Sucessão: medição de força entre Weverton Rocha e Carlos Brandão é precipitada e pode custar caro

 

Weverton Rocha e Carlos Brandão: sinais fortes de embate antecipado pelo Governo do Estado

Nos últimos dias, diversos canais da blogosfera maranhense anunciaram o que já seria a deflagração de uma medição de força entre o senador Weverton Rocha (PDT) e o vice-governador Carlos Brandão (PRB) pela sucessão do governador Flávio Dino (PCdoB) em 2022, como se essa guerra rascunhada no campo situacionista se limitasse aos dois. Não há dúvida de que Weverton Rocha e Carlos Brandão são pré-candidatos ao Palácio dos Leões em campanha aberta, direcionando seus passos naquele rumo, mas é óbvio também que seus movimentos antecipados perdem parte do peso quando o cenário sucessório de 2022 é avaliado com os ingredientes que de fato influenciarão na escolha do candidato da aliança dinista. E a lista de fatores começa com algumas definições, entre elas o caminho que o governador trilhará nas próximas eleições gerais, e o desenho que sairá das urnas maranhenses nas eleições municipais do ano que vem. No contexto atual, forçar a barra para definir candidatura sem levar em conta fatores determinantes pode funcionar como disparos nos próprios pés.

A sucessão no Palácio dos Leões passa pelo rumo que o governador Flávio Dino traçará para ele e para o grupo partidário que lidera. Ele poderá sair candidato a presidente da República, ao Senado, à Câmara Federal ou, numa hipótese muito remota, permanecer no comando do Governo até o fim. Qualquer que venha a ser o seu movimento, ele terá peso decisivo, para mais ou para menos, no desfecho sucessório estadual. Na mesma medida, as eleições municipais de 2020 redesenharão o mapa político maranhense para a corrida sucessória de 2022, à medida que os próximos prefeitos sairão das urnas com prestígio para influenciar na corrida ao voto, restando saber qual o peso de cada grupo partidário.

Weverton Rocha e Carlos Brandão estão embalado por duas máquinas partidárias bem azeitadas no momento, mas sabem que a força de cada uma vai depender do pleito municipal. O pedetista conta hoje com 28 prefeitos, incluindo o de São Luís, o que lhe dá um suporte invejável. Mas no ano que vem o PDT sairá das urnas com o mesmo poder de fogo? A mesma situação envolve o vice-governador, hoje filiado ao PRB, do qual foi eleito vice-presidente nacional na semana passada. Nas eleições passadas, Carlos Brandão levou o PSDB uma vitória maiúscula nas eleições municipais, com a eleição de 29 prefeitos, só perdendo para o PCdoB, que elegeu 46. Alcançará o mesmo desempenho com o PRB? O senador e o vice-governador sabem que esse dado terá enorme peso na escolha do candidato a governador. Sabem também que sem essa definição um embate agora parece sem sentido, só levando ao desgaste.

Nesse contexto, outros fatores devem ser levados em conta: os rumos que tomarão o prefeito Edivaldo Holanda Jr. (PDT), o deputado federal Rubens Pereira Jr. (PCdoB), atual secretário das Cidades, e o deputado Othelino Neto (PCdoB), presidente da Assembleia Legislativa. O primeiro é apontado como nome forte para a vaga de candidato a governador na hipótese de o senador Weverton Rocha por alguma razão abrir mão da candidatura. O segundo integra a lista de nomes de pré-candidatos pela aliança dinista desde o mandato passado, quando foi voz ativa do partido na Câmara Federal. E o terceiro ganhou peso ao revelar-se um político hábil, maduro e centrado no comando da Assembleia Legislativa, para o qual foi eleito e reeleito, o que lhe dá posição estratégica na mesa das negociações que definirão o candidato governista.

