Arquivos mensais: janeiro 2017

Líder do PDT antecipa a corrida ao Senado, que poderá ter pelo menos uma dezena de candidatos

 

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Nomes para o Senado: Weverton Rocha, Humberto Coutinho, Roseana Sarney, João Alberto, José Reinaldo, Sebastião Madeira, Gastão Vieira, Sarney Filho e Márlon Reis

A corrida eleitoral para 2018 já começou. E como já havia sido previsto, a largada se dá pela disputa para as duas vagas que serão abertas no Senado com o final dos mandatos dos senadores João Alberto e Edison Lobão, ambos do PMDB. O primeiro passo efetiva está sendo dado pelo deputado federal Weverton Rocha (PDT), que antecipa em 21 meses, com movimentos claros, sua caminhada naquela direção, causando forte impressão de que o seu projeto é para valer, podendo formar dobradinha com o deputado Humberto Coutinho (PDT), presidente da Assembleia Legislativa e que ainda não se declarou pré-candidato, mas aparece como nome forte em todas as rodas em que ao assunto é comentado. Nos bastidores, as conversas começam a ganhar contornos de definição nos mais diversos grupos partidários, como é o caso do Grupo Sarney, onde o senador João Alberto sinaliza que caminha para rever sua decisão de se aposentar, e a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB), agora livre do cutelo da Operação Lava Jato, emite sinais fortes de que pretende enfrentar as urnas, podendo disputar vaga no Senado ou brigar pela cadeira Principal do Palácio dos Leões. Outras vias estão ainda se desenhando, como a do PSB, que tem o ex-governador e atual deputado federal José Reinaldo Tavares, a do PSDB, onde o ex-prefeito de Imperatriz, Sebastião Madeira, já admitiu ser candidato, a do PROS, com o projeto do ex-deputado Gastão Vieira, e a da Rede, que poderá lançar a candidatura do ex-juiz Márlon Reis.

A julgar pelo peso dos prováveis candidatos, a disputa para as duas vagas maranhenses no Senado será acirrada. A começar pelo fato de que todos os nomes ventilados até agora têm peso político e prestígio pessoal suficientes para se apresentar como pleiteantes. Além disso, os grupos em confronto no estado farão de tudo para ganhar as duas cadeiras. É esse o projeto que está sendo maturado no Palácio dos Leões, onde o governador Flávio Dino (PCdoB), que já assumiu a condição de pré-candidato à reeleição, pretende ter dois aliados na Câmara Alta. Na mesma linha, o Grupo Sarney pretende investir forte em duas candidaturas. As vias alternativas não chegam a tanto, mas vão jogar para quebrar a regra e eleger um candidato fora dos grupos mais fortes.

A candidatura do deputado federal Weverton Rocha não estava nos planos do grupo governista, mas os movimentos do líder do PDT têm sido tão fortes nessa direção que o próprio governador já admite o projeto, e por isso volta suas atenções agora para a definição do segundo candidato, que deve ser o deputado Humberto Coutinho, uma voz respeitada dentro e fora do Governo. Nesse grupo há outros nomes sendo sussurrados nos bastidores, como o prefeito de São José de Ribamar, Luis Fernando Silva (PSDB), e o de Santa Rita, Hilton Gonçalo (PCdoB), mas, a menos que haja mudança no roteiro original, a chapa deve ser Rocha/Coutinho. O ex-governador José Reinaldo Tavares corre em faixa própria, precisando resolver sua situação partidária, já que sua relação com o senador Roberto Rocha, que já representa o PSB, não é dar melhores e isso poderá criar-lhe embaraços caso não haja entendimento.

No Grupo Sarney, a situação é a seguinte: a ex-governadora Roseana Sarney poderá ser candidata ao Governo, e nesse caso, o PMDB poderá lançar o senador João Alberto à reeleição, e junto com o suplente de senador Lobão Filho (PMDB), já que é corrente que dificilmente o senador Edison Lobão tentará renovar o mandato. Sendo Roseana candidata ao Palácio dos Leões, o grupo pode lançar a dobradinha João Alberto e o deputado federal e atual ministro do Meio Ambiente Sarney Filho (PV) – várias fontes disseram à Coluna que ele tem dito que é candidato e não abre mão desse projeto, que incluiu a candidatura do atual deputado estadual Adriano Sarney (PV) à Câmara Federal. Há também a possibilidade de a ex-governadora candidatar-se ao Senado. Nesse caso, é possível que o outro nome seja Lobão Filho, já que João Alberto pode vir a ser o candidato do Grupo ao Governo.

