelas funções e cargos ocupados, mas, sobretudo, pela forma com a qual conduz sua vida e seus projetos.  Francisco Soares foi comerciante no ramo de armazém de secos e molhados, beneficiadora de arroz, madeireira e agropecuária. Foi presidente do sindicato rural de Imperatriz e presidente do Rotary Club (1982-1984). No ano de 2001, foi eleito e reeleito prefeito de São Francisco do Brejão.  Quando prefeito, foi vice-presidente da Federação dos Municípios do Maranhão – Famem. Foi também presidente da Associação Comercial por três mandatos e membro do conselho deliberativo efetivo da mesma entidade.

– A homenagem é do Poder Legislativo, mas é, acima de tudo, do povo do Maranhão, porque esta Casa é composta pelo sentimento do nosso estado, da nossa população. Cada homenagem que nós fazemos vem exatamente trazer um sentimento do povo de agradecimento por aqueles que não nasceram aqui, mas que fazem da trajetória de vida uma dedicação permanente em busca do bem-estar da nossa população. É com muita alegria e muita satisfação que hoje fazemos esta homenagem – declarou Roberto Costa.

André Fufuca joga com habilidade política ao se afastar de Brasília
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Longe da crise na Câmara federal, André Fufuca apoia Wellington e o PP no estado

Licenciado da Câmara Federal para cuidar das eleições municipais nas suas bases e incentivar candidatos do PP em todo o estado – a começar pela principal, onde seu pai, Fufuca Dantas, tenta voltar à Prefeitura –, o deputado André Fufuca foi entusiasticamente recebido ontem, na Assembleia Legislativa, pelo deputado Wellington do Curso, candidato do partido à Prefeitura de São Luís.  Os dois trocaram muitas figurinhas e não esconderam o entusiasmo pelo desempenho que o parlamentar tem alcançado na Capital, ao ponto de estar brigando quase ombro a ombro com o prefeito Edivaldo Jr. (PDT) e a deputada federal Eliziane Gama (PPS). André Fufuca exibia o sorriso de quem jogou certo ao articular para ficar com o controle do PP no Maranhão e incentivar a candidatura de Wellington do Curso à prefeito de São Luís. André Fufuca demonstrou tirocínio político ao dar um tempo de Brasília agora. Primeiro porque  abriu vaga por 121 dias para o suplente Ildon Marques (PSB), que lidera a corrida eleitoral em Imperatriz. E depois porque não está se envolvendo nas articulações para salvar a pele do presidente afastado da Câmara Federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) nem agir para infernizar ainda mais a interinidade do deputado Waldir Maranhão na presidência da Câmara Federal.

 

São Luís, 06 de Julho de 2016.

 

Justiça condena gigantes imobiliárias por crimes contra o meio ambiente em São Luís

 

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Douglas Martins: mão de ferro contra gigantes imobiliárias que desrespeitam as regras

Uma decisão da Vara de Interesses Difusos e Coletivos, comandada pelo juiz Douglas Martins, tomada no dia 20 de junho, mas só tornada pública ontem, sacudiu o império subterrâneo de empresas que promovem a expansão imobiliária na Ilha de Upaon Açu atropelando regras que disciplinam o uso do solo e preservam os espaços de ambiente naturais. Numa sentença exemplar, Douglas Martins condenou a Franere Montante Ltda., a Gafisa S/A e a Tenda S/A a pagar indenização de R$ 10 milhões “por danos ambientais causados pela supressão de florestas secundárias de babaçu e capoeira grossa” na área onde foram encrostados as torres dos empreendimentos Grand Park I, II e III, no loteamento New Ville, na Avenida dos Holandeses. Na esteira da cipoada judicial dada nas três empresas, o juiz também condenou o Município de São Luís a exigir, em dois meses, um novo processo de licenciamento ambiental a trinca empresarial, ed o Estado do Maranhão por permitir a libertação de licenças fajutas

O titular condena ainda as construtoras, solidariamente, a apresentar, em 180 dias, Estudo Prévio de Impacto Ambiental e “demais documentos exigidos pelo Município, conforme Lei nº 9.985/2000”. O resultado é que as empresas terão de providenciar nova licença ambiental, pois a que apresentaram é uma fraude. O dinheiro irrigará a conta do Fundo Estadual de Defesa dos Direitos Difusos. E se não cumprirem a sentença ao pé da letra, Franere, Gafisa e Tenda terão de desembolsar multa diária no valor de R$ 10 mil.