Além desses fatores internos, o senador Weverton Rocha e o vice-governador Carlos Brandão devem levar em conta fatores externos, sendo o principal deles os adversários que terão de enfrentar nas urnas. A ex-governadora Roseana Sarney (MDB), o senador Roberto Rocha (PSDB) e o deputado federal Eduardo Braide (PMN) e o ex-deputado federal Sarney Filho (PV) estarão no tabuleiro sucessório estadual em 2022? Estando ou não no jogo, eles e seus grupos terão influência, maior ou menor, na escolha do candidato a governador pela aliança liderada pelo governador Flávio Dino. E pelo menos até aqui não há um cenário fora desse contexto.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Projeto que autoriza empréstimo para pagamento de precatórios deve ser aprovado nesta terça

Flávio Dino resolveu encarar a questão dos precatórios com um empréstimo

Se não houver qualquer atrapalho de ordem burocrática, a Assembleia Legislativa deverá votar, em segundo turno, o Projeto de Lei nº 129/2019, por meio do qual o Poder Executivo será autorizado a contratar empréstimo no valor de R$ 623,5 milhões para pagamento de precatórios. Na mensagem que embasa o PL, o governador Flávio Dino argumenta que o Governo do Estado está pressionado por um grande passivo, causado pelo fato de que, segundo informa, o Governo do Estado não pagou precatórios no período de 2011 a 2014. Tal situação colocou o Estado numa situação complicada, ao ponto de, devido aos atrasos, a Justiça haver bloqueado recursos das contas do Governo para bancar essas dívidas deixadas por gestões anteriores, algumas dos Governos João Castelo, Luiz Rocha, Epitácio Cafeteira, Edison Lobão e até do primeiro Governo de Roseana Sarney, iniciado em 1995.  “Este problema surgiu em face do não pagamento regular de precatórios no período de 2011 a 2014, gerando um grande passivo. Considerando o atual estoque de precários e o prazo estabelecido até 31 de dezembro de 2024 para quitação dos débitos vencidos e daqueles que vierem a vencer nesse período, a Secretaria de Estado de Planejamento e Orçamento (Seplan) estimou o valor de R$ 623.549.278,00 como o montante necessário para contratação de operação de crédito”, explica o governador Flávio Dino na mensagem encaminhada ao Poder Legislativo. E como era esperado, a Oposição sarneysista chiou pela voz do deputado César Pires (PV), que apontou “irregularidades” e “incoerências”, no projeto, mas foi rebatido pelo governista Dr. Yglésio (PDT), que demonstrou o contrário. O embate se deu na discussão que antecedeu à votação em primeiro turno, na última quinta-feira, na qual o PL foi aprovado com larga folga de votos. Tudo indica que será sacramentado terça-feira (13), com ou sem esperneio da Oposição.

 

Todos os sinais indicam que a disputa em São José de Ribamar será dura e complicada

Eudes Sampaio e Edmar Cutrim: disputa à vista em São José de Ribamar

Caminha para uma disputa renhida e complicada a Prefeitura de São José de Ribamar depois que Luis Fernando Silva renunciou ao cargo para ser secretário de Programas Especiais do Governo do Estado. Ali, o prefeito Eudes Sampaio (PTB) já governa em clima de pré-campanha, deixando muito claro que está disposto a enfrentar concorrentes para renovar o mandato. Até agora seu principal deve ser o conselheiro do TCE Edmar Cutrim, que deve se aposentar no início do ano que vem, mas já admite ser candidato em conversas informais. Não se sabe se o ex-prefeito Luis Fernando Silva entrará para valer na campa há eleitoral, mas ninguém que se entrar será para apoiar o prefeito Eudes Sampaio, que lhe foi correto e leal durante sua gestão. Além do mais, Luis Fernando tem hoje os Cutrim, a começar pelo ex-prefeito e atual deputado federal Gil Cutrim (PDT), com arquiinimigos, e por isso deve atrair contra si o poder de fogo do PDT, já que o senador Weverton Rocha está determinado a colocar um pedetista no comando da Prefeitura da Cidade do Padroeiro. Até o governador Flávio Dino ficará em situação desconfortável em meio ao tiroteio que será disparado durante a campanha. Vale aguardar o desenrolar do confronto, cujo troféu será a quinta maior e mais importante cidade do Maranhão.

São Luís, 12 de Maio de 2019.

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