Arquivos mensais: julho 2022

Weverton tem três dos quatro prefeitos da Ilha, mas Brandão deve endurecer a guerra pelo voto

 

Weverton Rocha conta com o prefeito Eduardo Braide, que é independente, Júlio Matos e Eudes Barros, soldados de Josimar de Maranhãozinho; Carlos Brandão conta com Paula da Pindoba na guerra por quase um milhão de votos da Ilha

A comemoração feita pelos partidários do senador Weverton Rocha (PDT) por causa da entrada do prefeito de Raposa, Eudes Barros (PL), na base de apoio da sua pré-campanha ao Governo do Estado, dando-lhe três dos quatro prefeitos da Ilha de Upaon Açu, permitiu ao líder pedetista passar a impressão de que o alinhamento dos prefeitos Júlio Matos (PL), de São José de Ribamar, e Eduardo Braide (sem partido), de São Luís, lhe assegura vitória eleitoral. A prefeita de Paço do Lumiar, Paula da Pindoba (PCdoB) já declarou apoio ao projeto de reeleição do governador Carlos Brandão (PSB). Os quatro municípios somam quase 1 milhão de eleitores, que são historicamente marcados pela independência com que votam nas eleições gerais, deixando sempre claro que em disputas municipais fecham com lideranças e seguem orientação de grupos, enquanto que nas eleições gerais a conversa é bem diferente. Isso significa que o apoio do prefeito a um candidato não é garantia alguma de que terá a maioria dos votos. Até porque, no caso, os quatro municípios da Ilha vivem uma realidade política diferente de outros tempos. O governador Carlos Brandão deve endurecer a disputa pelo voto.

Não será surpresa se o senador Weverton Rocha vier a receber uma grande votação em São Luís, hoje com 750 mil eleitores. Ele fez sua formação política na Capital, comanda o PDT, que quando foi liderado por Jackson Lago tinha uma militância respeitável, e hoje conta com o apoio declarado do prefeito Eduardo Braide (sem partido). A outrora aguerrida militância pedetista não é a mesma desde a morte dos seus criadores, Jackson Lago e Neiva Moreira, como vem sendo evidenciado nas eleições mais recentes. O apoio do prefeito Eduardo Braide é, de fato, uma boa injeção de ânimo, mas é preciso saber qual será, de fato, o grau de envolvimento dele nessa corrida, porque uma simples declaração de apoio e alguns mimos de reforço podem alavancar a candidatura do líder pedetista, mas podem também não representar muita coisa. Vale lembrar que o eleitorado de São Luís tem como opções o governador Carlos Brandão, que é ludovicense e tem o apoio do ex-governador Flávio Dino, também com fortíssima atuação política na Capital, e o ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr., pré-candidato do PSD, que comandou a Prefeitura por oito anos como prefeito eleito e reeleito. Portanto, é regra ter-se muito cuidado quando o assunto é eleição majoritária em São Luís.

Não se discute que o prefeito Júlio Matos tem uma parcela expressiva de liderança em São José de Ribamar, que é o quinto colégio eleitoral do Maranhão, e que seu apoio à candidatura do senador Weverton Rocha faz diferença, inclusive porque é reforçado pelo ex-prefeito e hoje deputado federal Gil Cutrim (Republicanos) e o seu irmão, o deputado estadual Glaubert Cutrim (PDT). O problema é que o prefeito Júlio Matos é hoje soldado do deputado federal Josimar de Maranhãozinho, associação que começa a incomodar uma fatia esclarecida e mais atenta do eleitorado ribamarense, que vê alto risco de ingerência dele nas ações da Prefeitura. Nesse contexto começam a se reorganizar as forças lideradas pelo ex-prefeito Luís Fernando Silva, hoje homem de peso na equipe de proa do governador Carlos Brandão. O quadro que está se desenhando em São José de Ribamar é o de uma guerra eleitoral dura, com vários desdobramentos políticos.

O caso de Raposa, que tem o menor eleitorado da Ilha de Upaon Açu, é emblemático. Ali, o prefeito Eudes Barros, que foi eleito com a providencial e decisiva ajuda da “máquina eleitoral” de Josimar de Maranhãozinho e segue hoje, sem discutir, a sua orientação política e eleitoral, declarou apoio ao senador Weverton Rocha. Quem conhece bem a política raposense avalia que o prefeito Eudes Matos vai ter de se desdobrar para afastar-se do risco de não ter sua expectativa eleitoral confirmada. O fato é que a decisão do prefeito, que está sendo fiel às orientações do deputado Josimar de Maranhãozinho, tornou-se um desafio e tanto para ele.

No contrapeso, em Paço do Lumiar a prefeita Paula da Pindoba (PCdoB) fechou com o seu partido e abraçou o projeto de reeleição do governador Carlos Brandão (PSB). Ali, o deputado Josimar de Maranhãozinho investiu pesado na candidatura do ex-vereador Fred Campos (PL), dando asas ao seu propósito de comandar politicamente a Ilha de Upaon Açu, que pretendeu ao investir também na candidatura do deputado Duarte Jr. (Republicanos) na disputa em São Luís. O senador Weverton Rocha ainda aposta que mudará a situação em Paço do Lumiar.

Com esses quatro cenários, ninguém duvida de que a Ilha de Upaon Açu será campo de duras batalhas políticas ao longo das próximas dez semanas.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Maranhão pode ser estratégico na nova Rota da Seda; Brandão tem base para dialogar com chineses

Carlos Brandão cumprimenta interlocutor chinês numa das suas missões na China

A informação levantada pela revista Carta Capital e repercutida na seara maranhense pelo bem informado blog do jornalista Gilberto Leda dando conta de que a China poderá incluir o Maranhão na nova Rota da Seda, o ambicioso projeto estratégico por meio do qual os chineses ampliar e consolidar sua presença comercial em todos os continentes. A possível parceria sino-maranhense foi tema de um simpósio organizado por uma parceria que uniu a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Governo do Estado e a Fundação Sousândrade, da Universidade Federal do Maranhão.

De acordo com a revista, a inclusão do Maranhão na empreitada chinesa é defendida pelo professor sul-coreano Paul Lee, professor da Universidade de Zhejiang e autor de um estudo que elegeu localidades-chave para a Rota da Seda na região Subsaariana, no Sri Lanka, no Oriente Médio, no Norte da Oceania, no Sul e no Norte da Europa. Para Lee, o Brasil se apresenta como um fornecedor alternativo de minério de ferro, após o esfriamento das relações comerciais da China com a Austrália. O país da Oceania é o maior exportador da commodity no mundo, e é de lá que a China obtém 60% do minério de ferro que importa.

Vale registrar que poucos maranhenses conhecem o tema tão bem como o governador Carlos Brandão. Ao longo de sete anos e meio, ele foi escalado pelo governador Flávio Dino para várias missões no exterior, sendo três delas na China, onde se reuniu com funcionários de escalões superiores da hierarquia chinesa, com os quais discutiu diversos temas. Se houver, de fato, interesse da China em incluir o Maranhão na nova Rota da Seda, o governador Carlos Brandão está preparado para ser o interlocutor dessa grande negociação.

 

Márcio Honaiser será candidato a deputado federal

Márcio Honaiser tentará uma cadeira na Câmara Federal

Na edição de Domingo (17/07), quando abordou as possibilidades eleitorais dos atuais integrantes da Assembleia Legislativa, a Coluna cometeu um erro: manteve o deputado estadual Márcio Honaiser (PDT) na relação dos que disputarão a reeleição, quando, na verdade, ele será candidato a uma cadeira na Câmara Federal. O parlamentar, que tem como base a região sul, a partir de Balsas, é apontado como o quadro do PDT com mais chances nessa disputa. Membro-raiz do PDT, tendo iniciado sua militância ainda muito jovem, tornando-se uma das apostas do líder Jackson Lago, Márcio Honaiser chegou à Assembleia Legislativa em 2018 e tenta agora seu salto mais ousado, que é chegar à Câmara Federal. Seu cacife político e eleitoral foi reforçado nos quase dois anos em que ele comandou a Secretaria de Desenvolvimento Social, tendo implantado muitos das atuais dezenas de restaurantes populares, um dos programas sociais mais importantes levados a cabo pelo governador Flávio Dino (PSB). É um dos operadores da campanha do senador Weverton Rocha ao Governo do Estado. Com um diferencial: a exemplo do prefeito de Balsas, Eric Silva (PDT), Márcio Honaiser não apoia o projeto de reeleição do senador Roberto Rocha (PDT), devendo apoiar a candidatura do ex-governador Flávio Dino ao Senado.

São Luís, 20 de Julho de 2022.