O estrago ambiental feito pela trinca empresarial foi denunciado à Justiça pelo Ministério Público Estadual (MPE). Além das três empresas e do Município de São Luís, a Ação Civil Pública reuniu no mesmo balaio de infratores incluiu também o Estado do Maranhão. Na ação, o MPE acusa que o licenciamento ambiental para construção dos empreendimentos Grand Park I, II e III foi “indevidamente fragmentado e eivado de ilegalidade, haja vista que, para obter o referido licenciamento, a construtora Franere omitiu a existência de densa floresta composta de babaçuais, que restou devastada”. O MPE foi mais longe ao denunciar a sobrecarga na infraestrutura de abastecimento de água, esgotos e outros e sugerir a instauração para apuração dos fatos, assinalando que “no próprio licenciamento há a informação de que a Caema não teria condições de atender à demanda de água”. E lembra que a Franere fora autuada pelo Ibama por crime ambiental na área (1,5 ha).

Um dos aspectos mais graves da denúncia acatada pelo juiz Douglas Martins é o fato de as licenças ambientais que garantiram a devastação da área de floresta serem ilegais, tanto que foram declaradas nulas na sentença. O magistrado destaca a existência de um esquema por meio do qual Franere, Gafisa e Tenda, e os entes públicos que concederam os licenciamentos ambientais, “na tentativa de se eximirem de uma possível condenação, Gafisa e Fit Residencial tentam transferir a responsabilidade pelo dano ambiental às sociedades limitadas recém-criadas”.

O caso envolvendo Franere, Gafisa e Tenda é emblemático e revelador de que o mundo dos empreendimentos imobiliários de São Luís, via de regra apresentado na propaganda como fonte de verdadeiros paraísos, construídos dentro da lei, muitas vezes é movido por esquemas criminosos montados para burlar as regras.  No caso do Grand Park I (400 apartamentos), Grand Park II (800 apartamentos) e Grand Park III (960 apartamentos), a sentença do juiz Douglas Martins mostra que as empresas responsáveis cometeram crimes graves, e por isso vão ter de suprimir das suas contas milionárias R$ 10 milhões para o Fundo que combate esse tipo de desvio.

E a condenação da trinca empresarial é plenamente justificada pelo juiz titular da Vara de Interesses Difusos e Coletivos. Nos pedidos de licenciamento ambiental, elas disseram que “no local destinado à implantação do projeto a vegetação se resume à uma vala e descaracterizada capoeira e nada mais restado da cobertura vegetal que recobria o solo”, bem como as de que “a fauna e a flora da área já foram totalmente suprimidas em virtude do processos acelerado de urbanização” e que “o empreendimento será servido por água do sistema público de abastecimento e rede oficial coletora de esgotos da Caema”. Tudo conversa fiada, pois quando os técnicos da Sema foram fazer a vistoria da área para conceder ou não o licenciamento, “verificaram a existência de terraplenagem numa parte do terreno com supressão de vegetação, limpeza de área e construção de stand de vendas da empresa Franere”. Ou seja, a área de floresta que ali existia foi impiedosamente desbastada antes da emissão da licença.

Na sentença, o juiz Douglas Martins faz uma série de denuncias e alertas chama atenção do Estado. “Apesar do relato dos técnicos subscritores dos pareceres, foi concedida a licença ambiental solicitada pela construtora”, afirma, para acrescentar: “Por todo o narrado, observa-se que as informações constantes nos Planos de Controle Ambiental são de veracidade duvidosa, em virtude de não representarem fielmente a realidade da área onde foi construído o Grand Park”. E concluir: “Ao contrário do alegado, o Município de São Luís, por intermédio da SEMMAM, concedeu indevidamente autorização à Franere para supressão de vegetação e limpeza da área”.

