Visita de Lula ao Maranhão agita meio político e estimula a especulação de que ele pode encontrar Sarney

 

Lula na Bahia
Lula na Bahia: ex-presidente recebido com festa em Salvador, onde iniciou maratona

Em meio às inúmeras especulações que adornam a incursão política do ex-presidente Lula da Silva (PT) no Nordeste, iniciada ontem em Salvador (BA), já sendo marcada por polêmicas, uma delas, soprada pelo jornal Folha de S. Paulo, poderá dar muito que falar na passagem do líder petista em São Luís: a de que ele poderá ter um encontro com o ex-presidente José Sarney (PMDB). Sarney e Lula foram adversários, tornaram-se aliados a partir de 2002, estreitaram as relação durante os dois governos do petista, mantiveram-nas no primeiro Governo de Dilma Rousseff (PT), e as  romperam quando Sarney aderiu ao movimento do PMDB para derrubar a petista e voltar ao poder com a entronização do vice-presidente como titular no Palácio do Planalto. De lá para cá, o fosso que havia separando os dois foi reaberto, não havendo notícia de qualquer contato entre eles, salvo quando Sarney ligou para Lula quando da morte da ex-primeira-dama Marisa Letícia. Chefes petistas dizem que a especulação da Folha não faz sentido e que a programação de Lula no Maranhão só prevê reuniões e atos com a presença do governador Flávio Dino (PCdoB), tido como o mais determinado aliado do PT no País.

Lula desembarcará em São Luís no dia 04 de setembro para cumprir uma agenda de eventos políticos, que só será encerrada na noite do dia 05 com um grande ato na Praça Deodoro. Seu primeiro compromisso ocorrerá na tarde do dia 04 e será um encontro com o governador Flávio Dino, no Palácio dos Leões. Na agenda informada ao comando estadual do PT não há qualquer menção a encontros políticos fora do roteiro, principalmente com o ex-presidente José Sarney. O comando estadual do PT não repudia ostensivamente a aliança – imposta por Lula e José Dirceu – que o partido manteve com o PMDB no Maranhão ao longo de mais de uma década – chegando a ter um dos seus líderes, Washington Oliveira, eleito vice-governador na chapa em que Roseana Sarney (PMDB) foi reeleita governadora em turno único na eleição de 2010 -, mas não admite sequer a possibilidade de voltar a conviver com o Grupo Sarney, principalmente depois do apoio ostensivo do ex-presidente e da ex-governadora ao impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Bombardeado de maneira intensa e inclemente pela chamada “grande imprensa” a partir da Operação Lava Jato, Lula vem ao Maranhão num  esforço para mostrar que está sendo alvo de uma tremenda injustiça,  reafirmar que está vivo e atuante, e consolidar a sua liderança visando a eleição presidencial de 2018, para a qual desponta como favorito. O ex-presidente sabe que tem força política gigantesca no estado, sendo embalado por pesquisas que o apontam com mais de 70% das preferências do eleitorado maranhense, sem dar chance a nomes como Marina Silva (Rede), Geraldo Alckmin (PSDB) ou Jair Bolsonaro (que procura um partido). Tem na sua conta corrente com os maranhenses milhares de cartões do Bolsa Família, milhares de unidades do Minha Casa, Minha Vida, e uma extensa lista de outros benefícios sociais que  criou com o objetivo de acabar com a fome e a miséria no Maranhão. Sua base de apoio político e pessoal no estado é sólida como uma rocha. E agora tendo o governador Flávio Dino como um fator agregador.

À primeira vista, nada justificaria uma visita do ex-presidente Lula ao ex-presidente José Sarney em meio a uma incursão dessa natureza. O líder petista nada teria a ganhar politicamente. Ao contrário, surpreenderia e decepcionaria os seus aliados, que não compreenderiam nem aceitariam tal gesto depois de tudo o que aconteceu desde que Sarney embarcou na onda que varreu o petismo do poder em Brasília. Deixaria o eleitorado atônito. Tal gesto deixaria ainda o governador Flávio Dino numa situação delicada, mesmo levando em conta sua capacidade de assimilação de golpes políticos e o nível de aproximação que construiu com o PT dentro e fora do Maranhão.

A experiência e a História têm mostrado que a política, por ser a arte da convivência de contrário, costuma produzir situações inimagináveis, como foi, por exemplo, a aproximação de Lula e Sarney no início do novo século, e que se transformou numa aliança que durou mais de uma década. Daí, mesmo levando em conta o terreno minado que hoje os separa, não será de todo surpreendente se Lula fizer algum contato com Sarney, ou for contatado pelo mesmo na sua passagem por São Luís. Se nada acontecer, tudo certo, a vida continua. Mas, se a especulação se confirmar, o fato terá carga simbólica pesada. E dará muito pano para as mangas.