MDB do Maranhão vai apoiar Lula, deve se alinhar a Brandão e marchar dividido na corrida ao Senado

 

Edison Lobão (à direita), representou o MDB do Maranhão na reunião em que parte do partido declarou apoio a Lula da Silva (centro) na corrida para a presidência

Confirmada ontem, numa reunião de cúpula PT/MDB em São Paulo, o que todos já sabiam, mas faltava ser confirmado: o MDB do Maranhão vai apoiar a candidatura do ex-presidente Lula da Silva (PT) à Presidência da República. Representado pelo ex-senador Edison Lobão no encontro, o MDB do Maranhão, que é presidido pela ex-governadora Roseana Sarney e tem como referência o ex-presidente José Sarney, se posicionou num grupo de 11estados onde o partido vai apoiar Lula da Silva, mesmo tendo a senadora mato-grossense Simone Tebet como pré-candidata do partido ao Palácio do Planalto. A definição anunciada pelo ex-senador Edison Lobão não indicou, mas o MDB deve seguir Lula da Silva no apoio ao projeto de reeleição do governador Carlos Brandão (PSB), que tem Felipe Camarão (PT) como candidato a vice. A ex-governadora Roseana Sarney já sinalizou apoio a Carlos Brandão, mas enfrenta uma divisão dentro do MDB em relação à disputa para o Senado, com uma banda apoiando o ex-governador Flávio Dino (PSB), e outra já atuando no apoio ao senador Roberto Rocha (PTB). O apoio declarado ao ex-presidente Lula da Silva deve nortear os movimentos do MDB a partir de agora.

Não surpreendeu que o ex-senador Edison Lobão tenha sido escalado para representar o MDB do Maranhão na reunião da qual participou o próprio ex-presidente Lula da Silva, de quem foi ministro de Minas e Energia, mantido no primeiro Governo Dilma Rousseff (PT). Edison Lobão dificilmente apoiaria outro candidato a presidente da República, uma vez que, além de representar o PMDB no comando de uma das mais importantes pastas, construiu uma sólida amizade com o líder petista. Tanto que em 2014, o já ex-presidente Lula da Silva apoiou abertamente a candidatura do então suplente de senador Lobão Filho (MDB) ao Governo do Estado na disputa contra o ex-juiz federal e ex-deputado federal Flávio Dino (PCdoB). Edison Lobão vem defendendo a candidatura de Lula da Silva há tempos, o que explica sua posição pró-Lula dentro do MDB.

O apoio de Roseana Sarney à candidatura de Lula teve origem em 2002, quando a então governadora se tornou nome forte para a sucessão do presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), mas foi desgastada pelo Caso Lunus, que muitos acreditam ter sido armado pelos tucanos. Ela, porém, elegeu-se senadora, apoiando a vitoriosa candidatura do petista contra o tucano José Serra. O apoio se transformou em aliança, o que a tornou mais tarde líder do Governo Lula no Congresso Nacional, função que só deixou quando perdeu a disputa pelo Governo do Estado para Jackson Lago (PDT) em 2006. Naquela eleição, Lula da Silva, que tentava a reeleição, a apoiou fortemente, mas não conseguiu deter a onda em que se transformou a candidatura do líder pedetista, que venceu a eleição e obrigou a emedebista a permanecer no Senado, voltando ao Governo em 2009 pela via judicial, para se reeleger em 2010, tendo como vice o petista Washington Oliveira. A emedebista e o petista estenderam sua relação até 2016, quando ela abraçou o movimento que derrubou a presidente Dilma Rousseff.

José Sarney embarcou na onda petista numa reação ao PSDB, motivado pela convicção – que mantém até hoje -, de que saiu do Palácio do Planalto no segundo Governo FHC a trama destinada a destruir a imagem política da governadora do Maranhão, então liderando a corrida à sucessão presidencial, à frente de Lula da Silva e José Serra. O golpe o levou à base de apoio do candidato petista, atuando para ampliar essa base no então PMDB. Durante os dois Governos Lula, José Sarney foi um dos mais importantes interlocutores e conselheiros do presidente, posição que manteve também no primeiro Governo Dilma, só rompendo no movimento do impeachment da presidente.

No meio político, é dado como certo que o braço maranhense do MDB declarará apoio à candidatura do governador Carlos Brandão. A dúvida desse acordo diz respeito ao Senado, uma vez que o MDB está dividido ao meio, tendo a banda mais jovem, liderada pelo deputado estadual Roberto Costa defendendo o apoio ao ex-governador Flávio Dino, e a outra banca, que reúne Roseana Sarney, Edison Lobão e – há quem diga – o próprio José Sarney, ainda indefinida, mas se inclinando na direção do senador Roberto Rocha.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Operação sufoca crise no PSC e Lahesio declara apoio a Rocha

Roberto Rocha e Lahesio Bonfim: troca de apoio que dificilmente sairá promessa

O candidato do PSC ao Governo do Estado, Lahesio Bonfim, terceiro colocado na corrida, segundo as pesquisas mais recentes, não resistiu aos apelos do comando do partido e declarou apoio à candidatura do senador Roberto Rocha (PTB) à reeleição. Não foi uma operação fácil, que exigiu até a interferência do Palácio do Planalto. Por várias razões, entre elas o fato de ter sido atropelado na disputa pelo comando do PTB no Maranhão, Lahesio Bonfim não simpatiza com Roberto Rocha e, até onde se sabe, a recíproca é verdadeira. A bronca mais recente que o distanciou ainda mais foi o discurso de Lahesio Bonfim justificando a decisão de fazer campanha com Pastos Bell, candidato a senador pelo Agir36. “Vou andar com o Pastor Bell porque só ando com quem quer andar comigo. Não vou andar com quem não quer andar comigo, com quem tem vergonha de andar comigo”, declarou. Essas e outras declarações do candidato do PSC incomodaram muito o presidente do PSC, deputado federal Aluísio Mendes, que chegou a “convidar” o candidato a deixar a legenda. O caldo entornou, mas uma ampla “operação acalma” foi realizada, terminando com Aluísio Mendes arquivando o “convite” e Lahesio Bonfim cedendo e declarando apoio a Roberto Rocha. Nos bastidores, no entanto, há quem diga que esse apoio dificilmente irá além disso.  Pelo simples fato de que Roberto Rocha não quer Lahesio Bonfim no Palácio dos Leões e Lahesio Bonfim não quer a permanência de Roberto Rocha em Brasília.

 

Ainda sem vice e com vários desafios, Edivaldo Jr. confirma sua convenção o dia 30

Edivaldo Jr.: convenção marcada para o dia 30

Aparentemente indiferente à situação na qual é mostrado nas pesquisas, que o apontam em quarto lugar, estacionado no patamar entre 10% e 12%, indicando grande dificuldade para reagir e entrar para valer na briga por uma vaga no segundo turno, o ex-prefeito de São Luís, Edivaldo Holanda Jr., confirmou ontem a convenção do PSD que oficializará sua candidatura ao Governo do Estado. Será no próximo dia 30, às 14 horas, numa casa de eventos chamada Villa Reale, na Avenida dos Holandeses.

Mesmo considerando a imprevisibilidade, um fator a ser considerado em qualquer disputa eleitoral a dez semanas da corrida às urnas, e o fato, também relevante, de que oficialmente a campanha só começará em meados de agosto, é difícil imaginar que um candidato consiga reagir e atropelar três candidatos – um governador em busca da reeleição, um senador disposto a tudo para chegar lá e um azarão com ares populistas. É esse o desafio do ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr., que ainda busca um companheiro de chapa e também ainda não fechou com o candidato a senador escolhido pela cúpula do seu partido.

São Luís, 19 de Julho de 2022.

Deputados estaduais vão para a guerra eleitoral como argumento de que deram seus recados num mandato difícil

 

Os deputados Othelino Neto, Adelmo Soares, Ana do Gás, Antônio Pereira, Arnaldo Melo, Roberto Costa, Detinha, Adriano Sarney, neto Evangelista, César Pires, Daniella Tema, Mical Damasceno, Edivaldo Holanda, Yglésio Moises, Edson Araújo, Helena Duailibe, Leonardo Sá, Márcio Honaiser, Fábio Macedo, Marco Aurélio, Pastos Cavalcante, Paulo Neto, Rafael Leitoa, Rildo Amaral, Pará Figueiredo, Fábio Braga, Socorro Waquim, Vinícius Louro, Andrea Resende, Lages, Zé Inácio, Ciro Neto, Betel Gomes, Ricardo Rios, Thaíza Hortegal e Wellington do Curso  concorrerão à reeleição

Os 42 deputados estaduais do Maranhão irão nesta semana para o recesso parlamentar certos de que nos seis meses que lhes restam de mandato não mais viverão a rotina dos últimos três anos e meio. Sairão cientes de que emendarão o recesso oficial com um recesso “branco” da campanha eleitoral e de que, daqui há dois meses, o futuro de cada um deles será decidido nas urnas. Serão dez semanas muito difíceis, durante as quais travarão entre si e com os novos pretendentes às suas cadeiras uma verdadeira guerra pelo voto, tendo claro que nesse jogo, uma espécie de “vale tudo”, apesar das regras, “cobra fuma” e “vaca desconhece bezerro”. E o esforço para elegerem-se será agora um pouco mais complicado, já que não haverá coligações, devendo cada partido fazer o máximo de esforço político para embalar seus candidatos. Além disso, o cociente eleitoral aumentou, o que exigirá dos candidatos um pouco mais de empatia com o cidadão. As bolsas informais de apostas calculam que entre 50% e 60% dos atuais integrantes da Assembleia Legislativa renovarão seus mandatos, havendo previsões mais otimistas e mais pessimistas, como manda a tradição na seara política.