A candidatura do ex-prefeito Sebastião Madeira ao Senado é um projeto já comunicado ao partido e avalizado pela cúpula nacional do PSDB, restando saber se os tucanos se contentarão com apenas um candidato ou lançarão chapa completa. A pré-candidatura do ex-deputado federal Gastão Vieira é um caso isolado, que está sendo alimentado com declarações soltas, mas que poderá ganhar corpo se a cúpula do partido lhe der carta branca. E o projeto da Rede Sustentabilidade de chegar ao Senado pelo Maranhão com a candidatura do ex-juiz Márlon Reis é ainda apenas um rumor sem lastro, que vai depender mais do pré-candidato do que propriamente do partido.

É esse um cenário de 18 meses antes das convenções partidárias que definirão as candidaturas em julho de 2017. Até lá muita água vai rolar por baixo da ponte política.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

PP vai decidir o futuro de Waldir Maranhão
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Waldir Maranhão pode permanecer ou sair do PP

Tão logo termine o mandato da atual Mesa Diretora da Câmara Federal, no dia 2 de fevereiro, a cúpula nacional do PP deverá decidir se o deputado Waldir Maranhão permanecerá ou não nos quadros da agremiação. Em meio à sua conturbada atuação quando presidiu a Casa no período em que o então deputado Eduardo Cunha foi afastado e em seguida renunciou ao cargo, Waldir Maranhão foi fortemente pressionado pela cúpula do PP, num processo que culminou com a sua destituição do comando do partido no Maranhão, durante o qual ouviu que seria expulso quando seu mandato de 1º vice-presidente se expirasse. Houve até quem defendesse que a expulsão deveria se dar já naquele momento, mas os dirigentes pepistas não concordaram. Waldir Maranhão continuou no PP, mas perdeu todos os poderes que acumulara durante anos, a começar pela presidência do partido no Maranhão, que manteve com mão de ferro durante mais de uma década, mas que foi obrigado a entregar ao deputado André Fufuca, hoje o manda-chuva pepista no estado. Pelo que já se ouve nos bastidores, é quase certo que Waldir Maranhão continuará no PP, mas como soldado raso, sem nenhuma lasca de poder.

 

Tempos indigestos para os Cutrim
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Gil Cutrim e Edimar Cutrim: momento desfavorável

Não têm sido bons os tempos recentes para o braço político da família Cutrim. Edimar Cutrim foi duramente atingido por fatos que o colocaram em situação delicada como conselheiro do Tribunal de Contas do Estado. Depois da refrega com a então governadora Roseana Sarney em 2014, Cutrim viu-se acusado de usar o cargo para favorecer seu filho, Glauber Cutrim, eleito deputado estadual com uma votação no epicentro de um terremoto causado pela revelação de que o filho do deputado federal Waldir Maranhão, um médico que mora em São Paulo, era seu assessor e recebia R$ 7 mil por mês sem “dar um prego numa barra de sabão”, como dizem os sertanejos. E fechou o ano amargando um revés: tentou se eleger corregedor do TCE, mas os demais conselheiros não acharam uma boa ideia. Já o advogado Gil Cutrim terminou seu período de seis anos à frente da Prefeitura de São José de Ribamar sob a acusação de ter recebido uma máquina azeitada e bem organizada e devolvida ao prefeito Luis Fernando Silva em delicado de conservação. A ponto de Luis Fernando Silva ter pedido para a Justiça bloquear cerca de R$ 5 milhões – R$ 4 milhões da repatriação -, que seriam gastos no apagar das luzes da gestão de Cutrim. O ex-prefeito protestou, mas o bloqueio foi mantido. Assim, Cutrim entraram 2017 bem menores do que o foram no início de 2016.

 

São Luís, 04 de Janeiro de 2017.

