Contrariando o que cantavam todas as previsões, a chapa de oposição liderada pelo advogado Thiago Diaz venceu ontem a eleição e vai comandar seccional maranhense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/MA) no período 2016/2018. Ele derrotou a chapa da situação liderada pela advogada Valéria Lauande, tida por todos como franca favorita, no mais surpreendente resultado eleitoral ocorrido na entidade nos últimos tempos. Com o desfecho, sai de cena o grupo liderado pelo atual presidente, advogado Mário Macieira, para muitos o grande derrotado, e entra uma aliança que tem como principal articulador o advogado Charles Dias, criador e principal avalista do movimento oposicionista que foi vitorioso no pleito de ontem. Thiago Diaz ganhou o prestigio que não tinha no início da campanha e saiu das urnas com o caminho aberto para liderar uma das classes profissionais mais proeminentes da sociedade organizada, podendo se tornar um líder genuíno e como tal entrar para a história da instituição. Valéria Lauande viu escapar das mãos a honra de ser a primeira mulher a presidir a OAB no Maranhão, quebrando a longa tradição machista na entidade, e perdeu a oportunidade de realizar um sonho que vinha acalentando há anos, amargando também no fato de haver frustrado a expectativa de centenas e centenas de colegas que viam nela a referência a ser seguida.
Junto com Valéria Lauande foram derrotados bons quadros da Ordem, como Roberto Feitosa, e velhos caciques da entidade, como os ex-presidentes Raimundo Marques e José Caldas Góis, com qual o grupo de Macieira se aliou. Os abalos da derrota foram sentidos até no Palácio dos Leões, cujo principal inquilino tem forte relação com o grupo derrotado.
Foi uma disputa acirrada, e por isso mesmo saudável. A classe dos advogados se dividiu de maneira quase cartesiana e simétrica. Thiago Diaz saiu das urnas eletrônicas com 3.117 votos, enquanto Valéria Lauande obteve 2.983, uma diferença de apenas 134 sufrágios, a menor já registrada num pleito da Ordem nos últimos tempos. Além disso, o comparecimento foi maciço, com a apuração de 6.357 votos válidos. Um grupo de 141 eleitores votou nulo e outros 116 votaram em branco. Os números – que estão no sitio oficial da instituição – mostram que a classe dos advogados aposta mesmo na OAB como a sua organização corporativa.
A sucessão na OAB se dá num momento em que os advogados militantes, principalmente os de gerações mais recentes, precisam de afirmação nas suas relações com um Poder Judiciário em crise, também carente de afirmação, mas enfrentando, no caso maranhense, consequências de uma gestão pouco produtiva e nada articulada e cuja comandante maior chega ao final do mandato declarando publicamente ter medo de ser morta por funcionários injuriados e em greve por causa de problemas salariais. Nesse contexto, as relações entre advogados e magistrados são tensa, às vezes traumáticas. A atual gestão foi diligente nessa seara, marcando posição muito clara e firme diante das crises que chegaram ao seu conhecimento.
A Coluna ouviu vários advogados de um lado e de outro em busca de uma explicação para o resultado da eleição de ontem. Em primeiro lugar, a candidata Valéria Lauande não empolgou a classe. Vista por muitos como um quadro elitizado, distante da realidade na qual vivem muitos dos seus colegas de batente, Valéria Lauande se movimentou para diminuir a distância e eliminar as restrições dentro do seu próprio grupo, foi à luta. O trabalho duro para consolidar sua candidatura foi realizado pelo presidente Mario Macieira, que teve de vencer muitas resistências dentro do próprio grupo. O próprio slogan da campanha “Avançar muito mais” foi criticado como uma palavra de ordem excessivamente continuísta que desagradou a muitos eleitores.
Do outro lado, Thiago Diaz se tornou candidato a presidente depois que Charles Diaz, que chegou a se anunciar como tal, resolveu mudar a estratégia e se candidatar a conselheiro federal, abrindo caminho para o agora candidato eleito. Thiago Diaz iniciou com uma campanha tímida, mas acertou na escolha do slogan que identificou seu movimento: “Renovar para mudar”, uma mensagem forte, de convocação, como uma bandeira. E foi atrás do advogado jovem, insatisfeito, que realmente quer a OAB como uma garantia de que, com a instituição bem conduzida, as suas prerrogativas serão respeitadas. Em que pesem as diferenças, o que se viu foi um confronto aberto e limpo entre dois projetos de poder politicamente saudáveis para a instituição.
O desfecho da eleição na OAB premiou a alternância, um fator que faz com que a classe aja com consciência política e corporativa e fortaleça o caráter democrático da instituição. Não foi sem razão que, ao ser cumprimentado por seus colegas, entre eles muitos que nele não votaram, o presidente eleito da OAB foi preciso: “A OAB é uma instituição democrática, que não tem partido nem dono. Vou lutar para ser o presidente de todos os advogados”.
