Arquivos mensais: janeiro 2016

PSOL, PSTU e PCB podem formar frente de esquerda e movimentar a corrida pelo voto em São Luís.

 

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Saboia, Pedrosa, Arcangeli e Silva são nomes para liderar a frente de esquerda

Os partidos de esquerda mais ideológica se preparam para se unir e formar uma frente com o objetivo de participar da corrida pelo voto nas eleições de outubro em São Luís. De acordo com o que foi publicado ontem pelo Informe JP, coluna política do Jornal Pequeno, escrita pelo experiente e bem informado jornalista Jorge Vieira, PSOL, PSTU e PCB estão negociando a formação de uma frente para lançar uma chapa com candidatos a prefeito e a vereador. O projeto eleitoral da chamada ultraesquerda se dá no momento em que esse segmento político passa por um processo com complicado de redução de espaço, devido à perda de prestígio da esquerda moderada liderada pelo PT, cujo projeto de poder encontra-se fortemente atingido por um mar de lama no Brasil e está desabando na América Latina.  A formação de uma frente para participar das eleições à Prefeitura e Câmara Municipal da Capital poder ser uma reação ao momento difícil e uma guinada pragmática visando ocupar mais espaço.

De acordo com esse projeto – cujo andamento foi confirmado por Luis Noleto, um dos chefes do PSTU -, nada está ainda definido, principalmente com relação a candidato a prefeito, havendo negociações em andamento. O grupo partidário dispõe de nomes de peso político para apresentar ao eleitorado. O mais destacado é o ex-deputado federal Haroldo Saboia (PSOL), cuja trajetória, que muitos consideram polêmica, manteve até aqui a coerência de se movimentar na direção da esquerda e com um lastro que o torna um dos políticos mais importantes surgido no Maranhão nos últimos 40 anos, tendo sido deputado estadual, deputado federal e constituinte e vereador de São Luís. Fiel aos seus princípios e objetivos como político, Saboia tem dito sempre que não faz política pura e simples, faz história.

A frente da ultraesquerda poderá lançar o advogado Luis Pedrosa, que representou o PSOL e ficou em terceiro lugar na disputa para governador nas eleições estaduais de 2014. Pedrosa teve um desempenho muito elogiado nos embates da campanha, principalmente nos debates, nos quais mostrou, sem tinturas, a dura realidade da maioria do povo maranhense e enfrentou com segurança os demais candidatos, principalmente Flávio Dino e Lobão Filho (PMDB).

Outras opções da frente de esquerda são Saulo Arcangeli e Marcos Silva, ambos do PSTU. Arcangeli já disputou três eleições majoritárias, sendo duas para governador, uma pelo PSOL e outra pelo PSTU, e uma para prefeito de São Luís pelo PSTU, o que o credencia como o nome que o seu partido poderá indicar para liderar a eventual frente de esquerda. Conta também com um dos mais experientes nomes da política estadual, o eletricitário Marcos Silva, que já contabiliza seis campanhas, a mais recente para senador pelo PSTU. Mas dificilmente Marcos Silva será candidato a prefeito, pois agora, num rasgo de pragmatismo surpreendente, o PSTU o quer candidato à Câmara Municipal de São Luís, pois tem possibilidade real de chegar lá.

Os três partidos têm em comum uma visão ideológica mais consistente, com base na qual pregam a adoção de um sistema socialista tecnicamente mais rigoroso, que inclua postulados clássicos do marxismo, do tipo “revolução do proletariado”, para a formação de um “governo de trabalhadores”, este com a tarefa de transformar as estruturas da sociedade de modo a possibilitar a implantação de um socialismo em estado puro. Claro que PSOL, PSTU e PCB divergem em alguns pontos, com entendimento diferente em relação a alguns aspectos desse projeto de poder, mas pelo menos em um ponto as três agremiações convergem integralmente: o combate sem trégua ao capitalismo.

Politicamente, PSOL, PSTU e PCB não enxergam qualquer possibilidade de se juntar a partidos da esquerda moderada como PT, PCdoB, PSB e PDT. Consideram que essas agremiações contrariam os postulados do que chamam de esquerda autêntica, principalmente por fazerem alianças com correntes de centro e da direita. Nas disputas eleitorais no Maranhão, sempre recomendaram voto nos candidatos de oposição – como Jackson Lago (PDT) e Flávio Dino (PCdoB) -, mas não participaram de alianças formais e adotaram discurso crítico em relação a esses candidatos. A provável união dos três partidos para disputar as eleições de outubro é uma expressiva mudança de posicionamento, pois indica que, mais do que simplesmente participar do processo e deixar o seu recado contra a realidade social e política em evolução no Brasil, a ultraesquerda quer agora sair das urnas com um resultado eleitoral positivo, que represente bem mais do que um simples registro histórico de participação.