Em resumo: a Franere, a Gafisa e a Tenda fincaram várias torres com mais de dois mil apartamentos numa área de floresta e sem a infraestrutura necessária. Um crime ambiental grave, pelo qual vão pagar caro. Se alguma mão “mão” judiciária “bondosa” da Corte maior não desautorizar a decisão do titular da Vara de Interesses Difusos e Coletivos.

 

PONTO & CONTRAPONTO

Franere: cresceu com política agressiva de construção

Empresa nascida no final da década de 80 do século passada, sob o comando do empresário Marcos Regadas, adotou uma política agressiva de verticalização construindo prédios principalmente na região das praias de São Luís. Atuou fortemente para alterar o gabarito (altura dos prédios) nos anos de 1990. Mais tarde, já neste século, envolveu-se no polêmico projeto de lei por meio do qual a Assembleia Legislativa alteraria a política de preservação da palmeira de Babaçu no Município de São Luís. O projeto foi aprovado, mas no rastro dele ficaram muitas discussões e dúvidas a respeito do comportamento de alguns deputados daquela legislatura. A empresa viveu altos e baixos nesse período, chega aos 25 anos recebendo uma condenação forte por desrespeito à legislação ambiental.

 

Gafisa: gigante nacional que atua forte no Maranhão

Uma das maiores empresas de construção imobiliária do País, a Gafisa, que tem sede em São Paulo, viveu um agressivo e intenso processo de expansão Brasil a fora nos anos de 1990, quando fincou um dos seus tentáculos em São Luís, entrando com força avassaladora no mercado local, que naquele momento vivia um processo de mudança de conceito imobiliário com a consolidação da verticalização. A agressividade do seu modo de operar lhe deu uma fatia expressiva do mercado de São Luís. Associou-se à Franere numa série de projetos de grande porte, sendo o Grand Park o maior deles. Pode sair muito arranhada desse processo.

 

São Luís, 05 de Julho de 2016.

 

 

 

Candidatos a prefeito de São Luís já começam a se movimentar para escolher seus companheiros de chapa

 

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Márcio Jerry, Pedro Lucas e Duarte Junior: nomes falados para vice de Edivaldo Jr. na corrida para a Prefeitura

Faltando 17 dias para a abertura do período das convenções por meio das quais os partidos definirão formalmente, solitariamente ou em alianças, suas chapas para o grande embate pela Prefeitura de São Luís, a movimentação nos bastidores começa agora a envolver também a escolha de candidatos a vice-prefeito. Nem sempre é uma escolha fácil, porque depende de uma série de filigranas políticas que muitas vezes resultam em decisões equivocadas. E para a guerra eleitoral deste ano na Capital, a definição dos candidatos à vice pode se tornar crucial, ganhando uma importância incomum, a começar pelo fato de que, conforme anunciaram as quatro pesquisas mais recentes, três candidatos à sala principal do Palácio de la Ravardière – o prefeito Edivaldo Jr. (PDT), a deputada federal Eliziane Gama (PPS) e o deputado estadual Wellington do Curso (PP) – estão brigando, quase ombro a ombro, pela liderança. Pelo menos nestes três casos, a escolha dos companheiros de chapa poderá fazer a diferença, seja para turbinar um ou outro candidato, seja para colaborar decisivamente para que essa ou aquela candidatura estacione ou seja atropelada ao longo da corrida.

Nos bastidores corre solto, e ninguém duvida, que o companheiro de chapa do prefeito Edivaldo Jr. sairá das hostes do PCdoB, indicado diretamente pelo Palácio dos Leões e com as bênçãos do governador Flávio Dino. Especula-se fortemente dentro e fora da seara governista que o nome da preferência do governador é o secretário de Articulação Política e Comunicação Social, jornalista Márcio Jerry, que preside o PCdoB no Maranhão e atua como o mais influente membro do Governo depois do governador. A explicação: se reeleito, o prefeito Edivaldo Jr. poderá entrar na briga eleitoral de 2018, deixando a cadeira para o vice. Outros nomes são citados, como o atuante vereador Pedro Lucas Fernandes (PTB), e, num plano mais remoto, o atual diretor do Procon, o ativo advogado Duarte Jr., que é filiado ao PCdoB. Especula-se também que o PCdoB examina a possibilidade de indicar uma mulher. Não se sabe ainda qual a preferência do prefeito Edivaldo Jr., mas é certo que ele não fará qualquer restrição ao nome que for indicado pelo PCdoB.

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Gardenhinha Castelo e Roberto Rocha Júnior: nomes cotados para companheiro de chapa de Eliziane Gama

Eliziane Gama tem poucas opções, e deve ter como companheiro de chapa um nome indicado pelo PSDB, seu único aliado até aqui. Nas especulações de bastidor, o nome mais corrente é a ex-deputada estadual Gardênia Castelo, que seria a exigência do ex-prefeito João Castelo para declarar apoio à candidata do PPS. Eliziane também deverá formalizar aliança com o PSB, que no caso seria o hoje vereador Roberto Rocha Jr. (PSB), caso o partido confirme a sua participação na aliança comandada pela vereadora. Eliziane Gama até agora não se manifestou sobre o assunto, mas políticos com quem ela conversaram, revelaram à Coluna que ela está aberta a um forte debate sobre o assunto. A candidata do PPS sabe que sua candidatura é eleitoralmente forte, mas politicamente frágil, e que um bom vice poderá alavancá-la.

O deputado Wellington do Curso ainda corre para consolidar a sua candidatura e por isso até agora não se manifestou claramente sobre vice. Mas rumores que circulam no ambiente político informam uma possível aliança do PP com o PMDB, caso a agremiação pemedebista desista de lançar candidato próprio. No caso, o vice de Wellington sairia das fileiras do PMDB, podendo ser o próprio vereador Fábio Câmara ou a deputada estadual Andrea Murad.

Outros candidatos a prefeito de São Luís podem sair do segundo pelotão da corrida à Prefeitura, formado pelo deputado estadual Bira do Pindaré (PSB), pelo deputado estadual Eduardo Braide (PMN), pela vereadora Rose Sales (PMB), pelo vereador Fábio Câmara. É o caso, por exemplo, da vereadora Rose Sales, que sem condições de avançar, poderá se tornar vice de Wellington do Curso numa aliança com PMB, por exemplo.

A verdade é que não há como fugir ao fato de que para essas eleições em São Luís nenhum candidato, principalmente os três que formam o pelotão da frente, poderão brincar de escolher vice confiando apenas nos seus cacife. Isso porque, vale repetir, a permanecer o cenário atual, os companheiros de chapa dos favoritos deverão ter peso específico e, de preferência, caminhões de votos.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Pacto pela BR-135: proposta de Roberto Rocha agita classe política
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Roberto Rocha: pacto pela duplicação da BR-135

Causou forte repercussão a proposta do senador Roberto Rocha (PSB) para que os integrantes da bancada maranhense no Congresso Nacional firme um pacto para que nenhum vote matéria de interesse do Governo Federal na Câmara e no Senado enquanto não as obras de duplicação da BR-135 não sejam retomadas. Empurrou o senador para essa posição um acidente que matou oito pessoas, entre elas uma criança, e causou indignação na população. Roberto Rocha externou a sua indignação no Facebook e definiu a situação da rodovia, no trecho que vai de Estiva até Miranda do Norte, já conhecido como Estrada da Morte, como “uma afronta ao povo maranhense”. Tem razão. Afinal, por mais se o cidadão comum tente, ele não consegue compreender o porquê de tanto descaso do Governo Federal com aquela rodovia, que é a única ligação terrestre da Ilha de São Luís com o resto do mundo, como se fosse a aorta do Maranhão. Ninguém engole que exista uma razão superior para tanta falta de sensibilidade e de respeito para com uma população que sempre foi alinhada. Daí a importância da manifestação do senador Roberto Rocha.

 

Flávio Dino reage a Ribamar Alves recebendo Robert e Vianey Bringel
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Flávio Dino entre Marcelo Tavares, Humberto Coutinho, Vianey Bringel, Robert Bringel e Carlos Brandão durante a visita do casal de Santa Inês ao governador do Estado

Muitos interpretaram a visita do ex-prefeito de Santa Inês, Robert Bringel e da mulher dele, a ex-deputada Vianey Bringel, ontem, ao governador Flávio Dino, no Palácio dos Leões. O que pareceu ser apenas uma reunião política, ganhou o peso de uma reação política do governador e seus aliados ao prefeito e agora ex-aliado Ribamar Alves (PSB). Ex-pemedebistas, os Bringel migraram para o PSDB depois da derrota do PMDB nas eleições de 2014, e agora articulam o apoio do governador Flávio Dino à candidatura de Vianey Bringel, que além de ex-deputada, é médica com atuação forte nas camadas mais necessitadas da sociedade de Santa Inês, cacife que aumenta por causa da posição politica do ex-prefeito Roberto Bringel. Os Bringel foram levados ao Palácio dos Leões pelo vice-governador Carlos Brandão. A visita, que pode ter definido o apoio do governador à candidatura dela contra Ribamar Alves, contou com a presença do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Humberto Coutinho (PDT). O governador tentou minimizar a importância política da visita e a relação do ato com a situação política de Santa Inês: “Vianey e Robert Bringel nos apresentaram hoje sugestões importantes para novas ações do governo em Santa Inês, o que estamos analisando e algumas já garantimos a execução”, declarou o governador.

 

São Luís, 04 de Julho de 2016.

 

 

 

 

Pesquisa Escutec confirma pelotão da frente e sugere uma indagação: Wellington do Curso tem lastro ou é balão de festa?

 

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Eliziane Gama e Edivaldo Jr. têm polarização desestabilizada por Wellington do Curso na corrida pela Prefeitura de São Luís

A pesquisa Escutec, publicada na edição de fim de semana de O Estado do Maranhão, confirmou que a corrida em curso para a Prefeitura de São Luís evolui mantendo dois blocos de candidatos, sendo o primeiro formado  pela deputada federal Eliziane Gama (PPS) com 22,4% das intenções de voto, o prefeito Edivaldo Jr. (PDT) com 20,8%, e Wellington do Curso (PP) com 17,5%; e o segundo integrado pelo deputado estadual Bira do Pindaré (PSB) com 5,6%, a vereadora Rose Sales (PRB) com 4,4%, o deputado estadual Eduardo Braide (PMN) com 3,7%, o vereador Fábio Câmara (PMDB) com 3,7%, e o ex-vereador João Bentivi (PHS) com 1,5%. Todos se movimentaram dentro das margens de erro dos levantamentos, e nesse contexto, apenas um dado chama atenção, exatamente por estar sendo fator de desequilíbrio da polarização inicialmente prevista entre Edivaldo Jr. e Eliziane Gama: Wellington do Curso. E a pergunta que todos os observadores fazem neste momento é a seguinte: sua candidatura tem consistência política e eleitoral ou é um balão de festa que murchará antes do final da festa?

Em princípio, uma situação está muito clara: o candidato posicionado em terceiro lugar e  que ameaça os dois da ponta ganhou corpo depois que assumiu um discurso  agressivo de oposição ao prefeito. Nessa postura, vem disparando ataques intensos e incômodos direcionados a problemas comuns, mas que incomodam, como buracos que pontilham pedaços da malha viária da Capital, o estado de degradação de alguns prédios escolares, as carências na área de saúde e os fatos que expõem as deficiências na área de segurança, entre outros. E o faz com muita eficiência nas redes sociais, por meio das quais alcança milhares e milhares de seguidores.

Empresário bem sucedido na área de educação paralela, Wellington do Curso é deputado de primeira viagem, que tomou gosto pela política e, a seu modo solitário e independente, exerce o mandato como se ainda estivesse no serviço militar – chegou a ser tenente do Exército. Movimenta-se com disciplina espartana: não falta a sessões da Assembleia Legislativa e todos os dias ocupa a tribuna para disparar seus petardos verbais na direção do prefeito Edivaldo Jr.. A frequência com que bate na gestão municipal fez com que o experiente deputado Edivaldo Holanda (PTB), pai do prefeito Edivaldo Jr. e propagador das ações da gestão municipal, transformá-lo em inimigo nº 1 do projeto do filho à reeleição. E vem cometendo o erro primário de travar um embate com o jovem parlamentar, dando-lhe a importância e a estatura política que não tinha. Wellington do Curso percebeu o erro da experiente raposa e concluiu que cresceria no embate e aumentou as investidas, multiplicando também o número de posts com fortes ataques ao prefeito Edivaldo Jr. nas redes sociais.

O deputado Wellington do Curso não é um tribuno com oratória refinada, e pode-se dizer que ele também não é um orador vibrante, que prende a atenção e consegue ser convincente. Mas as marteladas que ele dá e repete sistematicamente na direção da Prefeitura são recados diretos, sem polimento nem rodeios, mas que acertam no alvo, e aos poucos vão reforçando o seu cacife no eleitorado e causando incômodos na base do prefeito. Há quem diga até que Wellington estaria fazendo um jogo para facilitar a vida de sua ex-colega de partido, Eliziane Gama. Mas a suspeita não parece ter consistência, já que ele está ameaçando-a diretamente.

Wellington do Curso tem um projeto para São Luís? Difícil responder, pois até agora ele não expôs nenhuma linha ou ideia nessa direção. O deputado e pré-candidato a prefeito está discutindo Capital com a visão de quem a enxerga corretamente como uma metrópole de 1,1 milhão de habitantes e um quilométrico rosário de problemas? Evidente que não, pois até aqui suas manifestações estão relacionadas com problemas pontuais do cotidiano e não abordam as questões macro que envolvem a cidade no presente e no futuro. Sua abordagem sobre São Luís é consistente? Até aqui, não, à medida que pontua problemas localizados, mas não fala de politicas que possam solucioná-los e definitivo. Afinal, Wellington do Curso tem ou não tem cacife para ser um candidato confiável a prefeito de São Luis? Isso ainda não está claro, mas não se pode ignorar o fato de que ele vem ganhando terreno, ameaçando concretamente o prefeito que tem obras concluídas e andamento, o que revela no mínimo uma forte dose de tirocínio político e muita vontade de ser prefeito.

Em resumo: atuando solitariamente, sem grupo, sem líder e com muita  audácia e senso de oportunidade – coisa típica do empreendedor bem sucedido que é – na corrida à Prefeitura, Wellington do Curso continua para muitos uma incógnita, um ente político ainda por ser decifrado e avaliado. É um pré-candidato que muitos não levavam a sério, mas que já começam a olhá-lo por outro viés. Vai avançar? Ou vai estacionar e murchar? O tempo logo responderá.

Em tempo: a pesquisa Escutec foi registrada na Justiça Eleitoral sob o protocolo nº MA-07983/2016.

 

PONTO & CONTRAPONTO

Segundo pelotão estacionou e pode se nivelar
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Pindaré, Rose , Braide, Câmara e Bentivi quase nivelados no segundo pelotão da disputa pela Prefeitura da Capital

Os números da pesquisa Escutec mostraram um segundo pelotão caminhando para o nivelamento, já que o mais destacado do grupo, o deputado Bira do Pindaré, aparece com apenas 5,6%, três pontos a menos do que lhe deram as outras pesquisas. Com 4,4%, a vereadora Rose Sales manteve aproximados os cacifes que lhe deram as outras pesquisas, assim como aconteceu com o deputado Eduardo Braide (3,7%), que se manteve estacionado nesse patamar. O pemedebista Fábio Câmara (3,5%) também não saiu do fim do túnel. João Bentivi permaneceu na lanterna (1.5%). E o grande vexame foi dado pelo candidato do PSOL, Valdeny Barros, simplesmente não foi escolhido por nenhum dos entrevistados.

