Arquivos mensais: dezembro 2015

Pergunta que não quer calar: por que o ex-presidente José Sarney está tão calado e discreto enquanto a República treme?

 

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José Sarney e Raimundo Carreiro na solenidade no TCU

 

Uma pergunta está no ar, de maneira insistente, desde que o presidente da Câmara Federal, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), estremeceu os pilares da República ao acolher pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), transformando a já aguda crise política numa guerra cujo desfecho é até aqui imprevisível: como o ex-presidente José Sarney (PMDB) está se movimentando nesse cenário de turbulência? A pergunta tem toda pertinência e faz todo sentido, pois afinal, o futuro do governo do PT depende da mobilização do PMDB, e ninguém duvida de que a posição do partido em relação ao movimento para destituir a chefe da Nação passa também pelo crivo e – quem sabe? – até pelo aconselhamento da velha e tarimbada raposa, em cuja experiência todos querem beber e cujo faro todos respeitam. Nesse cenário, Sarney continua firme defendendo a integridade do mandato da presidente Dilma ou vestiu a capa de conspirador ante a possibilidade, agora concreta, de seu partido voltar ao poder no tapetão do Congresso Nacional?

A pergunta está presente em todas as rodas de conversa, e de maneira mais enfática depois do registro de que enquanto Eduardo Cunha disparava o seu canhão na direção do Palácio do Planalto, o ex-presidente José Sarney participava de uma solenidade no Tribunal de Contas da União, onde foi homenageado com o Grande Colar do Mérito do TCU, a maior distinção do órgão a personalidades da vida pública, por iniciativa do ministro Raimundo Carreiro – maranhense de Fortaleza dos Nogueiras que fez carreira no Senado e chegou ao TCU no segundo Governo Lula pelas mãos do então presidente da Casa e do Congresso Nacional, José Sarney. E a imagem divulgada mostrou um Sarney de bem com a vida e com ar de felicidade estampado no rosto, sem demonstrar qualquer traço de preocupação com a elevação da temperatura política de Brasília.

Quem conhece José Sarney, acompanha seus movimentos e tenta interpretar suas declarações, percebeu com clareza que algo de diferente embalava o ex-presidente na solenidade no TCU. Para começar, até muito recentemente, Sarney criticava duramente qualquer movimento visando destituir a presidente Dilma Rousseff. Ele deu inúmeras declarações nesse sentido, sempre argumentando que um processo dessa natureza pode desestabilizar o país e comprometer gravemente o equilíbrio entre os Poderes. Na avaliação dele, é um custo que o Brasil não pode pagar nesse momento em que o país está afundado numa recessão brutal, tentando conter a inflação e amargando a cada dia a elevação dramática do índice de desemprego. Nessas manifestações, Sarney afirmou, reiteradas vezes, com ênfase, que tentar abreviar o mandato da presidente Dilma Rousseff seria um desserviço à Nação. Em algumas entrevistas, chegou a ser mais duro com os defensores da proposta de impeachment, alertando-os para os riscos embutidos num processo politicamente traumático.

De uns tempos para cá, no entanto, a voz sensata e acreditada do ex-presidente deixou de ser ouvida no agitado cenário político de Brasília. O silêncio levou muitos a imaginar que ele resolveu se aposentar ou que, por prudência, se retirou do debate e resolveu assistir de camarote o confronto político que abala o país. Mas a sua longa e rica trajetória recomenda a conclusão de que não se trata nem de uma coisa nem de outra, mas sim de avaliar o momento em todas as suas nuanças e formular um juízo a ser externado na hora certa. A lógica sugere que o ex-presidente da República está conspirando seja dentro do PMDB incentivando o partido a entender que é essa sua hora de voltar ao poder, seja como voz moderadora procurando saídas negociadas para detonar o pedido de impeachment e salvar o mandato da presidente.

Independente do que esteja articulando – se é que está mesmo -, Sarney se movimenta com um olho em Brasília e outro no Maranhão. Sabe que se Dilma Rousseff se salvar, o governador Flávio Dino (PCdoB) será apontado como um dos heróis dessa guerra, o que o autorizará a apresentar à Esplanada dos Ministérios uma fatura robusta para empinar seu governo. Mas tem convicção de que a queda da presidente e a posse do vice Michel Temer significarão o seu retorno ao poder, o que lhe dará condições de erguer gigantescos obstáculos ao projeto de governo e de poder do governador do PCdoB.