A atual Assembleia Legislativa vai entrar para a História, não como um parlamento excepcional, mas como uma Casa legislativa que, entre altos e baixos, deu conta do seu recado durante a pandemia do coronavírus, um dos momentos mais complicados e dramáticos da vida maranhense no último século. Se prevalecer o bom senso, nenhum eleitor excluirá esse dado da avaliação que fará dos atuais parlamentares na hora de decidir seu voto. Naquele período, em que o mundo vivia sua maior ameaça recente, e o Brasil se debatia entre a incompetência e a insanidade sanitária do Governo da República, a Assembleia Legislativa do Maranhão, liderada pelo deputado Othelino Neto (PCdoB), estabeleceu uma relação sensata e produtiva com o Poder Executivo liderado pelo governador Flávio Dino (então no PCdoB e hoje no PSB), que deu aos órgãos do Estado as condições legais e orçamentárias para a execução da mais eficiente e bem-sucedida política estadual de combate ao ataque avassalador do coronavírus, tendo o Maranhão o menor número de mortes, proporcionalmente, em todo o País. E com o fato de ter sido o primeiro parlamento do Norte e do Nordeste a implantar o inovador sistema de sessões remotas via internet.

Do ponto de vista político, a atual Assembleia Legislativa teve maioria governista, sintonizada com o Palácio dos Leões, mas com a vantagem de garantir sustentação a um bom Governo. Isso não impediu que a Casa debatesse intensamente problemas sociais e econômicos do Maranhão, principalmente porque esses foram agravados pela pandemia. Nesse ambiente, os líderes governistas tiveram de trabalhar muito para conciliar interesses dentro e fora da base situacionista. Minúscula, mas aguerrida, a oposição, formada por parte do que sobrou do Grupo Sarney, não deu trégua, fazendo o seu papel de fustigar o Governo, denunciar supostas irregularidades e tentar brecar as propostas legislativas encaminhadas ao parlamento pelo governador Flávio Dino. As situações mais tensas foram sempre mediadas pelo presidente Othelino Neto, que se esforçou para cumprir efetivamente, com bons resultados, a regra segundo a qual o comando da Casa é obrigado a tratar igualmente todos os deputados, independentemente de posições políticas e partidárias. As poucas queixas que surgiram nesse sentido não ganharam corpo e não se sustentaram.

Como é comum em todos os parlamentos, os períodos legislativos são marcados por desempenhos coletivos e por atuações individuais. No sentido coletivo, não há dúvida de que a atual Assembleia Legislativa fez a parte que lhe coube nesse mandato, incluindo a decisão mais recente: a redução do ICMS para os combustíveis, proposta pelo governador Carlos Brandão (PSB). No campo individual, foi clara a atuação de alguns parlamentares, que se destacaram nas ações de liderança – Othelino Neto, Marco Aurélio (PSB), Rafael Leitoa (PSB) e César Pires (PV) -, na produção legislativa – Yglésio Moises (PSB), Duarte Jr. (PSB) e Neto Evangelista (PDT) e Helena Duailibe (SD) -, nas articulações nos bastidores – Roberto Costa (MDB), Glaubert Cutrim (PDT), Zé Inácio (PT), Cleide Coutinho (PSB), Paulo Neto (DEM), Arnaldo Melo (PP), Hélio Soares (PL), Andreia Resende (PSB), Vinícius Louro (PL), Neto Evangelista e Ciro Neto (PDT) -, e no desempenho na tribuna, onde defenderam suas posições e pontos de vista – Wellington do Curso (PSDB), Yglésio Moises, César Pires, Roberto Costa, Fábio Braga (SD), Daniella Tema (PSB), Antônio Pereira (PSB), Thaísa Hortegal e Neto Evangelista. Outros deputados tiveram atuação efetiva nesses itens, e uns poucos só votaram com atuações muito discretas, quase não percebidas. Todos atuaram politicamente.

os deputados Duarte Jr. Cleide Coutinho, Carlinhos Florêncio, Zito Rolim, Rigo Teles, Felipe dos Pneus e Fernando Pessoa não concorrerão à reeleição

Vale registrar que vários desses parlamentares não estarão na disputa pela renovação do mandato. Duarte Jr. será candidato a deputado federal, Carlinhos Florêncio (PCdoB) tentará eleger o filho Florêncio Neto, Cleide Coutinho decidiu se aposentar e Rigo Teles (PL), Fernando Pessoa (PDT) e Felipe dos Pneus (PRTB) elegeram-se prefeitos de Barra do Corda, Tuntum e Santas Inês, respectivamente.

A expectativa é de que as urnas mandem para o plenário do Palácio Manoel Beckman uma composição pelo menos no nível da atual.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Lahesio e Aluísio estancam crise e anunciam convenção do PSC para 31 de Julho

Lahesio Bonfim e Aluísio Mendes fumaram o cachimbo da paz

A ação de bombeiros fez com que fosse estancada a crise dentro do PSC, onde o presidente regional, Aluísio Mendes, abriu as portas para que o candidato a governador, Lahesio Bonfim, fizesse uma trouxa e deixasse o partido. O sinal mais evidente da superação da crise veio à público nesse fim de semana, quando Lahesio Bonfim e Aluísio Mendes, divulgaram um vídeo convidando para a convenção do partido que oficializará sua candidatura ao Governo do Estado. As chamas da crise foram apagadas depois de vários dias de tensão dentro do PSC, causada pela iniciativa de Lahesio Bonfim de abraçar a pré-candidatura de Pastor Bell (Agir36) ao Senado, contrariando frontalmente a orientação do comando partidário no sentido de ele apoiar a pré-candidatura do senador Roberto Rocha (PTB) à reeleição. A reação do presidente do PSC ao gesto do candidato a governador causou estranheza no meio político. Isso porque Lahesio Bonfim é um nome que ganha peso na disputa pelo Palácio dos Leões, ocupando a terceira colocação, com chances reais de alcançar uma vaga no segundo turno, enquanto o senador Roberto Rocha parece distante da reeleição na disputa com o ex-governador Flávio Dino. Esse cenário provavelmente foi avaliado, medido e pesado, levando à conclusão de que seria um grave erro político tirá-lo do partido por esse motivo. Tanto que no vídeo Lahesio Bonfim e Aluísio se esforçam para mostrar que a crise ficou para trás.

 

Brandão entra forte nos Lençóis e Weverton faz festa em Balsas

Carlos Brandão incursionou na região dos lençóis e Weverton Rocha pediu votos em Balsas

O governador Carlos Brandão e o senador Weverton Rocha intensificaram suas pré-campanhas no final da semana. Carlos Brandão, que lidera a corrida, segundo as últimas pesquisas, foi à Região dos Lençóis, sendo alvo de um grande movimento em Barreirinhas, cujo prefeito, Amílcar Rocha, é seu aliado linha de frente, que está também alinhado à pré-candidatura do ex-governador Flávio Dino ao Senado. Weverton Rocha teve como ponto alto sua passagem por Balsas, onde foi recebido com um grande ato liderado pelo prefeito Eric Silva (PDT), que trabalha pela sua pré-candidatura, mas não segue sua orientação de apoiar o senador Roberto Rocha (PTB) para o Senado, tendo optado pelo projeto senatorial do ex-governador Flávio Dino, a quem recebeu há duas semanas com uma grande recepção política.

São Luís, 17 de Julho de 2022.

Corrida às urnas estimula uma “pré-campanha” para a Prefeitura de São Luís em 2024

 

Eduardo Braide pode enfrentar Duarte Jr., Edivaldo Jr. e Márcio Jerry na corrida à Prefeitura no pleito de 2024

A pré-campanha da disputa para o Governo do Estado está servindo também de preparação antecipada da disputa pela Prefeitura de São Luís em 2024. Todos os sinais emitidos até aqui indicam que nomes destacados da corrida majoritária e proporcional para as eleições de outubro têm como focos as suas eleições agora, mas motivados pela perspectiva de brigar pelo Palácio de la Ravardière daqui a dois anos, quando o prefeito Eduardo Braide, atualmente sem partido, certamente tentará renovar o mandato, e muito provavelmente entrando na corrida como favorito. O desenrolar da pré-campanha para as eleições deste ano tem mostrado três nomes se movimentando fortemente na direção da Prefeitura da Capital: o deputado estadual e candidato a deputado federal Duarte Jr. (PSB), o ex-prefeito de São Luís e pré-candidato a governador Edivaldo Holanda Jr. (PSD) e o deputado federal e candidato à reeleição Márcio Jerry (PCdoB). Com cacifes e motivações diferentes, mas com os pés fincados no tabuleiro político da Capital, essa quadra de nomes vai dar as cartas na disputa, que será uma das mais duras dos tempos recentes, a começar pelo fato de que à frente da máquina como candidato à reeleição estará um político hábil e de largo horizonte pela frente.

Dono de um faro político diferenciado e com capacidade de enxergar muito à frente, o prefeito Eduardo Braide traçou sua trajetória política com etapas muito claras com início, meio e fim. O início foi sua bem-sucedida passagem pela Assembleia Legislativa, onde pontificou como governista e depois na oposição ao governador Flávio Dino (PSB), fez o primeiro e malsucedido teste para a Prefeitura de São Luís em 2016, partindo em seguida para uma eleição de deputado federal com votação espantosa – quase 190 mil votos – e em seguida para o Palácio de la Ravardière, disputa na qual entrou favorito e saiu vitorioso. Essa fase-meio poderá ser completada com a reeleição de prefeito, resultado que, se alcançado, o credenciará para disputar o Governo do Estado em 2026 ou em 2030.