Imperatriz deu exemplo de civilidade política, enquanto Bacabal mostrou a face feia de uma posse conturbada

 

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Exemplo dado por Imperatriz: o prefeito Assis Ramos empossado e aplaudido pelo ex-prefeito Sebastião Medeira

Aconteceu de tudo em posses de prefeitos nos 217 municípios maranhenses. Houve posse sem prefeito, muitos prefeitos que saiam e não entregaram a faixa aos sucessores, houve guerra pelo controle de Câmaras Municipais, enfim, muitas posses aconteceram normalmente, outras foram marcadas por problemas causadas pelo ranço políticos e outras simplesmente refletiram o samba do crioulo doido tocado por decisões absolutamente inacreditáveis tomadas por integrantes do Poder Judiciário. Nesse universo conturbado de posse de novos prefeitos, dois casos são exemplares: Imperatriz deu um exemplo expressivo de civilidade política, com o prefeito que saía, Sebastião Madeira (PSDB), passando a faixa para o prefeito que entrava, Assis Ramos (PMDB), num clima de cordialidade surpreendente para dois adversários; Bacabal, ao contrário, foi palco de uma opereta absolutamente inacreditável, com a posse conturbada de Zé Vieira (PR), ex-prefeito seriamente enrolado com a Lei da Ficha Limpa e que, por conta disso, só fora diplomado na véspera.

Imperatriz – No segundo maior colégio eleitoral do Maranhão, apesar de estar em campo político diferente, o prefeito Sebastião Madeira recolheu as armas no dia seguinte à eleição, reconhecendo a derrota do seu candidato, Ribinha Cunha, e respeitando a vitória do adversário, colocou-se à sua disposição. E nesse cenário de normalidade política, o prefeito em fim de mandato e o prefeito eleito estabeleceram uma ponte, realizando uma transição raramente vista, com a formação de grupos de trabalho que dissecaram a situação de cada um dos segmentos da administração municipal. O tucano Sebastião Madeira e o pemedebista Assis Ramos tiveram longas conversas, nas quais o primeiro mostrou a situação da Prefeitura e o segundo ouviu com atenção, fez perguntas e pediu algumas providências antes da posse.

Tudo transcorreu sem qualquer incidente em Imperatriz. A nova Câmara Municipal foi instalada e os vereadores resolveram rapidamente a eleição da Mesa Diretora, que não perdeu tempo e empossou o prefeito Assis Ramos. Em seguida, por volta das 2 horas da madrugada e já na condição de ex-prefeito, Sebastião Madeira passou a faixa ao sucessor, fazendo antes um relato dos seus oito anos de gestão e assegurando que entregava a Assis Ramos uma cidade bem melhor e mais organizada do que recebera em 2008. E aproveitou para aconselhar o sucessor a usar “mão de ferro” no controle das finanças, alertando-o de que administrar Imperatriz “é uma tarefa gigantesca”, e o prefeito de São Luís “tem o governador como super prefeito”, mas o prefeito de Imperatriz “fica na solidão, e não tem com quem contar”, segundo relato colhido pelo bem informado Blog da Kelly.  Depois de fazer a parte que lhe coube, Sebastião Madeira foi para casa e Assis Ramos deu início ao maior desafio da sua vida, auxiliado por uma equipe bem escolhida, que conta, entre outros, com o experiente jornalista Sergio Macedo na área de comunicação.

Vale lembrar que essa transição civilizada, sem traumas nem fuxicos, se deu após uma disputa acirrada, com quatro candidatos em condições de ganhar a eleição: Assis Ramos (PMDB), Rosângela Curado (PDT), Ildo Marques (PSB) e Ribinha Cunha (PSD). Era de se esperar que houvesse tremores, pugilato verbal e refregas apimentadas, mas o que aconteceu foi que os candidatos derrotados recolheram suas armas e respeitaram o resultado, contribuindo assim para que a transição na Princesa do Tocantins fosse exemplar.

Bacabal – O que aconteceu no maior município do Médio Mearim foi exatamente o contrário. O ex-prefeito Zé Vieira foi o mais votado, ficando o deputado estadual Roberto Costa (PMDB) em segundo. Ocorre que em meio à corrida pelo voto, o Ministério Público Eleitoral (MPE) entrou em cena e pediu a cassação do registro da candidatura de Zé Vieira, alegando ser ele ficha suja, condenado que foi pelo Tribunal de Contas da União (TCU) por improbidade administrativa. O juiz eleitoral de Bacabal acatou o pedido do MPE e cassou o registro; Zé Vieira recorreu para o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e perdeu por larga maioria de votos; recorreu finalmente ao Tribunal Superior Eleitoral, cujo presidente, o controvertido e polêmico ministro Gilmar Mendes, concedeu liminar autorizando sua posse até que o plenário da mais alta Corte eleitoral julgue o recurso.