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

PMDB deve ter candidato a prefeito de São Luís

roseana 15Tudo indica que a ex-governadora Roseana Sarney está mesmo decidida a assumir a direção do PMDB em São Luís, substituindo o deputado Roberto Costa, que transferiu seu domicílio eleitoral para Bacabal e será o candidato do partido à Prefeitura daquele município. Roseana diverge do presidente regional, senador João Alberto, em relação ao caminho que o PMDB deve seguir na Capital. A ex-governadora pensou na possibilidade de ser candidata ao Palácio de la Ravardière, mas pesquisas feitas nos últimos meses sugeriram que ela não deve correr esse risco. Diante do recuo de Roseana, o ex-deputado Ricardo Murad tentou assumir o controle do partido em São Luis para ele próprio sair candidato a prefeito. A reação negativa do comando estadual e a Operação Sermão aos Peixes, que investiga suspeitas de desvios na gestão dele na Secretaria de Estado da Saúde no governo Roseana Sarney, o colocou numa situação extremamente delicada, obrigando-o a suspender o projeto eleitoral. Sem Roberto Costa, Roseana Sarney e Ricardo Murad fora da disputa, o vereador Fábio Câmara surgiu como o nome que pode levar a bandeira do PMDB na corrida pela Prefeitura de São Luís.

 

PCdoB se mobiliza contra impeachment

marciojerry 1O comando estadual do PCdoB está desde ontem em São Paulo, onde participa de uma reunião da cúpula nacional para avaliar o cenário político e definir estratégia para lutar contra o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. O presidente estadual do PCdoB, Márcio Jerry, disse que o partido será mobilizado em todo o país e vai atuar fortemente  contra o impeachment. O secretário de Extado de Articulação Política e Assuntos Federativos disse que o governador Flávio Dino vai atuar de maneira determinada contra o que já classificou como uma ilegalidade e revelou que a orientação dele é no sentido de que o partido se movimente em apoio à Presidente da República.

Em tempo: na edição de ontem, a Coluna informou que somente os deputados Othelino Filho (PCdoB), presidente em exercício da Assembleia Legislativa, e Zé Inácio (PT) se manifestaram contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Errado: também o deputado Fernando Furtado, antigo militante do PCdoB, ocupou a tribuna para criticar o processo.

 

São Luís, 4 de dezembro.

 

Comandado por Dino, PCdoB lidera movimento de defesa de Dilma no Maranhão

 

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Flávio Dino, Rubens Júnior e Othelino Neto: PCdoB por Dilma

O braço maranhense do PCdoB assumiu ontem a linha de frente da defesa da presidente Dilma Rousseff contra o pedido de impeachment acolhido pelo presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), na noite de quarta-feira, em ato que mergulhou o Brasil num tenso clima de guerra política. O governador Flávio Dino criticou o pedido em frases duras divulgadas nas redes sociais e depois articulou um movimento de governadores nordestinos em apoio à presidente da República, reafirmando a aliança política que firmou com a presidente.  Em Brasília, o jovem deputado federal Rubens Júnior (PPS) ganhou projeção nacional como o autor de um dos mandados de segurança impetrados no Supremo Tribunal Federal contra o ato de Eduardo Cunha. E na Assembleia Legislativa o presidente em exercício, deputado Othelino Neto, fez um discurso duro contra a proposta de impeachment, classificando-a de um projeto para desestabilizar a democracia brasileira. Nenhum outro partido, a começar pelo PT, saiu para a briga em defesa da presidente como o PCdoB.

O governador Flávio Dino iniciou a quinta-feira manifestando sua indignação política com a proposta admitida pelo presidente da Câmara entrando mesmo na briga a favor da presidente Dilma. Logo nas primeiras horas da manhã, ele usou sua autoridade de ex-juiz federal de viés constitucionalista, a experiência de um mandato federal rico como legislador e sua condição de governador para bater forte na proposta, publicando o seguinte texto nas redes sociais: “Nem o Congresso nem o Supremo aprovarão medida tão disparatada quanto esse impeachment sem base constitucional. Só para uma coisa serve esse tumulto inconstitucional: dificultar o entendimento nacional para que o Brasil possa sair da crise. Inusitado que, em nome de combater as tais pedaladas fiscais, haja aceno e apoio para pontapés contra a Constituição e o Estado de Direito. O Brasil precisa de estabilidade institucional, respeito à Constituição e de diálogo entre as forças políticas para sair da crise econômica”.

