A esquerda tem de tentar a unidade e retomar suas bandeiras, como combater a corrupção e usar verde e amarelo. Nenhum segmento da esquerda deve impor sua visão nessa aliança. O Brasil tem problemas, mas não está quebrado, e as soluções que estão propondo não vão resolver. O Brasil é forte, mas só avançará com um tripé: democracia plena, soberania nacional consolidada e Governos que lutem pelos direitos mais pobres. Usar a força letal da Polícia sem atacar os grandes financiadores do tráfico não é política de segurança pública. Assinaria a maioria das sentenças da Lava-Jato, mas houve abusos e distorções nas investigações e desvios em algumas sentenças. O julgamento de Lula tem de ser anulado, para que ele tenha um julgamento justo. E a esquerda precisa atualizar o discurso, ajustar seu programa e combater o retrocesso. Candidatura (presidencial) não pode ser colocada antes do debate.
As opiniões acima, entre muitas outras sobre assuntos diversos, foram manifestadas pelo governador Flávio Dino (PCdoB) ao longo das duas horas que durou o programa Roda Viva, da TV Cultura, feita ao vivo, ontem, a partir das 22 horas. Independentemente de posição político-partidária, o “embate” com jornalistas mostrou que o governador do Maranhão já é, de fato, um político maduro e está preparado para governar o Brasil, no caso de vir a se candidatar a presidente e vencer a eleição. O entrevistado não deixou pergunta sem resposta, não tergiversou em qualquer assunto, foi direto na essência dos problemas colocados e, mais do que isso, deixou claro que a candidatura presidencial não é prioridade e que, candidato ou não, continuará discutindo os problemas do País como um dever.
O programa foi aberto com a sucessão presidencial, sendo o governador apontado como um dos nomes para a disputa. Flávio Dino foi claro: qualquer projeto nessa área tem de ter a esquerda, e até o centro, unida como base. Na sua avaliação, essa frente tem de transcender o jogo político. E não há como ela se sustentar se um ou outro partido resolver impor sua visão sobre os demais. Reconheceu a força do PT e do “lulismo”, mas também admitiu a importância de Ciro Gomes (PDT) nesse campo, ainda que discorde de um ou outro pensamento ou gesto do pedetista. É fato que a esquerda perdeu bandeiras importantes, como o combate à corrupção, “e o uso do verde-amarelo”, por exemplo. “Essas bandeiras precisam ser retomadas”, declarou, lembrando que a luta contra a corrupção nasceu com a esquerda, e assinalando que “o verde e o amarelo estão sendo usados por quem está fingindo que é patriota”. E foi enfático: “A esquerda deve atualizar o discurso, ajustar o programa e combater o retrocesso”.
Sobre a situação do País, o governador foi taxativo: “O Brasil não está quebrado”. Para ele, esse discurso é falso, porque na sua avaliação, apesar dos problemas que está enfrentando, o País “é forte, é rico”, e só precisa de um Governo”. Avaliou que o que está em curso está na contramão da História, porque não há um projeto de desenvolvimento que relacione a economia com distribuição de renda e bem-estar social. Nesse campo, apresentou uma série de argumentos, entre eles o de que, ao contrário da maioria dos Países, o Brasil tem reservas internacionais de US$ 350 bilhões, que podem perfeitamente servir de garantia para a atração de investimentos. “O que falta é gerenciamento, é Governo”, sentenciou, afirmando que, embora não torça contra, não acredita no projeto que estão tentando implantar no País.
Sobre a possibilidade de sua candidatura à presidência da República em 2022, Flávio Dino não confirmou nem descartou. Para ele, o projeto maior é a união das esquerdas e a formação de uma grande frente, incluindo o centro, já para as eleições municipais do ano que vem, que no seu entendimento “serão plebiscitárias”. A hora é de discutir o futuro do País, unir as forças e retomar as bandeiras. A sucessão presidencial fica para depois, não sendo uma prioridade agora. No que diz respeito a ele próprio, declarou que está no grande debate colocado pelo presidente Jair Bolsonaro, quando o apontou agressivamente como “o pior dos governadores de paraíba”. E avisou: “Vou continuar discutindo o Brasil”.
O fato é que, se alguém tinha dúvidas de que o governador Flávio Dino (PCdoB) já é um político maduro e está preparado para governar o Brasil, no caso de vir a se candidatar a presidente e vencer a eleição, a entrevista de ontem ao renomado programa Roda Viva, da TV Cultura, mandou-as para o espaço.