Se for, de fato, formada, essa frente partidária será um dado novo e interessante na corrida ao voto em São Luís.

 

PONTO & CONTRAPONTO

Não há transparência em 82% das prefeituras maranhenses

Nada menos que 180 dos municípios maranhenses não cumprem a regra da transparência instituída pela Lei de Acesso à Informação (Lei 12.572/2011) e pela Lei de Responsabilidade Fiscal, o que significa dizer que 83% estão inadimplentes, pois não tornam públicos os seus números. Esse quadro grave de desrespeito às leis foi encontrado pela Controladoria Geral da União (CGU) ao examinar a situação dos municípios maranhenses em relação a aspectos da Lei de responsabilidade Fiscal. Assim, no Maranhão apenas 37 municípios foram reconhecidos como estando em situação regular nesse aspecto da lei de Responsabilidade Fiscal. A situação é de tal modo grave que ontem, a procuradora-geral de justiça, Regina Rocha, o chefe da CGU no Maranhão, Francisco Alves de Oliveira, e o chefe do Ministério Público de Contas, Paulo Henrique Reis, apresentaram o resultado da Escala Brasil Transparente (EBT) nos 217 municípios maranhenses. Para chegar à constrangedora – e, para ser mais honesto, vergonhosa – conclusão, a CGU fez inúmeras tentativas de busca nos sites das prefeituras, mas não conseguiu acessar os seus portais na internet. São várias a alegações dos prefeitos, vão da falta de recursos às dificuldades com sinal de internet. O fato, porém, é que o cumprimento da lei não pode ser obstruído por falta de estrutura, que pode ser também apenas uma maneira de justificar a falta de vontade para tornar transparentes as contas das suas administrações. E essa omissão tem um preço a ser pago pelos gestores omissos: eles serão acionados por crime de responsabilidade por não cumprirem o que está previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal.

 

Fernando Furtado escorregou na língua, mas não é racista

fernando furtado 1Não há o que discutir que o deputado Fernando Furtado (PCdoB) foi preconceituoso e surpreendentemente agressivo quando disse, em discurso tenso feito para famílias retiradas da reserva Awá-Guajá, que aqueles índios “são um bando de veadinhos”. Também não se pode desconhecer que, diante da repercussão e da avaliação de que cometeu um erro de difícil reparação, Fernando Furtado foi à tribuna da Assembleia Legislativa, assumiu o deslize inacreditável e pediu desculpas. Seria natural que ele fosse duramente criticado e repreendido por suas palavras, não só pela ONG Survival International. Mas execrá-lo mundialmente dando-lhe o ofensivo título de “Racista do Ano” foi também uma agressão ao parlamentar. Fernando Furtado não reagiu grosseiramente às críticas nem reafirmou a agressão verbal aos Awá-Guajá quando o áudio veio à tona. Ao contrário, pediu desculpas. Outra face do caso reforça ter sido injusto a titulação do parlamentar. No seu discurso sobre a retirada das famílias da reserva indígena, o deputado condenou com veemência o tratamento irresponsável e ineficiente que a União, por meio da Funai, dá às nações indígenas, que desprotegidas estão minguando nas mais diferentes regiões do país. Furtado defendeu a adoção, pela União, de uma politica indigenista mais ampla, eficiente e humana. Defendeu também tratamento correto às famílias que perderam tudo o que construíram enquanto ocuparam áreas da reserva indígena. E essa ocupação só foi possível por negligência e falta de responsabilidade da União, que durante anos foi alertada sobre a ocupação indevida, mas atrasou a demarcação da reserva e não moveu uma palha para evitar a ocupação. Se a Survival International tivesse analisado o fato no seu conjunto, certamente criticaria o deputado comunista, mas com certeza em tom menos agressivo  e muito provavelmente não lhe daria um tão desrespeitoso, a começar pelo fato de que na fala de Furtado não há uma palavra ou frase que revele algum traço de racismo. Ele tem, portanto, razão ao reagir à agressão que sofreu da ONG, que nada levou em conta, prendendo-se apenas a uma frase de conotação homo fóbica, e não racista. Isso porque na maior parte do seu polêmico discurso ele falou mais em defesa dos Awá-Guajá do que muitos que assistem, em silêncio conivente, a lenta extinção dos índios maranhenses, causada pela criminosa omissão da União com a conivência do Estado.

 

São Luís, 07 de Janeiro de 2016.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Diálogo proposto por Dino repercute bem, mas histórico de iniciativas como essa mostra que elas sempre fracassaram

 

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Dino propõe diálogo entre PT e PSDB em favor do país

Causou polêmica o artigo do governador Flávio Dino (PCdoB), publicado domingo no jornal Folha de S. Paulo, e no qual ele alerta para a gravidade do momento por que passa o país, critica o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff e, para surpresa e arrepio de muitos, propõe a abertura de um grande diálogo entre as forças vivas do país para vencer as crises política e econômica e, assim, abrir caminho para que o país volte a crescer. No artigo, o governador diz que a hora é de desarmamento e avalia que o diálogo entre governo, representado pelo PT, e oposição, materializada no PSDB, é o caminho mais seguro para superar a crise e fortalecer a democracia no país.  Houve, como era de se esperar, reações que foram do apoio entusiasmado à rejeição mais contundente. Mas no geral o governador foi elogiado, mesmo por quem não vê qualquer futuro na sua iniciativa.

Não é nova a ideia de juntar todas as forças políticas em torno de um projeto comum que deslanche de vez o processo de desenvolvimento do estado ou do país comum um todo. Propostas com essa natureza foram feitas inúmeras vezes e por políticos dos mais diferentes credos e estaturas desde que o Brasil se tornou uma República Federativa e o Maranhão ganhou de vez a condição de ente da Federação. As propostas de pacto ou de acordo sempre foram vistas como muita reserva pelos líderes de grupos eventualmente envolvidos. Foram muitas as manifestações pregando acordos que unissem os partidos em torno de projetos comuns para acelerar o processo de desenvolvimento social econômico.

O problema é que tais propostas são feitas quase sempre em momentos de crise, quando os ânimos estão acirrados e as tensões elevadas. Climas com esses ingredientes acirram as diferenças, embotam o senso de oportunidade – não confundir com oportunismo – e impedem que a serenidade prevaleça na avaliação do diálogo proposto.

Quando José Sarney foi governador (1966/1970), um dos motes mais constantes no seu discurso foi a proposta de diálogo, que se entabulada levaria à ideia de pacto pelo desenvolvimento do Maranhão. Não funcionou, porque, devido ao incremento da ditadura, as tensões políticas se acirraram no Maranhão, inviabilizando qualquer movimento na direção de um diálogo. Quando foi presidente da República tentou, inúmeras vezes, abrir canais em todas as frentes, mas novamente as tensões impediram a formação de um governo de união nacional. No período presidencial, Sarney conseguiu unir todas as correntes políticas em favor do Maranhão, colocando em convivência líderes do PMDB como Epitácio Cafeteira, Renato Archer, Cid Carvalho e Jackson Lago, ficando de fora somente Haroldo Sabóia (PMDB), que sempre manteve posição coerente na oposição a Sarney. A unidade se esfarelou quando Sarney deixou o Palácio do Planalto: perdeu toda a imensa base de apoio e até o seu partido, o PMDB, lhe foi negado para disputar o Senado, obrigando-o a correr para o Amapá, onde havia preparado um plano B para ser candidato ao Senado em 1990.

Antes, os governadores João Castelo (PDS) e Luis Rocha (PDS) alimentaram a ideia de diálogo e de pacto para fortalecer politicamente os esforços de desenvolvimento do estado, mas as forças que lhes faziam oposição não lhes deram crédito e a grande proposta ficou no vazio durante oito anos. Depois da presidência de Sarney, o governador Edison Lobão fez o mesmo, mas os seus apelos pela unidade estadual não ecoaram o suficiente para atrair interessados. O mesmo aconteceu com Roseana Sarney, que sob os ventos de mudança iniciada pelo governo FHC, conseguiu construir uma convivência precária, mas produtiva, com o então prefeito de São Luís, Jackson Lago (PDT), que n entanto degringolou no inicio deste século e resultou na guerra em que ele a derrotou para o Governo do Extado, mas caiu dois anos depois  no tapetão da Justiça.