Flávio Dino dedicou boa parte do seu dia articulando a mobilização dos governadores nordestinos em apoio à presidente Dilma. Logo cedo, o governador maranhense elaborou uma nota e submeteu aos seus colegas nordestinos. A nota critica duramente o presidente da Câmara e as oposições, chamando a atenção para o clima de crise gerado com o acatamento do pedido de impeachment pelo presidente da Câmara. A manifestação foi acatada por sete dos nove – ele incluído, claro. Um dos chefes nacionais do PSB, que faz oposição ao governo do PT, o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, se negou a assinar e divulgou nota própria explicando sua posição. Já o governador de Alagoas, Renan Filho (PMDB), manteve silêncio e até o início da noite não havia se manifestado a respeito da nota proposta pelo colega do Maranhão. É provável que Dino articule a ida desse grupo de governadores a Brasília para manifestar apoio à presidente e articular para reforçar sua base de apoio na Câmara Federal.

Ao mesmo tempo em que Flávio Dino fazia a articulação em favor da presidente, o deputado federal Rubens Júnior assumiu a condição de autor de um mandado de segurança impetrado no Supremo Tribunal Federal contra o pedido de impeachment. Em entrevista coletiva, ele explicou que a ação, além de apontar inconstitucionalidade e ilegalidades na proposta da oposição, não tem nenhum lastro que a justifique e, mais ainda, não deu à presidente Dilma Rousseff o direito constitucional de se manifestar antes da elaboração. Advogado, o deputado Rubens Júnior já vinha se destacando na bancada do PCdoB na Câmara Federal, realizando um trabalho efetivo como vice-líder, dando visível suporte à líder do partido, a deputada fluminense Jandira Feghali. Esse desempenho o credenciou para a tarefa de questionar o pedido de impeachment no Supremo.

A reação ao impeachment chegou ao plenário da Assembleia Legislativa, onde o presidente em exercício, deputado Othelino Neto, ocupou a tribuna para criticar a decisão do presidente da Câmara Federal e disse que se tratou de “uma atitude de retaliação”. O deputado Othelino Neto fechou seu protesto em tom duro: “Deixo aqui a minha indignação, o meu repúdio pela falta de respeito às instituições, à democracia, pela falta de coerência do presidente da Câmara que demonstrou que realmente não está preparado para um cargo de tamanha importância que é a Câmara dos Deputados do Brasil”.

 

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

João Alberto vê crise com preocupação

Plenário do Senado

E ao desembarcar em São Luís no meio da tarde, o senador João Alberto (PMDB), que preside o Conselho de Ética do Senado, definiu o cenário como “muito grave e preocupante”. João Alberto disse estar preocupado com os desdobramentos políticos, mas avaliou que se a questão do impeachment foi posta com tanta ênfase, que se dê agora o debate político na Câmara Federal e, se for o caso, também no Senado. O senador prevê tempos muito complicados também em relação à Operação Lava Jato, temendo que logo cheguem problemas para o Conselho de Ética do Senado, que preside pela quinta vez. João Alberto não acredita que o impeachment prospere e pode nem chegar ao Senado da República, mas adverte que o embate político causará muitos problemas nos próximos tempos.

 

Voz solitária do PT

zé inácioA única manifestação do PT do Maranhão contra o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff aconteceu na Assembleia Legislativa, onde o deputado Zé Inácio (PT) fez um discurso forte contra a proposta acatada pelo presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha. Ele chamou a atenção para muitas personalidades brasileiras que já manifestaram apoio à presidente Dilma Rousseff e criticando a tentativa de destitui-la do cargo por meio do impeachment. Ele definiu a proposta como um pontapé na Constituição e no estado democrático de direito. “O Brasil precisa de estabilidade institucional, respeito à Constituição e muito diálogo para sair da crise”, declarou. Mas deixou claro que se o enfrentamento for necessário, o seu partido e agremiações aliadas irão para o enfrentamento nas ruas para garantir base política ao governo.

 

São Luís, 3 de Dezembro de 2015.

 

 

 

Se lançar Fábio Câmara, PMDB pode ter um candidato competitivo à Prefeitura de São Luís

 

 

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Fábio Câmara pode trocar tentativa de reeleição por candidatura a prefeito

A manifestação do vereador Fábio Câmara se dispondo a preencher a vaga de candidato a prefeito indica que o PMDB está agora caminhando para viabilizar uma solução para disputar a Prefeitura de São Luís no ano que vem. De todos os nomes citados pelo partido até aqui – o deputado estadual Roberto Costa, o suplente de senador Lobão Filho, o ex-deputado Ricardo Murad e a ex-governadora Roseana Sarney -, o do vereador Fábio Câmara é o que melhor se encaixa num contexto em que o comando da Capital, hoje com mais de 1 milhão de habitantes, será disputado por uma nova geração de políticos, da qual são representantes de primeira linha o prefeito Edivaldo Jr. (PDT), a deputada federal Eliziane Gama (Rede) e a vereadora Rose Sales (PV). Com Câmara, o PMDB tem, portanto, condições de entrar para valer na corrida ao Palácio de la Ravardière, já que o cenário em que se dá a corrida sucessória parece não reservar espaços para medalhões.

