Flávio Dino evita guerra mediando acordo na Famem: Erlânio Xavier será presidente e Cleomar Tema, presidente de honra

 

Flávio Dino sela acordo para evitar disputa tensa na eleição na Famem, com Erlânio Xavier e Marcelo Tavares à direita e Cleomar Tema e Márcio Jerry à esquerda

Cerca de 12 horas antes do início da eleição para o comando da Federação dos Municípios do Maranhão (Famem) cujo desfecho poderia impor alguns danos na aliança político-partidária situacionista, o governador Flávio Dino (PCdoB), com a habilidade que vem refinando no dia a dia, usou a força da sua liderança para colocar os prefeitos de Tuntum, Cleomar Tema (PSB), e de Igarapé Grande, Erlânio Xavier (PDT), frente a frente e mediou um acordo que deu fim à beligerância e resolveu a sucessão na entidade. Pelo acordo, Erlânio Xavier será eleito presidente, e Cleomar Tema, atual presidente e até então candidato à reeleição, abriu mão da candidatura e será o presidente de honra da entidade municipalista pelos próximos dois anos. Com o acordo, o clima de “guerra” que vinha ganhando corpo foi desfeito, evitando que os prefeitos maranhenses entrassem num confronto político desnecessário num momento em que a palavra de ordem é união.

Ao convocar os dois candidatos para um entendimento que evitasse a guerra eleitoral, o governador tinha sobre a mesa uma equação complicada. De um lado, Cleomar Tema, prefeito de Tuntum pela quinta vez, presidente da entidade pela terceira vez e um lastro político expressivo e, de quebra, um dos líderes de proa do grande movimento que levou Flávio Dino ao Governo em 2014 e em 2018. Do outro, Erlânio Xavier, prefeito de Igarapé Grande, sem grande lastro, mas que, embalado pela liderança do senador eleito Weverton Rocha (PDT), a quem é fortemente ligado, soube construir um movimento para viabilizar o seu projeto de presidir a entidade. Uma guerra entre os dois, como foi sinalizado nos últimos dias, resultaria em estragos em ambos os lados.

Com objetividade política, o governador Flávio Dino fez as contas e concluiu que tal guerra não seria saudável nem para o eventual vencedor. Ao chefe do Executivo não interessava um aliado da estatura de Cleomar Tema ter sua liderança duramente arranhada por uma eventual derrota, ao mesmo tempo em que não gostaria de ver Erlânio Xavier tropeçando nesse embate, comprometendo assim os passos de uma liderança em construção. Para evitar um desses estragos numa eleição de caráter corporativo, Flávio Dino decidiu jogar uma cartada definitiva, que convocar os dois e mediar um entendimento. Houve, claro, rasgos de resistências de lado a lado, mas diante dos argumentos usados, os dois cederam e concordaram com a fórmula proposta: Erlânio Xavier para presidente em chapa única, tendo Cleomar Tema como presidente de honra. E ponto final.

Ao evitar um embate traumático entre prefeitos aliados, o governador Flávio Dino reafirma sua liderança na ampla aliança que construiu. Poderia ter fechado os olhos ou apontado um candidato da sua preferência. Se não se envolvesse como mediador e deixasse o embate acontecer, certamente teria o apoio do vencedor e tudo seguiria em frente; e se tivesse optado por um candidato, certamente esse seria eleito e tudo seguiria na mesma. Nos dois casos, porém, seria perseguido pelas mágoas dos perdedores. Mas como preferiu usar o diálogo para montar um acordo em que todos saíram ganhando, manteve aliados unidos, seguindo em frente sem fissura na sua base nem questionamentos à sua liderança.

No roteiro cumprido ontem, o governador Flávio Dino foi mais uma demonstração de que ele continua numa escalada de crescimento como líder político de grande envergadura, capaz de controlar crises e evitar confrontos que coloque sua aliança sob risco. Para esse, caso, contou com o apoio do principal articulador político do seu grupo, o deputado federal eleito Márcio Jerry (PCdoB), que participou da reunião e reforçou o argumento de união usado pelo chefe, o que foi feito também pelo chefe da Casa Civil e deputado estadual eleito, Marcelo Tavares.

