Mais do que decisão política, a compra de ambulâncias pela Assembleia Legislativa foi ato de consciência cívica

 

Flávio Dino, Othelino Neto e deputados estaduais em frente ao Palácio dos Leões, no ato de entrega das ambulâncias compradas com recursos da Assembleia Legislativa

Em ato concorrido, realizado no dia 12 em frente ao Palácio dos Leões, deputados estaduais liderados pelo presidente Othelino Neto (PCdoB) receberam do governador Flávio Dino (PCdoB) 24 das 42 ambulâncias compradas com recursos da sobra orçamentária da Assembleia Legislativa, obtida via política de contenção de gastos. A inciativa do Poder Legislativo foi bem recebida por muitos, mas também criticada por alguns. A compra foi possível depois que o presidente Othelino Neto fez consulta técnica ao Tribunal de Contas do Estado sobre a legalidade do emprego da sobra de recursos na compra desses equipamentos, obtendo como resposta a informação de que não existe regra que impeça o uso de recursos do Poder Legislativo com essa finalidade. A decisão de investir os recursos em ambulâncias foi submetida aos deputados, que a aprovaram e autorizaram a operação. Sem obstáculos, o presidente Othelino Neto comunicou a decisão ao governador Flávio Dino e autorizou o Poder Executivo a realizar a compra. A sobra foi de R$ 6,6 milhões, o que permitiu a aquisição de 42 ambulâncias ao preço de R$ 157 mil cada unidade devidamente equipada. Cada deputado escolheu o município a ser beneficiado com uma ambulância.

A princípio, a iniciativa da Assembleia Legislativa causou surpresa, mas logo foi assimilada e compreendida como um gesto saudável sob diversos aspectos. Para começar, a Assembleia Legislativa poderia de usar a sobra de recursos em obras físicas no complexo do Palácio Manoel Beckman, em equipamentos administrativos, em troca de frota, ou simplesmente devolver o “superávit” ao Tesouro do Estado. A opção foi por empregar os R$ 6,6 milhões na compra de ambulâncias, para reforçar a mobilidade de maranhenses com problemas de saúde e, ao mesmo tempo, dar uma mostra de que, unidos em torno de causas da sociedade, os deputados podem contribuir com algo efetivo além das suas emendas parlamentares e dos seus pleitos junto ao Poder Executivo.

Em relação às poucas críticas que a iniciativa sofreu, vale destacar que elas foram de natureza política. Isso porque, tecnicamente, ninguém em sã consciência se colocaria contra a aquisição de ambulâncias, fosse qual fosse a origem dos recursos. Os que eventualmente se manifestam fazendo restrições certamente não têm a mínima ideia da importância de   ambulância em municípios remotos do interior do Maranhão. O transporte de doentes em busca de socorro em centros mais adiantados em matéria de saúde pública continua intenso e extremamente necessário, alimentando o que o então governador Jackson Lago (PDT) chamava de “romaria de ambulâncias nas estradas do Maranhão”. Mesmo com os indiscutíveis avanços que o estado vem alcançando na área de saúde, uma das prioridades do atual Governo do Estado, com a implantação de centros hospitalares em regiões estratégicas, o uso de ambulâncias continua fundamental. E o acréscimo de 42 ambulâncias à frota atual é de extrema valia para o atendimento dos que precisam.

A entrega das 24 ambulâncias na semana passada, fato definido pelo governador Flávio Dino como “uma grande iniciativa”, demonstrou que o presidente Othelino Neto tinha acertado em cheio quando propôs a iniciativa e recebeu total apoio da Mesa Diretora, das lideranças e dos deputados. O procedimento foi decidido em dezembro passado e confirmado pelo presidente Othelino Neto em Trizidela do Vale, na abertura da terceira edição do projeto “Assembleia em Ação”, no dia 6 de janeiro, diante de centenas de lideranças da Região do Médio Mearim. Naquele momento, as providências para a aquisição já haviam sido tomadas, o que permitiu a entrega do primeiro lote na semana passada. As 18 restantes serão entregues na primeira semana de março, segundo previsão feita à Coluna por um parlamentar.

O fato é que, ao destinar sobras orçamentárias do Poder Legislativo para a compra de ambulâncias para municípios carentes do equipamento, o presidente Othelino Neto e seus pares dispararam um tiro certeiro na deficiência que ainda atrapalha a mobilidade na área de saúde no Maranhão. Praticaram um gesto de consciência cívica.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Grupos ligados ao sarneysismo descartam apoio à candidatura de Adriano Sarney

Adriano Sarney 

Ao contrário do que muitos imaginavam, o que restou do Grupo Sarney não se mobilizará em torno da candidatura do deputado estadual Adriano Sarney (PV) à Prefeitura de São Luís. O presidente do MDB, ex-senador João Alberto, declarou que acha “muito difícil” que o partido venha a apoiar o candidato do PV, confirmando o que já havia sido sinalizado pelo deputado estadual Roberto Costa, vice-presidente. Também o PSD, comandado no estado pelo deputado federal Edilázio Júnior, anunciou que se aliará ao candidato do Podemos, deputado federal Eduardo Braide, quando a tendência era no sentido de apoiar o projeto do PV. Resta na base sarneysista a posição do PSC, comandado pelo deputado federal Aloísio Mendes.

Não surpreende a pulverização dos partidos ligados ao sarneysismo nesta corrida à Prefeitura de São Luís. Eles são liderados por políticos que sobreviveram à dizimação do Grupo nas últimas eleições e, por isso, preferem seguir caminhos diferentes do que colar suas digitais na única candidatura que representa a família do ex-presidente José Sarney, já que a ex-governadora Roseana Sarney não aceitou a vaga de candidata que lhe foi oferecida pelo MDB, do qual ela continua sendo o nome mais forte. Adriano Sarney sabe que não terá o apoio do MDB nem do PSD, e muito provavelmente não contará também com o PSC, o que o obrigará a procurar outras alianças ou seguir numa campanha-solo.

Vale lembrar, porém, que os acertos de agora só serão confirmados nas convenções, em julho, restando tempo suficiente para mudanças e ajustes possíveis na seara política.

 

Pré-candidatos exploram aumento nas passagens: Yglésio Moisés faz abordagem diferenciada

Yglésio Moisés

Vários pré-candidatos à Prefeitura de São Luís aproveitaram o reajuste nas tarifas dos coletivos para mostrar suas preocupações com a população ludovicense. Quase todos os que se manifestaram o fizeram com discurso convencional, já manjado, jogando o “absurdo” na conta do prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PDT).

O diferencial foi o deputado Yglésio Moisés (PROS), que ocupou a tribuna da Assembleia Legislativa e por quase meia hora fez uma análise criteriosa e surpreendente dos problemas da mobilidade urbana na Capital, destacando aspectos importantes, mas pouco observados, do sistema de transporte coletivo de São Luís. Na sua abordagem, revelou, por exemplo, que a tarifa dos coletivos é tributada, enquanto serviço de transporte por aplicativo explorado em São Luís, a começar pela multinacional Uber, não paga um centavo de ISS, privando a Prefeitura de arrecadar cerca de R$ 1 milhão por mês, dinheiro que, na sua opinião, poderia ser usado na melhoria da infraestrutura e do sistema de transporte de massa.

O pré-candidato do PROS mostrou que saberá o que fazer na área se chegar ao Palácio de la Ravardière.

São Luís, 18 de Fevereiro de 2020.

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