Desde que se lançou candidato a vereador, Fábio Câmara deixou claro que no seu projeto político a cadeira que viria a ocupar no Palácio Pedro Neiva de Santana seria apenas o primeiro passo. E isso se confirmou quando, eleito, ele assumiu uma posição partidária correta, posicionando-se como oposição ao prefeito Edivaldo Jr.. Ao contrário de outros vereadores, que preferiram se ajustar à linha de ação do governo, Câmara se comportou na contramão do Palácio de la Ravardière, fazendo uma oposição dura, sistemática e às vezes agressiva ao governo municipal. Sua explicação foi simples: o PMDB não foi aliado do prefeito na campanha, não participa do governo e não concorda com a sua linha administrativa, logo o PMDB está na oposição. E foi nessa trilha que o pemedebista se destacou no exercício do mandato.

Ao se colocar como aspirante à vaga de candidato do PMDB, o vereador Fábio Câmara vai de encontro ao que já pretendiam líderes do partido, como o senador João Alberto, que chegou a convidá-lo em pelo menos três ocasiões, e a ex-governadora Roseana Sarney, que ouvida pelo jornalista Marco D`Eça, reagiu com certo entusiasmo, declarando-se a favor do projeto. Outros líderes também veem no vereador um nome adequado para entrar na disputa. E pelo menos até aqui, não há restrições ao seu nome.

Se, de fato, abraçar o projeto de candidatura de Fábio Câmara, o PMDB vai entrar na disputa na condição de partido grande e maduro, que sabe aonde quer chegar. Isso porque os nomes graúdos que dispõem não estão em condições de, pelo menos agora, encarar uma corrida eleitoral. É o caso, por exemplo, da ex-governadora Roseana Sarney, que no momento está envolvida com uma série de problemas, entre eles a acusação de que teria recebido dinheiro sujo do esquema de corrupção na Petrobrás, denúncia de suposto rombo escandaloso na Secretaria de Saúde, entre outras dores de cabeças geradas pela Secretaria de Transparência e Controle do atual governo. Além disso, pesquisas indicaram que Roseana Sarney seria uma candidata sujeita a um enorme desgaste durante a campanha e correndo todos os riscos de sofrer uma derrota amarga nas urnas.

Outro medalhão do partido, o ex-deputado Ricardo Murad está inteiramente fora do processo eleitoral em São Luís. Ele vinha sendo apontado como opção viável e o seu nome já começava a quebrar resistências dentro do partido. A Operação Sermão aos Peixes, deflagrada pela Polícia Federal, Ministério Público Federal e Controladoria Geral da União para investigar a suspeita de rombo milionário na Secretaria de Estado de Saúde, comandada pelo então deputado estadual Ricardo Murad, o tirou do páreo. A mega-operação mandou nove para a cadeia e apontou o ex-secretário como o chefe de uma suposta organização criminosa. Mesmo sem ter sido preso, apesar dos pedidos da PF, Ricardo Murad deve sair do episódio politicamente muito desgastado.

Entre outras opções do PMDB estaria o deputado estadual Roberto Costa, mas ele decidiu disputar a Prefeitura de Bacabal, onde, segundo todas as avaliações feitas até aqui, tem todas as condições para vencer a eleição, mesmo concorrendo com o prefeito José Alberto. Outra seria o próprio senador João Alberto, mas ele já declarou que não tem qualquer interesse de entrar nessa briga, porque seu tempo para ela já passou. O suplente de senador Lobão Filho é uma incógnita.

Político ousado e com fortes raízes na periferia de São Luís, o vereador Fábio Câmara entra no jogo com a possibilidade de ser o candidato do maior partido e com todas as condições políticas e estruturais que a agremiação pode lhe proporcionar. Nessas condições, pode vir a ser um candidato para medir forças com o prefeito Edivaldo Jr. e a deputada federal Eliziane Gama.