Em resumo: até a tarde de ontem esperada como uma guerra com poder de criar um grande mal-estar na base governista, a eleição de hoje na Famem será, de novo, uma festa dos prefeitos.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Oposição na Assembleia Legislativa terá bloco formado por cinco deputados

Roberto Costa, Arnaldo Melo, Adriano Sarney, Rigo Teles e Wellington do Curso formarão o único bloco de Oposição na Assembleia Legislativa

A Oposição na nova Assembleia Legislativa será resumida a cinco deputados: Roberto Costa e Arnaldo Melo, do MDB, Adriano Sarney e Rigo Teles, do PV, e Wellington do Curso, do PSDB. Esse grupo deverá formar um bloco, mas tudo indica que terá dificuldades para encontrar um discurso que o identifique, uma vez que as suas posições em relação ao Governo Flávio Dino diferem muito. O deputado emedebista Roberto Costa se declara oposicionista, mas não concorda com uma linha agressiva de ataques sucessivos e improdutivos ao Governo, preferido marcar posições pontuais em relação a questões de interesse geral, fomentando o debate em plenário. O deputado Arnaldo Melo, seu colega de partido, com a experiência de quem já presidiu a Casa por quatro anos, também pretende imprimir uma linha oposicionista firme, mas com os pés no chão. Por sua vez, o deputado Adriano Sarney defende uma atuação agressiva, com ataques permanentes, disparando chumbo grosso em direção a qualquer brecha que o Governo venha a abrir, como fez nos últimos quatro anos e que não produziu um só ganho, ao contrário, resultou na quase extinção do Grupo Sarney no âmbito parlamentar. Com o status de quem será o decano da Assembleia Legislativa em número de mandatos, o deputado Rigo Teles fará, como vem fazendo, uma Oposição amena, criticando situações pontuais, mas votando com a maioria governista. Ave solitária em matéria de partido, o deputado Wellington do Curso sinalizou claramente, após confirmar sua reeleição, que vai manter a pancadaria verbal contra o Governo na próxima legislatura, por entender ser essa a sua única maneira de sobreviver. Isso indica que, mesmo formando o bloco, os deputados oposicionistas terão liberdade para atuar de acordo com as suas convicções e conveniências políticas. Isso porque os cinco estão diante do fato de que com 37 dos 42 membros da Casa, mesmo com essa ou aquela posição furta-cor e um ou outro deputado movido por rasgos de independência, a poderosa base governista blindará o Governo sempre que necessário, tornando inócuo a atuação oposicionista.

 

Se emedebistas não entrarem em acordo, disputa pela 4ª Secretaria irá para o plenário

Um confronto está se desenhado na bancada do MDB na nova Assembleia Legislativa. O deputado Roberto Costa e o seu colega Arnaldo Melo pleiteiam a vaga de 4º secretário da Mesa Diretora a ser eleita amanhã. Roberto Costa não abre mão de ser o indicado do partido, e apresenta vários argumentos, entre eles dois: Arnaldo Melo já foi presidente da Casa duas vezes, e depois, no início da legislatura que finda, ele seria 4º secretário, mas como não havia nenhuma mulher na Mesa, ele abriu mão da vaga para deputada Nina Melo, por coincidência filha do deputado Arnaldo Melo. O ex-presidente mantinha até ontem sua posição de reivindicar a vaga, enfrentando, porém, a posição firme de Roberto Costa no sentido de não abrir mão do que considera um direito. Os emedebistas têm 48 horas para chegar a um entendimento, porque se não houver acordo entre eles a decisão será da plenário, durante a sessão de abertura. Nos bastidores é quase unânime a crença segundo a qual, se a decisão for para o plenário, Roberto Costa será eleito com folga.

São Luís, 30 de Janeiro de 2019.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *