Oposição segue dividida e sem líder para a guerra eleitoral no Maranhão

 

Roberto Rocha, Josimar de Maranhãozinho e Lahesio: nenhum sinal de união para a corrida eleitoral de 22

A menos que haja uma improvável reviravolta e os grupos resolvam se juntar, a Oposição marchará para as urnas dividida em três frentes no que diz respeito à sucessão para o Governo do Estado. Faltando pouco mais de dez meses para as eleições, não há sinais de que o senador Roberto Rocha (saindo do PSDB), o deputado federal Josimar de Maranhãozinho (PL) e o prefeito de São Pedro dos Crentes Lahesio Bonfim tenham sequer aberto canais de comunicação para conversar a sério sobre o assunto. Em princípio, tudo indica que os três candidatos oposicionistas tentarão seguir seus próprios caminhos no 1º turno, para uma possível união de forças no 2º, caso a eleição não seja decidida em turno único. O problema é que, dos três pré-candidatos a governador assumidos, o mais destacado, senador Roberto Rocha, não parece interessado em decidir logo o seu rumo, e os outros dois, Josimar de Maranhãozinho e Lahesio Bonfim, enfrentam problemas graves, um no campo pessoal, e o outro na seara política.

Ainda no PSDB, mas aparentemente sem nenhuma condição de nele permanecer, já que o controle da legenda no Maranhão está com o vice-governador Carlos Brandão, o senador Roberto Rocha tende a ingressar no PSL, seguindo o presidente Jair Bolsonaro. Só que o PL é controlado com mão de ferro pelo deputado federal Josimar de Maranhãozinho, que é pré-candidato declarado ao Governo do Estado. Há que garanta que os dois estão conversando para ajustar os ponteiros no sentido de como o papel de cada um na corrida eleitoral. Qualquer que seja o entendimento entre os dois, se de fato houver, a Oposição eliminará um candidato a governador, já que ambos não poderão disputar o mesmo mandato, o que leva a crer que o caminho será a composição de uma chapa com um disputando o Governo e outro o Senado.

Sem revelar até agora se será candidato ao Governo ou tentará se reeleger para o Senado, o senador Roberto Rocha faz uma pré-campanha de natureza eminentemente técnica, defendendo uma mudança na estrutura fiscal e tributária do Brasil, reflexo da sua condição de relator da Reforma Tributária no Senado, que, por um pacote de motivos os mais diversos, não ata nem desata. Sua ação é o seminário “Descomplica!”, no qual defende mudanças fiscais e promete “menos impostos e mais empregos”, e que já realizou em Imperatriz, Balsas, Caxias e São Luís, reunindo empresários, curiosos e apoiadores. Além disso, alimenta seu espaço na política maranhense conversando com aliados e trocando farpas cortantes e ácidas eventuais com políticos governistas de proa, como o presidente do PCdoB, deputado federal Márcio Jerry, e até mesmo com o governador Flávio Dino (PCdoB). É improvável que anuncie seu rumo ainda neste ano.

Seu iminente colega de partido e provável companheiro de chapa, Josimar de Maranhãozinho, vive um momento infernal, com a Polícia Federal no seu encalço por ordem da Justiça, investigando a suspeita de o parlamentar é o cabeça de um amplo e milionário esquema de corrupção por meio de desvio de dinheiro de emendas parlamentares. Josimar de Maranhãozinho nega enfaticamente envolvimento na falcatrua, mas imagens e conversas gravadas pela PF estão minando fortemente a sua imagem e a sua base políticas. O parlamentar tem dito e repetido que é vítima de perseguição e que sua pré-candidatura está mantida. Há quem avalie que seu futuro depende de um posicionamento de Roberto Rocha.

Se por um lado vem surpreendendo pelo desempenho nas pesquisas de opinião, tendo alcançado 8% de intenções de voto em uma delas, o prefeito Lahesio Bonfim não tem sido bem-sucedido no campo partidário. Ele deixou o PSL e apostou alto que sua filiação ao PTB lhe daria também o comando do partido no Maranhão, o que aumentaria expressivamente o seu cacife político. Tropeçou feio, porque chegou a se anunciar como presidente do partido, mas foi duramente desautorizado pelo comando nacional petebista, que confirmou a deputada estadual “terrivelmente evangélica” Mical Damasceno no comando da agremiação trabalhista no Maranhão. Rumores sugerem que sua candidatura corre riscos.

Vele, portanto, repetir que, a menos que haja uma reviravolta, a Oposição caminha para as urnas mergulhada em problemas.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Folha de pessoal consumirá 51,8% do Orçamento do Maranhão para 2022

Flávio Dino e Carlos Brandão vão administrar um orçamento modesto

O Governo do Maranhão vai administrar um Orçamento de R$ 24,1 bilhões ao longo de 2022, de acordo com a Lei de Diretrizes Orçamentárias aprovadas ontem pela Assembleia Legislativa. A gestão desses recursos se dará em dois períodos, sendo os três primeiros meses sob o comando do governador Flávio Dino, e os nove meses restantes sob a responsabilidade do governador Carlos Brandão, que participou da elaboração. A bolada parece substancial e passa a ideia de que o Governo terá dinheiro de sobra para gastar. Ledo engado, pois um único dado mostra que o cenário financeiro do Governo para 2022 não será lá essas coisas: nada menos que 51,8%, ou seja, R$ 12,5 bilhões, estão amarrados para pagamento de pessoal, sobrando pouco mais de R$ 10 bilhões custeio, serviços essenciais (educação, saúde, infraestrutura, etc.) e o que sobrar para investimentos.

Foi um trabalho cuidadosamente montado pelo deputado Roberto Costa (MDB) na Comissão de Orçamento da Casa, e que mereceu elogios do presidente do Poder Legislativo, deputado Othelino Neto (PCdoB).

 

Imagem confirma racha no grupo de Luís Fernando em São José de Ribamar

Ao lado de Weverton Rocha, Eudes Sampaio, (camisa azul) vai na contramão de Luís Fernando

Um registro fotográfico da festa de confraternização do senador Weverton Rocha com seus apoiadores em São Luís chamou a atenção de muitos observadores: a presença, aparentemente entusiasmada, do ex-prefeito de São José de Ribamar, Eudes Sampaio, na linha de frente do movimento do pré-candidato pedetista. A primeira conclusão óbvia: Eudes Sampaio, que é filiado ao PTB, se afastou do seu aliado, o também ex-prefeito Luís Fernando Silva, que lhe presenteou com um mandato quase inteiro no comando do quinto maior município maranhense. Eudes Sampaio não valorizou o presentão e o perdeu nas urnas, por inabilidade política ao não conseguir a reeleição disputando com o arqui-inimigo e também ex-prefeito Júlio Matos (PL), hoje um dos “homens de ouro” do deputado Josimar de Maranhãozinho. Como é sabido, Luís Fernando Silva é um dos destaques do time que está assessorando o vice-governador Carlos Brandão. A presença efusiva de Eudes Sampaio no time do senador Weverton Rocha confirma que a base do montada por Luís Fernando Silva em São José de Ribamar rachou de vez.

Brasília, 17 de Dezembro de 2021.

 

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