Partidos vivem crise interna, quebram a coerência e se dividem no apoio a candidatos a prefeito de São Luís

 

líderes partidários
Roberto Rocha, João Alberto, Adriano Sarney, Cabo Campos e Carlos brandão: partidos em dificuldades

A corrida eleitoral em São Luís tem sido reveladora de que no Brasil os partidos políticos são muito mais um grupos que abrigam interesses os mais diversos do que organizações movidas pelo tripé clássico que fundamenta a existência de uma agremiação partidária: ideologia, doutrina e programa. Os fatos ocorridos com partidos como PSB, PMDB, PSDB, PV e DEM na ciranda das alianças em torno de candidaturas que agora se batem pela conquista da Prefeitura da Capital são reveladores de, mais do que princípios e coerência, essas agremiações são embaladas pelos mais absurdos rasgos de incoerência, que tornam mais densa a conclusão de que o que está sempre em jogo são interesses que, na maioria dos casos, divergem radicalmente das cartilhas que dão algum sentido ideológico e doutrinário a alguns partidos. Os casos mais evidentes chegam a causar perplexidade de tão anormais que são quando se faz alguma reflexão para compreendê-los. E surpreendem mais ainda pelo fato de seus dirigentes se dobrarem sem qualquer resistência voltada para a preservação da integridade das organizações atingidas.

O caso do PSB é emblemático. E começa com o fato de que o partido, um dos mais tradicionais da esquerda brasileira, está dividido em dois comandos, o estadual, presidido pelo prefeito de Timon, Luciano Leitoa, e o da Capital, este sob o comando do senador Roberto Rocha. O PSB de São Luís não segue a orientação do PSB estadual e tomada decisões que contrariam frontalmente a direção maior. O partido tinha um pré-candidato a prefeito de São Luís com alguma viabilidade, o deputado Bira do Pindaré, mas ele, cheio de autoconfiança, não rezou na cartilha do senador Roberto Rocha e, depois de demorada e desgastante refrega, foi humilhantemente jogado para escanteio. Rocha não tem a mínima para a aliança governista que liderada pelo prefeito Edivaldo Jr. (PDT), de quem foi vice, e firmou uma aliança com Wellington do Curso (PP), emplacando o vereador Roberto Rocha Jr. como candidato a vice. Hoje, o partido está assim dividido em São Luís: o grupo do senador Roberto Rocha vai com Wellington do Curso, o deputado Bira do Pindaré declarou apoio a Edivaldo Jr., sendo seguido pelo deputado e líder do Governo, Rogério Cafeteira. Com a o prestígio de ex-governador, o deputado federal José Reinaldo Tavares até agora não disse com quem vai.

Maior partido do Maranhão e que tem comando firme, também sofre com os embates internos das suas correntes. Em São Luís, depois de pequenas crises internas, o grupo liderado pelo senador João Alberto, que comanda efetivamente a agremiação, preencheu a vaga de candidato a prefeito com o vereador Fábio Câmara. Só que outros cardeais pemedebistas, que aqui e ali falam em coerência política e partidária, resolveram ignorar a candidatura de Câmara, agindo de maneira agressiva, como o não comparecimento à convenção que formalizou a candidatura. Ainda o maior nome do partido, em que pese estar submetida a um duro processo de desgaste, a ex-governadora Roseana Sarney, que chegou a aventar a possibilidade de se candidatar à Prefeitura, agiu fortemente, mas em vão, para levar o PMDB para uma aliança com Wellington do Curso. Outro cardeal pemedebista, o suplente de senador Lobão Filho, tentou levar o PMDB para a coligação de Eliziane Gama (PPS), mas o projeto não deu certo. Hoje, resolvida a candidatura, o único líder pemedebista que apoia o candidato Fábio Câmara é o senador João Alberto.

Mesmo levando em conta a possibilidade de o Grupo Sarney estar se dividindo para cumprir uma estratégia de sobrevivência, principalmente em São Luís, não há como não anotar o fato de o PV estar todo rachado. O presidente do partido, deputado estadual Adriano Sarney, por exemplo, assumiu de vez a candidatura da popular-socialista Eliziane Gama, integrando o time de frente dos líderes que a apoiam. Só que, por diferenças em relação à corrida eleitoral, o deputado estadual Edilázio Jr. deu as costas para a candidata do PPS e decidiu fazer um discurso na Assembleia Legislativa para anunciar o seu apoio ao candidato do PP, Wellington do Curso os demais deputados do PV, Rigo Teles e Hemetério Weba, não declaram apoio a nenhum dos candidatos da Capital. Tentando amenizar críticas previsíveis, Weba definiu o racha como “um exemplo de democracia partidária”.

