Senado: três nomes definidos, cinco aguardam definições nos seus partidos, e um só depende da própria vontade

 

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Weverton Rocha, José Reinaldo e Sarney Filho estão definidos; Edison Lobão e João Alberto, Luis Fernando. Eliziane Gama, Sebastião Madeira e Clay Lago ainda indefinidos, podendo ou não ser candidatos em 2018.

É verdade que ainda é cedo – mas não muito – para que se tenha definido o quadro de candidatos às duas cadeiras de senador para as eleições de 2018, mas parece não haver mais dúvidas de que os nomes que serão embalados pelo Palácio dos Leões serão mesmo os deputados federais Weverton Rocha (PDT) e José Reinaldo Tavares (PSB), o primeiro já consolidado e o segundo em franco processo de consolidação. Nos demais campos, a indefinição é total, a começar pelo Grupo Sarney, que até agora só tem de consistente a candidatura do deputado federal e atual ministro do Meio Ambiente Sarney Filho – que continua no PV, mas poderá migrar para o PMDB -, e a do ex-prefeito de Imperatriz, Sebastião Madeira (PSDB), que é um projeto assumido, além de movimentos não muito precisos envolvendo a deputada federal Eliziane Gama (PPS), o ex-juiz Márlon Reis (Rede), os prefeitos de São José de Ribamar, Luis Fernando Silva (PSDB), e de Santa Rita, Hilton Gonçalo (PCdoB), como também um projeto embrionário que pretende lançar a ex-primeira-dama Clay Lago – hoje no PPS. E, é claro, os candidatos da esquerda “mais à esquerda”, entre eles o ex-deputado federal Haroldo Sabóia (PSOL).

Weverton Rocha é, até aqui, protagonista do mais bem definido projeto de candidatura ao Senado. Jovem, experiente, ousado e com as credenciais de comandante do PDT no Maranhão e líder da sua bancada na Câmara Federal, o deputado antecipou o seu projeto de candidatura em mais de três anos, e o fez com um arrojo surpreendente, atropelando todos os pequenos obstáculos que se ergueram à sua frente, dentro e fora do campo político em que atua e que é liderado pelo governador Flávio Dino (PCdoB). Seu objetivo ficou mais evidente durante a campanha para as eleições municipais do ano passado, quando bancou projetos que o Palácio dos Leões abraçou de má vontade, como a infeliz candidatura de Rosângela Curado (PDT) em Imperatriz, e outros em que o casamento dos interesses foi perfeito, como a reeleição do prefeito Edivaldo Jr. (PDT) em São Luís. Mesmo com um tropeço aqui e outro ali, Weverton Rocha saiu da corrida eleitoral fortalecido, e de lá para cá não perdeu um minuto de tempo na maratona para consolidar o seu projeto senatorial, tornando-o robusto e irreversível.

Com um lastro cujo item mais importante é o de ter sido a mola-mestra do movimento que rachou o Grupo Sarney em 2004 e fortaleceu e levou a oposição ao poder no Maranhão com a histórica eleição de Jackson Lago (PDT) para o Governo do Estado em 2006, além de um histórico excepcional como homem público – secretário de Estado, presidente da Novacap (Brasília), diretor geral do DNOS, superintendente da Sudene, ministro dos Transportes (que deu o pontapé inicial na Norte-Sul), deputado federal, vice-governador e governador por cinco anos (2002/2006) – José Reinaldo Tavares tem trabalhado intensamente para consolidar seu projeto senatorial. Ele vem recebendo manifestações apoio dos mais diferentes segmentos aliados ao governador Flávio Dino e de vários aliados do Grupo Sarney. Até aqui não tem concorrentes na base governista, o que consolida a tendência de que nessa seara forma, junto com o deputado federal Weverton Rocha, a dupla que formará chapa com o governador Flávio Dino na corrida às urnas.

No campo sarneysista, a única candidatura delineada e assumida até aqui é a de Sarney Filho (PV), atual ministro do Meio Ambiente, que depois de nove mandatos deputado federal, acha que chegou a hora de pleitear um mandato majoritário. O ministro, porém, tem de resolver algumas questões essenciais e complicadas dentro do seu grupo. A primeira delas é saber se a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB) será mesmo candidata ao Governo do Estado e, em caso afirmativo, se o eleitorado aceitará dois Sarney numa mesma chapa majoritária. Outra questão é quem será o outro candidato a senador na chapa sarneysista. João Alberto (PMDB)? Edison Lobão (PMDB)? Lobão Filho (PMDB)? E, finalmente, Sarney Filho está se distanciando do PV e, segundo rumores em Brasília, pode deixar o partido para ingressar no PMDB. Questões à parte, o parlamentar tem lastro político e as credenciais necessárias para garantir sua candidatura.

