Reportagem de O Globo revela o escandaloso destino de R$ 1,25 milhão mandados para Arari via emenda pix

Pedro Lucas Fernandes não sabe o que Rui Filho
fez com dinheiro destinado a estradas vicinais

No último domingo, o Brasil e o Maranhão tomaram conhecimento, via reportagem especial do jornal O Globo, que em agosto de 2023, uma emenda pix destinada pelo deputado federal Pedro Lucas Fernandes (União Brasil), no valor de R$ 1,25 milhão, à Prefeitura de Arari para bancar a restauração de estradas vicinais, foi liberada, e que o recurso foi repassado pelo Governo da União àquele município, mas nenhum metro de estrada vicinal foi restaurado e o dinheiro simplesmente sumiu. Esse cenário foi reportado em detalhes pelo jornal paulista. Foi confirmado que o dinheiro caiu na conta da Prefeitura, mas nenhum centavo bancou restauração de estradas, e que na verdade a bolada foi gasta pelo então prefeito Rui Filho com “outras despesas”, entre elas, um lava-jato. Ouvido, o deputado federal Pedro Lucas Fernandes disse que desconhece como o dinheiro foi aplicado.

O caso apurado por O Globo – que mandou os repórteres a Arari, levantou todos os dados possíveis e os tornou públicos numa reportagem jornalisticamente sem reparos – entra para a crônica política como um escândalo, revelador de possível crime de desvio, embalado por grave falha de omissão, e reafirmando que o principal envolvido alimenta, debochadamente, a convicção de que tudo vai ficar por isso mesmo, consagrando a impunidade. O escândalo, que está sob apuração pelo Ministério Público Federal, justifica plenamente a cruzada que o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, vem fazendo para dar mais transparência às emendas parlamentares, particularmente as tais emendas pix. Essas emendas são liberadas para prefeituras sem a necessidade de um projeto e sem que prefeitos tenham de prestar contas sobre como e onde gastaram o dinheiro.

Segundo a reportagem, a atual prefeita de Arari, Simplesmente Maria (MDB) informou que o R$ 1,25 milhão enviado àquela Prefeitura “sumiu”, já que o saldo encontrado na conta em que fora depositado foi de R$ 240,00. O jornal constatou que nenhum metro de estrada vicinal foi restaurado com tal recurso, que foi pulverizado em várias contas bancárias da Prefeitura e que várias empresas que receberam fatias do dinheiro são fantasmas. Sem saída diante da revelação de que o dinheiro fora fatiado, o agora ex-prefeito Rui Filho confirmou a operação.

De acordo com a reportagem, “os repasses são direcionados a 11 empresas, incluindo um lava-jato, um posto de gasolina e uma firma especializada em manutenção de ar-condicionado. A relação inclui ainda uma loja de artigos esportivos, registrada em nome de uma beneficiária do Bolsa Família”, e por aí vai.

O que foi revelado até aqui deixa claro que o prefeito Rui Filho não aplicou um centavo do recurso obtido com a tal emenda pix, preferindo fatiar a quantia em diversas contas com despesas de custeio, e sabe-se lá mais o quê. E confirma que estourou a grana das estradas vicinais com a debochada tranquilidade de quem desviou recursos públicos absolutamente confiante na impunidade. Declarou que, como não precisava de projeto, preferiu não dar a mínima para o conserto de estradas vicinais.

Tão espantosa quanto o “sumiço” do dinheiro foi a reação do deputado federal Pedro Lucas Fernandes à indagação do jornalista sobre se sabia o que foi sido feito com o dinheiro da emenda pix que ele mandou para a recuperação de estradas vicinais em Arari. “Desconheço”, respondeu o parlamentar. A resposta sugere uma pergunta: como é possível que um deputado federal do quilate de Pedro Lucas Fernandes, que tem a fiscalização como obrigação primordial do mandato, não tenha se interessado em saber se o recurso daquela emenda foi devidamente e corretamente aplicado? Sem querer envolver o parlamentar, que carrega nos ombros a condição de líder da bancada do União na Câmara Federal e é pré-candidato a senador, na patacoada do agora controvertido “influencer” Rui Filho, não há como não enxergar no seu desconhecimento um caso nítido de omissão.