O DEM, que ganhou novos dirigentes e saiu do limbo político em São Luís. O comando estadual do partido, que tem como titular o deputado federal Juscelino Filho, decidiu seguir o posicionamento do líder do DEM em São Luís, deputado Stênio Rezende, que embarcou o partido oficialmente na coligação do prefeito Edivaldo Jr.. O deputado Cabo Campos, que tem base eleitoral na Capital, não foi ouvido sobre o apoio do DEM ao projeto de reeleição do prefeito Edivaldo Jr. e resolveu declarar apoio à candidatura de Eliziane Gama, de quem se anunciou “soldado”, para ajudá-la a se eleger “de qualquer maneira”.

De todos partidos que tiveram problemas internos por causa da escolha de candidatos à Prefeitura de São Luís, o que menos evidenciou racha e mais evitou problemas e melhor corrigiu seus rumos foi o PSDB. Quando o partido se movimentou para fazer essas correções e anunciar o apoio à candidata do PPS, alguns dos seus pesos pesados reagiram mal, sentindo-se preteridos do processo de escolha. Eles queriam dar outra orientação ao partido, mas o presidente regional, vice-governador Carlos Brandão, selou a aliança parte dos integrantes da cúpula. O deputado João Castelo, que queria ser candidato, ficou indócil, o mesmo acontecendo com o deputado licenciado Neto Evangelista, pelo mesmo motivo. Tanto que a adesão de cada um deles à aliança com Eliziane Gama foi lenta e só chegou ao fim nesta semana, com a adesão de Neto Evangelista.

O mais grave dessa situação é que nenhum partido consegue garantir que seus militantes e apoiadores votem em bloco nos candidatos que firmaram acordo. São todos, portanto, acordos de risco.

PONTO & CONTRAPONTO

Hospital Macrorregional de Imperatriz será inaugurado hoje em clima de festa política e sob uma controvérsia
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Hospital de Imperatriz: festa de inauguração e controvérsia

O governador Flávio Dino inaugura hoje o Hospital Macrorregional de Imperatriz, obra alentada que custou R$ 37,2 milhões e deve alcançar uma população de 1,2 milhão na Região Tocantina. Pela badalação que vem sendo feita na Assembleia Legislativa e nos canais usados intensamente pelo Governo nas redes sociais. A obra foi assunto de vários discursos feitos quarta-feira por governistas e oposicionistas, os primeiros exaltando-a como ação do Governo Flávio Dino (PCdoB), os segundos recorrendo ao argumento de que a construção foi iniciada pelo Governo Roseana Sarney. No primeiro momento, o deputado Marco Aurélio (PCdoB), vice-líder do Governo, fez um alentado relato sobre o Hospital Macrorregional de Imperatriz, exaltando o trabalho do atual Governo, sem fazer qualquer relação da obra com o Governo passado. Em seguida, o deputado Antonio Pereira (DEM), que é médico e tem forte envolvimento com a obra, fez o contraponto, destacando o trabalho do atual Governo, cumprimentando o governador Flávio Dino, mas chamando atenção para o fato de que a obra foi iniciada no Governo Roseana Sarney (PMDB). Antonio Pereira ponderou não ser justo que se inaugure uma obra com a dimensão do hospital tocantino sem registrar o fato de que foi o Governo passado que conseguiu os recursos no BNDES, iniciou a construção e deixou a obra física em estágio bem avançado. Independentemente do bate-boca sobre a paternidade – ou maternidade – da obra, o fato mais relevante é que o Hospital Macrorregional de Imperatriz será inaugurado hoje com uma grande festa, na qual deve estar presente a enfermeira Rosângela Curado (PDT), candidata à Prefeitura de Imperatriz apoiada pelo Palácio dos Leões. Não há dúvida que a inauguração festiva tem muito a ver com a corrida eleitoral na Princesa do Tocantins.

 

Especial: Coluna vai resgatar clássicos da Música Popular Maranhense em série sobre discos clássicos

Na edição de amanhã, a Coluna colocará em prática um projeto especial: resgatar e trazer para o presente alguns dos discos mais importantes da Música Popular do Maranhão (MPM). São obras individuais e coletivas que marcaram a cultura musical maranhense nos últimos 40 anos. Não se trata de um apanhado cronológico nem de um levantamento sistemático da discografia local. A intenção, que está virando objetivo, é lembrar aos maranhenses que a MPM tem alguns tesouros esquecidos, que precisam ser redescobertos. São discos emblemáticos, como “Shopping Brazil”, que reúne clássicos da obra de César Teixeira, um dos mais importantes compositores maranhenses de todos os tempos; e “Lances de Agora”, obra magistral do igualmente genial e importante Chico Maranhão, gravado na nave principal da Igreja do Desterro em meados dos anos de 1970, como parte do revolucionário projeto do produtor Marcus Pereira. As matérias especiais serão publicadas sempre nas edições de sábado, com intervalos de 15 dias. Com o resgate, a Coluna pretende homenagear esses craques da MPM por suas obras e também por suas posturas como artistas.

 

São Luís, 18 de Agosto de 2016.

 

 

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