 

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

Dino acha que impeachment é golpe

 

 

dino 6A decisão do presidente da Câmara Federal, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) de admitir a proposta de impeachment da presidente Dilma Rousseff não surpreendeu governador Flávio Dino (PCdoB). Em avaliações com o seu staf, o governador sempre classificou as manifestações de Eduardo Cunha como uma prática de achaque, usada para tentar escapar do processo de cassação que se encontra em andamento. Para o governador, impeachment é golpe. E com a experiência de quem foi juiz federal e deputado federal, Flávio Dino avalia que a tese da irresponsabilidade fiscal que dá sustentação ao pedido formulado pelos juristas Miguel Reale Jr. e Hélio Bicudo não se sustenta por ser inconstitucional. O governador tem também manifestado preocupação com a clara divisão do PT entre “PT de Lula” e “PT de Dilma”, evidenciada claramente ontem, quando, ignorando orientação do Palácio do Planalto, os três deputados petistas que integram o Conselho de Ética da Câmara Federal anunciaram que votarão pela continuidade do processo contra o presidente da Casa, Eduardo Cunha, que reagiu horas depois admitindo o pedido de impeachment. O governador Flávio Dino deve entrar em campo em defesa da presidente Dilma Rousseff.

 

José Reinaldo acha que Dilma cai

josé reinaldo 1O deputado federal José Reinado Tavares (PSB) vinha cantando a pedra afirmando, nos seus artigos de terça-feira, no Jornal pequeno, que o presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha, admitiria o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, assinalando ser apenas uma questão de tempo. E ainda previu que a decisão de Cunha seria tomada numa dessas encrencas que vêm marcando a votação do ajuste fiscal na Casa, apontando o PT como o principal responsável pelo desfecho caso. Na contramão do governo Dilma Rousseff, José Reinaldo tem sido um crítico ácido do governo Dilma, dramatizando mais a situação do país a cada semana e, o que é pior, sem enxergar saída para a trajetória da recessão, o ex-governador manifesta a convicção de que a presidente Dilma será destituída via impeachment e que seu governo vai ser completado pelo vice-presidente Michel Temer, que seria o grande conspirador da República, pronto para assumir o cargo. Especialista nas veredas de Brasília, onde já morou como presidente da Novacap, assessor ministerial, ministro dos transportes, e frequentou como governador e agora voltou a morar como parlamentar, José Reinaldo sabe o que diz.

 

São Luís, 02 de Dezembro de 2015.

PT declara apoio ao governo Flávio Dino, mas gesto não foi festejado nem pelo partido nem pelo novo aliado

 

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Cúpula do PT: nenhum sinal de satisfação com decisão de apoiar o governo Dino

O PT bateu martelo: a partir de agora é oficialmente aliado do Governo Flávio Dino (PCdoB), conforme foi anunciado segunda-feira numa entrevista coletiva capitaneada pelo seu presidente regional, professor Raimundo Monteiro, acompanhado de próceres da cúpula estadual do partido. Não ficou claro se o partido vai ampliar sua participação no governo, onde já tem dois secretários – Márcio Jardim (Esportes) e Francisco Gonçalves (Direitos Humanos e Participação Popular) -, como também os dirigentes petistas não foram muito taxativos sobre como fica a relação do PT com o PMDB no Maranhão. Num discurso de poucos ecos, o presidente Raimundo Monteiro apresentou as conclusões do encontro realizado no sábado, no qual foram reafirmadas “as nossas bandeiras históricas” e anunciada a decisão de “manter forte os projetos da presidente Dilma Rousseff e apoiar propostas que levem à continuidade o desenvolvimento do Brasil”.

Mas, ao contrário do que era esperado, o que foi anunciado como o desfecho da maior guinada do partido nos últimos tempos não se deu com  festa nem manifestações de entusiasmo dos líderes petistas. O que a imprensa enxergou na entrevista coletiva, foi uma cúpula partidária murcha, fleumática, portanto sem entusiasmo e passando à imprensa a impressão de que o PT perdeu o entusiasmo e se apresentou de maneira acanhada. Além disso, deixou muitas perguntas sem respostas, contribuindo para reforçar a suspeita de que o partido perdeu o foco e não está conseguindo enfrentar com a firmeza dos tempos de oposição, a pancadaria que sofre na condição de agremiação governista cujo projeto de poder enfrenta uma tempestade destruidora que só aumenta.

