Mudanças no PSDB fragilizam Brandão, afastam tucanos de Dino e fortalecem projeto de candidatura de Rocha

 

Sebastião Madeira vai substituir Carlos Brandão e Roberto Rocha vai disoutar com Flpavio Dino
Mudanças radicais estão sacudindo o PSDB o braço do Maranhão: Sebastião Madeira vai substituir Carlos Brandão e Roberto Rocha vai disputar com Flávio Dino

De todos os partidos agitados pelo vendaval das mudanças preparatórias para as eleições de 2018, o braço maranhense do PSDB é, de longe, o que sofrerá as transformações mais radicais e cujos desdobramentos deverão levar ao rompimento do ninho dos tucanos com a aliança liderada pelo governador Flávio Dino (PCdoB), e ao lançamento de candidato próprio ao Governo do Estado. Esse desfecho virá na esteira de uma série de decisões arrojadas e dramáticas que os tucanos tomarão tão logo seja concluída a troca de comando, com a virtual saída do vice-governador Carlos Brandão da presidência regional, que deverá ser assumida pelo ex-prefeito de Imperatriz, Sebastião Madeira, e o retorno do senador Roberto Rocha aos quadros do partido como provável candidato a governador. O objetivo das mudanças, que já contam com o aval da cúpula nacional, é reunificar o partido e colocá-lo no campo de oposição ao Governo Flávio Dino e de combate às esquerdas.

Hoje transformado numa colcha de retalhos costurada por Carlos Brandão, o PSDB tem, de um lado, o grupo liderado pelo vice-governador, que só conta com parte dos prefeitos que o partido elegeu em 2016 e, de outro, a banda liderada por Sebastião Madeira ( o mais tucano de todos os tucanos maranhenses), que apoia a volta do senador Roberto Rocha e conta com vários grupos menores. No meio desse confronto estão nomes importantes, mas que não lideram grandes grupos, como é o caso do deputado estadual Neto Evangelista – secretário estadual de Desenvolvimento Social -, apoia a aliança com o Governo, e o prefeito de São José de Ribamar, Luis Fernando Silva, que se relaciona bem com o governador Flávio Dino, mas é politicamente independente. Noutra ponta está o grupo que era liderado pelo ex-governador João Castelo, que não fecha inteiramente com o Governo e apoia as mudanças no partido.

Os últimos movimentos sinalizaram claramente que o vice-governador Carlos Brandão perdeu o comando do partido e está de saída do ninho. Ele era o elo que mantinha o PSDB na órbita do Governo do PCdoB, e sua saída deve resultar fim da aliança. Isso porque, sob o comando de Sebastião Madeira, o PSDB fatalmente se afastará do governador Flávio Dino e migrará para a Oposição, já que o seu projeto maior é lançar um candidato a governador afinado com a posição anti-esquerda estimulada pela cúpula nacional. Madeira tem dito e repetido que o PSDB terá candidato próprio ao Governo e, mais recentemente, vem apontando o senador Roberto Rocha como o nome que o partido lançará para enfrentar a candidatura do governador Flpavio Dino à reeleição. Rocha já formalizou sua saída do PSB, e sua volta ao ninho dos tucanos depende apenas de uma data em que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin possa vir a São Luís para abonar a ficha de filiação do senador num grande ato partidário. Alckmin, que se movimenta como pré-candidato do OSDB a presidente da República, conta com Roca para ser o braço da sua candidatura no Maranhão.

A nova ordem que será instalada no PSDB colocará o deputado licenciado Neto Evangelista numa situação delicada. Ele tem até o final deste mês para decidir se permanece no partido, e nesse caso fazendo oposição ao Governo do qual ainda faz parte, ou deixar o ninho e embarcar numa agremiação alinhada ao governador Flávio Dino. À vontade pelo fato de que não tem previsão de disputar mandato eletivo em 2018, o prefeito ribamarense Luís Fernando Silva não deve entrar em bola dividida, agora, dentro do partido. E o grupo ligado ao ex-governador João Castelo, hoje liderado pela ex-prefeita Gardênia Castelo, que nunca fechou inteiramente com Carlos Brandão, vai se afinar com Sebastião Madeira e seguir a orientação do comando nacional, naturalmente reivindicando mais espaço dentro do partido.

