Entrada de Ildon Marques acirra a disputa pela Prefeitura de Imperatriz

 

O ex-prefeito Ildon Marques entra para disputar com o prefeito Assis Ramos e o deputado Marco Aurélio

A confirmação da pré-candidatura do empresário, ex-interventor e ex-prefeito Ildon Marques, pelo PP, é mais uma pincelada forte no desenho do cenário em que se dará a disputa pela Prefeitura de Imperatriz, o segundo maior, mais rico e mais importante município do Maranhão. Ele confirmou ontem o projeto eleitoral à Coluna, afirmando que está atendendo a “um chamamento do PP”, e que sua pré-candidatura é fato. Ildon Marques, que já vinha dando sinais claros de que seria candidato, entra na corrida ao comando da Princesa do Tocantins quando já se encontram em movimento o prefeito Assis Ramos (DEM), que busca a reeleição, e o deputado estadual Professor Marco Aurélio (PCdoB), que de acordo com as últimas pesquisas aparece como favorito. A entrada de Ildon Marques dá novo impulso a uma peleja eleitoral entre forças expressivas e que deve ganhar mais intensidade com a provável candidatura do ex-prefeito Sebastião Madeira (PSDB), que de acordo com vozes tucanas, deve ser confirmada depois do reinado de Momo, provavelmente em meados de março.

Com um período de interventor e dois mandatos de prefeito no currículo, isso associado à posição de megaempresário, sem ser, portanto, uma novidade, Ildon Marques entra numa disputa difícil de alto risco. Com experiência política que acumulou, sabe que vai enfrentar um prefeito disposto a jogar pesado para renovar o mandato, e um político jovem, comprometido com causas sociais, parlamentar competente e bem posicionado, e que representa, de fato, uma ideia de renovação. Politicamente, o ex-prefeito é um nome respeitável em Imperatriz – foi suplente de senador e de deputado federal -, mas o seu desafio será transformar esse cacife em prestígio eleitoral e inibir o sopro de renovação que, tudo indica, vai embalar a campanha rumo à Prefeitura.

O prefeito Assis Ramos trocou o MDB pelo DEM, enfrenta dificuldades e aparece em terceiro lugar nas pesquisas feitas até agora. Mas políticos experientes alertam para o fato de que a máquina administrativa que move a segunda maior Prefeitura do Maranhão é um instrumento político muito poderoso, principalmente em períodos de disputa eleitoral, o que torna o prefeito um candidato que não pode ser subestimado. O próprio Ildon Marques sabe disso muito bem. E quando decide entrar na disputa e enfrentá-lo, certamente o faz com plena consciência de que enfrentará uma máquina. (O melhor exemplo disso é a trajetória do ex-prefeito Sebastião Madeira: elegeu-se em 2008, reelegeu-se em 2012, e em 2016, quando não pode mais se candidatar, tirou do nada o empresário Ribinha Cunha e lhe deu mais de 15% dos votos numa eleição em que Ildon Marques disputou a cabeça com Assis Ramos e perdeu).

Na outra ponta da linha adversária está o deputado estadual Professor Marco Aurélio, líder na preferência do eleitorado segundo pesquisas publicadas até aqui. Além do cacife político pessoal demonstrado em suas seguidas eleições com votações crescentes e de ser o candidato do PCdoB, Professor Marco Aurélio entra na corrida com o aval do Palácio dos Leões e, pelo que está sendo rascunhado, no comando de uma aliança que reunirá partidos como Solidariedade, PDT e PT. Ao contrário do prefeito Assis Ramos, que se elegeu como um outsider sem história política e até hoje não criou uma identidade político-partidária, e do ex-prefeito Ildon Marques, que já é marca registrada para agrado de uns e desagrado de outros, o deputado Marco Aurélio é um quadro em ascensão, até aqui sem manchas e com horizonte político largo pela frente.