Até aqui, o seu adversário mais forte e ousado é o deputado estadual Duarte Jr. (PSB), pré-candidato a deputado federal nessas eleições e apontado por muitos como um dos nomes que certamente integrarão a bancada federal a ser eleita em outubro. Segundo na eleição de 2020, sendo o adversário de Eduardo Braide no segundo turno, o parlamentar dá todos os indicativos de que trabalha diuturnamente para fortalecer seu cacife político na corrida ao Palácio de la Ravardière. Duarte Jr. não ganhou a eleição, mas continuou em campanha em São Luís, não escondendo de interlocutores que seu objetivo é, primeiro, chegar à Câmara Federal, e na sequência brigar pela Prefeitura da Capital. Sua movimentação evidencia que nada o demoverá de entrar nessa disputa, independente do que venha ser o resultado da corrida ao Governo do Estado.

Ninguém duvida de que o ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr. está, de fato, na corrida ao Governo do Estado. Mas igualmente ninguém duvida de que, além desse objetivo, ele se movimenta visando se cacifar para, não se elegendo governador, tentar voltar a despachar no Palácio de la Ravardière, que ocupou por oito anos, eleito e reeleito nas asas do prestígio do então governador Flávio Dino e do seu grupo. Agora sem aqueles parceiros, os quais abandonou sem explicação lógica, o ex-prefeito faz uma caminhada quase solitária rumo ao Governo. Mas parece apostar que pode voltar à Prefeitura. O problema é que terá como adversário um prefeito bem diferente de um João Castelo desgastado que derrotou em 2012 e de um Eduardo Braide sozinho que o ameaçou em 2016.

O deputado federal Márcio Jerry é citado aqui e ali como uma opção válida e viável dentro do grupo liderado pelo ex-governador Flávio Dino. Político de grupo, com um histórico respeitável de militância coerente, e consolidado como o mais ativo de influente quadro do grupo dinista, Márcio Jerry desconversa quando é provocado sobre o assunto, mas quando aceita tratar o tema, diz que está pronto para a missão que o grupo lhe confiar, ou seja, se o grupo o escolher, ele irá para a luta. O trabalho que realizou como secretário das Cidades o aproximou muito do eleitorado de São Luís. Mas deixa claro que não é um projeto seu.

Os movimentos da campanha para as eleições de outubro evidenciarão mais ainda o fato de que está em curso uma pré-campanha para a Prefeitura de São Luís.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Cinco milhões de maranhenses estão aptos a votar em outubro

A urna eletrônica será, como há mais de três décadas, o caminho seguro das eleições no Brasil

Os candidatos a presidente da República, ao Governo do Maranhão, à vaga de senador, às 18 cadeiras na Câmara Federal e aos 42 assentos da Assembleia Legislativa disputarão os votos de 5.042.999 eleitores maranhenses no pleito de 2 de outubro. Com 749.873 eleitores, o que representa pouco mais de 14% do eleitorado estadual, São Luís consolida sua condição de maior colégio eleitoral entre os municípios maranhenses, o mesmo acontecendo no sentido inverso com Nova Iorque, que permanece como o menor colégio, com 3.959 eleitores aptos.

Os números do eleitorado brasileiro apto a votar este ano foram divulgados ontem pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). De acordo com o comunicado, o eleitorado brasileiro é 156.454.011 eleitores, o que corresponde a um aumento de 6,21% em relação ao eleitorado de 2018. Essa massa de eleitores encontra-se espalhada em 5.570 municípios, incluindo os 697.078 eleitores que votam em 181 cidades do exterior.

A votação vai ocorrer em 496.512 seções eleitorais distribuídas em 2.637 mil zonas eleitorais.

 

Novo eleitorado vai aumentar o cociente eleitoral para deputado federal e deputado estadual

Se todos os 5.042.999 eleitores maranhenses votarem, o cociente eleitoral para deputado federal será de 280 mil votos por vaga, ou seja, para eleger um deputado federal, o partido deverá reunir esse número de votos, sendo eleito o candidato que atingir sozinho o cociente eleitoral ou o mais votado da soma dos votos de todos os candidatos a deputado federal do partido.

Já para eleger um deputado estadual, o partido terá de alcançar 120 mil votos. E o processo é o mesmo: o candidato que alcançar o cociente sozinho entra direto, do contrário, será eleito o mais votado de uma chapa cuja soma dos votos de todos os candidatos da chapa alcançar o cociente eleitoral.

Vale lembrar que o cociente eleitoral é definido com base no número de votos válidos, excluídos a abstenção, os votos nulos e os votos em branco. A média de cocientes eleitorais no Maranhão tem sido bem menores, uma vez que os votos inválidos variam entre 20% e 30% em cada eleição.

São Luís, 16 de Julho de 2022.

Bolsonaro não deu trela para aliados políticos no Maranhão, mas também não recebeu muitos afagos

 

Em Bacabeira, momento de civilidade política: Jair Bolsonaro entre os prefeitos Fernanda Gonçalo e Hilton Gonçalo (Santa Rita) e apoiadores de Carlos Brandão

A visita do presidente Jair Bolsonaro (PL) a três municípios maranhenses – Imperatriz, Vitória do Mearim e Bacabeira -, produziu uma situação política absolutamente estranha e curiosa. Foi como se todo mundo fizesse de conta que nada aconteceu. O presidente ignorou solenemente os pré-candidatos a governador ligados à sua base – o senador Weverton Rocha (PDT) e o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes Lahesio Bonfim (PSC) -, declarou apoio apenas ao projeto de reeleição do senador Roberto Rocha (PTB), não fez provocações ao governador Carlos Brandão (PSB) nem ao ex-governador Flávio Dino (PSB), que lhe fazem oposição e lideram a corrida ao Governo e ao Senado, respectivamente, preferindo vender seu “pacote de bondades eleitoreiras”, para tentar pelo menos diminuir a surra de votos prenunciada pelas pesquisas. Seus adversários não reagiram à sua passagem pelo território maranhense, respeitando sua chefia sobre a Federação. A atitude do presidente de cuidar apenas do seu projeto de reeleição fez com que, no geral, os políticos que o apoiam – entre eles a prefeita de Lago da Pedra, Maura Jorge, que se vestiu de verde do pescoço aos pés, e a deputada Mical Damasceno (PSD), que se cobriu de amarelo -, tenham reagido com moderação.

Vale registrar que o presidente Jair Bolsonaro visitou Imperatriz atendendo a pedido de pastores-líderes da Assembleia de Deus, ali reunidos em convenção; esteve em Vitória do Mearim por se tratar de território político do senador Roberto Rocha – uma tia dele foi prefeita de lá até 2020; e foi a Bacabeira ver o que restou do projeto da Refinaria Premium da Petrobrás lançado pelo presidente Lula da Silva e desfeito perla presidente Dilma Rousseff (PT). O que foi dito oficialmente foi conversa para boi dormir.

Esse ambiente de cautela, se analisado com um pouco mais de atenção, é claramente explicado pela baixa popularidade do presidente da República no Maranhão, conforme registraram todas as pesquisas feitas até aqui sobre a corrida eleitoral no estado e no País. Jair Bolsonaro sabe que, mesmo com o “Auxílio Brasil” e a forçada de barra sobre os governadores, em especial os nordestinos, ele dificilmente vencerá a disputa com Lula da Silva (PT) no Maranhão. A diferença é abissal, o sentimento contra Jair Bolsonaro é latente, o que torna seus apoiadores entusiasmados um grupo pouco expressivo no cenário político estadual, e faz com que a possibilidade de reverter esse cenário seja quase nula. Sua vinda ao Maranhão é parte de uma estratégia de tudo ou nada para reverter a situação, ou pelo menos atenuar sua posição nesse contexto. Ao mesmo tempo, o presidente sabe que alguns apoiadores preferiram não aparecer do seu lado, para não correr risco de rejeição eleitoral. Ele também provavelmente preferiu não aparecer ao lado de alguns aliados, temendo queimação.

Chamou a atenção o fato de o deputado federal Josimar de Maranhãozinho, que preside o PL no Maranhão, não ter comparecido ao ato de Imperatriz. Estava em Brasília votando na PEC, na quarta-feira, mas nada o impediu de estar em Vitória do Mearim e Bacabeira. Simpatizantes do presidente Jair Bolsonaro, que fazem oposição circunstancial ao governador Carlos Brandão, tentaram “dourar” a incursão pré-eleitoral do presidente no Maranhão apontando aliados do Governo do Estado em eventos da visita presidencial. Não há, porém, notícia de que algum deles tenha declarado apoio político e eleitoral ao presidente, que, até onde se sabe, também nada lhes pediu em matéria de apoio político e eleitoral.