Maioria folgada dos eleitores já tem candidato

A pesquisa Escutec encontrou que 79,5% dos eleitores ouvidos estão posicionados e já escolheram seus candidatos, ficando solto um percentual de 20,5% que ainda não sabem em quem votarão (8,9%) os que não votarão em nenhum dos candidatos que lhe foram apresentados (11,6%). Chama atenção o fato de que 60,7% dos eleitores que escolheram candidatos concentraram seus votos em Eliziane Gama, Edivaldo Jr. e Wellington do Curso, ficando apenas 18,4% para serem distribuídos entre Bira do Pindaré, Rose Sales, Eduardo Braide, Fábio Câmara e João Bentivi. É regra que esses números ainda não estão bem definidos e que pode haver mudanças na distribuição das intenções de votos, como certamente dirão as pesquisas, principalmente as que serão feitas durante a campanha, em meados de setembro. Por outro lado, com as demais (Prever, Exata e Econométrica) a pesquisa Escutec exibe dados com consistência.

 

São Luís, 02 de Julho de 2016.

Disputa nos quatro municípios indica que resultado das urnas dará controle político da Ilha a Flávio Dino

 

 

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Dino poderá ter o controle politico da Ilha 

O governador Flávio Dino (PCdoB) caminha para sair das eleições municipais com o domínio político total sobre a Ilha de Upaon Açu, que abriga três das 10 maiores cidades do Maranhão e abriga cerca de 1,4 milhão de habitantes. Candidatos a ele ligados estão consolidados na pré-campanha e devem vencer as eleições em São Luís, São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa. A situação é tão favorável ao governador que em dois dos três municípios os dois candidatos mais viáveis estão aliados ao seu grupo, e até aqui não apareceu nenhuma evidência de que essa realidade pode sofrer mudança até a campanha. A história recente das eleições mostra que os prefeitos desses municípios nem sempre estiveram alinhados ao Palácio dos Leões, o que faz com que o atual chefe do Executivo estadual a quebre mais um paradigma.

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Edivaldo Jr., Eliziane Gama, Wellington do Curso, Eduardo braide e Bira do Pindaré: todos aliados de Flávio Dino

Mesmo sem estar definida e prenunciando avanços, recuos, voltas e reviravoltas, o desfecho da disputa pela Prefeitura de São Luís dificilmente fugirá ao raio de influência do governador Flavio Dino. Até aqui o candidato mais consistente e fortíssimo candidato à reeleição, o prefeito Edivaldo Jr. (PDT) é aliado de primeira linha do governador, não havendo a menor possibilidade de sair dessa linha de ação política. O mesmo acontece com a deputada Eliziane Gama (PPS), que participou ativamente da campanha de Flávio Dino ao Governo e, mesmo atuando num campo político-partidário radicalmente diferente, mantém com ele forte vínculo político, declarando-se integrante da sua base de apoio. E o deputado Wellington do Curso (PP), mesmo distanciado do Palácio dos Leões, declara-se com frequência integrante da base de apoio do governador.

Além dos três membros do pelotão da frente, outros candidatos integram o lastro de sustentação política do governador Flávio Dino. O deputado estadual Bira do Pindaré – que ainda não tem a candidatura definida pelo PSB -, faz parte do núcleo político que cerca o chefe do Executivo. E por sua vez, o deputado Eduardo Braide (PMN) é membro destacado do staf que dá suporte ao Governo na Assembleia Legislativa.

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Luis Fernando: aliado de Flávio Dino em São José de Ribamar

No caso de São José de Ribamar, o governador não terá um candidato que seja a ele política e partidariamente ligado, e vai apoiar a candidatura do ex-prefeito Luiz Fernando Silva (PSDB). O ex-pré-candidato ao Governo do Estado, que foi homem de proa nos Governos de Roseana Sarney, aproximou-se do governador ao deixar as fileiras do PMDB para se filiar ao PSDB no início de 2015. Essa relação deverá ser consolidada a se confirmar o desenho que prevê a volta do ex-prefeito ao comando do município. Ali, a menos que ocorra um fenômeno absolutamente imprevisível, Luiz Fernando Silva deve sair das urnas com mandato assegurado.

