Roseana assume o PMDB Mulher, incentiva Fábio Câmara em São Luís e dá sinais de que está de volta

 

 

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Roseana Sarney com Fábio Câmara e Eliseu Padilha, 

Quem acreditou que Roseana Sarney se aposentou da política cometeu um erro de avaliação. Nesta semana, a ex-governadora saiu do casulo doméstico para cumprir uma ampla e intensa programação partidária, que começou com um almoço oferecido pelo comando do PMDB maranhense ao ex-ministro Eliseu Padilha – que saiu da equipe da presidente Dilma Rousseff (PT) para assumir a vice-presidência da Fundação Ulysses Guimarães e assessorar diretamente o vice-presidente Michel Temer. Ela assumiu o comando do PMDB Mulher no estado e terminou ontem à tarde na Colônia do Bonfim, onde distribuiu cestas natalinas acompanhada do vereador Fábio Câmara, que apresentou como candidato do PMDB à Prefeitura de São Luís na corrida eleitoral de 2016.

A volta de Roseana Sarney ao cenário político não significa que ela já esteja desenhando algum projeto eleitoral. Mas é um fato que pode dar ritmo diferente à movimentação pré-eleitoral nos quatro municípios da Ilha de São Luís e em grandes municípios, como Imperatriz, por exemplo. Nesses cenários, os grupos partidários que integram a aliança comandada pelo governador Flávio Dino (PCdoB) atuam com desenvoltura, como se não houvesse força oposicionista capaz de alterar seus planos. Os grupos hoje na oposição e mantidos contra a parede pela força politicamente avassaladora do governo aguardam uma voz de comando que possa mobilizá-los para o embate eleitoral, e apostam que a ex-governadora pode ser essa liderança.

Ainda sob impacto da fragorosa derrota sofrida nas urnas por seu grupo em 2014 e enfrentando os desdobramentos de acusações na Operação Lava Jato e os petardos que o novo governo do Estado tem disparado na sua direção por meio da Secretaria de Estado de Transparência e Controle, a ex-governadora não vive uma aposentadoria política tranquila nem seu melhor momento político.  São pancadas como o rumoroso Caso do Precatório da Constran, por exemplo, que resultou na prisão do empresário João Abreu, que foi chefe da Casa Civil no seu governo, e a Operação Sermão aos Peixes, que investiga o que seriam desvios de centenas de milhões de reais do programa Saúde é Vida, que quase levou para a cadeia o ex-deputado Ricardo Murad, seu cunhado e ex-secretário de Saúde, que têm lhe tirado o sono. Mas, ao contrário do que muitos imaginam, ela mantém uma forte expressão no universo político do Maranhão, em condições de dar suporte político de peso a candidatos a prefeito e a vereador.

Em São Luís, por exemplo, Roseana pode ajudar a acirrar a corrida ao Palácio de la Ravardière se lançar – como vem anunciando à boca pequena – o vereador Fábio Câmara como candidato do PMDB. Nos eventos dos quais participou durante o cumprimento da animada agenda, ela levou Câmara à tiracolo e o apresentou como nome que deve apoiar. Foi assim no almoço com o ex-ministro Eliseu Padilha – que horas antes, no encontro da Juventude, apoiara o lançamento de André Campos. Roseana foi clara e direta: se depender do seu apoio, o candidato do PMDB a prefeito será Fábio Câmara. E falou com a mesma ênfase na Colônia do Bonfim, onde o vereador dá assistência aos internos. Fábio Câmara, que conhece como poucos a periferia da Capital e tem identificação com segmentos fortemente representativos – como o movimento negro e grupos da cultura popular, por exemplo – está convencido de que com o apoio político da ex-governadora e do PMDB ele tem chance de levar a disputa para o segundo turno num embate com o prefeito Edivaldo Jr., que ganha corpo a cada dia, e com a deputada federal Eliziane Gama (Rede). Será mesmo?

