PCdoB e PDT se mobilizam para fortalecer Marco Aurélio em Imperatriz, onde o cenário é de indefinição

 

Marco Aurélio (centro) entre Rildo Amaral, Othelino Neto e Weverton Rocha no comício no Calçadão, um ato que reforçou o apoio partidário do candidato do PCdoB

As cúpulas do PCdoB e PDT decidiram reforçar a candidatura do deputado Marco Aurélio (PCdoB) à Prefeitura de Imperatriz, dando uma demonstração de força com um megacomício no Calçadão comercial da cidade, na noite de sexta-feira, com a participação do presidente do PDT, senador Weverton Rocha, e do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto (PCdoB). O movimento de reforço a Marco Aurélio coloca a corrida eleitoral na Princesa do Tocantins em rota de decisão, uma vez que ali quatro candidatos – Marco Aurélio, o prefeito Assis Ramos (DEM), e os ex-prefeitos Ildon Marques (PP) e Sebastião Madeira (PSDB) – encontram-se muito próximos, o que, na avaliação de dois observadores que conhecem bem o jogo político tocantino, neste momento, é precipitada qualquer afirmação categórica a respeito do desfecho da disputa.

Para esses observadores, a chave para o desfecho da disputa em Imperatriz está na situação do ex-prefeito Ildon Marques. Ele tem pendências judiciais relacionadas com sua gestão na Prefeitura, foi colocado na lista negra do TCU e do TCE como inelegível. Garantido por liminares, ele caminha para as urnas entre os candidatos mais fortes. Se a inelegibilidade de Ildon Marques for confirmada pela Justiça Eleitoral, o quadro da disputa sofrerá uma reviravolta cuja intensidade e abrangência dependerá de como vão se comportar os eleitores do ex-prefeito. Se, ao contrário, a Justiça Eleitoral acatar seus argumentos e permita sua participação na eleição, ainda que liminarmente, o jogo entre os quatro ficará mais acirrado.

Dos quatro, a posição politicamente mais consistente é a do deputado Marco Aurélio, que conta com o suporte do seu partido, o PCdoB, e do apoio forte do PDT, do PSB, PT e do Solidariedade, este comandado em Imperatriz pelo deputado Rildo Amaral, seu aliado de primeira hora, e do aval entusiasmado do governador Flávio Dino (PCdoB). O prefeito Assis Ramos, por sua vez, vem fazendo uma gestão com altos e baixos, não conseguindo a liderança na corrida, mas apostando alto em uma arrancada no final da campanha. O ex-prefeito Sebastião Madeira desfruta uma posição confortável: conserva um naco expressivo do eleitorado, e segue embalado pela certeza de que será beneficiado caso Ildon Marques seja considerado inelegível. Ildon Marques, por sua vez, se mantém no jogo apostando suas fichas no aval da Justiça Eleitoral à sua candidatura.

O evento de sexta-feira em torno da candidatura de Marco Aurélio foi um sinal claro de que a aliança governista vai jogar pesado para definir a corrida sucessória de Imperatriz a favor dele. O candidato do PCdoB faz por onde: é um político jovem, preparado e inteiramente integrado ao partido e ao projeto político liderado pelo governador Flávio Dino, tanto que exerce, fortemente prestigiado, a liderança do Governo na Assembleia Legislativa, o que reforça o discurso segundo o qual terá total apoio do Governo para comandar Imperatriz. “Professor Marco Aurélio é um gigante que se constrói a cada dia no Parlamento, dedicando-se com muito empenho à cidade de Imperatriz”, afirmou, em discurso no ato de campanha de sexta-feira o presidente da Assembleia Legislativa Othelino Neto.