Não há dúvida de que o desembarque na aliança que dá sustentação ao governador Flávio Dino era o caminho natural do partido com o fim do projeto de poder da sua aliança com o PMDB, que foi trucidado nas urnas em 2014. O PT nunca ficou em posição confortável fazendo dobradinha com o Grupo Sarney por ordem do ex-presidente Lula e do ex-ministro José Dirceu. Essa aliança, cujo saldo é uma cadeira no Tribunal de Contas do Estado ocupada pelo ex-vice-governador Washington Oliveira, foi construída na marra, em 2010, tanto que rachou o PT, tendo os rebelados declarado apoio ao então candidato Flávio Dino. O problema se repetiu em 2014 e o que se viu foi o naufrágio da aliança nas urnas. Desde então, os mais diferentes grupos que formam o PT no Maranhão têm pressionado a cúpula partidária para se afastar do PMDB, mesmo sabendo que o governo da presidente Dilma Rousseff só está de pé por causa do partido de José Sarney e que, se os pemedebistas retirarem esse suporte, o petismo desaba de vez no país.

A situação do PT maranhense, portanto, não é confortável. Para começar, o anúncio da adesão ao novo governo não foi festejado, nem pelo PT nem pelo aliado. Nenhum graúdo do governo do PCdoB veio a público saudar a reviravolta do aliado. Na segunda-feira, além da entrevista e do anúncio, a cúpula petista deveria ser recebida pelo governador Flávio Dino, mas ele se encontrava em São Paulo, onde visitou o seu mais importante aliado e parceiro político, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Humberto Coutinho (PDT), que ontem se submeteu a uma cirurgia. O desembarque, portanto, foi frio, formal, sem manifestação de boas vindas nem entusiasmo em ambas as partes. E pelo visto, sem desdobramentos, já que não há no horizonte qualquer indicação de que o PT ocupará espaço maior no governo.

É sabido que em política nem sempre o que parece é de fato. Ninguém discute que o governador Flavio Dino quer o PT na sua base e que a recíproca é verdadeira, pois o PT também quer fazer parte dessa base. O problema é que também em política a regra de uma aliança partidária é a do toma-lá-dá-cá, e aí surge a questão principal: o que o PT tem a oferecer de concreto ao governo e o que, em contra partida, o governo tem a oferecer ao PT.

 

PONTO & CONTRAPONTOS

Coutinho operado. Tudo bem

humberto 4O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Humberto Coutinho (PDT), foi submetido a uma cirurgia, ontem, no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, para a retirada de uma lesão no intestino grosso. A cirurgia foi bem sucedida e Coutinho já está em processo de recuperação. A informação foi divulgada em nota ontem à noite pelo  direto de Comunicação do Poder Legislativo, Carlos Alberto Ferreira, e cuja íntegra é a seguinte:

O Presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão, deputado Humberto Coutinho (PDT), foi submetido, nesta terça-feira (1º), a procedimento cirúrgico no Hospital Sírio Libanês, na cidade de São Paulo (SP), pela equipe do médico do cirurgião proctologista Marcelo Averback, sob os cuidados dos médicos oncologista Paulo Hoff e do cardiologista Roberto Kalil Filho. A cirurgia foi acompanhada pelo cirurgião gastro-intestinal José Rodrigues e o proctologista David Carvalho, ambos amigos pessoais do presidente. A cirurgia foi realizada com sucesso. Humberto Coutinho passa bem e já se encontra em recuperação no apartamento do hospital, cercado por seus familiares e amigos.A médica, sua esposa, Cleide Coutinho, e seus filhos e familiares agradecem as manifestações de carinho e fé pela pronta recuperação do presidente.

Carlos Alberto Ferreira

Diretor de Comunicação da Assembleia Legislativa

 