Em Imperatriz, onde seu grupo foi destroçado, Roseana vê a possibilidade de ter um aliado no poder com a força eleitoral do ex-prefeito Ildon Marques, visto por aliados e adversários como o nome mais forte entre os aspirantes lançados até agora. Marques tem força eleitoral para enfrentar a deputada federal em exercício Rosângela Curado (PDT), virtual candidata do governo se o Palácio dos Leões menosprezar o poder de fogo do deputado estadual Marco Aurélio (PCdoB).

Se não for alcançada de fato pela Operação Lava Jato nem por algum esqueleto que por acaso venha a ser encontrado pelas varreduras feitas no Governo dela pelas investigações do Governo Flávio Dino, imbróglios que travem os seus movimentos na seara política, Roseana Sarney caminha para juntar os cacos e dar um rumo ao que restou do seu grupo.

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

 

João Alberto injustiçado em telejornal da Globo

joão alterto 5Na sua edição de ontem (11), o “Bom Dia Brasil”, da Rede Globo, cometeu uma distorção contra o senador João Alberto (PMDB). Informou, em tom de ironia, que o senador, que preside o Conselho de Ética do Senado Federal pela quinta vez, teria se licenciado para não receber denúncia contra o senador Delcídio do Amaral (PT), preso na Operação Lava Jato. A abordagem jogou sobre o senador maranhense uma suspeita injusta. João Alberto, de fato, se licenciou formalmente por três dias – 7 (segunda-feira), 8 (terça) e 9 de dezembro (quarta). Mas, ao contrário do que informou o “Bom Dia Brasil”, antes de sair de Brasília, o senador recebeu a representação contra Delcídio do Amaral e, cumprindo a regra, a encaminhou para a Advocacia do Senado, que tem três dias para examinar a documentação e emitir parecer técnico recomendando recebimento ou recusa. João Alberto se licenciou por dois motivos. Primeiro: na segunda e na terça-feira, ele esteve em Araioses, para os festejos de Nossa Senhora da Conceição, dos quais, juntamente com Dona Teresinha Souza, participa há 48 anos – os dois se casaram naquela festa em 1967. “Nunca faltei a esse compromisso. Esteja onde estiver, sempre dou um jeito de estar em Araioses no dia 8 de dezembro, juntamente com minha esposa e familiares”, disse o senador, surpreso com a distorção. No terceiro dia da licença (quarta-feira, 9), João Alberto permaneceu em São Luís para um compromisso agendado havia mais de um mês: recepcionar o agora ex-ministro da Aviação, Eliseu Padilha, vice-presidente da Fundação Ulysses Guimarães, que participou de uma convenção do PMDB Jovem e recebeu uma comenda na Assembleia Legislativa, concedida há tempos, por iniciativa do deputado Roberto Costa. “Poderia seguir para Brasília quinta-feira, mas a ex-governadora Roseana Sarney decidiu assumir o PMDB Mulher na sexta-feira. Resolvi permanecer o fim de semana no Maranhão e seguir para Brasília segunda-feira, como sempre faço”. João Alberto avalia que o “Bom Dia Brasil” foi jornalisticamente incorreto com ele, por não tê-lo procurado e veiculado informação que não corresponde à verdade. “Bastaria um telefonema e tudo seria esclarecido, mas, lamentavelmente, eles preferiram noticiar uma inverdade”.

 

PT do Maranhão permanece em estranho silêncio

Difícil entender a posição do PT do Maranhão em relação ao inferno que o partido está vivendo no plano nacional, com a possiblidade, agora concreta, de ser catapultado do poder com a possível destituição da presidente Dilma Rousseff por meio do impeachment. As vozes credenciadas do partido permanecem em silêncio quase sepulcral, como é o caso dos deputados Zé Inácio – que até agora fez um discurso reclamando e nada mais – e da deputada Francisca Primo, bem como  prefeitos e vereadores petistas que se mantêm em posição discreta, como que dando a impressão de que o que está acontecendo em  Brasília e fora de lá não lhes diz respeito. Os dois petistas que integram o secretariado do governo estadual – Francisco Gonçalves (Mobilização Popular) e Márcio Jardim (Esportes) – não se manifestam, parecendo não seguir a linha de ação do governador Flávio Dino (PCdoB), que entrou na briga sem medir consequências. E a direção do partido está recolhida e também em silêncio.

 

 

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