PONTO & CONTRAPONTO
Ex-casal, Thaiza Hortegal e Luciano Genésio mostram inteligência e habilidade ao manter laços políticos
A deputada estadual Thaiza Hortegal (PP) e o prefeito de Pinheiro, Luciano Genésio (PP), formam um bom exemplo de que é perfeitamente possível praticar uma política de resultados mesmo quando laços conjugais são desfeitos. O fim do casamento não impediu que os dois continuassem trabalhando em sintonia fina pelos interesses de Pinheiro, onde estão sua base política e eleitoral. Na semana passada, a deputada e o prefeito fizeram um périplo em Brasília para garimpar recursos para o maior e mais importante município da Baixada Ocidental Maranhense. A incursão percorreu gabinetes da Câmara Federal e do Senado, onde conversaram com representantes da bancada maranhense, a começar pelo parceiro partidário dos dois, o deputado federal André Fufuca (PP), que anunciou a destinação de mais recursos para a Saúde municipal via emendas parlamentares, cuja liberação foi assegurada pelo ministro da Saúde, Henrique Mandetta. Thaiza Hortegal e Luciano Genésio agradeceram o empenho do parlamentar, que preside o PP no Maranhão e reforçaram a parceria política e partidária já consolidada.
Thaiza Hortegal e Luciano Genésio reuniram-se também com o deputado federal Márcio Jerry (PCdoB), com quem também trataram de demandas da Baixada Maranhense e do Baixo Parnaíba, base política e eleitoral da parlamentar e onde o parlamentar teve uma expressiva votação. O ex-casal foi ao gabinete do deputado federal Cléber Verde (PRB), a quem agradeceram as emendas destinadas a Pinheiro. O périplo terminou com a visita dos dois ao senador Weverton Rocha (PDT), onde confirmaram a visita do senador à Pinheiro para a inauguração das primeiras obras do Programa Pró-Asfalto e Estradas Vicinais.
Coube à deputada Thaiza Hortegal explicar, com habilidade surpreendente, a incursão política do ex-casal por Brasília: “É muito importante essa união, porque, juntos, nós estamos beneficiando milhares de maranhenses. Vamos continuar trabalhando na Assembleia e na Câmara Federal, ao lado do prefeito Luciano, para garantir melhorias para as regiões”.
Marquinhos declara apoio a Osmar Filho num gesto público de desrespeito ao DEM
Alguma coisa está errada no conceito que muito políticos têm de partido no Maranhão. Entre vários exemplos, um, ocorrido no final da semana na Vila Luizão, chamou muito a atenção. Ali, na noite de domingo (22), durante as comemorações pelos 25 anos de fundação do bairro, diante de pelo menos três mil pessoas, a maioria jovens, o vereador Marquinhos (DEM) declarou apoio à pré-candidatura do vereador-presidente Osmar Filho (PDT) à sucessão do prefeito Edivaldo Holanda Jr.. Nada demais, não fosse por um detalhe: o partido do vereador Marquinhos, o DEM, tem pré-candidato à prefeito de São Luís, o deputado estadual Neto Evangelista, que também é presidente da agremiação na Capital, e que foi definido como candidato pelo comando nacional do partido, segundo declarou, naquele evento partidário, o presidente nacional e prefeito de Salvador Antônio Carlos Magalhães (ACM) Neto.
O episódio escancara o absoluto desprezo que certos políticos têm pelas agremiações partidárias. Ao declarar apoio à pré-candidatura do colega presidente Osmar Filho, o vereador Marquinhos demonstrou que está se lixando para o DEM – pelo qual se elegeu – e para o projeto da agremiação de disputar a Prefeitura de São Luís com a candidatura do deputado Neto Evangelista. Afinal, a candidatura de Neto Evangelista é um projeto abraçado pelos comandos estadual e nacional do DEM, e isso ficou claro quando o braço do partido em São Luís partido realizou sua convenção com a presença de ACM Neto e outros líderes do DEM. Não engole a pré-candidatura de Neto Evangelista, briga contra ela dentro do partido, demonstra a insatisfação e tenta convencer seus pares de que não é a melhor escolha. Derrotado e insatisfeito, sai do partido, procura novo pouso partidário. É mais correto do ponto de vista político e mais decente do ponto de vista ético.
Com a palavra, o vereador Marquinhos, para explicar o seu escorregão ético, e o comando do DEM em São Luís, para dizer o que pensa sobre o assunto.
São Luís, 24 de Setembro 2019.