É evidente que a entrada de Ildon Marques na corrida à Prefeitura de Imperatriz certamente contribuirá para elevar o nível do debate dos problemas e desafios de uma cidade com jeito de metrópole e com o peso de séria candidata a capital em futuro não tão distante.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Reação na medida a uma agressão indecente

Sob o impacto das inacreditáveis palavras usadas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para ofender uma jornalista cuja atuação séria e correta o incomodou fortemente, a Coluna reproduz editorial do Jornal Folha de S. Paulo, fazendo seus as posições, as afirmações e os alertas nele expressados:

Editorial

Sob ataque, aos 99

Bolsonaro reincide na ofensiva ao jornalismo; alvo é o edifício constitucional

Ao completar 99 anos de fundação, esta Folha está mais uma vez sob ataque de um presidente da República. Jair Bolsonaro atiça as falanges governistas contra o jornal e seus profissionais, mas seu alvo final não é um veículo nem tampouco a imprensa profissional. Ele faz carga contra o edifício constitucional da democracia brasileira.

Frustraram-se, faz tempo, as expectativas de que a elevação do deputado à suprema magistratura pudesse emprestar-lhe os hábitos para o bom exercício do cargo. É a Presidência que vai se contaminando dos modos incivis, da ignorância entranhada, do machismo abjeto e do espírito de facção trazidos pelo seu ocupante temporário.

O chefe de Estado comporta-se como chefe de bando. Seus jagunços avançam contra a reputação de quem se anteponha à aventura autoritária. Presidentes da Câmara e do Senado, ministros do Supremo Tribunal Federal, governadores de estado, repórteres e organizações da mídia tornaram-se vítimas constantes de insultos e ameaças.

Há método na ofensiva. Os atores agredidos integram o aparato que evita a penetração do veneno do despotismo no organismo institucional. Bolsonaro não tem força no Congresso nem sequer dispõe de um partido. Testemunha a redução de prerrogativas da Presidência, arriscada agora até de perder o pouco que lhe resta de comando orçamentário.

Escolhe a tática de tentar minar o sistema de freios e contrapesos. Privilegia militares com verbas, regras e cargos, e o exemplo federal estimula o apetite de policiais nos estados. Governadores são expostos por uma bravata presidencial sobre preços de combustíveis a um embate com caminhoneiros.

Pistoleiros digitais, milicianos e uma parte dos militares compõem o contingente dos sonhos do presidente para compensar a sua pequenez, satisfazer a sua índole cesarista e desafiar o rochedo do Estado democrático de Direito. 

Não tem conseguido conspurcar a fortaleza, mas os choques vão ficar mais frequentes e incisivos caso a resposta das instituições esmoreça. A democracia é o regime da responsabilidade, o que implica a necessidade de punir a autoridade que se desvia da lei.

Defender o reemprego de um ato que fechou o Congresso Nacional, como fez o deputado Eduardo Bolsonaro ao invocar o AI-5, não deveria ser considerado deslize menor pelos colegas que vão julgá-lo no Conselho de Ética.

As imunidades para o exercício da política não foram pensadas para que mandatários possam difamar, injuriar e caluniar cidadãos desprovidos de poder, como está ocorrendo. Dignidade, honra e decoro são requisitos legais para a função pública. O presidente que os desrespeita comete crime de responsabilidade.

Ao entrar no seu centésimo ano, a Folha está convicta de que o jogo sujo encontrará a resposta das instituições democráticas. Elas, como o jornalismo, têm vocação de longo prazo. Jair Bolsonaro, não.

São Luís, 19 de Fevereiro de 2020.

Um comentário sobre “Entrada de Ildon Marques acirra a disputa pela Prefeitura de Imperatriz

  1. Há muito não tínhamos um presidente como o Bolsonaro. Se é que já tivemos algum assim: afoito, destemido e sem rabo preso. A maioria dos que estiveram na presidência foram hipócritas, farsantes e dissimulados, disfarçados de politicamente corretos. Aliás todos que estiveram no comando da nação. Alguns jornalistas inescrupulosos tirando vantagem das imperfeições governamentais se arvoram de defensores ou representantes do quarto poder constituído. A imprensa. Esses precisam aprender que existe limites nas suas atuações. Criar e vender notícias é diferente de reportá-las. Eu votei no Presidente Bolsonaro e para isso examinei antes das eleições o que poderia ser o governo dele, e até o momento está tudo como havia de se esperar.

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