
a cúpula da Segurança Pública, após conceder
reajuste salarial de 20% à Polícia Militar
A declaração do secretário de Articulação Política, Rubens Pereira, revelando, em discurso no interior, no final da semana passada, que o afastamento de dinistas e brandonistas se deu por divergência na escolha do vice da chapa que seria encabeçada por Felipe Camarão (PT), na condição de governador em busca da reeleição, funcionou como uma poderosa explosão para aumentar a dimensão do campo minado que já separava os dois grupos. O tamanho da explosão foi medido pela pronta reação do vice-governador, que desmentiu categoricamente a informação do secretário, que, experiente, preferiu não treplicar. O fato é que a declaração e a reação serviram mesmo foi para acirrar ainda mais os ânimos dentro dos dois grupos, reforçando o rumor de que o governador Carlos Brandão (PSB) estaria determinado a cumprir seu mandato até o final, dedicando o seu cacife político e o poder dos Leões ao projeto de eleger seu sobrinho, o secretário de Assuntos Municipalistas, Orleans Brandão (MDB), como sucessor.
Nesta sexta-feira (04/07), faltarão 13 meses para as eleições e 10 meses para a data em que o governador Carlos Brandão renunciará para se candidatar ao Senado ou anunciará sua permanência no cargo, no caso anunciando também o seu apoio à provável candidatura de Orleans Brandão. Trata-se de uma decisão crucial, pontilhada de riscos e com poder para mudar de vez o curso da sua trajetória e completar a guinada na história política do Maranhão. Se decidir ser senador, concorrerá como favorito e, se eleito, será aliado ou opositor do próximo governador, que poderá ser Eduardo Braide (PSD), Felipe Camarão (PT) ou Lahesio Bonfim (Novo), a julgar pelo cenário de agora. Mas se optar por permanecer, irá para o desafio de eleger o seu candidato, podendo sair vitorioso ou derrotado, e com o agravante de ir para casa sem mandato político. Uma escolha dramática.
Os 10 meses que lhe faltam para tomar essa decisão passarão lenta ou velozmente, dependendo das circunstâncias. De qualquer maneira, será tempo suficiente para que qualquer projeto político, tenha ele o grau de dificuldade que tiver, seja discutido, elaborado, ajustado, maturado e colocado em prática. Com a larga experiência que acumulou e pela desenvoltura que vem demonstrando indicam que o governador Carlos Brandão vai escolher o melhor caminho que julgar para ele e seu grupo.
É com base nessa equação que o rumor de que ele já teria tomado a decisão de permanecer no cargo perde força. Qualquer análise mais cuidadosa levará facilmente à conclusão de que não faz sentido tomar uma decisão desse quilate com tanto tempo de antecedência. A começar pelo fato de que não há declaração formal e incontestável de rompimento. O fato de o governador estar incensando o projeto de candidatura do secretário de Assuntos Municipalistas, colocando-o em espaço privilegiado da vitrine governista, sinaliza uma tendência, mas não uma situação definida. Por seu turno, o vice-governador Felipe Camarão não fez, até agora, nenhum gesto agressivo em relação ao Governo, tendo se limitado a pregar o seu projeto de candidatura, acrescentando que o levará em frente em qualquer circunstância. Nada há de errado na movimentação dos dois grupos até aqui.
Não há dúvida de que o governador Carlos Brandão já mediu suas duas opções com trena confiável e as pesou em balança de precisão. Sabe exatamente os desdobramentos de cada uma delas, tendo naturalmente predileção por uma. E tudo indica que, dependendo do cenário de abril do ano que vem, martelará a mesa e selará o seu destino conscientemente, uma vez que, por mais fortes que sejam as pressões no seu entorno, só ele tem poder de tomar tal decisão.
E pelo que tem acontecido nos bastidores, nenhuma decisão foi tomada. E da mesma maneira como está se preparando para um grande confronto, o governador Carlos Brandão mantém aberta uma janela para o entendimento. Ele tem mais 300 dias para pensar.
PONTO & CONTRAPONTO
Braide e Eliziane podem afinar parceria produtiva na corrida às urnas
O prefeito Eduardo Braide (PSD) e a senadora Eliziane Gama (PSD) iniciaram, de fato, um processo de comunicação que os está aproximando cada vez mais. Antes distanciados por diferenças aparentemente insuperáveis, agora, parece que eles estão decididos a formar uma parceria política e eleitoral de peso, visando objetivamente as eleições de 2026.
Essa construção é motivada por uma série de situações que justificam o projeto de aproximação, tanto no que diz respeito à senadora, quando em relação ao prefeito de São Luís.
Pelo que ficou demonstrado até aqui, o projeto de reeleição de Eliziane Gama não é exatamente uma prioridade no seu grupo, que já tem como pré-candidatos o senador Weverton Rocha (PDT), o ministro do Esporte André Fufuca (PP) e, provavelmente, o governador Carlos Brandão (PSB). Será ela, então, prioridade zero se candidata numa chapa encabeçada por Eduardo Braide, com a vantagem adicional de que ele é o líder inconteste da corrida aos leões até aqui.
Para Eduardo Braide, a candidatura de Eliziane Gama na sua chapa começa pesando com fato de ser ela uma mulher de prestígio e dona de trajetória política vitoriosa, com a possibilidade de abrir caminho para ele em parte do eleitorado evangélico e fazer conexão com parte da esquerda moderada com a qual tem laços.
Na avaliação de um experiente aliado do prefeito Eduardo Braide, se bem trabalhada, a parceria eleitoral do prefeito de São Luís com a senadora poderá render resultados positivos para os dois.
Fracasso do ato de apoio a Bolsonaro mostra que parte da direita radical já o vê como problema
Quadros da direita bolsonarista no Maranhão mergulharam num debate acirrado por causa do retumbante fracasso da manifestação realizada domingo em São Paulo com o objetivo de mostrar a força do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e pressionar o Supremo Tribunal Federal visando evitar a condenação dele por causa da tentativa de golpe de estado.
Com a intenção de esconder o fato de que o ex-presidente foi o grande responsável pela convocação do ato, vozes da direita radical tentam encontrar culpados, centrando fogo principalmente no governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), no deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), “exilado” nos EUA, no presidente do PL, Waldemar Costa Neto, e agora na ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que não foi e não deu explicação, segundo o colunista Lauro Jardim de O Globo.
O que essas vozes não querem admitir é que o fracasso do ato tem uma causa maior: ele é o reflexo antecipado da provável condenação do ex-presidente, baseada no fato incontestável de que ele e sua turma tramaram um golpe de estado, que só não foi consumado porque os chefes militares decidiram não entrar na aventura golpista.
Muitos integrantes da direita radical começaram a se dar conta de que, inelegível e muito provavelmente condenado e preso, o ex-presidente está se transformando num grande problema.
São Luís, 01 de Julho de 2025.