Resumo da opereta: o presidente Jair Bolsonaro veio ao Maranhão em busca de resolver o seu problema político e eleitoral, e não injetar ânimo em aliados, que, como ele próprio sabe, enfrentam sérios problemas para deslanchar, a começar pelo fato de que muitos deles querem distância do seu nome nas suas campanhas.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Weverton confirma aliança com bolsonarismo e endossa projeto contra Dino

Weverton Rocha: apoio de Jair Bolsonaro

O senador Weverton Rocha, pré-candidato ao Governo pelo PDT, não ciceroneou o presidente Jair Bolsonaro no Maranhão, mas tem confirmado que de fato tem uma aliança com o bolsonarismo. Tanto que declarou, com toda a clareza, o que todo mundo já suspeitava e ele inicialmente negou, mas depois foi admitindo a conta-gotas: não assinou a CPI do MEC por conveniência política. Quando perguntado sobre sua relação com o bolsonarismo, o senador recorre ao argumento que usa o pragmatismo na sua versão mais extremada, o de que ele não tem candidato a presidente, de modo que se eleito for estará no dia seguinte batendo às portas do Palácio do Planalto para pedir recursos para o Maranhão. O pré-candidato do PDT sabe que não é exatamente isso que está acontecendo. O partido dele, o PDT, tem um candidato, Ciro Gomes, ao qual ele até hoje não deu qualquer importância. Ele tentou o apoio de Lula da Silva, mas não deu certo, porque o PT fez aliança com o PSB e optou por apoiar Carlos Brandão ao Governo e Flávio Dino ao Senado. Weverton Rocha agora é apoiado por todas as forças bolsonaristas e diz que não tem o compromisso de apoiar a candidatura do presidente, mesmo tendo como vice o deputado Hélio Soares, do PL, sem dizer também que não tem compromisso de se posicionar contra a candidatura presidencial. Só que a postura do presidente Jair Bolsonaro de ignorar pré-candidatos a governador sinalizou claramente que o Palácio do Planalto está usando o senador pedetista para viabilizar o único projeto eleitoral que interessa ao presidente da República no Maranhão: impedir a eleição de Flávio Dino reelegendo o senador Roberto Rocha. Isso significa dizer que até aqui o seu projeto não vai nada bem.

 

Dino avalia que “pacote de bondades” não recuperará Bolsonaro

Flávio Dino diz que Jair Bolsonaro é irrecuperável e vai perder a eleição

Do ex-governador Flávio Dino, pré-candidato ao Senado pelo PSB, uma das vozes mais duras e ao mesmo tempo mais sensatas, no mundo oposicionista, ao comentar a incursão do presidente Jair Bolsonaro (PL) a municípios maranhenses anunciando seu “pacote de bondades” de curta duração:

“Os mesmos que preveem a ‘recuperação de Bolsonaro’ desde 2019, sem que isso ocorra, estão prevendo-a novamente, por força de benefícios temporários e limitados. Não vejo assim. Creio que ele é irrecuperável e perderá a eleição”.

Com militância política diuturna desde que assumiu o Governo do Maranhão em 2015, Flávio Dino tem autoridade política e competência analítica para avaliar com precisão e acerto qualquer situação política no Brasil atual. Sabe, portanto, o que está dizendo quando escreve que o presidente Jair Bolsonaro é irrecuperável.

São Luís, 15 de Julho de 2022.

Por aliar-se a Pastor Bell, Lahesio pode perder a vaga do PSC, que exige apoio a Roberto Rocha

 

Lahesio Bonfim é ameaçado por Aluísio Mendes de perder vaga do PSC por não apoiar Roberto Rocha

Eclodiu de vez a crise anunciada na relação do ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim, com o presidente do PSC, partido pelo qual é candidato a governador, deputado federal Aluísio Mendes. O dispositivo da eclosão foi acionado pelo fato de Lahesio Bonfim haver firmado uma aliança informal com Pastor Bell, pré-candidato ao Senado pelo Agir36, contrariando frontalmente a orientação do PSC, que é apoiar o projeto de reeleição do senador Roberto Rocha (PTB), como quer o presidente Jair Bolsonaro (PL). Lahesio Bonfim postou nas redes sociais um vídeo em que apoia a pré-candidatura do Pastor Bell porque “ele não tem vergonha de andar comigo”. Apoiador do senador petebista, o deputado Aluísio Mendes reagiu com dureza, decidindo que, caso Lahesio Bonfim não entre de cabeça na pré-campanha do senador Roberto Rocha e continue apoiando a pré-candidatura de Pastor Bell, poderá perder a vaga de candidato a governador pelo PSC. Se isso ocorrer, Lahesio Bonfim terá de sair da disputa, pois não haverá como mudar de partido. Levará com ele a possibilidade de uma participação importante do PSC na disputa pelos Leões.

Não é a primeira vez que Lahesio Bonfim entra em rota de colisão com Aluísio Mendes, que tem o controle absoluto do PSC no Maranhão. Há algumas semanas, já confirmado pré-candidato do partido ao Governo do Estado, Lahesio Bonfim, ao ser provocado numa emissora de rádio, a respeito da decisão tomada pelo presidente do PSC de apoiar o projeto de reeleição do senador Roberto Rocha, disse que o presidente Aluísio Mendes “não fala em meu nome”. Ato contínuo, Aluísio Mendes avisou que permanência de Lahesio Bonfim no partido estava sob risco. A reação de Aluísio Mendes em relação ao fato de Lahesio Bonfim pedir votos junto com Pastor Bell foi mais explícita, com indicação clara de que o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes pode ter de deixar o partido se não apoiar o senador Roberto Rocha.

A situação pode ter desdobramentos politicamente graves no PSC. A começar pelo fato de que, apesar da posição do partido, Lahesio Bonfim dificilmente abraçará a pré-candidatura de Roberto Rocha, com quem não cultiva boas relações. Os dois andaram se bicando quando procuravam partido. Lahesio Bonfim se filiou ao PTB e anunciou que seria candidato a governador pelo partido. De olho na legenda, o senador Roberto Rocha convenceu a direção nacional do PTB a entregar-lhe o comando do partido no Maranhão. Atuou numa operação avalizada pelo comando bolsonarista nacional, atropelando, além do ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, a deputada Mical Damasceno, que presidira o partido por alguns meses, durante o período em que chefe maior petebista, Roberto Jefferson, exemplar destacado da extrema-direita bolsonarista, esteve na cadeia. Roberto Jefferson entregou o partido para o senador.

Ao se filiar ao PSC, Lahesio Bonfim não assumiu o compromisso de apoiar o projeto de reeleição do senador Roberto Rocha, mas também não fixou a posição de não o apoiar, dando origem a uma situação de indefinição.  Ao decidir que o PSC se aliaria ao senador petebista, o presidente Aluísio Mendes estabeleceu que todos os pré-candidatos majoritários e proporcionais teriam de apoiar Roberto Rocha. Lahesio Bonfim não engoliu a ordem e decidiu fazer campanha com Pastor Bell, contribuindo decisivamente para a eclosão da crise que poderá resultar na sua saída dele da disputa pelo Governo do Estado por causa do senador Roberto Rocha.

Chama a atenção o fato de que, por causa da pré-candidatura de um senador a uma reeleição muito difícil – para alguns sem futuro -, o comando do PSC ameace um candidato a governador que está em terceiro lugar, e que já ameaça o segundo colocado – o senador Weverton Rocha (PDT) – com potencial para crescer e chegar ao segundo turno. Uma equação que só faz sentido porque atende aos interesses do presidente Jair Bolsonaro no Maranhão, sendo o principal deles impedir de qualquer maneira a eleição do ex-governador Flávio Dino para o Senado.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Brandão ajusta gastos do Governo à perda de receita do ICMS

Carlos Brandão comanda ajustes no Governo por perda de receita de ICMS

O governador Carlos Brandão (PSB) deflagrou uma operação administrativa para ajustar seu Governo à nova realidade financeira causada pela perda de receita de ICMS causada pela mudança na política de preço dos combustíveis. Ontem, ele reuniu os secretários mais diretamente ligados com a situação, entre eles os da Fazenda e do Planejamento, para orientá-los no sentido de fazer um exame detalhado e cuidadoso da nova situação fiscal do Estado, para que os ajustes possam ser feitos sem afetar o funcionamento da máquina administrativa nem o andamento das obras já iniciada e o início das já programadas. A tarefa de fazer os ajustes será realizada pelo secretário de Planejamento, Luís Fernando Silva, com o acompanhamento direto do governador, que faz questão de manter a gestão estadual sob seu total controle. A ordem é não permitir que qualquer serviço prestado pelo Governo do Estado sofra redução por causa da queda na receita de ICMS.

 

Imperatriz: apoiadores aplaudem Bolsonaro e vaiam Assis Ramos

Imperatriz: Jair Bolsonaro recebido por Assis Ramos, que foi duramente vaiado

A visita do presidente Jair Bolsonaro (PL) a Imperatriz, ontem, ocorreu dentro do previsto. Ele atraiu uma multidão, liderou a “motociata” – muitos motociclistas receberam um tanque de gasolina de presente para participar. Ele fez o discurso padrão, criticou o sistema eleitoral, defendeu a política armamentista, estocou o Judiciário, elogiou seus aliados no estado, em especial o senador Roberto Rocha, que foi afagado pelos apoiadores do presidente. Mas o que mais marcou a passagem do presidente da República por Imperatriz foram as estrondosas vaias dedicadas ao prefeito   Assis Ramos. Um bolsonarista moderado disse à Coluna que Imperatriz nunca havia assistido uma manifestação de rejeição como a que o prefeito Assis Ramos foi brindado ontem, na presença do presidente da República.

