Comandado por Dino, PCdoB lidera movimento de defesa de Dilma no Maranhão

 

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Flávio Dino, Rubens Júnior e Othelino Neto: PCdoB por Dilma

O braço maranhense do PCdoB assumiu ontem a linha de frente da defesa da presidente Dilma Rousseff contra o pedido de impeachment acolhido pelo presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), na noite de quarta-feira, em ato que mergulhou o Brasil num tenso clima de guerra política. O governador Flávio Dino criticou o pedido em frases duras divulgadas nas redes sociais e depois articulou um movimento de governadores nordestinos em apoio à presidente da República, reafirmando a aliança política que firmou com a presidente.  Em Brasília, o jovem deputado federal Rubens Júnior (PPS) ganhou projeção nacional como o autor de um dos mandados de segurança impetrados no Supremo Tribunal Federal contra o ato de Eduardo Cunha. E na Assembleia Legislativa o presidente em exercício, deputado Othelino Neto, fez um discurso duro contra a proposta de impeachment, classificando-a de um projeto para desestabilizar a democracia brasileira. Nenhum outro partido, a começar pelo PT, saiu para a briga em defesa da presidente como o PCdoB.

O governador Flávio Dino iniciou a quinta-feira manifestando sua indignação política com a proposta admitida pelo presidente da Câmara entrando mesmo na briga a favor da presidente Dilma. Logo nas primeiras horas da manhã, ele usou sua autoridade de ex-juiz federal de viés constitucionalista, a experiência de um mandato federal rico como legislador e sua condição de governador para bater forte na proposta, publicando o seguinte texto nas redes sociais: “Nem o Congresso nem o Supremo aprovarão medida tão disparatada quanto esse impeachment sem base constitucional. Só para uma coisa serve esse tumulto inconstitucional: dificultar o entendimento nacional para que o Brasil possa sair da crise. Inusitado que, em nome de combater as tais pedaladas fiscais, haja aceno e apoio para pontapés contra a Constituição e o Estado de Direito. O Brasil precisa de estabilidade institucional, respeito à Constituição e de diálogo entre as forças políticas para sair da crise econômica”.

Flávio Dino dedicou boa parte do seu dia articulando a mobilização dos governadores nordestinos em apoio à presidente Dilma. Logo cedo, o governador maranhense elaborou uma nota e submeteu aos seus colegas nordestinos. A nota critica duramente o presidente da Câmara e as oposições, chamando a atenção para o clima de crise gerado com o acatamento do pedido de impeachment pelo presidente da Câmara. A manifestação foi acatada por sete dos nove – ele incluído, claro. Um dos chefes nacionais do PSB, que faz oposição ao governo do PT, o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, se negou a assinar e divulgou nota própria explicando sua posição. Já o governador de Alagoas, Renan Filho (PMDB), manteve silêncio e até o início da noite não havia se manifestado a respeito da nota proposta pelo colega do Maranhão. É provável que Dino articule a ida desse grupo de governadores a Brasília para manifestar apoio à presidente e articular para reforçar sua base de apoio na Câmara Federal.

Ao mesmo tempo em que Flávio Dino fazia a articulação em favor da presidente, o deputado federal Rubens Júnior assumiu a condição de autor de um mandado de segurança impetrado no Supremo Tribunal Federal contra o pedido de impeachment. Em entrevista coletiva, ele explicou que a ação, além de apontar inconstitucionalidade e ilegalidades na proposta da oposição, não tem nenhum lastro que a justifique e, mais ainda, não deu à presidente Dilma Rousseff o direito constitucional de se manifestar antes da elaboração. Advogado, o deputado Rubens Júnior já vinha se destacando na bancada do PCdoB na Câmara Federal, realizando um trabalho efetivo como vice-líder, dando visível suporte à líder do partido, a deputada fluminense Jandira Feghali. Esse desempenho o credenciou para a tarefa de questionar o pedido de impeachment no Supremo.

A reação ao impeachment chegou ao plenário da Assembleia Legislativa, onde o presidente em exercício, deputado Othelino Neto, ocupou a tribuna para criticar a decisão do presidente da Câmara Federal e disse que se tratou de “uma atitude de retaliação”. O deputado Othelino Neto fechou seu protesto em tom duro: “Deixo aqui a minha indignação, o meu repúdio pela falta de respeito às instituições, à democracia, pela falta de coerência do presidente da Câmara que demonstrou que realmente não está preparado para um cargo de tamanha importância que é a Câmara dos Deputados do Brasil”.

 

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

João Alberto vê crise com preocupação

Plenário do Senado

E ao desembarcar em São Luís no meio da tarde, o senador João Alberto (PMDB), que preside o Conselho de Ética do Senado, definiu o cenário como “muito grave e preocupante”. João Alberto disse estar preocupado com os desdobramentos políticos, mas avaliou que se a questão do impeachment foi posta com tanta ênfase, que se dê agora o debate político na Câmara Federal e, se for o caso, também no Senado. O senador prevê tempos muito complicados também em relação à Operação Lava Jato, temendo que logo cheguem problemas para o Conselho de Ética do Senado, que preside pela quinta vez. João Alberto não acredita que o impeachment prospere e pode nem chegar ao Senado da República, mas adverte que o embate político causará muitos problemas nos próximos tempos.

 

Voz solitária do PT

zé inácioA única manifestação do PT do Maranhão contra o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff aconteceu na Assembleia Legislativa, onde o deputado Zé Inácio (PT) fez um discurso forte contra a proposta acatada pelo presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha. Ele chamou a atenção para muitas personalidades brasileiras que já manifestaram apoio à presidente Dilma Rousseff e criticando a tentativa de destitui-la do cargo por meio do impeachment. Ele definiu a proposta como um pontapé na Constituição e no estado democrático de direito. “O Brasil precisa de estabilidade institucional, respeito à Constituição e muito diálogo para sair da crise”, declarou. Mas deixou claro que se o enfrentamento for necessário, o seu partido e agremiações aliadas irão para o enfrentamento nas ruas para garantir base política ao governo.

 

São Luís, 3 de Dezembro de 2015.

 

 

 

Um comentário sobre “Comandado por Dino, PCdoB lidera movimento de defesa de Dilma no Maranhão

  1. O governador Flávio Dino,não morre de amores pela Presidente Dilma.O mesmo não conseguiu indicar nenhum cargo federal no Maranhão.O que na realidade o mesmo,tá vendo que com uma provável queda da Presidente do poder,o PMDB assume e na figura do Sen.Sarney,logicamente será um dos principais articuladores num provável governo Temer.Resumo da Ópera:Flávio não está pensando no Brasil e sim,na volta ao poder central a figura do ex-presidente.

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