Os senadores João Alberto e Edison Lobão não disseram até agora se serão candidatos à reeleição. Presidente do PMDB no Maranhão e atual 2º vice-presidente do Senado, João Alberto anunciou que se aposentaria, num gesto de solidariedade ao ex-presidente José Sarney, mas de uns tempos para cá tem se movimentado como quem é candidatíssimo à reeleição ou a vice-governador numa eventual chapa liderada por Roseana Sarney. Edison Lobão mantém silêncio absoluto sobre o assunto, mas sua movimentação recente, que o tirou do silêncio e levou à presidência da Comissão e Constituição e Justiça do Senado, foi interpretada como uma clara reação ao cerco da Operação Lava Jato e como um recado de que não pretende se aposentar, e se o fizer, que deixar o já suplente Lobão Filho no seu lugar. Lobão Filho, por sua vez, tem sinalizado que será candidato a senador, projeto reforçado pela declaração de Sarney Filho que o quer como companheiro de chapa. Não há outros movimentos no Grupo Sarney na direção do Senado.

Dos demais nomes citados nas especulações, o único que tem cacife para entrar nessa briga com chance é o prefeito de São José de Ribamar, Luis Fernando Silva (PSDB), que conseguiu se tornar um nome estadual respeitado. A deputada federal Eliziane Gama (PPS) poderia ser um nome viável, mas depois do desastre da sua candidatura à Prefeitura de São Luís ela dificilmente terá fôlego para um projeto dessa envergadura. Sebastião Madeira (PSDB) tem um bom suporte político e eleitoral nas regiões Sul e Tocantina, mas sua candidatura depende do futuro do PSDB no estado. Márlon Reis é a única opção da rede para o Senado ou Governo do Estado. Hilton Gonçalo é uma possibilidade remota, pois para isso teria de deixar o PCdoB, o que não lhe convém no momento. E a ex-primeira-dama Clay Lago, mesmo reunindo credenciais políticas e pessoais para entrar na disputa, parece não estar interessada em dividir com uma campanha a tarefa de preservar a memória do marido Jackson Lago, com quem viveu uma rica trajetória política e, dizem os mais próximos, uma bela História de amor.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Jornal avalia mal a ação de Hildo Rocha na Câmara Federal
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Hildo Rocha: deputado atuante comparado a anônimos do Baixo Clero na Câmara Federal

Há poucos dias, o jornal Folha de S. Paulo publicou extensa reportagem sobre deputados federais de pouca projeção, que não foram muito levados a sério no Governo Dilma Rousseff (PT), mas que estão sendo tratados com mimos pelo Governo Michel Temer (PMDB), e aos quais o deputado federal pernambucano Sílvio Costa (PTdoB), um falastrão a quem ninguém dá bola, apelidou-os de “papudinhos”. De acordo com a Folha, os deputados agora mimados estão conseguindo liberar suas emendas, são recebidos com boa vontade pelos ministros, têm acesso fácil ao Palácio do Planalto, estão conseguindo nomear gente da sua confiança para cargos federais e – suprema glória! – muitos já atenderam telefonemas do próprio presidente da República. O jornal paulista não relacionou os felizardos, mas citou alguns nomes, e entre eles o representante maranhense Hildo Rocha (PMDB), nivelando-o por baixo, como um inexpressivo membro do Baixo Clero da Câmara Federal.

É verdade que o deputado Hildo Rocha não tem projeção nacional, até porque está no primeiro mandato e tem a maior parte das suas ações focadas nos interesses do Maranhão, e nesse campo pode ser considerado um dos mais atuantes membros da bancada maranhense, sendo rara a semana em que não protagonize uma ação parlamentar e política, ora garimpando recursos em ministérios, ora participando de algum momento na Casa, ora se pronunciando sobre tremas complexos e polêmicos, ou ainda disparando duras críticas ao governador Flávio Dino, a cujo Governo faz oposição cerrada e dura. Pela veemência com que costuma se pronunciar, Hildo Rocha costuma ser elogiado e criticado, e por isso é visto com muito boa vontade pelos aliados de Roseana Sarney, de quem é liderado, e com extrema má vontade pelos aliados do Governo do PCdoB.

Membro ativo do PMDB, Hildo Rocha foi aliado de primeira hora do deputado fluminense Eduardo Cunha (PMDB), o então todo-poderoso  presidente da Câmara Federal. Trabalhou intensamente pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff , seguindo a orientação do PMDB e da sua líder Roseana Sarney, e se tornou um dos mais ativos defensores do presidente Michel Temer na Casa. E por isso tem mesmo conseguido liberar emendas, ser recebido por ministros e indicado gente da sua confiança para cargos públicos. Nesse contexto, gostando ou não da sua ação parlamentar e política, não dá para não reconhecer que se trata de um deputado operante, que vem fazendo jus ao mandato. Nada a ver com “papudinhos”.

 

São Luís,  de Fevereiro de 2017.

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