São Luís tem um mosaico eleitoral que precisa ser bem interpretado pelos candidatos a prefeito

 

Eleitores de São Luís formam hoje um mosaico claro e bem definido no qual as mulheres são maioria

A corrida à Prefeitura de São Luís nas eleições deste ano se dará em condições especiais, a começar pelo fato de que nela estarão   representantes destacados da mais nova geração de políticos maranhenses, variando dos 30 aos 50 anos, como Rubens Júnior (PCdoB), Eduardo Braide (Podemos), Bira do Pindaré (PSB), Yglésio Moisés (sem partido), Duarte Júnior (PCdoB), Neto Evangelista (DEM), Wellington do Curso (ainda no PSDB) e Jeisael Marx (Rede) – o juiz federal aposentado Carlos Madeira (Solidariedade) é o único fora dessa faixa. Os candidatos à sucessão do prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PDT) – ele também integrante desse grupo – terão a difícil e desafiadora tarefa de seduzir e conquistar fatias expressivas de um exército de 660 mil eleitores – dados das eleições de 2018 -, a maioria formada por mulheres e estratificado em nichos de idade pelos quais também se dividem na maneira de pensar. São três grupos de eleitores, sendo o primeiro que vai dos 16 aos 34 anos, com 280 mil integrantes, que representam pouco mais de 40% do total do eleitorado da Capital; o segundo são os 275 mil que representam a faixa de idade que vai dos 35 aos 54 anos, e que alcança também cerca de 40% do eleitorado; e finalmente os 104 mil (14%) que vão dos 55 aos 69 anos.

São três contingentes com senso crítico apurado, com consciência cidadã que se aprimora a cada eleição, e que pensam diversamente e enxergam a cidade e seus problemas por ângulos diferentes. O primeiro contingente representa a juventude, a militância estudantil, os que batalham para conquistar seu espaço profissional, para formar família, e são movidos também por um elevado grau de insatisfação, e que costumam simpatizar com os candidatos mais identificados com candidatos das suas faixas etárias. O segundo representa o eleitor de meia idade, já com seu destino bem ou mal traçado, que vivencia o que a cidade tem de bom e amarga o que ela tem de ruim, havendo nesse contingente um expressivo sentimento de insatisfação e também de conformação, formado na média por eleitores que já têm juízo formado a respeito da política e da vida pública. E o terceiro agrega uma faixa de idade que já se empolgou, já se decepcionou e tem agora opinião formada sobre tudo e que escolhe seus candidatos com serenidade e muita convicção.

Difícil enquadrar os candidatos por identificação com cada grupo. Mas é possível perceber, por exemplo, que, por suas idades e seus discursos, Duarte Júnior, Yglésio Moisés, Adriano Sarney e Jeisael Marx têm linhas identificadas com o primeiro grupo, que é o usuário mais ativo e mais frequente das redes sociais, onde formam grupos e organizam batalhões – e às vezes exércitos! – de seguidores, que se transformam em preciosos cabos eleitorais. Políticos mais consolidados, que já exerceram vários mandatos e ocuparam diversos cargos públicos, Eduardo Braide, Bira do Pindaré, Rubens Júnior, Neto Evangelista e Carlos Madeira – que tem como lastro mais de três décadas de magistratura federal – têm identificação mais fácil com o segundo grupo, onde estão, segundo a “sociologia” que move a política, os mais influentes formadores de opinião e onde estão os seus interlocutores mais abalizados.

O número de eleitores que decidirão o futuro de São Luís para as eleições de outubro deverá ser anunciado em junho, e será um pouco maior do que o de 2018, devendo ficar entre 680 e 700 mil, não devendo alterar expressivamente a configuração dos percentuais nem mudar as suas feições ou posturas em relação às escolhas que farão nas urnas. Isso levando em conta também o fato de que as mulheres continuarão sendo maioria desse eleitorado que historicamente se posicionou de maneira independente, mesmo entre 1988 e 2006, período em que o PDT, liderado por Jackson Lago, deu as cartas na política local e comandou a máquina municipal, vencendo quatro eleições.

Os aspirantes a candidato terão de analisar com muito cuidado esse cenário político e eleitoral, de modo a identificar suas aspirações e alinhavar discursos adequados para cada um deles. Quem não observar essas nuanças desse mosaico pode perder o bonde que levará às urnas de São Luís em outubro.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Decisão do PCdoB sobre candidatura ditará o roteiro da disputa em São Luís

Rubens Júnior e Duarte Júnior: escolha do PCdoB que vai ditar os rumos da corrida à Prefeitura de São Luís

À medida que a contagem regressiva para as eleições municipais avança, aumentam a expectativa e também os rumores a respeito de uma das decisões que impactarão fortemente à corrida à Prefeitura de São Luís: a escolha do PCdoB entre o deputado federal Rubens Júnior e o deputado estadual Duarte Júnior como candidato do partido. Por mais que uma especulação aqui, outra ali e mais uma acolá sugiram que há preferências dentro do partido, o fato é que o comando partidário está diante de um dilema de difícil solução: Rubens Júnior é um aspirante que tem lastro político, mas não apresentou até agora sinais de viabilidade eleitoral; Duarte Júnior é um aspirante que tem dificuldades políticas, mas exibe denso lastro eleitoral. De uns dias para cá, as especulações sobre a escolha se intensificaram, sendo que uma chamou a atenção: o PCdoB estaria na iminência de anunciar uma decisão, que poderá ser inclusive a de não lançar candidato, o que foi logo descartado por vozes autorizadas do partido. Nesse contexto, um rumor ganhou consistência: se o PCdoB escolher Duarte Júnior, Rubens Júnior continuará à frente da Secretaria das Cidades ou, numa reviravolta, reassumirá seu mandato em Brasília; mas se Rubens Júnior for o escolhido, Duarte Júnior pedirá uma “alforria” ao partido e buscará uma agremiação para ser candidato – estaria entabulado com o PRB, com o aval do vice-governador Carlos Brandão. Vale repetir, portanto, que a decisão do PCdoB dará o tom e desenhará o roteiro da corrida ao Palácio de la Ravardière.

 

MDB examina alternativas, mas deve apoiar Assis Ramos em Imperatriz

Assis Ramos, que se elegeu pelo MDB e pode ter o apoio emedebista

Na busca de recuperar pelo menos parte do espaço que perdeu nas duas últimas eleições, o MDB se movimenta em busca candidatos e alianças que o levem a participar bem das eleições municipais, principalmente em grandes municípios. Ainda procura um nome em São Luís, vai lançar no dia 31 César Sabá em Caxias e está trabalhando com três alternativas em Imperatriz: lançar o empresário Franciscano, apoiar uma eventual candidatura do médico Daniel Fiim ou apoiar a candidatura do prefeito Assis Ramos (DEM) à reeleição. Tudo indica que o partido caminha para apoiar o prefeito, que se elegeu pelo MDB, mas o trocou pelo DEM no ano passado. A explicação para isso é simples: o diretório do MDB na Princesa do Tocantins é controlado por Assis Ramos, o que deixa o comando estadual sem margem de manobra para levar a legenda para outra direção. Mudar o comando partidário agora poderia resultar num desgaste político imenso no segundo maior e mais importante colégio eleitoral do Maranhão. Daí o caminho mais prudente é superar as diferenças e apoiar a candidatura do prefeito. Pelo menos um ganho o MDB já conseguiu nas suas articulações em Imperatriz: formou uma chapa densa de candidatos a vereador.

São Luís, 26 de Janeiro de 2020.

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