A proposta mais recente, que deu o que falar nos bastidores da política estadual, foi feita pelo ex-governador e hoje deputado federal José Reinaldo Tavares (PSB), que diante da situação econômica e política do país e, por isso, a avaliação de que, por falta de recursos, o Maranhão mergulhe numa letargia econômica, concitou as forças vivas maranhense para se juntar num grande pacto pelo desenvolvimento do estado. O rascunho desse grande pacto colocaria o governador Flávio Dino e o ex-presidente José Sarney na mesma mesa, unindo as forças políticas em torno de 10 pontos cruciais a serem alvo dos esforços de todos, sem que ninguém abrisse mão da sua posição política. Apesar do barulho e da repercussão, a proposta do ex-governador não teve desdobramentos, a começar pelo fato de que foi solenemente ignorada pelo governador Flávio Dino, que hoje prega o diálogo entre PT e PSDB, e pelo ex-presidente José Sarney, que tantas vezes pregou a aproximação de contrários em favor do interesse comum.

A proposta feita pelo governador Flávio Dino como remédio para os males que minam as forças do país é o que há de melhor em matéria de excelência política. Infelizmente, o histórico de iniciativas parecidas e mal sucedidas estimula a suspeita de que, apesar da repercussão, não terá desdobramentos. Por outro lado, pode estar sendo a hora de se pode, sim, construir um diálogo dessa dimensão.

 

PONTO & CONTRAPONTOS

 

João Alberto não aceita provocação de Randolfe Rodrigues

joão alberto 8-horzProvocado pelo senador amapaense Randolfe Rodrigues (Rede), para quem o Conselho de Ética do Senado só atuará com isenção com a mudança do presidente, o senador João Alberto (PMDB) resolveu não atenção à provocação. E o motivo é simples: muito incomodado com a denúncia de que teria participado de um “mensalinho” no governo do hoje senador João Capiberibe (PSB), Randolfe Rodrigues, montou uma estratégia de acusar João Alberto de estar perseguindo-o, com o objetivo de desviar o foco do assunto, que é o processo em que é acusado por seus adversários do Amapá. Experiente e profundo conhecedor dessa estratégia, com a qual já se defrontou várias vezes nos cinco mandatos de presidente do Conselho, o senador João Alberto sabe que o colega  amapaense quer atraí-lo para o ringue do bate-boca, o que, mesmo que demonstre a normalidade do processo, haverá sempre um desgaste forte. Randolfe Rodrigues, que saiu da Assembleia Legislativa para o Senado, vem construindo sua carreira como esquerdista zangado, que usa a conhecida técnica segundo a qual o ataque é a melhor defesa. E João Alberto sabe disso e tem um trunfo poderoso: toda a tramitação do processo que envolve o senador amapaense está lastreado com documentação original e será relatado por um senador do PSDB do Mato Grosso. Randolfe Rodrigues acusa João Alberto de colocar a denúncia em tramitação em retaliação ao fato de ter sido ele, Randolfe, um dos que denunciaram o senador Delcídio do Amaral (PT-MT) ao Conselho de Ética. O argumento não cola porque Randolfe Rodrigues fora denunciado em setembro e a denúncia contra Delcídio do Amaral só foi apresentada em dezembro, não tendo qualquer relação uma com a outra. João Alberto não encontra outra explicação para as provocações do senador amapaense, mas lembra que os integrantes do Conselho sabem da sua correção na presidência e que é a eles que Randolfe vai ter de se explicar, cedo ou tarde.

 

Rusgas da transição fragilizam a OAB

thiago diaz 4-horzEstranha, muito estranha, as rusgas que vêm estremecendo a relação de situação e oposição nos primeiros dias de gestão do novo comendo do braço maranhense da OAB, com a denúncia de que o presidente Thiago Diaz teria mandato retirar do ar informações sobre recursos financeiros deixados em caixa pela administração que findou, comandada pelo presidente Mario Macieira. Para começar, a regra é a de que a OAB é uma instituição que congrega advogados, que podem – e têm! – diferentes opiniões sobre como ela deve ser conduzida, sobre a realidade institucional do país e como deve ser o estado democrático de direito, incluindo aí o direito de atuação dos seus associados. Não é espaço dividido entre Mário Macieira e Thiago Diaz. As rusgas, que rasuram a imagem da Ordem, devem são tropeços da transição, mas não podem mostrar á sociedade uma instituição fragilizada por diferenças e divisões in ternas. É natural que correntes de pensamento ou até mesmo de motivação política travem embates nas suas entranhas, mas daí a expor rusgas em nível rasteiro há uma diferença enorme. O bom senso e a necessidade de fortalecer a imagem da entidade que representa advogados mandam que o presidente Thiago Diaz e o ex-presidente Mário Macieira respeitem o resultado das urnas. O primeiro mostrando que de fato está maduro para o cargo e que a maioria o elegeu para ser a referência de toda a categoria em nome da qual fala; o segundo dando demonstrações de que, mais do que o dinheiro deixado em caixa, deixou na instituição consciente do seu papel na luta cotidiana pelo fortalecimento das instituições que, como ela, asseguram as liberdades, os direitos e os deveres no país. Rusgas devem ser jogadas no lixo. Nada mais que isso.

