João Alberto chega aos 90 firme e forte, protagonizando uma das trajetórias mais ricas da política maranhense

Ao lado do filho João Marcelo, João Alberto agradece a homenagem,
que foi organizada pelo afilhado e seguidor político Roberto Costa,
que trilha nos seus passos na política

Há pouco mais de uma semana, o prefeito de Bacabal, Roberto Costa (MDB), organizou uma festa na qual homenageou o ex-prefeito e atual vereador e agora nonagenário João Alberto. Uma iniciativa mais que justa, principalmente partindo de um dos políticos mais importantes da nova geração e que é o resultado dos seus ensinamentos. A festa reuniu amigos bacabalenses, familiares do homenageado e alguns convidados, entre eles a presidente da Assembleia Legislativa, deputada Iracema Vale (ainda no PSB). Foi um evento marcado pela alegria e pela emoção.  

São 90 anos, ou seja, 32.870 dias, dos quais pelo menos 75% foram dedicados integralmente à política, numa trajetória vitoriosa que começou como militante de esquerda no movimento sindical bancário no Rio de Janeiro em meados dos anos 60 e que evoluiu para um mandato de deputado estadual nos anos 70, três de deputado federal, dois de senador, dois de vice-governador, um – cumprido apenas um semestre – de prefeito de Bacabal, um ano como governador do Estado e atualmente no exercício de mandato de vereador, valendo acrescentar as mais de três décadas como presidente do MDB no Maranhão. Nenhum político da sua geração – incluindo o ex-presidente José Sarney, hoje com 95 anos – viveu uma trajetória tão larga e intensa.

É esse o lastro do agora nonagenário João Alberto de Souza, para todos apenas João Alberto, nascido em São Vicente Ferrer, a 1º de outubro de 1935, mas adotado por Bacabal, onde criou raízes que garantiram uma relação quase umbilical, que se mantém até hoje. Numa atuação mais ampla, e com características muito particulares e especiais – coragem e honestidade, por exemplo -, que lhe deram uma personalidade publica diferenciada, até aqui sem nódoas nem rasuras, João Alberto se tornou uma referência do Maranhão político, e assim caminha firme e saudável para o patamar do século.

Sua caminhada de mais de 60 anos de militância política o revelou um político diferenciado, como confirmam alguns dos muitos exemplos que protagonizou. Como deputado federal pela Arena, peitou os chefes da ditadura e votou a favor da Emenda das Diretas, defendendo a volta de eleição direta para Presidente da República. Como senador, foi relator da CPI dos Bancos, enfrentando, com desassombro, alguns dos mais poderosos barões do capitalismo nacional. Também presidiu por dois mandatos o Conselho de Ética do Senado, tendo enfrentado ali embates duros por tomar decisões controversas, mas que julgou corretas.

Como prefeito de Bacabal por apenas um semestre (eleito em 1988), mudou radicalmente o conceito de urbanismo então vigente na cidade, ampliando a limpeza urbana, melhorando o trânsito então caótico, criando regras para estacionamento e dando sentido inédito às calçadas. Mais tarde, como governador, deu a Bacabal um aeroporto de porte médio e estádio reformado com salas de aula.

Na sua passagem pelo Governo do Estado, que durou por exatos 11 meses e 12 dias –  de abril de 1990 a abril de 1991, com a renúncia de Epitácio Cafeteira -, contrariou os muitos, a começar pelo próprio Cafeteira, que apostaram no seu fracasso. Realizou um Governo surpreendente – do qual o titular desta Coluna teve a honras de participar como Secretário de Comunicação Social -, no qual, apesar da escassez financeira, construiu quase mil obras em menos de um ano, cuidou da educação e da saúde e se transformou numa celebridade no combate à pistolagem e ao crime organizado, com destaque para a Operação Tigre, movida por uma política de intolerância com ações criminosas, dando um basta na violência no Maranhão. Cumpriu o desafio de construir a Vala da Macaúba, na Areinha, em São Luís, em 90 dias. E surpreendeu os maranhenses ao radicalizar na transparência publicando, diariamente, um quadro demonstrativo das finanças do Estado: o saldo do dia anterior, e o que entrou e o que saiu naquele dia, e para onde foi o dinheiro que saiu. No campo político, o então governador foi o carro-chefe da campanha que levou o senador Edison Lobão (PMDB) a derrotar o favorito João Castelo (PDS), que teve o apoio aberto do então presidente Fernando Collor (PRN). Deixou o Governo com popularidade nas alturas.

Sofreu derrotas, como na disputa pela Prefeitura de São Luís em 1992, vencida por Conceição Andrade, então apoiada por Jackson Lago, e a de candidato a vice-governador de Roseana Sarney em 2018. Mas nenhuma delas lhe tirou o ânimo de militante político intenso e ousado.