PONTOS & CONTRAPONTOS
Fábio Braga dá força ao Matopiba I
Um dos poucos deputados que defendem enfaticamente o setor agropecuário e o agronegócio, Fábio Braga (PTdoB), registrou na Assembleia Legislativa divulgação recente, pelo Ministério da Agricultura, através da portaria 244, os municípios selecionados para o plano de desenvolvimento agropecuário do Matopiba, região formada pelos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e da Bahia. Segundo ele, a relação publicada no Diário Oficial da União prevê a seleção dos 337 municípios selecionados. Desse total, 139 são do Tocantins, 135 do Maranhão, 33 do Piauí e 30 da Bahia. Nessas unidades existem pelo menos 30 mil estabelecimentos agrícolas, principalmente nas áreas de cerrado. Na previsão de Fábio Braga, nos próximos anos, a região produzirá quase 10 milhões de toneladas de soja. “Hoje já produz mais de 8,7 milhões de toneladas de soja”, assinala o parlamentar.
Fábio Braga dá força ao Matopiba II
O deputado Fábio Braga chama a atenção para o fato de que o que é importante nisso é a inclusão dos municípios maranhenses de Açailândia, Davinópolis, Magalhães de Almeida, São Benedito do Rio Preto, Afonso Cunha, Mata Roma, São Bernardo, Nina Rodrigues. Destaca os que ficam na sua região de atuação poíitica: Barreirinhas, Belágua, Itapecuru, Vargem Grande, Santana do Maranhão no Baixo Parnaíba, Urbano Santos e ainda quase todos os municípios do Sul do Maranhão. E destacou: “Aqui me parece de uma importância muito grande, haja vista que a ministra Kátia Abreu (Agricultura) já elegeu três prioridades para essa região: a infraestrutura, a informação e a tecnologia”. E disse esperar que a bancada federal destine recurso para essa região e também que o Governo do Estado priorize obras como rodovias e porto”. Fábio Braga disse acreditar que esses municípios serão incluídos em programas importantes federais e estaduais. E concluiu: “Nós queremos é que as bancadas, tanto a do Maranhão como dos outros estados envolvidos, se unam para que esses.
São Luís, 20 de Novembro de 2015.
Por Wybson Carvalho
Nauro Machado, eternamente, um pertencimento humano-cultural à sua cidade
Recentemente, vi muitíssimo gratificado um logradouro público, que homenageia um bem humano-cultural ludovicense, o escritor e poeta Nauro Machado, que, em agosto último, completara de completar 80 anos de vida, restaurado pelos governantes do estado e município, que, numa ação conjunta, envidaram esforços além do dever, para restaurar a Praça distinguida com o nome do escritor e poeta maior da contemporaneidade maranhense, localizada no centro histórico de São Luis do Maranhão. Porém, é necessário, responsavelmente, todos que a frequentam conservarem e preservarem, numa verdadeira atitude de respeito ao maior bem humano-cultural ludovicense: Nauro Machado. Todas às vezes, que, nas quais vou a São Luis sinto, nela, na cidade, um ar, atmosfericamente, belo, encantado e poético. Seus casarões – alguns vestidos de azulejos – que compõem um importante acervo arquitetônico secular, suas pedras de cantaria que calçam as vias públicas no centro histórico e seu Largo dos Amores que empresta sua beleza à beira-mar e se avista com o outro lado em sua aversão.
Enfim, creio que há, nessas belezas, uma espécie de alma literária da cidade. Mas, também, tenho a convicção que há um homem sempre transeunte, nela,- a cidade – e, que, a ela, – à cidade – se dá tal qual um pertencimento humano, e, nela, está em vida, também, nos tijolos escondidos nas paredes da construção de sua eternidade cultural, e, ainda, por ela, a cidade – se esvai como o sal da vida no mar ludovicense. Para a cidade de São Luis do Maranhão; eis o quê Nauro Machado é, e, eis onde ele está. Todas às vezes nas quais vou a São Luis irei encontrar Nauro Machado, transeunte pelas ruas do centro histórico, precisamente, da Praia Grande, e abraçá-lo, pois, tenho a certeza – ele é o meu poeta – ídolo na nossa dimensão terráquea. Portanto, para mim, mais uma vez digo e repito: Nauro não morreu, apenas, o quê é uma pena, sua complexidade psicofísica se transforma em barro sustentáculo dessa grande construção patrimônio cultural vivo da humanidade, esvai-se em sal desse oceano, também, vivo que banha a ilha; agora, eis o que Nauro é… eis onde ele está: eternamente São Luis do Maranhão.
Wybson Carvalho poeta caxiense, membro do CONSECMA e da ACL.