Sem pesquisa recente, a corrida para a Prefeitura de Imperatriz parece, portanto, rigorosamente indefinida. Mas com o diferencial de que entre os principais vai se destacar quem mostrar mais força para alcançar a fatia dos eleitores ainda indefinidos.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Espalhados em diferentes partidos, policiais militares tentam vagas na Câmara Municipal

Esmênia Miranda é um dos policiais militares candidatos

Nada menos que 17 policiais militares aposentados e da ativa estão na guerra por vagas na Câmara Municipal de São Luís. São um cabo, seis sargentos, um subtenente, dois tenentes, quatro coronéis e dois capelães, além da Tenente Esmênia Miranda (PSD), companheira de chapa  de Eduardo Braide (Podemos). Eles fazem parte de um grande movimento de abrangência nacional que estimula a participação de policiais militares no processo eleitoral com o objetivo de fortalecer a categoria. Levantamento feito pelo portal UOL encontrou nada menos que 6.754 militares – a maioria policiais militares – candidatos a prefeito e a vereador. Como os evangélicos, eles não estão articulados ideologicamente e encontram-se pulverizados em uma dezena de partidos, como o PRTB, de direita radical, que tem o vice-presidente Hamilton Mourão como guru, e até o PSTU, de extrema-esquerda.

Os candidatos à Câmara Municipal de São Luís que se identificam agregando a patente ao nome são os seguintes: Cabo Campos (Patriota); “Sargento”: Chagas (DEM), Márcio (PSTU), César (PSL), Mendes (Podemos), Claudinar (Rede) e Gean (Solidariedade); Sub-Tenente Fabiano (PRTB); “Tenente”: Assis (PTB) e Nilo Moraes (PRTB); “Capelão”: Renalcy (PMB)  e Valdenir (Patriotas) ; e “Coronel”: Ivaldo (PMN), Galdi (Novo), Flávio (PSD) e Amaro (PMN).

Vale lembrar que nas eleições de 2016 apenas o ex-policial César Bombeiro foi eleito vereador, e pelo que se comenta nos bastidores, corre o risco de não se reeleger. Em 2014, o policial civil Júnior Verde e o policial militar Cabo Campos de elegeram para a Assembleia Legislativa. Não corresponderam e foram duramente punidos nas urnas. Cabo Campos tenta uma sofrível retomada como candidato a vereador de São Luís.

 

Em contradição flagrante, candidato tucano a vereador exalta a direita

Felipe Arnon: voz da direita no PSDB

Centro, esquerda e direita são vertentes ideológicas legítimas e lícitas numa sociedade democrática. E por isso mesmo deveriam ser muito bem definidas e com seus militantes devidamente organizados dentro de partidos com ideologias, doutrinas e programas claros, de modo a não gerar confusão, principalmente nos momentos de decisão eleitoral. Na campanha em andamento em São Luís, a manifestação de um candidato a vereador Felipe Arnon, chamou a atenção. Com surpreendente entusiasmo, ele bradou, em tom de mote, que “a direita vai mostrar que tem espaço na Ilha”. Sua declaração enfática teria sido vista como politicamente normal e ideologicamente honesta, não fosse por um detalhe decisivo: ele se apresenta como candidato pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), agremiação de centro-esquerda criado por sociais-democratas liderados pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Quando expõe o seu viés ideológico de direita, o jovem candidato Felipe Arnon entra em confronto aberto com a linha a ideologia tucana, contrariando, agressivamente, a base ideológica e doutrinária de um partido que foi concebido para enfrentar a direita em todos os seus graus e a esquerda mais assumida e suas tribos mais radicais. Com esse discurso, ele mostra desconhecer que a social-democracia nasceu exatamente para criar um estado democrático que garantisse liberdades plenas e focasse suas ações para a criação do estado social, para assegurar ao cidadão direito a educação, saúde, cultura, lazer, trabalho e previdência, sem os controles excessivos do socialismo nem os excessos do capitalismo.

O PSDB foi concebido por FHC, José Serra, Tasso Jereissati, Geraldo Alckmin para ser, de um lado, contrapeso ao PT, e de outro, às siglas de direita, a começar pelo PFL, hoje DEM. Nele não cabe o rótulo de esquerda nem de direita.

Nesse contexto, o candidato Felipe Arnon tem todo o direito de professar suas convicções de um político de direita. Mas está claro que ele se filiou ao partido errado, como parece ser o caso do seu líder estadual, senador Roberto Rocha, que exibe uma relação cada vez mais próxima e ostensiva com a direita radical que tem o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) como sua principal referência.

São Luís, 18 de Outubro de 2020.

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