Lobão e Roseana vivem momento decisivo na Lava-Jato

 

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Lobão e Roseana voltam a viver clima de tensão na Operação Lava-Jato

 

As recentes declarações dadas pelo doleiro Alberto Yousseff e pelo empreiteiro Ricardo Pessoa – dono da UTC Engenharia e apontado como chefão do cartel de empresas envolvidas no esquema de corrupção na Petrobras – na Operação Lava-Jato trouxeram de volta o clima de tensão na cúpula do Grupo Sarney. Depois de um período de apreensão, durante o qual seus advogados tentaram desqualificar as denúncias e arquivar o pedido de inquérito, alegando fragilidade nas acusações, o senador Edison Lobão (PMDB) e a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB) voltaram para o centro do terremoto.

Em relação ao senador Edison Lobão, o diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, cabeça do esquema de corrupção, repetiu a afirmação de que o senador, na condição de ministro de Minas e Energia, portanto chefe hierárquico da petroleira, teria intermediado um esquema para financiar, com dinheiro sujo, a campanha da então governadora Roseana Sarney à reeleição em 2010.  O mesmo foi dito pelo doleiro Alberto Yousseff, operador financeiro do esquema. E, agora, num depoimento de delação premiada, no qual a regra é não mentir, sob a pena de ter sua situação agravada, o empreiteiro Ricardo Pessoa confirma a versão dos dois.

O senador maranhense, que é uma das figuras mais proeminentes do PMDB e do Congresso Nacional – já presidiu o Senado da República, por exemplo -, nega peremptoriamente as acusações e, em discursos na tribuna do Senado, vem desafiando os delatores a apresentarem provas materiais do que insistem em denunciar. Até agora, nenhuma prova foi apresentada, mas também nenhum dos delatores retirou o que disse. Em meio ao “fez”-“não fiz”, advogados do senador pressionaram o ministro-relator Teori Zawasck, do Supremo Tribunal Federal (STF), para que ele arquivasse a denúncia, enquanto o procurador geral da República, Rodrigo Junot, se movimentou em sentido contrário e levou a melhor, já que os inquéritos foram mantidos. A decisão foi desastrosa para o senador.

Situação idêntica vive a ex-governadora Roseana Sarney, acusada por Paulo Roberto Costa de ter sido beneficiada com dinheiro sujo do esquema de corrupção na Petrobras na sua campanha de 2010. Em relação a ela, o doleiro Alberto Yousseff não confirma a declaração do ex-diretor de Abastecimento da empresa, dizendo não se lembrar de ter tido tal conversa com Paulo Roberto Costa nem de ter repassado à então governadora dinheiro com essa finalidade.

Agora, vem o empreiteiro Ricardo Pessoa corroborar as declarações do ex-diretor de Abastecimento da petroleira, que não foram confirmadas pelo doleiro Alberto Yousseff. Roseana é citada como beneficiada, mas nenhum dos delatores apresentou até agora elementos substanciais que confirmem as declarações. As contradições têm motivado a ex-governadora a pedir insistentemente o arquivamento da denúncia contra ela.

A decisão do ministro-relator de dar prosseguimento aos inquéritos, atendendo a um pedido do procurador geral da República, recolocou Edison Lobão e Roseana Sarney na desconfortável condição de investigados. Isso os obriga a encarar a dureza dos interrogatórios a serem feitos por delegados e procuradores federais, provavelmente na próxima semana, em Brasília. Se até lá aparecerem provas cabais do envolvimento dos dois, o senador e a ex-governadora serão processados, com direito a ampla defesa, mas com o sério risco de serem condenados. Mas se os tais “indícios robustos” não se transformarem em “provas robustas”, Lobão e Roseana sairão como entraram: ilesos.

Um esclarecimento: quando se referiu a Roseana Sarney no seu depoimento mais recente, o doleiro Alberto Yousseff, declarou, mais uma vez, que entregou R$ 3 milhões “a autoridades” do governo dela, citando o então chefe da Casa Civil, João Abreu. Essa bolada, porém, nada tem a ver com o esquema de corrupção na Petrobras, mas sim ao caso do precatório de R$ 120 milhões que seria pago em 24 parcelas à Constran. Sobre esse caso, o inquérito corre sob sigilo na Justiça estadual.

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

 

Jogo duro

humberto costa-horzOs primeiros senadores interrogados na Operação Lava-Jato foram Humberto Costa (PT-PE), ex-ministro da Saúde, e Lindemberg Farias (PT-RJ) (foto), ex-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), ambos acusados de terem suas campanhas financiadas pelo esquema de corrupção na Petrobras. Saíram da PF e foram direto para o STF, onde reclamaram ao presidente da Corte, ministro Ricardo Levandowsk, da maneira dura e implacável como foram tratados pelos interrogadores da Polícia Federal. Disseram que foram comparados a bandidos. Diante da reclamação, o comando do STF determinou que a partir daquele momento o interrogatório teria de ser feito por membros do Ministério Público Federal.

 

Muito complicado

wldir 3A situação do deputado federal Waldir Maranhão (PP) (foto) é muito complicada. Ele foi citado explicitamente por todos os delatores da Operação Lava-Jato: Paulo Roberto Costa, Alberto Yousseff e vários empreiteiros em regime de delação premiada. Maranhão integra uma turma de deputados federais e senadores do PP que, segundo delatores e denunciantes, entrou de cabeça no esquema de corrupção da Petrobras. Eles citaram cifras diferentes, que variaram de R$ 2 milhões a R$ 6 milhões para bancar sua campanha em 2010. Eleito vice-presidente da Câmara Federal, indicado pelo seu partido, o deputado Waldir Maranhão encontra-se em situação “confortável” devido ao fato de que o presidente da Casa, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), também está sendo investigado em clima de confronto com o Ministério Público Federal.

 

São Luís, 14 de Maio de 2015.

2 comentários sobre “Lobão e Roseana vivem momento decisivo na Lava-Jato

  1. Só num País como o Brasil é que um figura como Waldir Maranhão com tantas denúncias continua vice-presidente da Câmara. Ficou louco meu!

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