 

São Luís, 06 de Janeiro de 2016

 

Alerta aos prefeituráveis: Justiça estadual condenou 74 prefeitos e ex-prefeitos por má gestão e corrupção entre 2012 e 2015

 

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Plenário do TJ: dados mostraram firmeza nas ações contra a corrupção

 

No período de janeiro de 2012 a dezembro de 2015, o Tribunal de Justiça do Maranhão condenou, a penas variadas, 74 prefeitos e ex-prefeitos que saíram da linha e praticaram crimes contra a administração pública. Foram 18,5 condenações por ano, uma média expressiva, se levada em conta a impressão dominante segundo a qual o Poder Judiciário é leniente com processo que envolve acusações de corrupção e, também, por ser pródigo em concessão de liminares e, assim, facilitando a vida dos que cometem malfeitos intoleráveis, como, por exemplo, desvio de dinheiro público. O levantamento divulgado ontem mostra que, se não é o resultado ideal para o volume de denúncias protocolado pelo Ministério Público contra gestores municipais que violentam as regras, é um demonstrativo de que o monstro como é desenhada a Justiça é menos feio do que muitos imaginam. A lista de condenados pode servir para alertar os candidatos a prefeito de que o melhor caminho é ser correto.

Os gestores e ex-gestores foram condenados por crimes como atraso ou fraude na prestação de contas, lesão (desvio, roubo) ao erário, desvio de verbas, falsidade ideológica, contratação de servidores sem concurso, fraude em licitações, falta de comprovação de aplicação de recursos do Fundo Municipal de Saúde (FMS), má aplicação dos recursos do Fundo da Educação (Fundeb), fragmentação de despesas e dispensa irregular de licitações. Quase todos os motivos relacionados direta ou indiretamente com o pior e mais danoso mal que afeta a gestão pública, a corrupção.

As marteladas punitivas aplicadas tiveram formas como cassação de mandato, bloqueio de repasses estaduais e federais, detenção em regime  aberto ou fechado – quase sempre convertida em prestação de serviços à comunidade -, afastamento, pagamento de multa de cinco vezes o valor da remuneração, e inabilitação ao exercício de cargo ou função pública pelo prazo de cinco anos. Poucos são os que foram realmente parar atrás das grades pelos seus malfeitos. Mas, mesmo livres da prisão, não é fácil, principalmente para o político, carregar nas costas o peso de uma condenação por haver subtraído o que não lhe pertencia, afetando diretamente aos que dependem da ação do Poder Público. É fato que costuma inviabilizar e interromper trajetórias de maneira traumática e vergonhosa.

De acordo com o levantamento publicado ontem pela Assessoria de Comunicação do TJMA, foram condenados, em 2012, os prefeitos Raimundo Galdino Leite (São João do Paraíso), Mercial Lima de Arruda (Grajaú), João Batista Freitas (São Vicente Férrer), Agamenon Lima Milhomem (Peritoró), Lenoílson Passos da Silva (Pedreiras), Antonio Marcos de Oliveira (Buriticupu), Lourêncio de Moraes (Governador Edison Lobão), Rivalmar Luís Gonçalves Moraes (Viana), Cleomaltina Moreira (Anapurus), Socorro Waquim (Timon), José Ribamar Rodrigues (Vitorino Freire), Manoel Mariano de Sousa (Barra do Corda), João Alberto Martins Silva (Carolina), José Francisco dos Santos (Capinzal do Norte) e Ilzemar Oliveira Dutra (Santa Luzia). Na lista de 2012 constam ainda os ex-prefeitos Raimundo Nonato Jansen Veloso (Pio XII), José Reinaldo Calve (Bacabeira), Francisco Rodrigues de Sousa (Timon) e Jomar Fernandes (Imperatriz), além de Bia Venâncio (Paço do Lumiar) e Francisco Xavier Silva Neto (Cajapió), que foram cassados por improbidade administrativa.

