Pesquisas e campanha equivocada confirmam o mau momento de Eliziane Gama na corrida eleitoral em São Luís

 

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Eliziane Gama com Marina Silva (de azul) e Heloísa Helerna (de branco) em caminhada na Rua Grande; Wellington do Curso em carreata e Edivald Jr. também em caminhada

Esse parece não ser mesmo o momento da deputada federal Eliziane Gama, candidata do PPS à Prefeitura de São Luís. Ela começou a corrida eleitoral como franca-favorita, com mais da metade das intenções de voto nas pesquisas feitas há certa de seis meses, mas desde a definição das outras candidaturas vem sofrendo um processo de emagrecimento eleitoral sem paralelo que, segundo levantamento do Data M divulgado ontem, a teria encontrado no humilhante patamar de um dígito só, com esquálidos 7,9% das intenções, perdendo feio para Edivaldo Jr. (PDT), que  estaria folgado com 39,6%, e de Wellington de Curso, que agora navegaria sobre 23,7%. A dramática situação da candidata do PPS reflete seus erros na articulação partidária – que a levou a fechar com o PSDB e ampliar sua coligação com o PV, o mais jovem braço do Grupo Sarney -, no envolvimento meio confuso com a Rede de Marina Silva, e se acentua com  sua equivocada campanha no rádio e na TV. Na pesquisa Data M, Eduardo Braide (PMN) estaria com 3%, Fábio Câmara (PMDB) com 2,2%, Rose Sales (PMB) com 1,8%, Claudia com 1,2%, Zéluiz Lago (PPL), com 0,8% – Valdeny Barros (PSOL) não teria pontuado -, 12% votaria nulos ou em branco e 8,2% estariam indecisos.

Nesse contexto, que lhe está sendo altamente desfavorável, a jovem política de trajetória bem sucedida vive um rosário chocante de reveses, que pode terminar com ela amargando os mesmos 7% com que terminou a campanha municipal de 2012, depois de surfar como uma novidade surpreendente.

O percentual de 7,9% encontrado pelo Data M, tal qual o de 16% registrado na pesquisa anterior – que gerou muito falatório a respeito da integridade do instituto comandado pelo jornalista José Machado, acusado de manipulação -, pode até estar contaminado por alguma distorção. No levantamento anterior, o Data M a encontrou com 16% das intenções de voto, enquanto o Ibope lhe deu 19%. O registro de ontem diz que entre uma pesquisa e outra ela perdeu oito pontos percentuais, uma queda demasiadamente acentuada num período tão curto, enquanto a movimentação de subida dos dois principais adversários surpreendeu – o líder chegou a 39,6% e o segundo a 23,7% -, mas não de maneira tão ampla.

Uma observação mais cuidadosa sugere que o purgatório eleitoral de Eliziane Gama é consequência dos seus próprios tropeços, todos causados pela convicção que seus aliados e porta-vozes, alguns com arrogância, disseminaram sua vitória nesta eleição como uma verdade absoluta e irreversível. Eliziane Gama abusou dessa frágil convicção para montar e desmontar acordos partidários, dando-se até o luxo de mudar de partido e, de repente, desfazer a mudança, parecendo não se dar conta de que cada movimento feito e desfeito arrancava um naco da sua credibilidade política. Tanto que acabou isolada, conseguindo montar uma aliança restrita ao PSDB – onde não tem a simpatia dos militantes -, ao PV – que não mobiliza uma base eleitoral expressiva – e à Rede, que só existe na figura prestigiada de Marina Silva, sem que isso signifique o que mais interessa: votos.

Ontem, a presidenciável Marina Silva e a atribulada vereadora alagoana Heloísa Helena desembarcaram em São Luís para acompanhar Eliziane Gama numa festiva caminhada pela Rua Grande, o grande termômetro eleitoral da campanha. A festa aconteceu no mesmo momento em que a pesquisa Data M começava a repercutir, funcionando como uma ducha de água fria no ânimo da candidata do PPS e dos seus apoiadores. Poderá também ter produzido efeito contrário, agindo para acordar a candidata e sua equipe, alertando-as para a via torta que a campanha está trilhando e para o perigo político que ela está correndo com a queda livre da sua candidatura. Se ela conseguir estancar a queda, poderá reverter essa trajetória suicida e voltar a brigar, alcançar e atropelar Wellington do Curso e forçar a realização de um cada vez mais improvável segundo turno.