O caso da emenda pix mandada para Arari explica em parte a grita com que grande parte dos atuais integrantes da Câmara Federal, incluindo membros da bancada maranhense, tem atacado duramente o ministro Flávio Dino.

PONTO & CONTRAPONTO

Felipe Camarão mostra posições que podem influenciar a iminente conversa de Lula com Brandão

Felipe Camarão: posições definidas

A conversa que o presidente Lula da Silva (PT) terá com o governador Carlos Brandão (ainda no PSB) sobre a corrida ao Governo e ao Senado no terá de levar em conta uma série de fatores, sendo o mais importante deles a posição do vice-governador Felipe Camarão (PT). E isso ficou evidenciado na sua declaração mais recente, quando foi taxativo ao afirmar que não há hipótese de renunciar à vice-governança nem de abrir mão da sua candidatura ao Palácio dos Leões.

O que ele disse:

“Primeiro, eu acho o governador, se for alguém leal a esse projeto do presidente Lula, não pode impor condição nenhuma. Eu acho que a gente tem que estar todo mundo no mesmo time.

“Segundo, se for essa condição (a de sua renúncia), não vai ter acordo, porque sou daqueles que, como está escrito em Mateus, capítulo 5, (versículo) 37, se sim, seja sim, se são, seja não.

“Foi dada a palavra. A gente tem um pacto, um compromisso. E a hipótese que eu tenho de renunciar como vice-governador é zero, é zero.

“Eu não preciso renunciar para concorrer a nenhum cargo. Continuo como pré-candidato a governador, com o apoio do presidente Lula, com o apoio do PT.

“Espero, sinceramente, que o governador Carlos Brandão possa liderar no bom diálogo, para que a gente possa continuar com esse projeto, que começou em 2014, continuou em 18, foi vitorioso de novo em 22 e que possa seguir o caminho em 26 também”.

Nessa manifestação, o vice-governador Felipe Camarão colocou, sem ser agressivo, as suas cartas sobre a mesa. Um recado direto ao presidente Lula da Silva e ao governador Carlos Brandão, indicando que só aceita a fórmula original, com o mandatário renunciando para disputar o Senado e ele assumindo o Governo para com correr à reeleição.

E fundamenta sua posição afirmando que existe “um pacto, um compromisso nessa direção”.

Resta saber qual será a leitura e a interpretação a ser feita pelo presidente e pelo governador, a conversa que travarão a qualquer momento.

Se denúncia tiver base, gravação de conversa de Márcio Jerry e Rubens Jr. é patacoada das grandes

Márcio Jerry e Rubens Jr. podem ter
sido gravados ilegalmente

Se tiverem sido feitas, as supostas gravações ilegais de conversas dos deputados federais – Márcio Jerry (PCdoB) e Rubens Jr, (PT) pela Polícia terão sido, de longe, uma das maiores e inacreditáveis patacoadas da história da Polícia Civil.

Para começar, uma ação dessa natureza é crime, que alcança quem a praticou e a quem mandou praticar. A gravidade aumenta exponencialmente com simples fato de que os dois “gravados” são, além de deputados federais, vice-líderes do Governo na Câmara Federal. Mais

E o caldo entorna gravemente quando a Polícia Federal entra no caso utilizando tecnologia sofisticada, com poder de fogo desvendar o mistério em muito pouco tempo e colocar as cartas na mesa dando nome aos aloprados, caso a denúncia dos parlamentares tenha algum fundamento.

Se a presidência da Câmara Federal acatar o pedido de investigação feito pelos deputados Márcio Jerry e Rubens Jr., a Polícia federal entrará em campo com pegada suficiente para tirar o sono de muita gente.

Vale lembrar que essa história de gravação ilegal e criminosa no Maranhão não é de agora. Entre o final do século passado e o início do atual houve momentos em que a palavra “guardião”, que identificava um sistema de escuta clandestina de origem israelense andou causando insônia no Maranhão.

Luís, 14 de Outubro de 2025.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *