Candidatos a governador terão de portar as bandeiras dos candidatos presidenciais na corrida eleitoral de 2018

 

Flávio Dino
Flávio Dino portará a bandaira de Lula ou a de Ciro Gomes, Roseana Sarney levará a do candidato do PMDB, que pode ser Michel Temer, e Roberto Rocha portará a de  Geraldo Alckmin ao interior na campanha eleitoral

Todos os sinais observáveis no cenário da política brasileira indicam com clareza que as campanhas dos candidatos a presidente da República serão fortemente associadas às dos candidatos a Governos estaduais, também densamente ligadas às campanhas ao Senado. A crise política, moral e institucional que vem abalando o Brasil nos últimos tempos tem causado um enorme vazio de lideranças confiáveis, de modo que os aspirantes ao Palácio do Planalto terão de contar nos estados com líderes politicamente expressivos e eleitoralmente fortes, que os representem com entusiasmo e os apresentem ao eleitorado como o que há de melhor para o País. No Maranhão, o governador Flávio Dino (PCdoB) irá à guerra pela reeleição levando a bandeira do ex-presidente Lula da Silva (PT) ou de outro candidato de esquerda na hipótese de o líder petista ser impedido de concorrer. Se vier mesmo a ser candidata ao Governo do Estado, a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB) portará o estandarte do candidato do PMDB, que pode ser o presidente Michel Temer, ou o de uma aliança apoiada pelo partido. O senador Roberto Roberto vai ornar seu palanque de campanha ao Governo com o pendão do governador Geraldo Alckmin, candidato definido do PSDB a presidente. Fora os três, correm rumores de disputas periféricas pela flâmula do deputado federal Jair Bolsonaro (Patriota), ao mesmo tempo em que não se tem qualquer indicativo sobre quem vibrará as bandeirolas com a Rede de Marina Silva no estado.

O governador Flávio Dino já definiu que fará sua campanha associada ao projeto de levar de novo o ex-presidente Lula ao Palácio do Planalto, tanto que iniciou a maratona quando trouxe, no início de outubro, o líder petista para encerrar em São Luís sua incursão pré-eleitoral no Nordeste com um ato político que levou milhares de militantes e simpatizantes a bradarem seus gritos de guerra em frente ao Palácio dos Leões. Depois daquele evento, Flávio Dino tem reafirmado sua identidade ideológica como um político de esquerda e consolidado sua posição no cenário político nacional como uma voz respeitada e de peso no combate ao projeto liberal apoiando um candidato de esquerda ao Palácio do Planalto. Se Lula não for o candidato, o governador do Maranhão deverá levará aos maranhenses de todos os rincões a bandeira do ex-governador Ciro Gomes (PDT), já definido e consolidado como candidato das esquerdas nessa hipótese.

No seu projeto de candidatura do Governo do Estado, a ex-governadora Roseana Sarney terá como locomotiva nacional a candidatura a ser apoiada pelo PMDB, seja a de um membro do partido, seja a de uma aliança à qual a agremiação pemedebista estiver associada. Não será surpresa, porém, que esse candidato vier a ser o próprio presidente Michel Temer, caso as melhorias na economia e os frutos de política de rigor fiscal recoloquem o Brasil na trilha do crescimento. A tese da candidatura do presidente parece hoje um absurdo diante da sua impopularidade, mas políticos experientes – o ex-presidente José Sarney (PMDB), por exemplo -, cientistas políticos que enxergam longe e marqueteiros tarimbados têm levado ao Palácio do Planalto estudos que apontam a candidatura do presidente à reeleição como uma possibilidade concreta. Independente do quem vier a ser o candidato presidencial do centro apoiado pelo PMDB, Roseana Sarney terá de levá-lo a todo o Maranhão.

O senador Roberto Rocha é, até aqui, o único candidato ao Governo do Estado com uma candidatura presidencial definida, que deve ser a do governador paulista Geraldo Alckmin, entronizado no sábado (9) como chefe maior dos tucanos e praticamente confirmado candidato do PSDB a presidente da República. (O prefeito de Manaus (AM), Arthur Virgílio avisou que disputará a indicação do Alckmin, mas é sabido que não tem a menor chance). Essa definição oficiosa, mas quase 100% certa, pelo governador paulista, dá a Roberto Rocha a chance de sair na frente na corrida para capilarizar o presidenciável tucano Maranhão adentro, à medida que ele próprio já está escolhido para ser o candidato do PSDB a governador. O desafio de Roberto Rocha é encontrar o discurso adequado para essa tarefa, já que mais identificado com Lula por conta das políticas sociais do seu governo, o eleitorado maranhense tem um pé atrás com presidenciáveis tucanos.

