Mesmo com tensão elevada entre Brandão e Weverton, Dino aposta num acordo para unir grupo

 

Flávio Dino acredita num entendimento entre Carlos Brandão e Weverton Rocha para manter grupo unido

Por mais duraque esteja sendo a disputa entre o vice-governador Carlos Brandão (PSDB) e o senador Weverton Rocha (PDT) pela vaga de candidato a governador da aliança partidária governista, e por mais agressivo que seja o tom dos apoiadores líder pedetista em relação a ele e ao seu Governo, o governador Flávio Dino (PSB) tem dito em entrevistas e a interlocutores que acredita ainda ser possível um entendimento que uma as duas correntes. E nas declarações, ele tem deixado claro que essa possibilidade não se esgotará no final de janeiro, independentemente do resultado da reunião em que será dada a martelada final sobre o futuro das duas candidaturas. O governador aposta que a redução da aceleração nesse período de final de ano será a oportunidade para que boas conversas sejam entabuladas no sentido de que as forças se desarmem e encontrem pontos de convergência que eliminem as diferenças e abram caminho para a unidade.

Ao mesmo tempo, o governador Flávio Dino sabe que ainda não é difícil colocar Carlos Brandão e Weverton Rocha numa mesa de negociação, mas sabe também que a temperatura entre os dois aumenta a cada dia, na mesma proporção, reduzindo assim o campo de entendimento. Com a experiência que detém, Flávio Dino está consciente dos limites da possibilidade de entendimento entre os dois pré-candidatos, estando preparado tanto para comandar um grupo unido quanto para administrar um confronto direto entre o ambos.

A chave para um entendimento é a desistência de um deles. E em qualquer conversa ainda possível os dois têm argumentos fortes para manter seus projetos de candidatura.

Carlos Brandão colocará na mesa sua história de secretário-chefe da Casa Civil do Governo José Reinaldo, e como homem mais próximo do governador, teve papel importante no trabalho político e eleitoral no movimento que resultou na eleição de Jackson Lago (PDT) contra Roseana Sarney em 2006. Juntará a isso dois mandatos de deputado federal eficiente, sete anos como vice-governador marcados pela lealdada e pela participação efetiva nas ações do Governo, o que lhe dá hoje a condição de assumir o comando do estado com segurança. E conta politicamente com o apoio do governador Flávio Dino e do ex-governador José Reinaldo Tavares (PSDB), podendo contar também com o aval da ex-governadora Roseana Sarney (MDB). Além disso, será governador a partir de abril, com direito a se reeleger para um só mandato, oportunidade que dificilmente obterá no futuro. Ou seja, um roteiro quase cartesiano, sem atalhos e amparado pela lógica que move a política.

Weverton Rocha exibirá como cacife uma história de vivência política iniciada na adolescência como militante no movimento estudantil, por meio do qual chegou ao comando da Juventude do PDT com o aval de Jackson Lago, líder maior do partido. Dono de visão larga, saltou da militância partidária para a Câmara Federal, primeiro como suplente e depois como titular. Foi secretário de Esporte e Juventude no Governo Jacson Lago e, em seguida, ocupou espaço no comando nacional do PDT, que o levou a ser um dos principais assessores do presidente do partido, Carlos Lupi, no comando do Ministério do Trabalho. Presidente do PDT no Maranhão, elegeu-se senador em 2018. Decidiu não aguardar a disputa de 2026, decidindo entrar na briga pelo comando do Estado, abrindo mão de quatro anos de mandato senatorial.

Em resumo: Carlos Brandão argumenta, com base na sua trajetória, que essa é a sua vez. Por seu turno, Weverton Rocha avalia que esse é o momento de queimar seus cartuchos. Há quem veja a ruptura como fato consumado, mas há também quem enxergue espaço para um acordo que devolva a unidade são grupo. É esse ponto que o governador, com sua paciência, espera encontrar e viabilizar pela conversa política madura e franca.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Roseana pode pode tropeçar em jogo sobre candidatura

Roseana Sarney 

Ainda que agora sem ser levada muito a sério, a ex-governadora Roseana Sarney (MDB) continua jogando sobre sua participação nas eleições do ano que vem. Mais de um ano atrás, diante da primeira pesquisa apontando-a como líder nas intenções de voto, ela declarou-se inclinada a disputar o Governo do Estado. Logo depois, numa revelação feita por esta Coluna, ela anunciou seu projeto de disputar uma cadeira na Câmara Federal. De lá para cá, vem alterando essa posição, mesmo tendo várias vezes declarado o arquivamento do projeto governamental. Agora, dois dias depois do anúncio de que o instituto de pesquisa Escutec haver comunicado que não mais a incluirá nas pesquisas, ela volta a insinuar a possibilidade de disputar o Governo, mesmo sabendo quer, mais do que sua vontade, o que a impede de entrar na briga é a astronômica rejeição que as mesmas pesquisas mostram. A ex-governadora sabe que esse jogo pode prejudicar o seu desempenho como candidata a deputada federal com o objetivo de alcançar uma votação que abra caminho para a eleição de outros candidatos do MDB. Resta saber até quando ela vai continuar jogando.

 

PSB acertou elegendo Bira do Pindaré líder na Câmara Federal

Bira do Pindaré

Não surpreendeu a eleição do deputado Bira do Pindaré para líder da bancada do PSB na Câmara Federal, com mandato a ser iniciado em Fevereiro. A eleição pode ser vista por dois aspectos. O primeiro é a trajetória do parlamentar, um político de esquerda com bandeiras bem definidas, bem posicionado, bem articulado e bem visto pelo seu partido e pelos seus pares, reunindo, portanto, condições plenas para liderar a bancada socialista. O segundo é que provavelmente o PSB decidiu assumir posições mais duras em relação ao Governo, tendo no deputado Bira do Pindaré um quadro com posições firmes, de atuação coerente e com capacidade de articulação para posicionar corretamente a bancada nas grandes decisões da Câmara Federal.

São Luís, 16 de Dezembro de 2021.

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