São Luís, 14 de Julho de 2022.

 

Para avançar na corrida aos Leões, Edivaldo Jr. terá de travar e vencer duelo direto com Lahesio Bonfim

 

Edivaldo Jr. terá de disputar a terceira posição com Lahesio Bonfim, que é o terceiro

Pouco mais de quatro meses atrás, quando o senador Roberto Rocha, então sem partido, ainda não havia decidido se disputaria a reeleição ou o Palácio dos Leões, e por isso era incluído na relação dos pré-candidatos a governador, a Coluna previu que, caso ele optasse pelo Governo estadual, teria de travar uma guerra particular com o ex-prefeito de São Luís, Edivaldo Holanda Jr. (PSD). Naquele momento, os dois encontravam-se enroscados no patamar que vai de 9% a 12% de intenção se voto, enquanto o ainda prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim, que corria atrás de um partido depois de ter deixado o PSL e levado um bolo do PTB, ainda pelejava na faixa de 4% a 6% de intenção de voto. Roberto Rocha caiu fora da guerra sucessória, Lahesio Bonfim ganhou gás e avançou, e Edivaldo Jr. estacionou, permanecendo até agora estancado no mesmo patamar, dando margem para especulações nada positivas a respeito do seu futuro nessa corrida ao comando político e administrativo do Maranhão.

No meio político, vem aumentando o número dos que já duvidam que ele consiga reagir e reunir condições políticas e eleitorais para virar o jogo. Os que pensam assim só enxergam um caminho na briga para disputar o segundo turno, provavelmente com o governador Carlos Brandão (PSB), caso a fatura não seja liquidada já no primeiro: travar uma disputa direta com Lahesio Bonfim. Se vier a ocorrer, o resultado de tal confronto será absolutamente imprevisível. Ambos são jovens, ambiciosos, com lastros diferentes, mas concretos o suficiente para serem apresentados como argumento de campanha.

Com dois mandatos de vereador por São Luís, meio mandato de deputado federal e dois mandatos integrais de prefeito da Capital, cidade com mais de 1 milhão de habitantes, que recebeu quebrada e entregou inteira e relativamente bem cuidada, com as finanças em dia e sem um caso grave de corrupção, Edivaldo Jr. reuniu credenciais suficientes para se colocar na lista de pretendentes ao Governo do Maranhão. Por uma série de erros políticos, que resultou no seu isolamento, ele se tornou candidato de si mesmo, fazendo uma pré-campanha sem brilho, pouco agressiva, causando em alguns a impressão de que está apenas esquentando seus motores para disputar a Prefeitura de São Luís em 2024. Há quem diga que o pré-candidato do PSD já teria avaliado essa situação e estaria se preparando para revertê-la. E isso significa, primeiro, travar um duelo de “vida ou morte” com Lahesio Bonfim, para alcançar o senador Weverton Rocha (PDT), segundo colocado na fase prévia da disputa.

O problema é que o primeiro adversário a ser retirado do caminho é exatamente o que o retirou. O médico e ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, cidade com apenas 4,7 mil habitantes, Lahesio Bonfim não é páreo fácil. Ambicioso, faz uma campanha agressiva e com um discurso voltado para as massas, pontilhado de frases de efeitos, e demonstrando muita disposição para a briga. Ousado, “invadiu” São Luís, ciceroneado pelo respeitado vereador Gutemberg Araújo (PSC), decidiu “ignorar” o ex-prefeito e agora vem disparando petardos na direção do senador Weverton Rocha, para quem começa a ganhar forma de ameaça. Não vai entregar o terceiro lugar de mão beijada.

Edivaldo Jr, sabe que terminar essa corrida em quarto lugar, estancado no patamar dos dez pontos percentuais e ficando atrás do ex-prefeito de um município com população menor do que a da maioria dos bairros de São Luís será um duro golpe na sua carreira. Sabe também que dificilmente reverterá o jogo se não desafiar seus concorrentes para um embate de ideias, que até aqui tem sido dos mais pobres em matéria de propostas. A essas alturas, já deve ter plena consciência de que só terá vez se colocar na corrida pelo voto uma versão mais e aguerrida e agressiva do “bom moço” que esteve por oito anos no Palácio de la Ravardière.

Em um aspecto a disputa será mais intensa: Edivaldo Jr. e Lahesio Bonfim disputam o eleitorado evangélico.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Brandão retoma pré-campanha com força

Carlos Brandão: entusiasmado com o Governo e com a pré-campanha

O governador Carlos Brandão (PSB) retomou com força sua pré-campanha à reeleição. Desde que retornou de São Paulo, no sábado, após a revisão da cirurgia, cujo diagnóstico foi totalmente positivo, o chefe do Governo intensificou sua agenda de compromissos, que incluiu ontem uma visita a Paço do Lumiar, onde inspecionou obras da sua gestão, acompanhado da prefeita Paula da Pindoba (PCdoB). Depois do período de mais de 40 dias em que esteve ausente, tempo em que seus concorrentes aproveitaram para tentar ocupar o espaço vazio que deixou na pré-campanha, Carlos Brandão retomou as incursões políticas, exibindo otimismo crescente em relação ao seu projeto de reeleição. Isso porque, além das pesquisas convencionais de intenção de voto, ele também conta com levantamentos qualitativos, nos quais ele e sua gestão são avaliados. O seu principal concorrente, senador Weverton Rocha (PDT), percebeu que o retorno do governador agitou a ciranda da pré-campanha eleitoral e intensificou sua maratona de visitas ao interior.

 

Atuação política forte e São João bem-sucedido abrem caminhos para Paulo Victor

Elogiado até por Roseana Sarney, Paulo Victor abre horizontes na política

Poucos políticos no Maranhão atual vivem o estado de graça que vem embalando os dias do vereador, presidente eleito da Câmara Municipal de São Luís e atual secretário de Estado da Cultura Paulo Victor (PCdoB). Ele se elegeu bem em 2020, superando expectativas, e elegeu-se presidente da Câmara Municipal de São Luís por aclamação, depois de uma impressionante maratona de articulações quando não deixou espaço para nenhum concorrente. Não bastasse isso, atendeu a convocação do governador Carlos Brandão, assumiu a Secretaria de Estado da Cultura e, apesar de alguns percalços, realizou um São João para ninguém botar defeito, arrancando elogios até mesmo de adversários do Governo. Fica no cargo até dezembro, quando retornará ao mandato para assumir o comando da vereança da Capital. Há quem diga que tem planos ambiciosos para 2024 e 2026.

São Luís, 13 de Julho de 2022.

Assassinato político mostra a indiferença da maioria da bancada federal às ações que ameaçam a democracia  

 

Flávio Dino tem mantido o discurso crítico contra movimentos antidemocráticos de Jair Bolsonaro

O assassinato a tiros de um militante do PT em Foz do Iguaçu por um bolsonarista, com todos os indícios de que foi motivado por intolerância política, chocou o País e parece ter acordado grande parte da classe política para o clima de tensão que começa a ganhar corpo na fase inicial da corrida às urnas. Todas as evidências apontam o projeto de poder do presidente Jair Bolsonaro (PL) como a fonte das ações que desenham o ambiente instável e tenso em que se dará a campanha eleitoral. O presidente criou e tenta alimentar o factóide contra as urnas eletrônicas, incentiva seus partidários a manterem o discurso político do ódio e prega indiretamente a violência quando estimula partidários a se armarem. Até ontem o posicionamento crítico em relação a essa realidade estava restrito a poucas vozes, sendo a principal, delas a do ex-governador Flávio Dino (PSB), que mantém inalterado o seu discurso de oposição ao presidente Jair Bolsonaro. A brutalidade política que resultou no assassinato do militante petista levou o governador Carlos Brandão (PSB), o senador Weverton Rocha (PDT), a senadora Eliziane Gama (Cidadania), e vários deputados federais a se manifestarem nas redes sociais condenando a estupidez política que ameaça a normalidade do processo eleitoral e a própria democracia.

As reações de líderes maranhenses ao caso de Foz do Iguaçu foram positivas e oportunas, isso não se questiona. Ao mesmo tempo, é óbvio, são posicionamentos relativamente tardios em relação ao cenário nacional de tensão e instabilidade, cujo rascunho foi iniciado no momento em que o presidente Jair Bolsonaro começou sua catilinária contra as urnas eletrônicas e iniciou o incentivo à formação de milícias armadas. Tal situação foi evidenciada no discurso do presidente na célebre reunião ministerial de 2020, na qual ele defendeu claramente os pilares de uma guerra civil no País e ganhou forma no ensaio de golpe de 7 de Setembro de 2021 e agora ameaça desestabilizar o processo eleitoral.