Economista por formação, João Alberto foi diretor da Rádio Timbira e diretor do Bando de Desenvolvimento do Maranhão no Governo Sarney; foi várias vezes secretário de Estado e duas vezes vice-governador. Decidiu encerrar a sua carreira política como vereador em Bacabal, não tendo conseguido eleger-se em 2020, mas logrando vitória em 2024, quando saiu das urnas como o mais votado. Exerce o mandato com a dedicação de sempre aos muitos mandatos que conquistou nas urnas.

Em paz consigo mesmo pelo dever cumprido como detentor de mandatos populares, e a julgar pela saúde que preserva e pelo vigor físico que exibe, com lucidez e memória invejáveis, João Alberto é forte candidato a se tornar centenário daqui a pouco mais de 3.600 dias.

PONTO & CONTRAPONTO

Pré-candidatos ao Senado temem resultado da conversa de Lula com Brandão e entrada de Roseana

Carlos Brandão ou Roseana Sarney, ou os dois, podem mudar o cenário
da corrida às duas cadeiras no Senado, que hoje reúne Weverton Rocha,
Eliziane Gama, André Fufuca, Roberto Rocha, Yglésio Moises,
Pedro Lucas Fernandes e Hilton Gonçalo

Os pré-candidatos às duas cadeiras no Senado estão contando as horas para que o presidente Lula da Silva (PT) convoque o governador Carlos Brandão (ainda no PSB) para a conversa sobre a corrida sucessória no Maranhão. A expectativa deles aumentou depois que o mandatário maranhense admitiu a possibilidade de conversar com o presidente sobre candidatura ao Senado.

Os senadores Weverton Rocha (PDT) e Eliziane Gama (PSD), candidatos à reeleição, e o deputado federal e atual ministro do Esporte André Fufuca (PP), que é pré-candidato, assim como o ex-senador Roberto Rocha (sem partido), o ex-prefeito de Santa Rita Hilton Gonçalo (Mobiliza), e o deputado estadual Yglésio Moises (PRTB) sabem que a conversa de Lula da Silva com Carlos Brandão pode impactar fortemente o cenário atual da corrida ao Senado.

No momento, segundo todas as pesquisas, se a eleição fosse agora, sem o governador Carlos Brandão, Weverton Rocha poderia ser reeleito, sendo a outra cadeira disputada por Eliziane Gama e André Fufuca, com desfecho imprevisível. E como Roberto Rocha ainda não declarou ser candidato e Yglésio Moises não está disposto a ficar sem mandato, Pedro Lucas Fernandes não assume de vez a candidatura, Hilton Gonçalo pode entrar na briga, já que vem reforçando o seu projeto senatorial, recebendo, semanalmente, apoio de lideranças nas diversas regiões do estado.

Esse cenário pode radicalmente redesenhado se, numa hipótese remota, mas possível, o governador Carlos Brandão, que lidera as pesquisas, sair da conversa com o presidente Lula da Silva decidido a rever sua decisão de permanecer no Governo e se lançar candidato ao senado. O impacto será muito maior se a deputada Roseana Sarney, que aparece como forte nome para o Senado, também decidir entrar na corrida.

Todos os pré-candidatos torcem para que Carlos Brandão mantenha sua decisão de permanecer no cargo até o final do mandato. E de quebra fazem figa para que a deputada Roseana Sarney mantenha o projeto de reeleição.

Vão permanecer mergulhados em expectativa tensa até que tudo seja resolvido e colocado em pratos limpos.

Ao se despedir do Supremo, Luís Roberto Barroso fez menção destacada a Flávio Dino

Flávio Dino foi elogiado por Luís Roberto Barroso

Ao se despedir do Supremo Tribunal Federal no discurso em que anunciou a sua aposentadoria antecipada, o ministro Luís Roberto Barroso externou seus sentimentos em relação aos seus dez colegas de Corte. Foi cortês, honesto e franco com cada um deles, destacando suas qualidades pessoais e profissionais, e principalmente o comprometimento de cada um com a estabilidade e institucional do País.

Quando se referiu ao ministro Flávio Dino, o ex-presidente da Suprema Corte foi além, reafirmando a amizade que os liga há muito tempo, quando militavam na primeira instância da Justiça Federal, e disse o seguinte:

 “Ministro Flávio Dino, sua cultura, brilhantismo e senso de humor fazem a vida de todos nós mais leve e agradável. Tem sido um privilégio compartilhar da sua amizade ao longo de todas essas décadas. Vou continuar a ouvi-lo com interesses, ainda que lá de fora”.

São Luís, 12 de Outubro de 2025.

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