O fato em construção é que até o final deste mês o PSDB do Maranhão será transformado por uma guinada radical. Poderá sair desse ajuste mais magro, mas pode também ser turbinado com a filiação em massa de aliados do senador Roberto Rocha e outras correntes menores que estão boiando no mar da indefinição. Essa transformação fará dele a primeira força de oposição a se posicionar efetivamente para as eleições do ano que vem com candidato definido e disposto a entrar na briga que pode envolver também a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB). Mais ainda: ninguém descarta a hipótese de Roberto Rocha vir a ser o candidato de uma aliança do PSDB com o PMDB, repetindo no Maranhão um acerto que provavelmente se dará o plano nacional.

PONTO & CONTRAPONTO

 

Mudanças radicais estão atingindo fortemente o braço maranhense do PSB

José Reinaldo: voltando ao DEM, sua origem paertidária
José Reinaldo: pode voltar ao DEM, sua origem partidária

Na agitada ciranda de mudanças partidárias, uma das mais complicadas e tensas atingiu o PSB. Comandado no estado pelo prefeito de Timon, Luciano Leitoa, o partido recriado pelo líder pernambucano Miguel Arraes vinha se movendo dividido por uma desgastante guerra interna envolvendo o senador Roberto Rocha, que tinha o controle do partido em São Luís, e o deputado estadual Bira do Pindaré, também brigando pelo comando do partido na Capital. No meio dessa confusão intensa, o deputado federal José Reinaldo Tavares vinha tentando se manter como a principal referência da agremiação. Numa decisão radical, a direção nacional tirou do senador Roberto Rocha o controle do partido na Capital e o entregou ao deputado Bira do Pindaré, que em outra decisão radical reuniu o comando partidário e expulsou o senador, levando-o a acertar o seu retornou ao PSDB. Agora, o único foco de tensão no PSB é José Reinaldo Tavares, que está em rota de colisão com  direção nacional desde que começou a votar no Congresso Nacional contrariando as orientações daquela cúpula – apoiou o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), votou contra a autorização para investigar o presidente Michel Temer (PMDB), votou a favor da reforma trabalhista, entre outras ações na contramão do que queria o partido. Nos próximos dias, José Reinaldo deve desembarcar do PSB e ingressar no DEM ou no PSD.

 

É de forte tensão a disputa pelo comando do Poder Judiciário do Maranhão

Nelma Sarney deve enfrentar José Joaquim Figueiredo
Nelma Sarney deve enfrentar José Joaquim Figueiredo no Judiciário

É forte a movimentação nos bastidores do Tribunal de Justiça por conta da disputa pelo comando do Poder Judiciário. O clima de tensão já ganha aspectos de guerra aberta envolvendo dois candidatos a presidente, a desembargadora Nelma Sarney e o desembargador José Joaquim Figueiredo dos Anjos. Não há dúvidas de que o Colégio de Desembargadores está dividido e que nesse momento a vantagem está com Figueiredo dos Anjos. A candidatura de Nelma Sarney vem sendo duramente alvejada com o argumento segundo o qual ela responde por denúncia ao Conselho Nacional de Justiça por desvio de conduta, o que fragilizaria fortemente a sua posição entre os desembargadores. Nelma Sarney, no entanto, não abre mão da sua candidatura, por ter nesta eleição a última chance de chegar à presidência do Poder Judiciário – ela já foi corregedora geral de Justiça e vice-presidente. Na semana que passou, um forte burburinho assanhou os bastidores da Corte, motivado pela presença, no plenário, acompanhando a reunião do Pleno, do advogado goiano Eli Dourado, homem de confiança do Grupo Sarney, que comandou o processo que resultou na cassação do governador Jackson Lago em 2009. Dourado é apontado como “mestre” nesse tipo de ação, especialista em “moer” adversários. Sua o presença foi interpretada como um movimento da desembargadora Nelma Sarney avisando que está na briga e disposta a jogar pesado se o seu caminho for minado. José Joaquim Figueiredo dos Anjos já assumiu que é candidato, mas tem dado mostras de que torce por uma disputa aberta, sem ataques nem dossiês, mas também parece disposto a endurecer o jogo, se for provocado. O presidente da Corte, desembargador Cleones Cunha, vem usando a diplomacia para acalmar os ânimos, de modo que o processo sucessório no Judiciário se dê sem traumas. O problema é que há até quem veja nesse processo sucessório uma guerra entre o Palácio dos Leões e o Grupo Sarney. Os próximos dias dirão o que vem por aí. Em tempo: a eleição se dará na primeira quinzena de outubro e o desembargador Marcelo Carvalho também está apto a concorrer, mas teria decidido aguardar outro momento.

São Luís, 16 de Setembro de 2017.

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