Eliziane Gama tem todas as condições políticas de reorientar sua bússola, alcançar uma rota de crescimento e dar uma guinada no rumo que a disputa pela Prefeitura de São Luís tomou.

Em tempo: A pesquisa foi encomendada pela TV Difusora e Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Estado do Maranhão/ Sinduscon, entrevistou 1.000 eleitores, entre os dias 05 e 07 de setembro, e foi registrado no TRE sob o protocolo MA-03852/2016. A margem de erro da pesquisa é de 3,1% para mais ou para menos, sendo 95% de confiabilidade.

PONTO & CONTRAPONTO

Data M: Edivaldo Jr. pode liquidar a fatura em turno único.

Na edição que iniciou esta semana, a Coluna fez um registro alertando que Eliziane Gama e Wellington do Curso terão de mudar radicalmente suas estratégias de campanha se não quiserem que o prefeito Edivaldo Jr. se reeleja logo no primeiro turno. O alerta foi feito com base nas pesquisas Data M e Ibope, nas quais o prefeito candidato à reeleição apareceu com 35% e 29%, respectivamente. Nos mesmos levantamentos, Wellington do Curso chegou a 20% e 18%, respectivamente, e Eliziane Gama com 18% e 16%. As duas pesquisas indicaram claramente a disparada do prefeito Edivaldo Jr., coincidindo com o início na campanha no rádio e na TV. Os primeiros programas eleitorais indicaram claramente que, por ter mais tempo no horário eleitoral gratuito, liderar a maior e mais forte coligação, ter o Governo do Estado como aliado e um trabalho para mostrar, o prefeito faria uma campanha avassaladora. A impressão inicial vem se confirmando a cada dia, consolidando a impressão de que essa eleição poderá ser mesmo decidida com a reeleição do prefeito em turno único. De acordo com o Data M, Edivaldo tem 39,6% das intenções de voto, enquanto os outros candidatos somados somam exatamente 39,6% também, num rigoroso empate. Usando toda a margem de erro, que é de 3,1%, para mais, Edivaldo Jr. pode ter 42,7%; para menos, chega a 36,5%. Já aplicando-se a margem de erro para mais, a soma dos demais candidatos chega a 42,7%, e se for para menos, totalizam 36,5%. Mas na gangorra dos percentuais, basta que o prefeito acrescente quatro décimos e chegue a 40% e os demais candidatos se mantenham como estão, ele mata a fatura no primeiro turno. Vale aguardar o que dirá a pesquisa Escutec, que será publicada neste sábado no jornal O Estado do Maranhão.

Nova pesquisa Exata mostra cenário diferente

Os bastidores da corrida para a Prefeitura de São Luís foram sacudidos ontem à tarde pelos números da pesquisa Exata, que apresenta um cenário muito diferente do mostrado pela pesquisa Data M. Segundo o Exata, o prefeito Edivaldo Jr. tem neste momento 32% das intenções de voto, seguido de Wellington do Curso (25%), Eliziane Gama (15%). Eduardo Braide tem 3%, Rose Sales e Fábio Câmara com 2% e Zéluiz Lago e Claudia Durans com 1% cada. 4% não votariam em nenhum deles e 10% estão indecisos. Ao contrário do outro levantamento, os números do Exata afastam a possibilidade de uma definição em turno único, à medida que a soma dos oito candidatos superam com folga o percentual de intenções de votos do prefeito.

Em tempo: A pesquisa Exata foi contratada pela TV Guará, registrada sob o número MA-01034/2016. Foram feitas 800 entrevistas entre os dias 5 e 7 de setembro. A margem de erro é de quatro pontos percentuais.

São Luís, 09 de Setembro de 2016.

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