No Senado, apenas a senadora Eliziane Gama tomou posição clara em relação a esses problemas. O senador Weverton Rocha registrou sua indignação com o episódio, mas passou seus primeiros três anos e meio na Câmara Alta mergulhado numa surpreendente indiferença em relação à política armamentista do presidente da República, como também não se posicionou de maneira consistente em relação aos questionamentos ao sistema de votação do País, mantendo uma “neutralidade” inexplicável diante das manifestações golpistas do presidente Jair Bolsonaro e seu entorno. O mesmo acontece com o senador Roberto Rocha (PTB), com o diferencial de ser ele partidário do presidente da República, o que o torna indiferente à agressiva política armamentista, às “boiadas” para tornar a Amazônia terra de ninguém, além, é claro, do uso das Forças Armadas para respaldar o seu perigoso nhenhenhém contra as urnas eletrônicas. O seu silêncio o coloca no banco comum dos que consentem se calando.

Com exceção dos deputados Bira do Pindaré (PSB), Márcio Jerry (PCdoB), Rubens Jr. (PT), Zé Carlos Araújo (PT), quase nenhum outro parlamentar externou, em discurso ou entrevista, alguma preocupação com relação aos impulsos autoritários do presidente Jair Bolsonaro, a começar pelo fato de que grande parte da bancada é vinculada ao Centrão. Os deputados Josimar de Maranhãozinho (PL), Júnior Lourenço (PL), Pastor Gildenemyr (PL), Marreca Filho (Patriotas), Juscelino Filho (União Brasil), Josivaldo JP (PSC), André Fufuca (PP), Gil Cutrim (Republicanos) e Cléber Verde (Republicanos), todos alinhados ao senador Weverton Rocha, parecem concordar com os projetos e as iniciativas do presidente Jair Bolsonaro para desestabilizar a democracia, usando para isso o anacrônico e surrado “temor” de que o Brasil se torne “um país comunista”.

De maneira igualmente enfática, mas fora da esfera de influência do senador pedetista, os deputados Aluísio Mendes (PSC) e Edilázio Jr. (PSD) apoiam as ações e o discurso do presidente da República, atuando como aliados fiéis, também usando o anticomunismo como argumento. Já os pré-candidatos a governador Lahesio Bonfim (PSC) e Edivaldo Holanda Jr. (PSD), ao contrário dos seus chefes partidários, mantêm silêncio sepulcral sobre o assunto, como se vivessem em outro país e nada tivessem a ver com o risco a que está submetida a democracia brasileira. Na mesma linha de indiferença estão situados os deputados Hildo Rocha (MDB), João Marcelo (MDB) e Pedro Lucas Fernandes (União Brasil).

O fato é que a crise está rascunhada e começa a ser desenhada, criando no País um clima de incerteza. Esse ambiente poderia ser menos tóxico se as vozes que representam os maranhenses no Congresso Nacional se levantassem contra a ameaça em curso.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Ida de Bolsonaro a Imperatriz reforça Weverton e Roberto Rocha

Pastor Cavalcante anunciou a ida de Jair Bolsonaro a Imperatriz nesta quarta

Se confirmada a informação do deputado estadual Pastor Cavalcante (PSD), o presidente Jair Bolsonaro (PL) desembarcará nesta quarta-feira (13) em Imperatriz, para participar da 35ª Assembleia Geral Ordinária da Convenção dos Ministros das Igrejas Evangélicas Assembleias de Deus. Trata-se, óbvio, de um evento de natureza religiosa, mas ganhará uma conotação fortemente política ao receber o chefe da Nação que está em pré-campanha aberta em busca da reeleição. O presidente Jair Bolsonaro já teve o apoio da grande maioria dos eleitores evangélicos, mas essa vantagem vem diminuindo fortemente com a mudança de correntes na direção da pré-candidatura do ex-presidente Lula da Silva. Imperatriz é um bastião bolsonarista, que lhe deu maioria de votos em 2018. Mas é também espaço de uma população politicamente mesclada, onde o líder petista também conta com apoiadores determinados. Ao atender ao convite dos líderes da Assembleia de Deus, deslocando-se para a Princesa do Tocantins, o presidente Jair Bolsonaro mostra que está correndo sério risco de ser mandado para casa e por isso tenta reforçar sua posição com aliados. Ao mesmo tempo, essa visita à Região Tocantina reforça a posição do senador Weverton Rocha (PDT) no município, onde ele já é bem situado, e a do senador Roberto Rocha (PTB), que é a expressão maior do bolsonarismo naquela região. O evento, se acontecer mesmo, certamente levará o governador Carlos Brandão a fazer um contraponto, levando Lula da Silva à região.

 

Imagens coladas mostram as diferenças da disputa em curso no Maranhão

Felipe Camarão e Hélio Soares: imagens acabadas das forças em disputa no MA

A fotomontagem, que circula desde ontem nas redes sociais, mostra com nitidez as diferenças que separam ex-secretário de Educação Felipe Camarão (PT), pré-candidato a vice-governador na chapa do governador Carlos Brandão (PSB), do deputado estadual Hélio Soares (PL), pré-candidato a vice-governador na chapa do senador Weverton Rocha (PDT).

Felipe Camarão veste camisa vermelha com a estampa de Lula da Silva como símbolo maior do PT, e de longe o maior e mais importante nome de um espectro que vai do centro à chamada esquerda democrática, que tem força de gigante no Maranhão, onde se elegeu presidente duas vezes com esmagadora maioria de votos. Jovem e de reconhecida competência como gestor público, é a imagem acabada da renovação que está em curso na política maranhense.

Hélio Soares, um político já maduro, com a carreira marcada por altos e baixos, aparece um pouco mais comedido, mas visivelmente empolgado ao estampar a esfinge do presidente Jair Bolsonaro (PL), esforçando-se na tentativa de virar o jogo no estado, ou pelo menos reduzir a diferença que está sendo pronunciada nas pesquisas. Homem de confiança de Josimar de Maranhãozinho, Hélio Soares é a imagem das forças conservadoras que farão a dobradinha Weverton/Bolsonaro no Maranhão.

São Luís, 12 de Julho de 2022.

Pré-candidatos a governador vão para as convenções com forças políticas definidas entre Lula e Bolsonaro

 

Casrlos Brandão, Weverton Rocha, Hertz Dias e Enilton Rodrigues têm chapas prontas; Edivaldo Jr., Lahesio Bonfim e Simplício Araújo não montaram chapas

À medida em que se aproxima o período das convenções partidárias para as eleições de outubro, ganha corpo a previsão de que a corrida ao Palácio dos Leões se dará dentro da polarização da disputa presidencial entre o ex-presidente Lula da Silva (PT), que segundo pesquisas têm a esmagadora preferência do eleitorado maranhense, e do presidente Jair Bolsonaro (PL), que se desdobra para viabilizar seu projeto de reeleição com boa votação no Maranhão. Sem nenhuma exceção, as forças políticas maranhenses estão divididas em frentes partidárias lideradas pelos candidatos a governador, também com forte influência dos candidatos a senador. De um lado, o governador Carlos Brandão (PSB), o seu companheiro de chapa Felipe Camarão (PT) e o seu candidato ao Senado, o ex-governador Flávio Dino (PSB) comandam uma grande frente partidária reunindo a maioria das siglas de esquerda, engajada na pré-candidatura do ex-presidente Lula da Silva. Do outro lado, o senador Weverton Rocha (PDT), tendo como vice o deputado estadual Hélio Soares (PL), comanda uma frente de partidos que expressam o espectro da direita no Maranhão, tendo o senador Roberto Rocha (PTB) como candidato à reeleição e o presidente Jair Bolsonaro, que tenta renovar o mandato.

Articulada pelo ex-governador Flávio Dino ao longo dos sete anos em que comandou o Governo, a frente partidária que dá sustentação ao projeto de candidatura do governador Carlos Brandão a reeleição começa pelo seu próprio partido, o PSB, seguido do PT, PCdoB, Cidadania, PP, PPV e  PSDB, levando ainda siglas menores como Democracia Cristã, além de fatias expressivas do União Brasil, que está dividido ao meio, e do Republicanos. Nessa grade partidária deve ingressar informalmente o MDB. Esses partidos formam a base da chapa majoritária encabeçada pelo governador Carlos Brandão, tendo o ex-governador Flávio Dino como pré-candidato ao Senado e caminham para apoiar a candidatura do ex-presidente Lula da Silva. Nessa seara, as forças que não votam com o líder petista são o PP, que apoia Carlos Brandão e Flávio Dino, mas marcha em apoio ao projeto de reeleição do presidente Jair Bolsonaro, como é o caso também de grandes fatias do União Brasil e do Republicanos.

Ainda no âmbito da esquerda, com o ex-presidente Lula da Silva estão também o Solidariedade – de centro-esquerda -, que não soma com o projeto de reeleição do governador Carlos Brandão porque tem o suplente de deputado federal Simplício Araújo como pré-candidato ao Governo do Estado, mas apoiam o projeto senatorial do ex-governador Flávio Dino. E o PSOL, que apoia o líder petista, mas tem candidato próprio ao Governo do Estado, Enilton Rodrigues. O PSTU, por sua vez, está fora, pois tem Hertz Dias candidato a governador e Vera Lúcia como candidata a presidente.