Chama atenção no contexto maranhense a falta de porta-bandeiras para a candidatura de Marina Silva, que é presidenciável confirmadíssima de sua Rede, embora haja rumores fortes de que a ex-senadora, que ficou em terceiro lugar no pleito presidencial de 2014, possa vir a liderar uma frente de esquerda e ganhar o apoio do governador Flávio Dino, caso o ex-presidente Lula não possa concorrer e o pedetista Ciro Gomes abra mão da candidatura em nome de uma aliança com a Rede, ou firmar uma aliança com o PSDB na hipótese de Michel Temer vir a ser o candidato do PMDB. Também não há definição ainda sobre quem vai portar bandeirola do candidato Jair Bolsonaro, embora algumas vozes da extrema direita já comecem a se manifestar.

Na opinião de observadores tarimbados, essas composições estarão definidas e sedimentadas até abril do ano que vem.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Carlos Brandão está fora do PSDB, sai de cabeça erguida, mas seu futuro ainda é incerto

Carlos Brandão: deve sair, mas leva respeito da cúpula nacional dos tucanos
Carlos Brandão: sai do PSDB de cabeça erguida, mas seu futuro ainda é incerto 

Como estava previsto – embora algumas vozes tenham tentado desenhar uma “reação” -, o vice-governador Carlos Brandão perdeu definitivamente o controle do PSDB no Maranhão, já tendo o inclusive anunciado a sua saída do ninho dos tucanos. A confirmação da reviravolta se deu, primeiro, quando o senador Aécio Neves, que mantinha Brandão no comando do partido no estado, caiu no limbo moral e perdeu as condições de liderar a agremiação. Com a posse do senador cearense Tasso Jereissati, o braço maranhense do tucanato foi tirado do vice-governador e entregue ao senador Roberto Rocha, que retornou ao partido depois de vários anos, e ao ex-prefeito de Imperatriz, Sebastião Madeira, que sempre foi tucano de proa, mas que perdera força no comando partidário depois de se entregar inteiramente à tarefa de governar a Princesa do Tocantins. Assim, de parceiro do governador Flávio Dino em 2014, o PSDB passa a ser um adversário aguerrido cuja campanha visará o Palácio dos Leões com Roberto Rocha e o Palácio do Planalto com Geraldo Alckmin. Carlos Brandão deixa o PSDB no bojo de uma conveniência partidária, na qual não se encaixou dada sua ligação política irreversível – pelo menos até aqui – com o governador Flávio Dino. Sai de cabeça erguida e politicamente bem maior do que quando entrou, com o cacife de sob seu comando o PSDB haver elegido 29 prefeitos em 2016, dos quais pelo menos metade poderá deixar o partido junto com ele. O problema da Carlos Brandão agora é saber se será de novo companheiro de chapa do governador Flávio Dino em 2018. Nos bastidores do próprio Governo muitas vozes garantem que Carlos Brandão não será candidato a vice-governador e que seu destino está ligado ao projeto senatorial do deputado federal José Reinado Tavares (PSB), a quem é ligado. Se José Reinaldo for mesmo candidato ao Senado, Brandão ser candidato a deputado federal. Se não, seu futuro é incerto. Mas há também quem garanta que, independente de conveniência eleitoral, o governador Flávio Dino manterá o vice-governador na sua chapa. Carlos Brandão não terá, portanto, aposentadoria política precoce.

 

Parricídio de Barra do Corda pode interromper ou alimentar trajetória de Rigo Teles

Rigo Teles pode ter carreira interrompida ou embalada com tragédia familiar
Rigo Teles pode ter carreira interrompida ou embalada com tragédia familiar

O assassinato do ex-prefeito de Barra do Corda, Manoel mariano de Souza, o “Nenzim”, por Manoel Mariano Jr., o caçula dos seus três filhos, poderá se transformar no grande obstáculo ou, numa inversão radical, em gás para turbinar a trajetória política do deputado Rigo Teles (PV). Para muitos, o viés criminoso da sua família – evidenciado pelas acusações de acusações diversas que pesaram seu pai como prefeito e empresário, a condição de foragido de um irmão, Pedro Teles, acusado de ser mandante de assassinato e grilo de terra, e agora o chocante parricídio praticado pelo irmão Mariano Jr. – poderá se tornar um obstáculo político difícil de ser superado. Ao mesmo tempo, há quem veja nesse cenário cinzento o gás que poderá turbinar a trajetória de Rigo Teles, que se prepara para disputar o sétimo mandato de deputado estadual, uma sequência ininterrupta só alcançada pelo seu colega Stênio Rezende (DEM). Deputado nada afeito a gestos teatrais nem a discursos explosivos, Rigo teles é daqueles que cumpre à risca as regras da velha escola parlamentar de sentar sempre na bancada governista, de brigar por emendas e garimpar recursos para os municípios onde mantém bases eleitorais. Sarneysista de primeira hora, como foi o pai, atua em aliança permanente com o deputado federal Sarney Filho (PV). Discreto, fala mansa e com elevado índice de presença nas sessões plenárias da Assembleia Legislativa, o deputado Rigo Teles tem diante de si o desafio de sobreviver politicamente à tragédia familiar na qual parece ser o único sobrevivente em condições de seguir em frente.

São Luís, 10 de Dezembro de 2017.

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