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Josemar Sobreiro e Domingos Dutra ficam com Dino em paço do Lumiar, onde só Gilberto Aroso é oposição

A situação de Paço do Lumiar também caminha para um resultado eleitoral que será comemorado pelo Palácio dos Leões. Ali, o prefeito Josemar Sobreiro (PSDB) brigará pela reeleição disputando com o ex-deputado federal Domingos Dutra, que deixou o PT e se filiou ao PCdoB, partido do governador e que tem o apoio do Governo como um todo. Só que Sobreiro e Dutra podem enfrentar a candidatura do ex-prefeito  Gilberto Aroso (PMDB), caso seja ele autorizado perla Justiça Eleitoral a entrar na briga pelo voto. Em Paço do Lumiar, Flávio Dino só perde o controle se Aroso voltar ao poder.

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Talita lidera como candidata de Dino contras Eudes e Ociléia em Raposa

O governador deve consolidar a presença do PCdoB em Raposa, onde a candidata do partido, Talita Laci, parece caminhar firme para sair vencedora nas urnas contra Ociléia Paraíba (PRB) e Eudes Barros (PR) segundo informam pesquisas de opinião publicadas recentemente. A eleição de Talita Laci foi transformada em prioridade pelo PCdoB, que vem trabalhando fortemente na sua promoção política.

Em resumo: a eleição de Edivaldo Jr. é prioridade, mas se der Eliziane Gama, Wellington do Curso, Bira do Pindaré ou Eduardo Braide em São Luís; Luiz Fernando Silva em São José de Ribamar, Domingos Dutra ou Josemar Sobreiro e, finalmente, Talita Laci em Raposa, o governo vai comemorar com rojões que deve estar estocando para disparar em outubro.

 

PONTO & CONTRAPONTO

Eleições na Ilha não dará qualquer naco de poder a Roseana
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Roseana deve perder espaço de poder na Ilha nas eleições

Enquanto o governador Flávio Dino se movimenta na expectativa de consolidar o controle político da Ilha emplacando aliados no coando dos quatro municípios, entre eles três dos 10 mais importantes, a começar por São Luís, a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB), que representa o que restou do Grupo Sarney, não vislumbra qualquer possibilidade de candidatos seus lograrem erros nas urnas da Capital, São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa. Em São Luís, o vereador Fábio Câmara (PMDB), que diz ter o apoio dela, não parece ter qualquer chance de sair do atoleiro que mantém com apenas 3%. Em São José de Ribamar, o seu ex-aliado e ex-homem-forte do seu Governo, não significará força político para ela. Em Paço do Lumiar, sua única chance de voltar ater poder de fogo seria a eleição do ex-prefeito pemedebista Gilberto Aroso, que parece muito remota, já que ali tudo indica que a grande disputa será entre o prefeito Josemar Sobreiro e o ex-deputado Domingos Dutra. E em Raposa, tudo indica que Roseana perderá os vínculos políticos com o município por meio de Ociléia Paraíba (PRB) ou por Eudes Barros (PR).

 

Citação na Lava Jato não abalou posição de Sarney Filho
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Sarney Filho firme no cargo de ministro

O ministro Sarney Filho (Meio Ambiente) parece ter dado a volta por cima à inclusão do seu numa em suposta operação em que ele teria sido beneficiado com a injeção de R$ 1,5 milhão saídos das entranhas de corrupção na Transpetro por ação do então presidente e agora delator  Sérgio Machado, que também chamou de “monstro moral”. A reação dura do ministro e a inconsistência – ao menos neste caso -, da delação de Machado parecem ter colocado uma pausa no caso. A inclusão do seu nome no rol dos beneficiados com dinheiro sujo captado por Sérgio Machado repercutiu até dentro do PV.  Mas Sarney Filho tem cacife gordo dentro do partido e ganhou ali o benefício da dúvida e uma forte presunção de inocência, o que lhe permitiu se manter firme no comando da pasta. E a mesmo que o caldo seja engrossado e acabe derramando, o parlamentar vai continuar à frente da pasta com o prestígio de bom quadro.