No contraponto, com exceção do PSC, que tem Lahesio Bonfim como pré-candidato a governador, e do PSD, que disputa o Governo do Estado com Edivaldo Holanda Jr., as forças de direita se mobilizaram em torno do projeto de candidatura do senador pedetista Weverton Rocha (PDT) e da pré-candidatura do senador Roberto Rocha (PTB) à reeleição. Não está claro se Weverton Rocha e Roberto Rocha formalizarão a aliança já declarada. O fato concreto é que eles caminham para as urnas embalados por uma frente formada pelo PDT – que desconhece totalmente a pré-candidatura do pedetista Ciro Gomes à presidência da República -, pelo PL, que indicou o vice Hélio Soares, pelo PTB, PROS e parte do União Brasil e do Republicanos, além de siglas inexpressivas. Essas forças se articulam para fortalecer o projeto de reeleição do presidente Jair Bolsonaro.

Pelo que vai se desenhando até aqui, o quadro parece definitivo, mesmo com a possibilidade de mudanças pontuais. Em princípio, todas essas agremiações partidárias realizarão suas convenções até o final deste mês, de modo a que estejam prontas para a campanha eleitoral propriamente dita, que será iniciada em meados de agosto.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Nem todos os candidatos a governador definiram vice e senador

Enquanto Carlos Brandão, Weverton Rocha, Enilton Rodrigues e Hertz Dias caminham para as convenções com chapas definidas, Lahesio Bonfim, Edivaldo Holanda Jr. e Simplício Araújo ainda não montaram inteiramente as suas chapas.

Lahesio Bonfim já declarou apoio ao projeto de reeleição do senador Roberto Rocha (PTB), mas ainda não bateu martelo sobre seu vice, que poderá ser o vereador Gutemberg Araújo (PSC). Edivaldo Holanda Jr. também ainda não escolheu seu vice nem o seu candidato a senador, embora seu partido, o PSD, já tenha declarado apoio ao senador Roberto Rocha. Por sua vez, o ex-prefeito de São Luís, Edivaldo Holanda Jr., cujo partido, o PSD, declarou apoio ao senador Roberto Rocha, parece estar livre para apoiar, pessoalmente, a candidatura do ex-governador Flávio Dino ao Senado, ou ficar neutro nesse item, o que parece improvável numa disputa desse nível. Finalmente, Simplício Araújo já marcou sua convenção, tem decidido o seu apoio ao projeto senatorial do ex-governador Flávio Dino, mas até agora não falou em vice.

 

Eleição do governador vai definir o futuro da Famem

 Erlânio Xavier e Fábio Gentil: pelo controle da Famem

Uma guerra não declarada está em curso pelo comando da Federação dos Municípios do Maranhão (Famem), e seu desfecho será o primeiro grande desdobramento político da disputa para o Governo do Estado. Se o governador Carlos Brandão vencer a eleição, é quase certo que o prefeito de Caxias, Fábio Gentil (Republicanos), será candidato à presidência da entidade municipalista, com todas as chances de desbancar o PDT, que hoje comanda a entidade pelas mãos do prefeito de Igarapé Grande, Erlânio Xavier, chefe da campanha do senador Weverton Rocha. Se o eleito for Weverton Rocha, o controle da entidade permanecerá com o seu partido, podendo eleger quem ele vier a indicar para substituir Erlânio Xavier, que segundo corre nos bastidores, será homem forte no governo pedetista.

São Luís, 10 de Julho de 2022.

Pesquisa Escutec dá vantagem à Brandão, mas prevê um segundo turno com desfecho imprevisível

 

Carlos Brandão tem vantagem no primeiro turno, mas Weverton Rocha endurece jogo no segundo turno

Se a eleição para o Governo do Maranhão ocorresse agora, o governador Carlos Brandão (PSB) e o senador Weverton Rocha (PDT) seriam escalados pelo eleitor para disputar um segundo turno, o primeiro com uma vantagem de cinco pontos percentuais sobre o segundo. Mas trouxe também um contraponto importante: os dois praticamente empatam no segundo turno, o que tornaria o resultado final rigorosamente imprevisível.

Foi esse o cenário encontrado pela nova pesquisa Escutec, divulgada ontem: Carlos Brandão iria para o segundo turno com 27% dos votos, seguido de Weverton Rocha com 22%. Na sequência, estariam Lahesio Bonfim (PSC) com16%, Edivaldo Jr. (PSD) com 11%, Simplício Araújo (SD) com 2% e Enilton Rodrigues (PSOL) e Hertz Dias (PSTU) com 1% cada. Os que não votariam em nenhum deles e poderiam anular o voto ou votar em branco seriam 11%, enquanto 9% se mostrariam indecisos, não sabendo ou não querendo responder. O quadro é basicamente o mesmo da pesquisa divulgada pelo Escutec três semanas atrás, na qual Carlos Brandão apareceu com 27%, Weverton Rocha com 22% e Lahesio Bonfim com 16% das intenções de voto.

A pólvora trazida pelo levantamento do Escutec está no desfecho do segundo turno. Numa disputa eventual entre os dois, Carlos Brandão venceria Weverton Rocha por 34% contra 33%, um resultado absolutamente tênue, mesmo levando em conta o fato de que 1% do eleitorado maranhense significa um contingente de 46 mil eleitores. Aplicada a margem de erro de 2,19 pontos percentuais para mais ou para menos, é difícil garantir quem seria de fato eleito em zona tão cinzenta.

Levando em conta apenas as pesquisas realizadas pelo instituto Escutec para o portal imirante.com em fevereiro e junho, a nova pesquisa, realizada no período de 2 a 7 de julho, ouvindo dois mil eleitores em 70 municípios, é a mais abrangente feita até aqui. Seus números revelam uma curiosa estabilidade, sem que nenhum dos sete pré-candidatos tenha deslanchado de modo a ser apontado como favorito imbatível.  Considerando uma disputa em segundo turno entre Carlos Brandão e Lahesio Bonfim, o governador se reelegeria com 39% a 27%, uma vantagem de 12 pontos percentuais. E fosse com Edivaldo Júnior, Carlos Brandão venceria com 39% contra 22%, uma vantagem de 17 pontos percentuais sobre do ex-prefeito de São Luís.

De todas as pesquisas recentes, essa foi a que trouxe notícias menos ruins para o senador Weverton Rocha, sendo a mais destacada delas o rigoroso empate técnico num embate entre ele e o governador Carlos Brandão num segundo turno. Essa informação deve ter acendido o alerta amarelo no QG político do governador, para lembrar aos seus generais que a guerra ainda não está vencida. E isso significa que o favoritismo alcançado na previsão do primeiro turno é expressivo, mas não o suficiente para considerar liquidada uma fatura sem problemas na segunda volta. O alerta é exatamente no sentido de que Weverton Rocha pode ficar em segundo no primeiro turno, mas pode virar o jogo e sair vencedor no segundo.

Brandonistas de proa entusiasmados acham que o governador reúne as condições de avançar nos próximos três meses e ampliar sua vantagem e consolidar o favoritismo com a eleição de fato, de preferência em turno único. Outros, igualmente otimistas, mas com os pés mais firmes no chão, acham que Carlos Brandão vencerá a eleição, mas precisa incrementar fortemente sua corrida, para ganhar mais gás eleitoral. Na seara dominada pelo senador Weverton Rocha há um otimismo cauteloso. A pesquisa Escutec reforçou esse clima ao prever que o pedetista teria condições de virar o jogo num eventual segundo turno. Eles apostam na força eleitoral de aliados e mantêm o discurso de otimismo, mesmo admitindo que o senador se mantém estacionado, com dificuldades para deslanchar.

Vale lembrar que pesquisa pré-eleitoral é uma fotografia do momento. Daqui até a corrida às urnas são mais de 80 dias, período em que os pré-candidatos terão de ser confirmados em convenções – a de Weverton Rocha será no próximo dia 29, e a de Carlos Brandão, no dia 30 -, de registrar as suas candidaturas, e a campanha propriamente dita, que será iniciada em 16 de agosto e durará 45 dias. Será nesse período que a cobra vai fumar.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Posição frágil nas pesquisas não desanima Edivaldo Jr.

Edivaldo Holanda Jr. mantém firme sua candidatura aos Leões

De todos os pré-candidatos ao Palácio dos Leões, a situação mais delicada, segundo a pesquisa Escutec, é a do ex-prefeito de São Luís e candidato do PSD, Edivaldo Holanda Jr., que aparece com 11% das intenções de voto, uma posição que se mantém há meses. O fato de estar no patamar dos dois dígitos faz dele um pré-candidato importante. Isso porque, se não dá sinais de que pode virar o jogo e brigar pela eleição, os seus 11 pontos percentuais significam cerca de 500 mil votos. Esse cacife lhe dá espaço político expressivo para sentar numa mesa de negociações para um eventual segundo turno. Mas Edivaldo Holanda Jr., que vem fazendo uma campanha tímida, permanece otimista e continua na briga, nem pensa na possibilidade de jogar a toalha. Ao contrário, já marcou a convenção por meio da qual o seu partido oficializará sua candidatura ao Palácio dos Leões.

 

Brandão retorna a São Paulo para revisar cirurgia

O governador Carlos Brandão retorna a São Paulo para fazer uma revisão no processo cirúrgico a que foi submetido há pouco mais de um mês, para a retirada de cistos nos rins. O retorno já estava previsto e foi confirmado agora. Ontem fez uma semana que deixei o hospital. Plenamente recuperado, irei a São Paulo fazer uma breve e rápida revisão de rotina”, disse o governador ao anunciar a revisão de saúde.

São Luís, 08 de Julho de 2022.