Ao longo de 2013 a lista de condenados é formada por Francisco Xavier Silva Neto (Cajapió), Deusdedith Sampaio (Açailândia), Ademar Alves de Oliveira (Olho D’água das Cunhãs), José Vieira (Bacabal), Francisco Rodrigues de Sousa, o “Chico Leitoa” (Timon), Cláudio Vale de Arruda (Formosa de Serra Negra), Ilzemar Oliveira Dutra (Santa Luzia), Maria José Gama Alhadef (Penalva), Raimundo Nonato Jansen Veloso (Pio XII) e Francisco das Chagas Bezerra Rodrigues (Riachão).

Os condenados em 2014 são Atenir Ribeiro Marques (Alto Alegre do Pindaré), Marcos Robert Silva Costa (Matinha), Antonio Reinaldo Sousa (Passagem Franca), Raimundo Nonato Borba Sales (Cantanhede), Jomar Fernandes (Imperatriz), Manoel Albino Lopes (Altamira do Maranhão), Nerias Teixeira de Sousa (São Pedro da Água Branca), José Miranda Almeida (Brejo de Areia), Alcir Mendonça da Silva (Zé Doca), Adail Albuquerque de Sousa (Montes Altos), Bia Venâncio (Paço do Lumiar), Antonio de Castro Nogueira (São Domingos do Maranhão), Aluísio Holanda Lima (Olho D´Água das Cunhãs) e Francisco Alves de Holanda (João Lisboa).

Formam a lista de condenados de 2015 os prefeitos João Cândido Carvalho Neto (Magalhães de Almeida), Cleomaltina Moreira Monteles (Anapurus) e Gleide Lima Santos (Açailândia); e os ex-prefeitos Jânio de Sousa Freitas (Trizidela do Vale), Benedito Francisco da Silveira Figueiredo, o Biné Figueiredo (Codó), Francisco Rodrigues de Sousa, o Chico Leitoa (Timon), Jonatas Alves de Almeida (São Francisco do Maranhão), Tadeu Palácio (São Luís), Ilzemar Oliveira Dutra (Santa Luzia), Ivaldo Antonio Cavalcante (Rosário), José Cardoso da Silva Filho (São Domingos do Azeitão), Sebastião Fernandes Barros (São Domingos do Azeitão), José Nilton Marreiros Ferraz (Santa Luzia do Paruá), Mábenes Fonseca (Paço do Lumiar), Maria José Gama Alhadef (Penalva), Nauro Sérgio Muniz Mendes (Penalva), Manoel Albino Lopes (Altamira do Maranhão), José Miranda Almeida (Brejo de Areia), Juscelino Martins de Oliveira (Formosa da Serra Negra), Rivalmar Luis Gonçalves Moraes (Viana), Lourival de Nazaré Vieira Gama (Penalva), João Batista Freitas (São Vicente de Férrer), Ildézio Gonçalves de Oliveira (São Pedro da Água Branca), Dirce Maria Coelho Xavier Araújo (Timbiras), Carlos Gustavo Ribeiro Guimarães (Nova Iorque), Coriolano Almeida (São Bernardo), Luiz Feitosa da Silva, o Luiz do Cinema (Governador Luiz Rocha) e José Reinaldo Silva Calvet (Bacabeira).

Uma boa informação para o ano que começa, que será marcado pelas eleições municipais de outubro. Vale para mostrar ao cidadão que as instituições estão trabalhando e, também, para alertar os que, por acaso, estejam se preparando para disputar prefeituras pensando em abusar da burra.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Normalidade: Dino passa governo a Brandão