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Zé Vieira e seu vice tomam posse garantidos por uma liminar do presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes

O desfecho provisório do imbróglio foi a diplomação de Zé Vieira no dia 30 de dezembro, causando indignação nos eleitores de Roberto Costa e até certa reserva nos seus próprios apoiadores, que já não têm tanta segurança quanto ao seu futuro pá frente do município. O clima ficou tenso na Câmara Municipal, onde vereadores travaram uma guerra nada convencional pelo comando da Casa. Tanto que foram eleitas duas Mesas diretora, a última afinada com o prefeito que assumia. Nos bastidores corria que os dois candidatos a presidente jogavam na possibilidade Zé Vieira perder o cargo, e com isso de assumir a Prefeitura por 40 dias, tempo em que será realizada nova eleição para prefeito, sem a participação do prefeito cassado.

O que se seguiu foi uma posse fria, sem empolgação e marcada por aplausos dos aliados e vaias estridentes dos adversários. Em baixa no conceito da opinião pública, o prefeito que saiu, José Alberto, aliado de proa e com participação importante na campanha de Zé Vieira, preferiu ficar em casa e mandou o filho, Alberto Filho, que perdera recentemente o mandato de deputado federal, representá-lo no ato, completando o cenário quase irreal em se tratando de um processo eleitoral, no qual a exigência básica é a legalidade plena.

Os dois casos são emblemáticos, mostram, de um lado, o vigor da democracia e o desfecho de um processo eleitoral sem mácula, como em Imperatriz; e, por outro lado, expõe  a fragilidade das regras, e a instabilidade que a própria instituição judiciária impõe à sociedade com decisões que, antes de consertar, causam danos graves ao processo eleitoral contaminado por ilegalidades, como ocorre em Bacabal.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Prefeitos ausentes
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Luis Fernando Silva foi empossado sem a presença do agora ex-prefeito Gil Cutrim, que deixou o cargo magoado

Uma das marcas mais fortes do desajuste exposto na troca de comando nas Prefeituras é a ausência do prefeito que sai. Em primeiro lugar, o não comparecimento revela que se o eleito não for aliado, o prefeito não se sente na obrigação de transmitir o cargo. Ao mesmo tempo, gera a suspeita: os dois são inimigos figadais, ou o que sai teme ser hostilizado. O fato é que, com exceção de São Luís, Timon e Codó, onde os prefeitos foram reeleitos, e em Imperatriz, onde a normalidade prevaleceu, em, outros grandes municípios o ranço político afastou do ato de posse os prefeitos que saíram. Em São José de Ribamar, agastado por denúncias e suspeitas que o atingiram nos últimos tempos, o prefeito Gil Cutrim (PDT) não compareceu ao ato de posse do sucessor Luis Fernando Silva (PSDB). Em Caxias, o clima de tensão política fez com que o prefeito Leo Coutinho (PSB) nação comparecesse à posse do sucessor Fábio Gentil (PRB). A prefeita Tereza Murad (PMDB) ignorou o ato de posse de Luiz da Amovelar Filho (PT), o mesmo acontecendo em Santa Inês, onde o prefeito Ribamar Alves (PSB) foi considerado persona non grata e por isso não compareceu à posse da prefeita Vianey Bringel (PSDB). Situações como essas se repetiram em muitos municípios, mostrando que há muito a aprender em matéria de civilidade política.

Tropeço na largada?
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Domingos Dutra recebe os cumprimentos do antecessor Josemar Sobreiro

No seu discurso de posse, o prefeito Domingos Dutra propôs uma relação de unidade com a Câmara Municipal de Paço do Lumiar, deixando claro que prefere um relacionamento harmônico do que uma convivência de confronto. A iniciativa de Dutra tem uma explicação óbvia: o grupo de vereadores que o apoia foi derrotado na eleição da Mesa Diretora do legislativo municipal. O novo prefeito apoiou a candidatura do vereador Jorge Brito à presidência da Câmara Municipal, mas um grupo chamado “G9”, que não é alinhado a Dutra, se mobilizou e elegeu o vereador Marinho do Paço. O desfecho da eleição na Câmara de Paço do Lumiar foi visto como uma derrota do prefeito. Seus aliados dizem que foi só um “tropeço”, nada demais.

 

São Luis, 02 de Janeiro de 2017.