Deputados silenciam 1 minuto por Nauro

othelino 5A Assembleia Legislativa homenageou ontem, um minuto de silêncio, o poeta Nauro Machado, morto sábado. O presidente em exercício da Casa, deputado Othelino Neto (PCdoB), a perda  Nauro Machado, que se tornou um poeta mundial. “As obras dele foram traduzidas para o alemão, para o inglês, para o francês, etc. No meio literário fora do Brasil, era reconhecido como um dos grandes poetas do mundo, um orgulho para o Maranhão”, destacou. Othelino lembrou que Nauro Machado era um homem de hábitos muito simples, que passou grande parte de sua vida no Centro Histórico de São Luís, produzindo poesias. “Às vezes, o Nauro passava por alguém, não falava. A pessoa olhava e dizia: o Nauro ficou arrogante, passa e não fala. Era ele andando na rua e fazendo poesias e montando os versos. Assim era o Nauro, um maranhense inesquecível, simples e que dedicou sua vida, em especial, à poesia e a amar a cidade de São Luís”, destacou o presidente em exercício da Alema. “Eu estive no velório. Encontrei a escritora Arlete Nogueira da Cruz, evidentemente muito entristecida, falando dos anos de convivência, da relação harmoniosa que tinham quando ele lia para ela fazer a crítica das poesias dele. E ela também lia as poesias dela para ele fazer a crítica. E assim foram mais de 40 anos de convivência”, comentou. E completou: “Nauro Machado, um maranhense que nos orgulha e que nos deixou no último sábado. Mas sua produção literária vai ficar, eternamente, para que nós possamos conhecer, para que os nossos filhos saibam que um grande homem conseguiu produzir poesias de primeira qualidade. Enfim, que Deus o tenha em bom lugar. Ele, com certeza, continuará a fazer poesias, agora lá no céu”.

 

São Luís, 01 de Dezembro de 2015.

 

Edivaldo Jr. perde a timidez, assume posição mais agressiva, passa Castelo e já ameaça Eliziane Gama

 

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Edivaldo Jr. acelera máquina ; Eliziane Gama e João Castelo quase fora de cena

 

A pouco mais de 300 dias das eleições municipais, a corrida sucessória em São Luís começa a ganhar novos contornos. Pesquisas recentes feitas apenas para acompanhamento de pré-candidatos mostram que, confirmando avaliação feita pela Coluna no final do semestre passado, o prefeito Edivaldo Jr. (PTB) saiu da zona de perigo e vai aos poucos avançando, já tendo ultrapassado o deputado federal e ex-prefeito João Castelo (PSDB) e ameaça seriamente a liderança da deputada federal Eliziane Gama (Rede Sustentabilidade). Sem fazer alarde, e valendo-se habilmente dos tremores que têm sacudido o cenário político desde o início deste semestre – prisão de João Abreu, guerra interna no PMDB, pressão da Polícia Federal sobre Ricardo Murad e os escândalos da política nacional que sacodem o país a cada semana, como a recente prisão do senador e líder do Governo Delcídio Amaral (PT-MS) -, o prefeito Edivaldo Jr. vem acelerando a sua máquina obreira, principalmente na periferia e, assim, pavimentando sua estrada em direção às urnas.

Enquanto o prefeito Edivaldo Jr. se tornou politicamente mais agressivo – resultado principalmente da sua mudança para o PDT e das parcerias que vem construindo com o governador Flávio Dino (PCdoB) – seus pré-adversários – Eliziane Gama e João Castelo – parecem ter saído da cena sucessória, e se nela permanecem, o fazem de maneira muito discreta, de modo que seus movimentos são pouco percebidos e o que eles fazem ou dizem não ecoa. O prefeito de São Luís, ao contrário vem aos poucos assumindo protagonismo na corrida sucessória, mostrando a cara de administrador e, por via de desdobramento, de pré-candidato à reeleição. O discurso que vem fazendo em horário do PDT na TV o mostra mais maduro, admitindo inclusive que seus dois primeiros anos na prefeitura  deixaram muito a desejar, mas que agora a realidade é outra e ele está correndo atrás do prejuízo.

Na seara adversária, seu principal concorrente, a deputada federal Eliziane Gama pode estar começando a se dar conta de que a migração do PPS para a Rede não foi um bom passo político. No PPS, ela vinha ganhando espaços cada vez maiores, sendo mostrada pela velha guarda do partido como o seu principal sopro de renovação no Congresso Nacional. Mesmo enfrentando um problema aqui e outro ali, sua permanência no PPS lhe dava projeção no cenário congressual e alimentava sua imagem política no Maranhão, principalmente em São Luís. Para a maioria dos observadores, sua mudança para a Rede foi precipitada, a começar pelo fato de que a reunião em que assumiu o comando do partido de Marina Silva no Maranhão foi um grande fiasco em matéria de repercussão, porque o ato não deu a turbinada que ela esperava na sua corrida pré-eleitoral. Esse contexto que envolve Eliziane Gama explica a ameaçadora aproximação de Edivaldo Jr..

O deputado federal e ex-prefeito João Castelo sumiu da Câmara Federal, reduziu seus movimentos na cena política maranhense e, mais estranho ainda, desapareceu por completo da corrida sucessória. Castelo tem dois problemas que o fazem desacelerar sua pré-candidatura. O primeiro deles é o partido, cujo presidente regional, vice-governador Carlos Brandão, faz força para levar os tucanos para uma aliança com o prefeito Edivaldo Jr., o que, se confirmado, poderá minar de vez suas chances de sair candidato. O outro é o drama de, por estar hoje em terceiro lugar nas pesquisas e, sem suporte político nem partidário, entrar numa guerra para ser apenas mais um candidato, correndo também o risco de receber votação raquítica e manchar de vez sua densa trajetória política.

E não vale o argumento de muitos de que ainda está cedo. O cenário de hoje já é de pré-campanha e será ajustado de acordo com os movimentos dos protagonistas da corrida eleitoral em São Luís. E nele o prefeito Edivaldo Jr. ganha musculatura a cada dia, com tendência a se tornar em pouco tempo o líder da corrida ao Palácio de La Ravardière.

 

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

 

Fator PSB

roberto rocha-vertUma estranha movimentação nos bastidores da aliança partidária que dá sustentação ao governador Flávio Dino indica que dois ou três partidos avaliam a possibilidade de lançar candidatos contra o prefeito Edivaldo Jr. O caso mais eloquente é o do PSB, onde  o senador Roberto Rocha e o deputado estadual licenciado e secretário de Tecnologia e Inovação, Bira do Pindaré à Prefeitura dizem que podem ser candidatos. Dois problemas aí: o primeiro é que até onde se sabe essa iniciativa não envolve – pelo menos diretamente – o governador Flávio Dino, que até aqui não inibiu esses movimentos dentro governo, como também não tirou a mão do ombro do prefeito Edivaldo Jr. que apresenta como o seu candidato. Roberto Rocha não parece muito interessado na vaga, mas quer dizer para onde o partido deve ir. Já Bira do Pindaré tem dito a interlocutores que gostaria de ser candidato, mas que para isso precisaria do aval do governador e a chancela do senador e do deputado federal José Reinado Tavares, que já declarou apoio à pré-candidatura de Eliziane Gama. Sem esse apoio, Pindaré perde força e fica politicamente impossibilitado de  pleitear a cadeira de candidato. Além disso, sua posição nas avaliações é embaraçosa para quem já foi forte candidato a senador, ao contrário de Rocha, que levou a melhor.

 

Fator PMDB

murad 1A corrida eleitoral em São Luís ainda não conta com o PMDB. A pré-candidatura do deputado estadual Roberto Costa foi ensaiada, mas em seguida ele decidiu concorrer à Prefeitura de Bacabal, onde se sente politica e eleitoralmente mais seguro, mesmo tendo como adversário o prefeito José Alberto. Sem Costa, tudo indica que o candidato a prefeito será o ex-deputado Ricardo Murad, que tentou em vão assumir o controle do partido na Capital. E agora, a investigação sobre eventuais desvios na Saúde estadual, a situação ficou mais complicada, já que Murad é o alvo das ações da Polícia Federal, Ministério Público e Controladoria Geral da União. Se conseguir sair dessa, Ricardo Murad poderá ser o candidato do PMDB em São Luís, o que fatalmente elevará o nível da campanha, como também a tensão, pois o pemedebista forçará debates mais técnicos, já que joga pesado e gosta do confronto.

 

Coutinho,cirurgia, política e alto astral
humberto no sirio
Humberto e Cleide Coutinho (D) recebeu a visita de Flávio Dino e Weverton Rocha 

O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Humberto Coutinho (PDT) será submetido hoje, no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, a um procedimento cirúrgico para a retirada de uma lesão no intestino grosso. Ontem de manhã, ele foi examinado por uma junta médica, que entre tratar a lesão com quimioterapia e cirurgia, preferiu a segunda opção. Na parte da entre uma e outra visita médica, Humberto Coutinho recebeu visitas de amigos e se distraiu fazendo o que mais gosta: conversar sobre política. Ao lado da esposa Cleide Coutinho, que, como ele, é médica e acompanha todos os procedimentos, Humberto Coutinho recebeu a visita do governador Flávio Dino (PCdoB) e do presidente regional do PDT, deputado federal Weverton Rocha. A visita durou cerca de uma hora, tempo em que os três trocaram impressões sobre o quadro político nacional e sobre o cenário da política no Maranhão. Humberto Coutinho estava descontraído, exibindo confiança de que a cirurgia será bem sucedida e que em breve ele estará de volta ao Maranhão e às suas atividades no comando da Assembleia Legislativa e como o mais ativo articulador político do estado neste momento.

 

São Luís, 28 de Novembro de 2015.