 

PONTO & CONTRAPONTO

Madeira avisa que o PSDB poderá mesmo romper com Flávio Dino e seguir rumo próprio

Sebastião madeira quer o PSDB longe do palanque de Flávio Dino
Sebastião madeira quer o PSDB longe do palanque de Flávio Dino no próximo pleito

O aviso dado pelo ex-prefeito de Imperatriz, Sebastião Madeira, de que o PSDB não fará o papel “de paspalhão no palanque do governador Flávio Dino” dá consistência à tendência, que ganha força nos bastidores, de que os tucanos estão caminhando para romper a aliança com a aliança liderada pelo (PCdoB), isolar o atual presidente, o vice-governador Carlos Brandão, e entrar na corrida eleitoral com candidatos próprios ao Governo do Estado e às duas vagas no Senado. Madeira vem mantendo uma queda de braço com Brandão pelo controle do partido, e já teria obtido na direção nacional, onde tem força e prestígio, sinal verde para bombardear a aliança do PSDB com o PCdoB no Maranhão. Animado pelo crescimento do partido nas eleições municipais, tendo saído das urnas com 23 prefeitos – antes tinha apenas sete -, Brandão tem tentado convencer a cúpula nacional do partido de que no estado o melhor caminho é manter a aliança com o governador Flávio Dino. Só que nacionalmente o PSDB tem empreendido uma “cruzada” para varrer a esquerda, em especial o PT e o PCdoB, do mapa político, e nesse contexto não faz sentido manter o partido como linha auxiliar do PCdoB, ainda que tendo o posto de vice-governador. Brandão argumenta que se o partido confirmar a aliança, ele poderá continuar vice-governador, e se Flávio Dino sair das urnas reeleito, o seu vice, no caso ele próprio, assumirá o Governo em 2022, já que a tendência natural será o governador se desincompatibilizar para disputar uma vaga no Senado ou outro cargo de relevância política. Madeira mina essa argumentação insistindo na tecla de que o PSDB está se perdendo e saindo do seu eixo nacional. Ele acha que o partido deve se desvincular da aliança liderada pela esquerda e partir para um projeto próprio ou apara uma aliança com o seu atual aliado nacional, o PMDB. Dentro do PSDB maranhense, a maioria das lideranças abraça a tese do ex-prefeito de Imperatriz e do Instituto Teotônio Vilela, o braço ideológico dos tucanos. E ao subir o tom de voz, como fez em entrevista à Rádio Difusora, Sebastião Madeira sinaliza que se movimenta com o aval dos chefes nacionais do tucanato.

 

Academia Caxiense de Letras recebe novos membros e homenageia Vespasiano Ramos

Esfinge de Vespasiano Ramos vai para a praça
Esfinge do poeta Vespasiano Ramos vai para praça pública

A Academia Caxiense de Letras, que muitos cognominam Casa de Coelho Neto, abre suas portas neste sábado (19) para receber em grande estilo três novos imortais: a professora Jordânia Pessoa, o professor Carvalho Júnior e o arquiteto Ezíquio Barros Neto, eleitos pelo mérito das suas relações com a cultura e a literatura. Todos são autores de trabalhos publicados e, sem dúvidas, têm atuado para enriquecer a produção literária caxiense. Na ocasião, o acadêmico Antônio Augusto Ribeiro Brandão lançará o seu livro bilíngue “Desafios à Teoria Econômica/Challenges to the econmic theory”. No domingo, outra cerimônia será realizada na ACL, essa para apresentar a esfinge em homenagem ao poeta Vespasiano Ramos na praça que leva seu nome. Trata-se de um projeto idealizado pelo vice-presidente da instituição, o poeta Renato Menezes, e viabilizado por um esforço coletivo. Desenhado pelo arquiteto Ezíquio Neto e esculpido em bronze pelo escultor Eduardo Sereno, o monumento agrega uma placa onde estão relacionados, com plena Justiça, todos os que contribuíram para sua concretização. Com reuniões como a de hoje e iniciativas como a do poeta Renato Menezes de resgatar o poeta Vespasiano Ramos, a Academia Caxiense de Letras, sob a presidência do imortal Raimundo Medeiros, vai se consolidando como um braço efetivo e já essencial da cultura caxiense.

São Luís, 18 de Agosto de 2017.

 

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