 

dino e brandão 1O governador Flávio Dino (PCdoB) iniciou ontem um período de licença de 10 dias. Ele passou formalmente o comando do Poder Executivo ao vice Carlos Brandão (PSDB), em cerimônia com a presença dos secretários que integram a governadoria, como Marcelo Tavares (Casa Civil), Robson Paz (Comunicação Social) e Márcio Jerry (Assuntos Políticos e Federativos), aos quais recomendou todo apoio ao governador em exercício. É a primeira vez que Dino se afasta do comando e passa o bastão para Brandão. A atitude mostra que, ao contrário do que afirmam seus críticos e adversários, o Maranhão não está mergulhado em crise nem amarga problemas tão graves que exijam a presença contínua e ininterrupta do titular do cargo. Ao passar a bola temporariamente para seu vice, o governador deixou claro que o Maranhão vive a normalidade institucional e, também, que confia plenamente no seu companheiro de chapa. “Nós sempre tivemos uma relação de confiança, pautada no diálogo transparente. Brandão tem um papel fundamental no nosso Governo e continuaremos juntos com o propósito maior de melhorar a vida dos maranhenses”, disse Dino. Brandão agradeceu a confiança e afirmou que manterá o governo na linha e cuidará da máquina com “coerência e firmeza”. Tudo, portanto, plenamente ajustado.

 

Mas nem sempre foi assim no Maranhão

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José Sarney e Jorge Dino: quase rompidos

As relações governador/vice-governador nem sempre foram harmônicas. José Sarney, por exemplo, cuidou de manter um bom entendimento com o vice Jorge Dino, mas as tensões políticas no Maranhão eram tão fortes e as intrigas da oposição eram tão eficientes que ele deixou o governo para disputar o Senado da República praticamente rompido com o sucessor. O governador Luís Rocha, por exemplo, viveu seus quatro anos de governo rompido com o seu vice, João Rodolfo, primo do ex-governador João Castelo. Rodolfo passou todo o mandato “exilado”, a pão e água, num gabinete no centro de São Luís, sem qualquer contato com a máquina pública, depois de ter tido poder pleno como homem de confiança do ex-governador.

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João Alberto e Cafeteira: mal-estar abafado

Epitácio Cafeteira teve uma relação de altos e baixos com o seu vice João Alberto. Ciente do seu papel político, João Alberto não aceitou ser isolado e sempre que pôde atuou. Em 1988, Cafeteira foi nomeado pelo então presidente José Sarney “embaixador plenipotenciário” do Brasil na Coreia do Sul, para onde viajou comandando uma grande comitiva de ministros e empresários. Na sua interinidade, João Alberto tomou decisões de pequena, média e grande importância. Ao reassumir, Cafeteira desfez algumas, o que gerou forte mal-estar não declarado entre os dois. A governadora Roseana Sarney isolou seu vice, José Reinaldo, depois do segundo ano de governo, porque não queria que ele fosse o seu sucessor. José Reinaldo aturou calado o isolamento e deu o troco quando a Policia Federal invadiu os escritórios da Lunus. Candidatou-se a governador e, no governo, rompeu com o grupo.

 

 

São Luís, 04 de Janeiro de 2016.

 

 

 

 

 

Eleições municipais servirão para medir força entre o grupo liderado por Flávio Dino e o que restou do Grupo Sarney

 

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Edivaldo Jr. e Eliziane Gama protagonizarão o grande embate em São Luís

O calendário eleitoral para as eleições municipais de outubro está em vigor desde o ano passado, os partidos já se puseram em movimento, os aspirantes aos mandatos de prefeito, vice-prefeito e vereador correm para se viabilizar política e eleitoralmente, numa torrente que desaguará nas convenções de julho, quando serão definidas formalmente as candidaturas; na campanha de setembro, quando se dará o grande embate entre os candidatos; e, finalmente, na corrida às urnas em outubro, quando a maioria dirá quem quer que governe e a represente. No Maranhão, a previsão inicial é a de que mais de 600 candidatos a prefeito e alguns milhares de aspirantes a vagas nas Câmaras Municipais se submeterão ao crivo do eleitorado. Em São Luís, o cenário está sendo montado para uma disputa de desfecho até aqui imprevisível, no qual as duas candidaturas mais destacadas são a do prefeito Edivaldo Jr. (PDT), que buscará a reeleição, e a da deputada federal Eliziane Gama (Rede), podendo ganhar mais animação e disputa se forem confirmadas as candidaturas do deputado federal João Castelo (PSDB), do vereador Fabio Câmara (PMDB) e da vereadora Rose Sales (PV), ou ainda uma composição entre os dois últimos. A disputa para as 30 cadeiras da Câmara Municipal será uma guerra.

No contexto estadual, o grande confronto eleitoral se dará entre as novas forças que estão no poder desde o ano passado, comandadas pelo governador Flávio Dino, tendo por base o seu partido, o PCdoB, associado ao PDT, ao PSB, ao PT, ao PSDB e a outros partidos menores. Essas agremiações enfrentarão as forças que perderam o poder em 2014, formadas por PMDB, DEM, PV, PTB, igualmente aliadas a legendas menores, tendo como referência a ex-governadora Roseana Sarney. Os grandes confrontos se darão em Imperatriz, Caxias, Timon, São José de Ribamar, Codó, Bacabal, Coroatá, Pedreiras, Santa Inês, Pinheiros, Chapadinha e Açailândia. Ninguém tem dúvida de que o governador Flávio Dino jogará todo o peso do grupo que comanda para repetir o feito de 2014 e, assim, consolidar o seu poder político no estado. Na mesma medida, o Grupo Sarney se desdobrará e usará todos os seus recursos para retomar o poder na maioria dos municípios, ou pelo menos recompor parte das duas bases e demonstrar que ainda está vivo.

O mais nítido espelho da guerra eleitoral será o confronto em São Luís, onde o Palácio dos Leões quer manter o prefeito Edivaldo Jr. no poder. Agora com o apoio do PDT, ao qual se filiou, o prefeito ganhou lastro partidário e mais o que sobrou da outrora poderosa e influente militância pedetista. Enfrentará de cara a deputada federal Eliziane Gama, que lidera a corrida, segundo as pesquisas, mas se fragilizou politicamente depois que trocou o PPS pela Rede Sustentabilidade e tentou armar algumas alianças. Nada disso deu certo para ela, o que agora a obriga a refazer seus planos para se firmar na corrida – a entrevista publicada domingo (3) no Jornal Pequeno é reveladora dessa situação que a envolve.

O PMDB perdeu tempo com crises internas, mas, ao que tudo indica, deve lançar o vereador Fábio Câmara, que caminha para consolidar sua candidatura. A vereadora Rose Sales tem se movimentado no PV para sair candidata à prefeita. O mais provável é que PMDB, PV, DEM e PTB se unam com a dobradinha Câmara-Sales, ou vice versa, ou optar por outra candidatura ou ainda apoiar um candidato de outro partido. Se optarem por Fábio Câmara, o PMDB e seus aliados estarão anunciando que irão para o embate aberto contra o grupo governista, o que dará à corrida eleitoral uma dinâmica de confronto. Se a opção for para dispersar o seu poder de fogo em alianças nas quais não terá o comando, o Grupo Sarney estará ao mesmo tempo admitindo que foi mesmo à lona com a pancada de 2014 e revelando que a as consequências da derrota foram bem maiores do que se media até aqui.

No meio dessas frentes partidárias que desenham o tabuleiro político do Maranhão, partidos da chamada esquerda radical, como o PSOL e o PRTU, por exemplo, se posicionarão atirando nas duas direções. O primeiro deve novamente liderado por Antonio Prazeres, e o segundo pelo calejado Marcos Silva. E, finalmente, voos solitários como o de João Bentivi pelo PRTB e Zéluis Lago (PSL)

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

 

Corrigindo omissão

No post em que fez uma avaliação do primeiro ano da nova Assembleia Legislativa, a Coluna cometeu um erro de omissão, não registrando o desempenho dos deputados Levi Pontes (PHS) e Edivaldo Holanda (PTC), o que conserta agora. Os dois foram deputados ativos.

edivaldo pai 2Edivaldo Holanda (PTC) dedicou quase todo o sem tempo no primeiro semestre de 2015 à defesa do prefeito de São Luís, Edivaldo Jr.. Em discursos semanais, o experiente parlamentar mostrou as conquistas e avanços da administração municipal, jogou pesado contra adversários do prefeito Edivaldo Jr., rebateu enfaticamente todas as críticas ao prefeito publicadas na imprensa em geral. Correu o risco de ser interpretado apenas como o “pai do prefeito”, mas teve o cuidado de admitir problemas que o prefeito não admitiu. Licenciou-se por 121 dias para dar lugar ao suplente Toca Serra.

leviLevi Pontes (PHS) teve um desempenho razoável e focou sua ação parlamentar na projeção e na defesa do Governo Flávio Dino. Médico por formação e filho de uma raposa política que atuou com mais efetividade na área de saúde, travando embates com a deputada Andrea Murad (PMDB). Foi assíduo no trabalho de plenário, tendo votado sempre com a orientação do Palácio dos Leões.